MEMÓRIA MUSICAL

A HORA E A VEZ DE DONGA
Certa feita, Donga resolveu gravar uma música composta por ele e pelo cronista carnavalesco do ]ornai do Brasil, Mauro de Almeida, o "Peru dos pés frios", baseada em motivo popular, a qual intitularam "Pelo telefone". Esse fato - aparentemente banal - teria a mais profunda repercussão para a história do samba porque "Pelo telefone", apesar de ter mais jeito de maxixe do que do samba tal como hoje o reconhecemos, é considerado o primeiro de todos os sambas gravados. Era janeiro de 1917, e a primeira providência de Donga foi registrar música e letra na Biblioteca Nacional, o que equivalia a tirar patente da música. Trocando em miúdos, significava que uma música popular 
estava atingindo o estágio importante de produto comercial passível de ser vendido e de gerar lucros, o que definia o começo da profissionalização da MPB. "Pelo telefone", gravado pela Banda Odeon e logo depois pelo cantor Baiano, da Casa Edison, trouxe também a Donga um grande aborrecimento ao final da vida - a polêmica mantida com Almirante,  que insistia na tese de a música ter sido uma criação coletiva.
O Chefe da Polícia
pelo telefone
mandou me avisar
que na Carioca, (rua da Carioca)
tem uma roleta prá gente jogar...”


No entanto, Donga comprovou ao longo de uma vida de honradez pessoal e depois de ter feito dezenas de composições, que não carecia de qualquer muleta para ingressar na história da MPB. Almirante não se deu conta de que a simples iniciativa de Donga, correndo à Biblioteca Nacional para registrar "Pelo telefone", antes de uma fraude, só poderia ser uma declaração de posse da música, ao menos do seu espírito, da sua metade (que seja), do seu arranjo final e formal. E isso já era o bastante naqueles tempos de pioneirismo e de quase nenhum profissionalismo.

A Filha de Donga a pesquisadora Lígia dos Santos é uma referência da vida musical carioca. Donga viveu seus últimos anos como aposentado do Poder Judiciário carioca.

Em 1953, ele casou-se com Maria das Dores Santos Conceição, a “Vó Maria”, que aos 90 anos chegou a gravar um CD chamado Maxixe não é samba -  em 2003.

 


Ave maria do sertãoJessé e Cascatinha e Inhana que fizeram o primeiro registro dessa música. A Ave Maria do Sertão entre tantas outras, é uma das mais bonitas composições de autoria de ELPÍDIO DOS SANTOS de São Luis de Paraitinga, que foi o principal compositor dos filmes de Mazzaropi.

Letra:

Quando a tarde declina, veste a campina seu manto de prata;
Tudo é beleza,
sorri a natureza no verde da mata;
Regressa da roça
pra sua palhoça, de pé no chão, a cabocla bonita
Roga a paz infinita em sua oração:
Ave-Maria do meu sertão!
Dai paz e amor
pro meu coração.

Ave-Maria do meu sertão!
Dai paz e amor

pro meu coração.

Acordes divinos tangem os sinos na capelinha;
Violas, violões
soluçam paixões numa tendinha;

Canta a passarada na beira da estrada em doce harmonia;

Gorgeios de prece, todo tempo oferece à Virgem Maria:
Ave-Maria do meu sertão!
Dai paz e amor
Pro meu coração.
(bis)

 



Haroldo Barbosa 
Parte do texto (script) preparado para o programa  dominical “Meu Nome é Saudade”, na FM 102.9  - Rádio Itatiunga /Patos PB, por ocasião dos 100 anos de Haroldo Barbosa.  As gravações citadas estão arquivadas em separado

Carioca da gema, começou sua vida no rádio levado por seu irmão, o compositor Evaldo Rui. Primeiro foi contra-regra do Programa Casé (avô de Regina Casé). Saiu-se tão bem, que conquistou a confiança de todos e se transformou num grande profissional do meio e depois da TV, sendo redator de programas de humor, entre tantos, Balança, Mas Não Cai e Planeta dos Homens. Trabalhou na Rádio Sociedade, na Tupi, Mayringa Veiga, Nacional e Rede Globo.
Entre o final dos anos 1940 e início da década de 1960, Haroldo Barbosa criou muitos sucessos. Apesar de ter resistido à ideia de compor, pois achava que não era a sua “praia”, o talentoso garoto das Laranjeiras deixou para a história da música brasileira alguns clássicos, até hoje presentes na programação de muitas emissoras,. “Adeus, América”, “Eu quero um samba” e “De conversa em conversa” são algumas de suas criações presentes na programação das Rádios e também nesta nossa seleção só que em registros originais.
Apresentamos gravações raras, desconhecidas, como os sambas “Quando esse nego chega” e “Devagar e sempre”, registros dos anos 1940 de Aracy de Almeida e dos Vocalistas Tropicais. Tem também a parceira de Haroldo Barbosa com o compositor do romantismo: Chopin! Haroldo escreveu letra para a conhecida “Polonaise (Polonese) n. 6, opus 53”. Essa e outras gravações históricas estão presentes nesta edição, que lembra o nascimento do artista, em 21 de março de 1915. O compositor faleceu no Rio de Janeiro cidade onde nasceu, aos 64 anos, em 5 de setembro de1979.

Um nome do humor, do samba, da musica carnavalesca da canção romântica do radio e da TV. Haroldo Barbosa foi um poeta que soube traduzir suas emoções. Em 1947, ele esteve por um período de 4 meses nos Estados Unidos.... No momento da partida seu parceiro Geraldo Jacques lhe mostrou uma melodia e lhe pediu uma letra...nascia “Adeus América”
ADEUS AMÉRICA – Com os Cariocas de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques música de 1947.

 TIM TIM POR TIM TIM – Com os Cariocas de Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques música de 1947. O humor sempre foi um dos pontos fortes da obra de Haroldo Barbosa. Como ninguém, ele soube aproveitar as situações do cotidiano para produzir letras engraçadas. E o Casamento é sempre um assunto oportuno. Ele está presente na marcha “Salve os Casados” de 1943 e também no samba “ Não se Aprende na Escola” este gravado em 1950.

 SALVE OS CASADOS – Marcha de Haroldo Barbosa em parceria com David Nasser interpretada por Castro Barbosa.

NÃO SE APRENDE NA ESCOLA – Aracy de Almeida acompanhada pelo conjunto de Radamés Gnatalli de Haroldo Barbosa.
O humor, está presente também na obra de Haroldo Barbosa. O non-sense, e a crítica dos costumes bem ao gosto do público brasileiro, especialmente do carioca. Isso se pode notar na rumba e no baião criados por Haroldo Babosa nas vozes de Emilinha Borba e Alcides Gerardi.
Emilinha Borba registro de 1947, RUMBA DE JACARÉPAGUÁ -
BAIÃO DE COPACABANA - Alcides Gerardi cantou de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa, gravação de 1951
Haroldo Barbosa nunca fez da música sua atividade principal. Isso não impediu que produzisse muitos sucessos notadamente entre o final dos anos 40 até o início dos anos 60, época na qual passou a se dedicar à redação de programas de televisão. Vamos apresentar dois clássicos em suas versões originais Inicialmente “De Conversa em Conversa” dele Haroldo e Lúcio Alves gravado por Isaurinha Garcia acompanhada do conjunto “Os Namorados da Lua” que tinha como líder, Lúcio Alves. Depois uma gravação raríssima com os próprios Namorados da Lua, “Eu Quero Um Samba” registro de 1945
DE CONVERSA EM CONVERSA- Isaurinha Garcia;
EU QUERO UM SAMBA – Namorados da Lua de Gener? de Almeida e Haroldo Barbosa;

Nos anos 40 Haroldo Barbosa além de ser redator da rádio onde trabalhava era responsável pela discoteca.e por isso ele tinha acesso aos lançamentos musicais internacionais, cujos cantores na época não ficavam à vontade para interpretar. Daí a necessidade de criar as chamadas versões. E nesse ponto ele foi um mestre. Segundo estimativa de alguns pesquisadores ele fez cerca de 300 versões  Um número é fantástico e as críticas que recebeu não foram poucas. Vamos ouvir duas dessas versões de clássicos da música norte-americana: A primeira  é “Céu Cor de Rosa e “Beguin the Beguine”

CÉU COR DE ROSA – original de Herbert e All Deblin “In the Summer” canta Francisco Alves com as Três Marias, na versão de Haroldo Barbosa.

BEGUIN THE BEGUINE – Orlando Silva musica original de Cole  Porter vers Haroldo Barbosa;

Haroldo Barbosa não se limitou apenas a versões. Ele foi além, escreveu letras até para obras clássicas mundiais. Seu compositor clássico escolhido foi Chopin. Ouçam uma gravação de 1946. Canta Francisco Alves acompanhado pela Orquestra Odeon, dirigida pelo maestro Lírio Panicalli, arranjo e regência é do saudoso maestro. Letra para a melodia de “Polainaise”  nº 6 Opus 53 de Chopin.

PARA SEMPRE TEU -  Francisco Alves;
Vale registrar que Francisco Alves gravou muitas versões de Haroldo Barbosa. Um programa de rádio intitulado: ”Canção Romântica” criado por Haroldo Barbosa - especialmente para o “Rei da Voz”, - deu novo impulso à carreira de Francisco Alves como cantor.

Haroldo como letrista foi muito versátil, além de sua fina ironia e crítica de costumes soube escrever canções românticas, sambas “enfumaçados” com aquele ar de “dor de cotovelo”  tão  imortalizados por Lupicínio  Rodrigues. Vale ouvir dois sucessos dessa lavra Primeiro Elizete Cardoso depois Miltinho.

NOSSOS MOMENTOS -  Elizete Cardoso

MEU NOME É NINGUÉM – Miltinho de Haroldo Barbosa em parceria com Luiz Reis. 
Muita coisa da obra de Haroldo Barbosa está esquecida. Por exemplo, pouca gente conhece este samba Que é que Te Panses  gravado em 1955 pelos Cariocas. Outro samba “Devagar e Sempre” com Os Vocalistas Tropicais  ou outro samba intitulado “Quando Esse Nego Chega” gravado em 1948 por Aracy de Almeida.
QUANDO ESSE NEGO CHEGA-  Letra e Melodia de Haroldo Barbosa com Aracy de Almeida;
DEVAGAR E SEMPRE  - Letra e Melodia de Haroldo Barbosa com Os Vocalistas Tropicais; 

A vida profissional de Haroldo Barbosa esteve ligada principalmente ao humor, escrevendo e participando das histórias engraçadas dos programa de TV como o “Balança Mas Não Cai” entre outros de grande sucessos em todo o Brasil. Mas isso não o impedia de manter uma coluna nos jornais sobre o turfe – intitulada “Pangaré” publicada no Diário da Noite do Rio de Janeiro e depois para o jornal O Globo. No final da década de 50 foi contratado pela Televisão e em 1963 foi contratado pela Tv Globo ficando ali até a sua morte em 1979. A redação e a TV consumiu todo o seu tempo e Haroldo parou de compor.

Inclusive as suas últimas músicas foram lançadas no período do qual o Long Play tomava conta do mercado fonográfico, com esporádicos lançamentos em 78 rotações.  Duas gravações de 1960, músicas que não podem faltar em qualquer discografia sobre o artista: uma delas tem a ver com sua experiência no jornal. A outra é um samba gravado por muita gente amante do samba sincopado como Doris Monteiro, Miltinho e Isaura Garcia.

PALHAÇADA – Isaura Garcia da dupla Luiz Reis e Haroldo Barbosa;
NOTÍCIA DE JORNAL - Elizete Cardoso da dupla Luiz Reis e Haroldo Barbosa;


OS CEM  ANOS DE ADEMILDE

Ela foi vítima de mal súbito. Tinha problemas cardíacos, segundo informou a família. Ademilde mantinha em atividade a carreira artística. No último fim de semana, antes do seu falecimento se apresentou em Porto Alegre (RS) e gravou programas para a televisão. Sua filha, Eimar Fonseca também cantora - de voz muito bonita – decidiu, juntamente com  o sr. Airton Barreto, seu esposo, doar ao Museu da Seresta da cidade de Conservatória, no Estado do Rio, todo o acervo de Ademilde, seus objetos pessoais, discos, revistas, livros, medalhas, e títulos recebidos de várias instituições, objetos pessoais, reunidos durante toda a sua vida artística. Esse acervo ficou localizado próximo ao museu de Vicente Celestino, de Silvio Caldas, entre outros nomes da música brasileira  lá em Conservatória.


A discografia de Ademilde é vasta, com quase 60 álbuns a maioria em formato 78 RPM lançados principalmente nos anos 1950. Entre as muitas gravações dela estão clássicos da música popular brasileira como
Apanhei-te Cavaquinho, Tico-Tico no Fubá e na Baixa do Sapateiro. Um dos seus registros mais célebres em disco é o sucesso Brasileirinho, de Waldir Azevedo. A agilidade dela para acompanhar, com a letra, a melodia do cavaquinho em alta velocidade é impressionante.


“Na vida a gente ama vinte vezes; uma por inexperiência e dezenove por castigo"

Entre os seus importantes intérpretes, pode-se destacar Dolores Duran, Ângela Maria, Nora Ney, Aracy de Almeida, Emilinha Borba, Elizeth Cardoso, Jamelão, Agostinho dos Santos, Dircinha Batista, Silvia Teles, Dóris Monteiro, e os pernambucanos Claudionor Germano e Luiz Bandeira.

Como uma peça pregada pelo destino, Antônio Maria - um ferrenho combatente do Golpe Militar de 1964 - faleceu no dia 15 de outubro desse mesmo ano, vítima de um enfarte. Desde a sua morte, porém, o célebre compositor vem sendo reconhecido e homenageado. Em 1970, por exemplo, houve um espetáculo no Rio de Janeiro com Maria Betânia e Raul Cortês, apenas com as suas obras. Algumas biografias suas foram escritas e, em 1997, a cantora Marisa, Gata Mansa, gravou o CD Encontro com Antônio Maria, que reuniu catorze de suas músicas, entre as quais O amor e a rosa, Manhã de carnaval, Samba de Orfeu e A canção dos seus olhos.

Nora Ney (1922), carioca de Olaria, começou a vida artística cantando sucessos estrangeiros porque achava que, devido a uma falha de dicção sua nos erres, não poderia cantar em português. Fazia parte do Fã-clube Sinatra-Farney, que promovia festas na residência do cantor Dick Farney, tendo à bateria seu irmão, o ator de cinema Cyl Farney. Nesses encontros informais, a jovem já mostrava talento, cantando com os outros participantes (como Johnny Alf e Carlos Guinle) os sucessos de Frank Sinatra e Dick Farney. Esses saraus acabaram sendo o passaporte para sua profissionalização.

Em seu primeiro disco, no início dos anos 1950, Nora gravou "Menino grande", do então desconhecido compositor Antonio Maria. E logo no mesmo ano "Ninguém me ama", interpretação que marcou definitivamente sua carreira de cantora das dores amorosas. Com esse disco, a cantora conquistou o primeiro Disco de Ouro da história da fonografia brasileira, inspirando até o cantor Nat King Cole a regravar a música, ao lado de Silvia Telles, quando ele veio ao Brasil no início dos anos 60. 

Por conta da firmeza de seus ideais políticos, Nora e o marido, Jorge Goulart, seriam muito perseguidos pelo áspero governo militar que se instalou no país nos anos 1960, acusados de simpatias pelos comunistas, a ponto de verem negado seu direito ao trabalho. Foram eles os primeiros cantores a serem demitidos da Rádio Nacional (estatal) em março de 1964, vitimados pela perseguição política.


Numa madrugada quente de outubro de 1964, ano de muitas perdas no Brasil, inclusive das liberdades individuais, Maria foi vitimado por um enfarte que lhe tirou instantaneamente a vida, em frente ao bar Le Bistrô, em Copacabana, como a fazer um contraponto final de sua vida boêmia.

Por essas estranhas coincidências do destino, foi exatamente uma composição de Antônio Maria que lançaria o segundo dos nomes prioritários do samba-canção: Dolores Duran (RJ, 1930 - RJ, 1959). Dolores, anjo da noite, começou exclusivamente como cantora, estreando (1954) no sucesso com uma música que entrou em todas as paradas: a "Canção da volta", de Antônio Maria e Ismael Neto. Nascida de uma família pobre num bairro igualmente pobre no Rio, a Saúde, aos 10 anos resolveu participar do programa de calouros de Ary Barroso. Dolores (Adiléia Silva  Rocha) escolheu a música "Vereda tropical", que interpretou fantasiada de mexicana, com letra em português e espanhol.

 

ANTONIO NÁSSARA

Muitos sucessos carnavalescos das décadas de 1930 e 1940 foram criações de Nássara. Ele ficou conhecido por parodiar ou citar canções famosas nas suas músicas. Como caricaturista começou no jornal O Globo em 1927. Em 1930, compôs sua primeira música, “Saldo a Meu Favor” e em 1931 teve a sua primeira música gravada, um samba em parceria com Almirante e J. Rui registrada por Almirante e seu Bando de Tangarás. É um samba  chamado “Para o Samba entrar no Céu”. Em 1932 compôs “Formosa” com J. Rui. Essa música foi lançada num programa de rádio por Luís Barbosa  e gravada na Odeon em dueto por Francisco Alves e Mário Reis e que foi o grande sucesso do carnaval no seguinte, 1933.

 Em 1934 Carmen Miranda e Francisco Alves gravaram em dueto na RCA Victor, a marcha “Retiro da Saudade” que ele compôs em parceria com Noel Rosa, no dueto - Francisco Alves e Carmen Miranda; Outro sucesso de Nássara sua segunda parceria com Noel foi a marcha Que Baixo. (com Aracy de Almeida).

O parceiro mais constante de Nássara foi sem dúvida Erastóstenes Frazão. Essa parceria foi responsável pelo grande sucesso do carnaval de 1938, a marcha-rancho “Florisbela” gravada por Sílvio Caldas vencedora do carnaval daquele ano.

Em 1952 homenageou o recém falecido Francisco Alves com o samba “Chico Viola” gravado por Linda Batista. Foram inúmeros os sucessos de Nássara. A sua discografia é vastíssima. Só para citar alguns:

Com Antonio Almeida e João de Barro (Braguinha) “Sereia de Copacabana”;  Com Antonio Almeida  “Eu Peço e Você não dá”; Com Ary Barroso “Dona Helena”; Com Castro Barbosa fez duas músicas ”Violão que Chora” e Pensando em Ti” Com Mário Lago “Fim de Romance”. Com Haroldo Lobo “Alalaô”. Com Roberto Martins “Meu Consolo é Você” e  Obrigado Doutor”;Com Wilson Batista: “Balzaquiana”, “Minha Linda Hindu”, “História da Favela”, “Chico Viola” e “Vou Botar no Fogo” – Obrigado Doutor – Silvio Caldas; – Sereia da Areia – Marlene; - Não Voltarei Atrás, samba em parceria com J. Cascata.

                              Jânio                                                   Noel

    
 

                                                                      dólares para irrigação no Rio de Janeiro


  
       Gonzagão e Martinho (forró x samba)

 

OS 110 ANOS DE NOEL ROSA

 - “Desmentindo os que subestimam o seu talento musical, Noel deixou  mais de cem composições em que fez letra e música, das quais cerca de trinta têm melodia de ótima qualidade. Pertencem a esse repertório clássicos como “Palpite Infeliz”,  “Pela Décima Vez”,  “Três Apitos”, “X do Problema”, e a obra prima, “Último Desejo”, que por si só, lhe garantiriam diploma de melodista.

Nessas composições, mostra como era capaz de criar a música exata para a sua própria poesia, da mesma forma como  sabia fazer versos adequados  para melodias alheias”. (Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo “ A Canção no Tempo” vol. I, pág. 170).

A composição “Último Desejo” foi escrita no período final de sua curta vida. No seu leito de morte, mal podia repassar a melodia ao amigo e parceiro Vadico. É um samba autobiográfico, uma mensagem dirigida à amada Ceci (Juraci  Correia de Morais), com quem viveu uma atribulada vida amorosa e inspiração para muitas de suas composições.

Noel morreu em maio de 1937. A gravação original de Aracy de Almeida (01.07.37), lançado em março de 1938. Não pode ouvir a gravação e evitaria uma polêmica travada pelas suas duas mais importantes intérpretes, a própria Aracy e Marília Batista. Possuidoras de versões diferentes de “Último Desejo”. - Aqui na voz de Nelson Gonçalves. 



Em todo final de festa não pode faltar Está Chegando a Hora de Carmen Costa (1920-2007) nome de batismo Carmelita Madriaga, trocado para Carmen Costa para estrear na carreira artística.

 Foi essa velha valsa transformada em samba que levou Carmen Costa rumo ao estrelato, e a consagrou no gosto popular brasileiro da década de 40. Era empregada doméstica na casa de Francisco Alves, cantou com o próprio e outras estrelas como Carmen e Aurora Miranda, Dalva de Oliveira, Aracy de Almeida, Ataufo Alves. O Samba de Henricão marido dela e Rubens Campos (como já foi dito é uma adaptação da valsa Cielito Lindo, de A. Sedas, F. Tudela), gravado na Victor.

O interessante é que Carmen Costa e Henricão não conseguiram nenhuma gravadora que se interessasse em fazer o registro. Então, eles pagaram à Victor uma prensagem particular, destinada apenas às emissoras de rádio (30/12/1941, disco P-206-A, matriz R-236) e, mesmo com a precária divulgação, "Está chegando a hora" foi sucesso no carnaval de 1942, o que convenceu a marca do cachorrinho Nipper a contratar Carmen Costa e a relançar esta mesma gravação em tiragem comercial (34892-A), tendo no verso "Só vendo que beleza". Curiosamente em algumas capas de discos antigos consta como autor da valsa Cielito Lindo, de 1882 o compositor mexicano, Quirino Mendoza y Cortés.

 



Sílvio Caldas, pela  gravadora  RCA Victor, em 1941, MORENA BOCA DE OURO, “aquela que me faz sofrer e o seu jeitinho é quem me mata”...

Anos antes, em 1933, a beleza morena já era reverenciada com vários sucessos musicais “Maria” de Ari Barroso e Luiz Peixoto, (“o teu nome principia na palma de minha mão...”), “Linda Morena”  de Lamartine Babo. O mulato João de Barro (Braguinha,  ao lado do parceiro Alberto Ribeiro, realçaram a beleza morena da beira da praia, em gravação original  de Almirante, na RCA- Victor. Aqui apresentada na voz de Mário Reis, - MORENINHA DA PRAIA.


Por sua vez, a dupla caipira Venâncio e Corumba, produziram para a voz do sambista Nerino Silva .
MULATA –  disco Chantecler 78-0072-B. Janeiro de 1959. Samba do terceiro disco simples de Nerino Silva, matriz C8P-144. Na Discografia Brasileira em 78 rpm e no portal do Instituto Memória Musical Brasileira consta o título como "Grande Mulata". 

Como podemos negar as doses de humor, de lirismo, de doçura, simplicidade e bom gosto, nessas relíquias?  


(Uma curiosidade: foi premiado um filme romântico mexicano com esse mesmo nome “Maria Candelária”,  - que não tem nada a ver com a história da nossa marchinha Candelária. Isso ocorreu no Festival de Cannes, em 1943, - em plena II Guerra Mundial – dirigido por Emílio Fernandez e estrelado por Dolores Del Rio e Pedro Armendariz. Foi o primeiro filme mexicano exibido naquele Festival Internacional de Cinema, ganhando o Grand Prix, ou seja, o primeiro país e o primeiro filme latino-americano a receber tal prêmio.




Vassourinha o Moleque de Ouro da Record.



DICK FARNEY – O Sinatra brasileiro

Depois, apresentou-se no Cassino da Urca, entre 1941 e 1944, onde integrava a Orquestra de Carlos Machado. Em 1944, fez sua primeira gravação como crooner da orquestra de Ferreira Filho interpretando o fox "The music stopped", de Richard Rodgers e Laurentz Hart e o fox-trot "Mairzy doats", em disco lançado pela Continental. No mesmo ano, gravou como crooner do conjunto Milionários do ritmo o fox-trot "What´s new?", de Haggart e Burke. Continuou como crooner de orquestra na mesma gravadora por mais dois anos, lançando canções norte-americanas. Em 1945, gravou com os Milionários do Ritmo os fox-trot "This love of mine", de Sinatra, Parker e Sanicola e "The man I love", de Gershwin e Gershwin. Em 1946, como cantor independente  lançou pela Continental os sambas "Copacabana", um clássico de João de Barro e Alberto Ribeiro e um de seus maiores sucessos e "Barqueiro do São Francisco", de Alcyr Pires Vermelho e Alberto  Ribeiro com acompanhamento de Eduardo Patané e sua orquestra de cordas. No mesmo ano, gravou os sambas "Era ela", de Oscar Bellandi e Luiz Machado Filho e "Ela foi embora", de Oscar Bellandi e Djalma Ferreira. Foi convidado então a ir para os Estados Unidos, a partir do encontro com o arranjador Bill Hitchcock e o pianista Eddie Duchin, que conheceu durante um show no Copacabana Palace. Viajou para Nova York, onde participou de apresentações com Nat King Cole, Bill Evans e David Brubeck. Em 1947, gravou os sambas "Marina", de Dorival Caymmi e "Foi e não voltou", de Oscar Bellandi e Chuca Chuca. Em fevereiro do mesmo ano,  voltou aos Estados Unidos, quando fez apresentações na Rádio NBC, durante cerca de dois meses, sob patrocínio dos cigarros Philip Morris. Realizou shows em Hollywood, Chicago e San Francisco. A primeira gravação de "Tenderly", de  Walter Gross, que se tornaria sucesso internacional na  voz de Nat King Cole, foi feita por ele pela Majestic Records. Durante a temporada norte-americana, a gravadora Continental lançou sua gravação do samba  "Marina", de Dorival Caymmi. Em 1948, gravou os sambas "Ser ou não ser", de Alberto Ribeiro e José Maria de Abreu; "Um cantinho e você", de José Maria de Abreu e Jair Amorim, "Meu Rio de Janeiro", de Oscar  Bellandi e Nelson Trigueiro e "A saudade mata a gente", de João de Barro e Antônio Almeida, todas com acompanhamento de José Maria e sua orquestra. Ao retornar ao Rio de Janeiro, no final de 1948, apresentou-se com grande êxito na boate Vogue. Por essa época, com sua popularidade em alta, foi fundado no Rio o fan clube "Sinatra-Farney", composto por jovens cariocas que admiravam o jazz americano, um dos quais viria a ser a futura grande cantora Nara Leão. Em 1949, gravou os sambas "Ponto final" e "Sempre teu", de José Maria de Abreu e Jair Amorim, "Olhos tentadores", de Oscar Bellandi e Chico Silva e "Junto de mim", de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro. No mesmo ano, partiu para uma turnê pela Argentina e o Uruguai. Em 1950, atuou no filme "Somos dois", dirigido por Milton Rodrigues. No mesmo ano, gravou na Sinter o samba canção "Não tem solução" e o samba "Lembrança do passado", de Dorival Caymmi e Carlos Guinle. No ano seguinte, lançou o samba "Uma loira", de Hervê Cordovil e o samba canção "Meu erro", e Luiz Bittencourt e Gilberto Milfont. 

Em 1951, gravou o samba "Nick Bar", de Garoto e José Vasconcelos e o samba toada "Canção do vaqueiro", de Luis Bonfá. Em 1952, gravou dois sambas canções de Luiz Bonfá: "Mundo distante" e "Não sei a razão". No mesmo ano, fez grande sucesso com o samba canção "Alguém como tu", de José Maria de Abreu e Jair Amorim e interpretada por ele no filme "Carnaval Atlântida", de José Carlos Burle. Em 1953, atuou no filme "Perdidos de amor", de Eurides Ramos. No mesmo ano, gravou mais duas composições de Luiz Bonfá: o samba "Perdido de amor" e o baião "Meu sonho". Também no mesmo ano, organizou o Dick Farney e seu Conjunto, em que tocava piano, e gravou na Continental o choro "João Sebastião Bach", composto por ele próprio em parceria com o guitarrista de seu conjunto, Nestor Campos e o samba "Nova ilusão", de Luiz Bittencourt e José Menezes. A carreira prosseguia com sucesso após sucesso, ano após ano. Até 1986, quando saiu aquele que seria seu último disco "Dick Farney ao vivo", pelo selo Inverno e Verão, com antigos sucesso e um pot-pourri com músicas que foram sucesso no Cassino da Urca. Morreria no ano seguinte.

Em 2013, sua gravação para o samba-canção "Não tem solução", de Dorival Caymmi e Carlos Guinle, feita em 1950, foi incluída na trilha sonora da novela "Joia rara", da TV Globo.  (fonte Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira)




VANUSA  
Ontem, sábado, sua filha mais velha Amanda, visitou-a com fazia periodicamente.  – “Estranhamente ela notou – como as demais pessoas – que faziam acompanhamento de Vanusa – como ela estava diferente: mostrava-se alegre e feliz, se alimentou bem, cantou inclusive...”  um comportamento e postura completamente diferente do que era observado nesses últimos tempos. O grande inimigo de Vanusa foram os excessos de medicamentos (de tarja preta) prescritos pelos médicos na tentativa de melhorar o seu quadro depressivo. Conforme disse hoje de manhã, em entrevista a uma rede de TV em SP, a jornalista e produtora musical, Lea Penteado, grande amiga de Vanusa. tendo, inclusive, produzido o espetáculo musical "Ninguém é loira por Acaso" no qual Vanusa falava de sua vida e cantava. Léa,  adiantou que o filho mais novo de Vanusa que reside em Goiânia (GO), é quem iria  tomar as providências para o sepultamento da mãe.

Apesar de nascida no Estado de São Paulo, foi criada nas cidades mineiras de Uberaba e Frutal. Aprendeu violão muito jovem e com 16 anos passou a atuar como cantora do conjunto de rock-baile Golden Lions. Numa de suas apresentações foi ouvida por Sidney Carvalho, então na agência de propaganda Prosperi, Magaldi & Maia,

Iniciou a carreira em 1966, nos últimos tempos da Jovem Guarda, apresentando-se na TV Excelsior, concorrente da TV Record, que apresentava o programa Jovem Guarda, chegando a participar do famoso programa vesperal, apenas em suas duas últimas edições. Em 1966, estreou na televisão apresentando-se no programa de Eduardo Araújo, o Bom, na extinta TV Excelsior.



 ARY BARROSO

João Evangelista Barroso, conhecido como Ary Barroso, nasceu em Ubá, em Minas Gerais, no dia 7 de novembro de 1903. Filho do advogado João Evangelista Barroso e de Angelina de Resende Barroso, ficou órfão com 6 anos de idade. Ary foi criado pela tia avó, a professora de piano Ritinha, que o introduziu na música. Com 12 anos de idade já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal de Ubá, acompanhando os filmes mudos. Com 15 anos começou a compor.

Com 18 anos, Ary Barroso ganhou uma herança do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, e partiu para estudar Direito no Rio de Janeiro. Morava em uma pensão de luxo, frequentava os melhores restaurantes e comprava as melhores roupas. Quando o dinheiro acabou, Ary passou a tocar piano em cinemas e cabarés, para se sustentar. Acabou gostando da boemia carioca. Em 1923, passou a tocar na orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do teatro Carlos Gomes. Em 1928, foi contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada de oito meses em Santos e em Poço de Caldas.

Em 1929, Ary voltou para o Rio de Janeiro. De pensão em Pensão, foi parar na Rua André Cavalcanti, 50. Gostou das acomodações e da filha da dona da pensão, Ivone Belfort de Arantes. A família não concordava com o casamento de Ivone e o pianista boêmio. Depois de ganhar um concurso de música carnavalesca com a marchinha “Dá Nela”, Ary pode pagar as despesas com o diploma de bacharel em direito e em 26 de fevereiro de 1930 se casa com Ivone. Ainda morando na pensão, nasceram os filhos Flávio Rubens e Mariúzia.

Walt Disney e Hollywood

Carmem Miranda foi uma de suas principais interpretes e também grande amiga, com quem Ary passeava nas ruas do Rio. O sucesso de Aquarela do Brasil na voz da cantora, fez com que Ary se transformasse em compositor e arranjador de filmes de Hollywood.

                     Foto com Carmen Miranda

Ary Barroso foi convidado para fazer o fundo musical das aventuras de Zé Carioca em “Alô Amigos”, em 1942, com a música Aquarela do Brasil. Mais tarde, incluiu Tabuleiro da Baiana e Os Quindins de Iaiá no desenho “Os Três Cavaleiros”.

Ary Barroso ganhou notoriedade internacional e foi chamado três vezes para Hollywood para musicar outros filmes, entre eles, “Três Garotas de Azul”.

Em 1946 Ary Barroso se candidatou a vereador na Guanabara, pela União Democrática Nacional e teve a maior votação da Câmara. Participava ativamente da escolha do local onde será construído o estádio do Maracanã.

Em defesa do direito autoral, participou da fundação da União Brasileira de Compositores, da qual foi o primeiro presidente.

Preocupado em defender a música brasileira, não gostava quando o calouro cantava fox e tango. Os cantores Ângela Maria e Lúcio Alves começaram a carreira se apresentando em seu programa na TV Tupi.

 

(O famoso “gongo” que era acionado pelo auxiliar quando o cantor era reprovado)

Em 1955, Ary Barroso, junto com Heitor Villa-Lobos, recebe, no Palácio do Catete, a Ordem do Mérito, concedida pelo presidente Café Filho.

Em 1957, Carlos Machado montou na boate Night and Day, no Rio de Janeiro, o espetáculo “Mr. Samba”, para homenagear Ary. O roteiro apresenta a biografia de Ary seguindo suas próprias canções.

Foram 264 músicas, entre elas: Na Batucada da Vida, Inquietação, Na Baixa do Sapateiro, Como Vai Você? e No Tabuleiro da Baiana (as três gravadas por Carmem Miranda), Risque e Camisa Amarela. 

Em 1961 Ary Barroso adoece de cirrose hepática e retira-se para um sítio em Araras, no Rio. Quando restabelecido, voltou ao programa “Encontro com Ary”, na TV Tupi. Em 1963 é internado com nova crise de cirrose.

Ary Barroso faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de fevereiro de 1964, em consequência de uma pneumonia, em um domingo de Carnaval, no dia em que a escola de samba Império Serrano lhe prestava uma homenagem com o enredo “Aquarela do Brasil”.

Em 2008, a Academia Brasileira de Letras incluiu a música “Aquarela do Brasil” entre as 17 composições “inquestionáveis do cancioneiro brasileiro”.


Texto: Dilva Frazão
Possui bacharelado em Biblioteconomia pela UFPE e é professora do ensino fundamental. Desde 2008 trabalha na redação e revisão de conteúdos educativos para a web. https://www.ebiografia.com/ary_barroso/

Em destaque “Risque” o sucesso de 1953 lançado por Linda Batista, na gravadora RCA Victor, aqui revivido na voz de Alcione em gravação ao vivo  durante uma de suas apresentações.


CARLOS IMPERIAL

Tinha uma personalidade libertina, foram incontáveis os seus casos amorosos e se autodeclarava o “rei da pilantragem”. Adorava polemizar e de chamar a atenção, especialmente das mulheres. Adorava e se orgulhava de sua vasta discoteca cuja coleção de lançamentos internacionais, era quem primeiro recebia os discos recém-lançados nos EUA, Inglaterra, França etc. Era fá e admirador do empresário Tom , (empresário de Elvis Presley), empregando os mesmos métodos de contrato aqui no Brasil com os artistas que lançava no mercado musical. Aproveitou a nascente do rock e criou em Copacabana, um espaço exclusivo para dança e música do “rock and-roll” o Clube do Rock, que em pouco tempo se transformou  num local de convergência dos jovens cariocas e artistas que já se apresentavam nas rádios, TVs e em clubes. Ele mesmo fez parte, por um tempo no conjunto “Os Terríveis” tocando piano e acordeon, onde o grupo aparece nas filmagens de “Calypso Rock”. Depois aproximou-se da Bossa Nova, (lançou os dois primeiros discos do conterrâneo Roberto Carlos), que era apresentado como o “Elvis Presley brasileiro”, mas os discos não fizeram sucesso. Depois, já na gravadora Colúmbia, lançou  como produtor primeiro LP  de Roberto Carlos, “Louco por Você”, embora não tenha recebido o devido crédito. Imperial também revelou Elis Regina, que esperava posicionar como concorrente de Celly Campelo, mas, o LP considerando as vendas tão inexpressivas, não agradou nem mesmo à cantora gaúcha, que preferiu seguir outra  trilha. É longa e rica a trajetória de Carlos Imperial.




DONA HISTORIA COM LICENÇA – Moreira da Silva

 

Em pensamento eu dei um giro no passado
A dois mil anos do presente me afastei,
À procura de um amigo injuriado
A quem cordialmente entrevistei.

A Judas eu estou me referindo,
O homem que a história condenou.
O qual depois de me abraçar sorrindo,
Muito sério para mim assim falou:

"Eu traí a um só amigo e me enforquei
Mostrei ao mundo ser um homem de valor
Errar é humano, e eu errei
E só por isso sou um infame traidor
Mas eu vejo a toda hora e a cada instante
Os senhores que aí estão a me acusar
Traindo e vendendo semelhantes
E a Dona História não vê isso pra contar".



O Impagável Juca Chaves

E um compositor, músico e humorista brasileiro, tornou-se famoso por suas modinhas que satirizam as mazelas da sociedade em geral. Juca Chaves, nome artístico de Jurandyr Chaves, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 22 de outubro de 1938.

Em 1962, ele a regravaria para o álbum Odeon "Nas músicas proibidas de Juca Chaves"  vamos recordar algumas delas, pois se mostram também muito atuais.

CAIXINHA, OBRIGADO - Juca Chaves - Gravação de 1960. Outra sátira do Juquinha, ainda hoje atual. Saiu pela RGE em setembro de 1960 no 78 rpm 10261-A, matriz RGO-1779, integrando depois seu segundo LP, "A personalidade de Juca Chaves". 



Assim é o Rio - tem muita gente roubando...” parece que foi feita para o Rio de Janeiro dos dias atuais ....

O sempre genial Juca Chaves, o menestrel do Brasil, com suas criações divertidas.


É o caso do  ADEUS EM RITMO DE LAVA JATO. Na ocasião a presidente Dilma relevou, mas, alguns figurões do PT não deglutiu a sátira do Juquinha. Ele está sempre atual, aos 81 anos.



Não esqueço a frase de Juca dizendo numa entrevista: “Quero ser capitalista para não ter de dividir o meu com alguém. Quero ser comunista  para dividir o do Roberto Marinho tem”!

E a compra do porta-aviões “Minas Gerais” pela Marinha do Brasil? lembram? “ ...O Brasil já foi pra guerra, comprou um porta-aviões, deu vivas pra Inglaterra por 82 milhões...mas, que ladrões!!!


Se Adolf Hitler e Mussolini tiveram seus famosos trens blindados, no Brasil, pelo menos no imaginário, muitos políticos gozaram desse direito de usar a figura do Trem para conduzir suas memoráveis campanhas eleitorais. Assim o fizeram entre tantos outros, Virgílio Távora no Ceará, Otávio Mangabeira na Bahia, e no Rio Grande do Norte o famoso "Trem da Esperança" de Aluísio Alves da campanha em 1960. Que vamos recordar.



O samba Cabo Laurindo - de autoria de  Wilson Batista e Haroldo Lobo –   Gravação Continental de 18 de junho de 1945, lançada em julho seguinte, disco 15381-B, matriz 1172. O samba faz referência a um fictício personagem o “cabo Laurindo” para exaltar a bravura dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira - FEB que lutaram durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, e refletia uma dúvida da época: se eles tinham ido lutar contra ditaduras estrangeiras no exterior, por que manter uma ditadura dentro do próprio país, no caso o Estado Novo?  

Trecho da letra

 “Laurindo voltou / coberto de glória, 
Trazendo garboso no peito / a cruz da vitória. 

Salgueiro, Mangueira, Estácio e Matriz estão agindo
Para homenagear
/ o bravo cabo Laurindo.(bis)
As duas divisas que ele ganhou, mereceu: 
Conheço os princípios / que Laurindo sempre defendeu!
Amigo da verdade, defensor da igualdade
Dizem que lá no morro / vai haver transformação ?
Camarada Laurindo / estamos a sua disposição....”


Em tempo: Há notícia de que nas eleições de 1950, um certo Laurindo, funcionário da Central do Brasil, mandou costurar as divisas de cabo no ombro da farda, (guarda ferroviário), calçou botas militares de cano longo, pôs o seu quepe da Rede Ferroviária e autopromoveu. Fotografia oficial nas mãos mandou imprimir “santinhos” e saiu distribuindo com os passageiros no vagões. Se o tal “Cabo Laurindo” era figura simbólica, passou a existir de carne e osso. Depois foi desmascarado e perdeu o emprego! – embora tenha sido bem votado -.

 

A MÚSICA NA POLÍTICA BRASILEIRA - continuação (II)

Já no “No bico da chaleira”, de Juca Storoni, João José da Costa Júnior, é bem anterior (Odeon 1909 disco 108.341), gravada pelo cantor mulato, Geraldo, cuja letra dizia: Iaiá me deixe (deixa) subir esta ladeira/Que eu sou do bloco do pega (mas não pego) na chaleira/Na casa do Seu Tomaz/ Quem grita é que manda mais/Que vem de lá/Bela Iaiá/Ó abre alas/Que eu quero passar/Sou Democrata/Águia de Prata/Vem cá mulata/Que me faz chorar. (mais detalhes sobre a cançoneta nas próximas postagens). A explicação para a letra é de Darcy Ribeiro em “Aos trancos e barrancos – Como o Brasil deu no que deu”, de 1985:

- “O êxito do carnaval é “No bico da chaleira”, de Costa Júnior, que cria a expressão ‘chaleirar’, - que se tornou sinônimo consagrado de bajulação - dando o nome e conjugação à prática vulgarmente chamada, até então, de puxa-saco ou lambe-cu. A expressão vem do caudilho gaúcho, Pinheiro Machado, que tinha sempre uma chaleira fervendo  para amenizar o frio de Petrópolis para o chimarrão e, quando pretendia colocar água na cuia, os presentes corriam pressurosos para pegar e servir”. O senador gaúcho Pinheiro Machado era o homem forte da república brasileira em seus primeiros anos e os mais afoitos, mal o ilustre homem manifestava o desejo de saborear seu chimarrão, alguns avançavam para a pequena chaleira e, na ânsia de serem os primeiros, seguravam-na por onde calhasse, ou pelo cabo, ou pelo bojo e até pelo bico. Com isso naturalmente queimavam os dedos. Nasceu daí o dito popular “chaleira”, para designar adulador e a expressão “pegar no bico da chaleira” para indicar aquela ação de adular.
Explica-se ainda que o senador gaúcho José Gomes Pinheiro Machado foi um dos políticos mais influentes da República Velha (1889-1930), conhecido como “o condestável da república”.


há  68 anos  nos deixava "O Rei da Voz"
É de sua voz a gravação original de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, gravada no dia anterior ao seu aniversário, no ano de 1939.

Chico Alves gravou todos os importantes compositores de seu tempo, venceu inúmeros carnavais com sambas e marchas, gravou em dueto com Mário Reis na década de 30, gravou a primeira composição denominada "marcha", de autoria de José Barbosa da Silva, o Sinhô, intitulada “Pé de Anjo”, participou de vários filmes brasileiros e manteve estreita ligação com pessoas influentes de seu tempo. Foi um líder nato, sua carreira foi encerrada após 35 anos ininterruptos, causando em todo o Brasil enorme tristeza quando de seu desaparecimento e  assinalando até aquela data, o maior enterro concorrido com a presença de mais de 50 mil pessoas. Pertenceu a diversas emissoras de rádio e, no ano de 1941, assinou contrato com a Rádio Nacional, em que ficou até o fim de sua vida. Não se pode falar em música popular no Brasil sem que seu nome não seja lembrado e porque não dizer festejado.

Francisco Alves teve sua carreira encerrada no dia 27 de setembro de 1952 em trágico desastre automobilístico, quando vinha de São Paulo para o Rio de Janeiro.

Falando a Verdade – de David Nasser.


há  DOIS anos  NOS DEIXAVA “A SAPOTI”
Nasceu Abelim Maria da Cunha, no dia 13 de maio de 1029, em Conceição de Macabu, distrito de Macaé, Rio de Janeiro e faleceu no dia 29 de setembro de 1018 em São Paulo.O pseudônimo “Ângela Maria”, foi a forma encontrada para a família não descobrir de quem se tratava. Cantava em dancings, principalmente no mais famoso o Dancing Avenida, onde estreou em 1948. Descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime  Moreira, que a levaram para a Rádio Mayrink Veiga.

Depois do Adeus versão de Fred Jorge 1970 discos Copacabana.

O POETA  DO “PÁSSARO CARÃO”

Começou a gravar em 1962, como compositor num momento difícil para a musica nordestina, cujo declínio se atribuía ao surgimento da Bossa Nova (1958), seguindo à explosão do rock ‘n’roll e do iê iê iê. Falar de Zé Marcolino é “falar do sertão não aquele sertão exuberante de Guimarães Rosa nem tampouco o sertão imaginoso de Ariano Suassuna e, sim, o sertão de Euclides da Cunha com suas terras calcinadas pelo sol inclemente, do som do chocoalho distante, do canto da cigarra, do chiado da alpercata de rabicho. Falar de Zé Marcolino é dizer da dor que se tem ao ver um plantio de milho morrer à falta de chuva, é mostrar tantas e quantas vezes, for necessário, que somos fortes”. Morreu o poeta “numa morte estúpida” como afirma José Carneiro Barbosa na orelha do livro organizado por uma equipe de amigos, parentes e admiradores de Zé Marcolino intitulado  “Vida, Versos Viola”.


Zé Marcolino foi talvez o primeiro compositor brasileiro a iniciar sua carreira gravando seis composições de uma só vez e num mesmo disco. Isso aconteceu, em 1962, no LP “Ô Veio Macho” de Luiz Gonzaga. Outra gravação memorável ocorreu em 1981, ao cantar Cacimba Nova, em dupla com Gonzagão no LP “ A Festa” disco produzido por Luiz Bandeira.  
Numa expressão das mais belas, numa lição de amor e reconhecimento tão raro hoje em dia, assim se referia à sua esposa d. Maria do Carmo, e aos seus sete filhos:  “a canção eterna de sua existência, cada um, uma nota musical de melodia divina: Fátima, Anastácio, Lúcia, Ubirajara, Walter, Paulo e Itagibá.

 Dona “Do Carmo”  faleceu em Serra Talhada, no dia 5 de dezembro de 2014, perdendo a luta contra um câncer.  

A história do nordestino pobre e esquecido, podemos dizer – sem medo de errar – ficou mais rica depois de Zé Marcolino. Seus amigos  - entre os quais o poeta de Tabira-PE, Dedé Monteiro e o poeta-violeiro Sebastião Dias,  prestam-lhe justa homenagem todos os anos, no mês de setembro, com a “Missa do Poeta” (de início acontecia em Serra Talhada, depois foi transferida) onde uma imensa multidão se reúne após a missa, tradicionalmente  - rezada e cantada em versos do poeta -  para, logo após,  viver uma programação em frente ao pátio da Igreja Matriz de Tabira. 
No local, se apresentam cantores famosos, sanfoneiros, compositores, violeiros, declamadores, rememorando seus grandes sucessos.
Em setembro de 1997 eu estava em Tabira fazendo um trabalho de pesquisa e conheci dona Do Carmo. Conversamos  na residência do poeta Sebastião Dias, vereador na ocasião, anos depois seria eleito prefeito.  Ao nosso lado, Itagibá, seu filho mais novo e funcionário do BNB.  Contou-me na ocasião que, “embora a obra deixada pelo marido fosse por demais conhecida e explorada, o “que havia recebido em termos de direitos autorais – até então – era quase nada, não dava para comprar uma casa para morar com os seus filhos”. Uma injustiça  que perdura ao longo do tempo no Brasil. E disse mais:  - “Só depois que o grupo Mastruz com Leite regravou “Sala de Reboco”  isso foi  possível, mas, por iniciativa do próprio grupo musical.


O compositor, pesquisador e intérprete da nossa música de raiz, Ivan Ferraz, natural de Floresta - PE num baião de sua autoria intitulado Homenagem a Zé Marcolino, sintetizou o sentimento dos sertanejos a essa grande figura humana, cuja letra diz:

Vaqueiro forte lamenta 
Chora o povo nordestino
Lembrando o compositor
Poeta Zé Marcolino
Foi cumprir o seu destino
Traçado pelo Criador
Deixando muita saudade
Nos versos do cantador.

Pássaro Carão” tristonho 
De repente ficou mudo
Passando em “Serrote Agudo”!
O quadro é desolador 
No semblante vejo a prova 
“Fazenda Cacimba Nova”
Não esquece o cantador

Adeus poeta
Sertanejo de valor
Chora o povo nordestino
Lembrando Zé Marcolino
O grande compositor.

“Sala de Reboco”,  Cantiga de Vem-Vem”, “Pássaro Carão” “Cacimba Nova”, “No Piancó”, “Pedido a São João”, “Serrote Agudo”, “Pedra de Amolar”, “Saudade Imprudente”, “Matuto Aperriado” entre tantos outros, imortalizados na voz de Gonzagão,  Ivan Ferraz, Dominguinhos, Genival Lacerda, Camarão, Azulão, Trio Nordestino, Assisão, Quinteto Violado só para citar alguns ícones da música nordestina. 
Nos anos 70, quando a música nordestina volta a conquistar seu espaço merecido admirada pelo público jovem e universitário, as composições de Zé Marcolino continuaram sendo gravadas e regravadas por Luiz Gonzaga e vários outros artistas de prestígio.  Com o Quinteto Violado cantou e contou causos para analfabetos e doutores, percorreu várias capitais se apresentando em shows consagrados como no Teatro Castro Alves em Salvador, Santa Isabel em Recife.  “Foi embora sem tornar pública toda a sua vasta produção ainda inédita. A qualidade inquestionável deixa de água na boca quem gosta do povo. A música “Saudade Imprudente” fala por si: ...”sem precisar calendário/eu fazia anotação/na minha imaginação/eu achava tão comum/contar mês de trinta e um /na dobra da minha mão.” (conforme depoimento de Paulo Menezes da Fundação Casa da Cultura de Serra Talhada.

 

GAL COSTA

Eis, em ordem cronológica, 75 gravações significativas da trajetória fonográfica de Gal Costa:

1Eu vim da Bahia (Gilberto Gil, 1965) – Gal ainda era Maria da Graça quando gravou para o lado A do primeiro esse samba que explicitou a origem da cantora e do compositor. 2. Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967) – Fonograma de 1967, com Caetano Veloso – Uma canção que Gal evoca a “Gracinha da Bahia”, devota de João Gilberto (1931 – 2019). 3. Candeias (Edu Lobo, 1967) – Fonograma de 1967– Ainda com a suavidade da Gracinha, Gal dá voz à melancolia lírica dessa canção de Edu Lobo. 4. Baby (Caetano Veloso, 1968) – Fonograma de 1968 – A canção foi feita para Maria Bethânia, mas Gal a lançou em disco e a projetou no álbum-manifesto da Tropicália. 5. Divino maravilhoso (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1968) – Já musa da Tropicália, Gal deixa a pulsar a veia pop roqueira nessa música de festival. 6. Não identificado (Caetano Veloso, 1969) –  Caetano fez a canção para ela..7. Namorinho de portão (Tom Zé, 1968) – Fonograma de 1969, com Gilberto Gil. – No primeiro álbum solo, um flerte com a obra do mais rebelde dos tropicalistas. 8. Que pena (Ela já não gosta mais de mim) (Jorge Ben Jor, 1969) – Fonograma de 1968, com Caetano Veloso. – Uma declaração de amor feita com o suingue de Jorge Ben. 9. Cinema Olympia (Caetano Veloso, 1969) – Rock na veia em álbum com ecos da Tropicália. 10. Meu nome é Gal (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) –– Uma carta de apresentação, escrita pelos arquitetos da Jovem Guarda para a musa da Tropicália. 11. Hotel das estrelas (Jards Macalé e Duda Machado, 1970) – A barra pesa e a musa da contracultura dá o recado.

12. London, London (Caetano Veloso, 1970) – Um flash do exílio londrino de Caetano na voz de quem segurou no Brasil a barra dos tropicalistas. 13. Falsa baiana (Geraldo Pereira, 1944) – Fonograma de 1970 – A verdadeira baiana cai no suingue do samba do compositor de outra era musical. 14. Vapor barato (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971 – Uma viagem pelo clima sombrio do Brasil dos anos 1970. 15. Pérola negra (Luiz Melodia, 1971) – Uma moderna canção de amor que revelou Luiz Melodia (1951 – 2017). 16. Dê um rolê (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1971) – A vida é boa... Novos Baianos na voz da baiana de todos os tempos. 17. Sua estupidez (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) – Fonograma de 1971 – Aquela canção do Roberto com o sentimento bluesy da letra. 18. Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi, 1972) – Fonograma de 1973, com Maria Bethânia – Um axé para a matriarca do Terreiro do Gantois. 19. Índia (José Asunción Flores e Manuel Ortiz Guerrero, 1928, em versão em português de José Fortuna, 1952) –  A guarânia paraguaia ressurge em outra vibe, com os agudos de Gal. 20. Volta (Lupicínio Rodrigues, 1957) – Fonograma de 1973. – A dor amargurada de Lupicínio em samba-canção. 21. Barato total (Gilberto Gil, 1974) – A gente quer é viver.. Lá, lá, lá, lá, lá... 22. A rã (João Donato e Caetano Veloso, 1974) – Cantar com a leveza de Donato e as palavras de Caetano. 23. Lágrimas negras (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 1974) – Belezas são coisas acesas por dentro.

24. Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi, 1975) –  Quando Gal vem para o mundo de Jorge Amado (1912 – 2001) e de Dorival Caymmi (1914 – 2008). 25. Só louco (Dorival Caymmi, 1955) – Fonograma de 1976 – Ainda no mundo de Caymmi, mas no tom aconchegante do samba-canção. 26. Esotérico (Gilberto Gil, 1976) – com Doces Bárbaros – Quarteto fantástico! 27. Tigresa (Caetano Veloso, 1977) – Sônia Braga? Zezé Motta? Gal é a verdadeira Tigresa. 28. Negro amor (It's all over now, baby blue, Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977) – Dylan em um dos discos mais roqueiro de Gal. 29. Folhetim (Chico Buarque, 1978) – Impossível descartar o bolero de Chico...

30. Força estranha (Caetano Veloso, 1978) – Fonograma de 1979. – Caetano fez para Roberto Carlos, mas a música ficou associada à “voz tamanha” de Gal. 31. Balancê (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1937) – Fonograma de 1979

– Tropical, Gal traz antigos Carnavais para o Brasil de 1979.

32. Aquarela do Brasil (Ary Barroso, 1939) – Fonograma de 1980 – As tintas ufanistas do país ganham outros tons e gerações. 33. Meu bem, meu mal (Caetano Veloso, 1981) – Gal, um vício desde o início... 34. Festa do interior (Moraes Moreira e Abel Silva, 1981) – Gal vai atrás da massa real com aliciante marcha-frevo. 35. Açaí (Djavan, 1981) – O sabor do genial compositor de Alagoas. 36. Azul (Djavan, 1982) – Outra cor de Djavan. 37. Minha voz, minha vida (Caetano Veloso, 1982) – Uma canção de Caetano para a cantora que traz a vida na voz. 38. Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) – Fonograma de 1982 – O trio de Dodô & Osmar lançou, Nara Leão (1942 – 1989) regravou, mas o Brasil foi atrás do bloco de Gal. 39. Eternamente (Tunai e Sérgio Natureza, 1983) – Inesquecível canção sobre o que não passará. 40. Tema de amor de Gabriela (Antonio Carlos Jobim, 1983) - De volta ao mundo de Jorge Amado, desta vez no tom soberano de Jobim. 41. Vaca profana (Caetano Veloso, 1984) – Leite na cara dos caretas. 42. Chuva de prata (Ed Wilson e Ronaldo Bastos, 1984) – Gal destila o mel das canções de amor com os vocais doces do Roupa Nova. 43. Nada mais (Lately, Stevie Wonder, 1980, em versão em português de Ronaldo Bastos, 1984) – Dor de amor que dói demais. 44. Sorte (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 1985) com Caetano Veloso – O amor em paz e em dueto com Caetano. 45. Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985)  com Tim Maia – A leveza de domingo ensolarado com o peso da voz de Tim Maia (1942 – 1998).

46. Arara (Lulu Santos, 1987) – O canto onomatopaico de Gal chega ao auge do alcance vocal em gravação de disco tecnopop que deixou muita gente uma “arara”.. 47. Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero, 1988) – Gal põe o país no fio da navalha em incisivo rock-samba. 48. Cabelo (Jorge Ben Jor e Arnaldo Antunes, 1989) – Fonograma de 1990 – Ben Jor lançou, mas foi Gal quem descabelou a música. 49. Raiz (Roberto Mendes e Jota Velloso, 1992) – O suingue do samba do Recôncavo Baiano na voz mais bonita que tem Graça nas mãos e no nome. 50. Mãe da manhã (Gilberto Gil, 1993) – Um canto na escuridão, amparado pela voz de Gal. 51. Nuvem negra (Djavan, 1993) – Uma canção depressiva de Djavan. 52. Língua (Caetano Veloso, 1984) – Fonograma de 1995 – Gravação ousada e moderna que dividiu opiniões. 53. Futuros amantes (Chico Buarque, 1993) – Fonograma de 1995. – Não se afobe, não, que nada é para já e ainda hão de descobrir a beleza dessa gravação. 54. Beatriz (Chico Buarque e Edu Lobo, 1983) – Fonograma de 1995.– Uma gravação escondida em songbook com canções de Edu Lobo. 55. A luz de Tieta (Caetano Veloso, 1996) – A luz de Gal no samba-reggae de Caetano. 56. Lanterna dos afogados (Herbert Vianna, 1989) – Fonograma de 1997, com Herbert Vianna – De volta às paradas em disco acústico. 57. Pra você (Silvio Cesar, 1965) – Fonograma de 1998. – Uma das mais belas canções de amor em gravação feita para a novela Torre de babel (TV Globo, 1998).

58. Aquele frevo axé (Cezar Mendes e Caetano Veloso, 1998) – Toda a bossa do então desconhecido compositor Cezar Mendes, em parceria com Caetano. 59. A última estrofe (Cândido das Neves, 1932) – Fonograma de 2001

– Grande abordagem da valsa-canção seresteira do repertório de Orlando Silva (1935 – 1978). 60. Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz, 1994) – Fonograma de 2002 – Alguma coisa para sentir em disco equivocado.

61. E daí? (Miguel Gustavo, 1959) – Fonograma de 2003 – Boa recordação em disco conformista, gravado com o olho no retrovisor. 62. Hoje (Moreno Veloso, 2005) – O afilhado traz a madrinha para os dias de hoje.

63. Um passo à frente (Moreno Veloso e Quito Ribeiro, 2005)  Mais um passo de Gal para fechar a cortina do passo e seguir adiante. 64. Recanto escuro (Caetano Veloso, 2011) – Na introspecção, brilha a luz de Gal em álbum revigorante.

65. Miami Maculelê (Caetano Veloso, 2011) – Gal no batidão do funk carioca.

66. Segunda (Caetano Veloso, 2011) – De volta ao interior da Bahia, mas com olhar contemporâneo. 67. Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cicero, 2015) –  De olho no futuro, na batida do rock.

68. Jabitacá (Lirinha, Junio Barreto e Bacteria, 2015) – Gal nos caminhos de grande canção. 69. Quando você olha pra ela (Mallu Magalhães, 2015) – A visão jovial de Ben por Mallu na voz de Gal. 70. Espelho d'água (Marcelo Camelo e Thiago Camelo, 2015) – Reflexo da inspiração de Camelo na discografia de Gal.

71. Palavras no corpo (Silva e Omar Salomão, 2018) – Ecos de Amy Winehouse (1983 – 2011) em gravação sublime. 72. Livre do amor (Adriana Calcanhotto, 2018) – A primeira canção inédita de Calcanhotto na voz de Gal.

73. Minha mãe (César Lacerda e Jorge Mautner, 2018) – com Maria Bethânia – O reencontro com Bethânia em louvor às mães das cantoras. 74. Cuidando de longe (Marília Mendonça, Juliano Tchula, Junior Gomes e Vinicius Poeta, 2015) – Fonograma de 2018 – Gal joga o Brasil pop sertanejo na pista da disco music.

75. O que é que há (Fábio Jr. e Sérgio Sá, 1982) – Fonograma de 2019 – Gal dá a devida dimensão à angústia da canção lançada por Fábio Jr.

 



VIVA A Viola - No modo bem brasileiro

Popularizou-se  e integrou-se às tradições musicais. Até para os índios guaranis ela foi peça importante. No rastro da expansão urbana, ela ganhou as ruas. Venceu preconceitos. Nas últimas décadas, foi incorporada aos outros instrumentos e coloca-la no seu merecido e devido lugar no cenário da música popular contemporânea. 


Até que enfim! Bons exemplos não têm faltado entre os articuladores dessa mobilização em valorizar o velho instrumento.O mestre Roberto Correa chega com sua  Extremosa Rosa”..



Helena Meireles gravou seu primeiro CD  pela Eldorado, produzido pelo sobrinho Mário de Araújo, em 1994, sendo revelada ao mundo ao completar  71 anos de vida. Em seguida, foi reconhecida  pela revista norte-americana Guitar Player, que a colocou entre  os 100 melhores guitarristas do mundo, ao lado de músicos como Roger Williams e Eric Clapton. Morreu aos 81 anos em 2005. 



Vale a pena assistir “Dona Helena - O documentário” onde ela toca e conta sua trajetória de vida.  Por muitos anos bebeu muita cachaça, fumou e mascou fumo o que provocava suas notórias e enormes cusparadas – não importava o ambiente -. Ainda jovem deixou o primeiro marido e os filhos para frequentar os prostíbulos mato-grossenses, tocando para os peões. Pariu umas doze vezes, sempre sozinha na maioria dos partos. Helena Meireles merece um “capítulo à parte”  na história da viola. 




“Maria do Ingá”  ou “Maringá”

Com  relação a “Maringá” a história dessa canção  está intimamente ligada à cidade paranaense do mesmo nome. Ou vice-versa, porque é muito comum as músicas recebem nomes de cidades pelo mundo inteiro. No caso de Maringá deu-se exatamente o oposto e quem conta são os escritores Zuza Homem de Melo e Jairo Severiano, em “A Canção no Tempo” volume I.

- “ O fato ocorreu em 1947, - quinze anos depois do lançamento da música - quando Elizabeth Thomas, esposa do presidente da Companhia de Melhoramento do Norte do Paraná, sugeriu ao marido que a composição desse nome a uma cidade recém-construída pela empresa, e que em breve se tornaria uma das mais prósperas do Estado”. O curioso é que a toada cabocla, retrata  o flagelo das secas, e as levas de retirantes nordestinos obrigados a deixar para trás a terra natal.

 

JOUBERT  DE CARVALHO –

Médico por profissão e poeta por vocação, assim podemos definir esse grande nome da música brasileira.

Nessa década, Carvalho compõe Pierrot, interpretada por Jorge Fernandes, escrita para a peça homônima de Paschoal Carlos Magno, e a toada Maringá, gravada por Gastão Formenti, em 1932. O tema fora sugerido pelo paraibano Rui Carneiro, para homenagear os flagelados da seca nordestina  e agradar o também paraibano, ministro José Américo de Almeida, de quem Rui era o oficial de gabinete, e, com isso Joubert  de Carvalho, conseguiu  sua nomeação como médico no Instituto dos Marítimos. Em 1933, (um ano depois)  torna-se diretor e lá se aposenta. Falaremos depois sobre outras particularidades desta canção  da “Maria do Ingá”  ou “Maringá”, aqui na voz de Carlos Galhardo.


O ÚLTIMO REPÓRTER ESSO
Já o final do Repórter Esso, foi na Rádio Globo, de forma  comovente, em 31 de dezembro de 1968, quando o locutor Roberto Figueiredo, aos prantos, leu as últimas notícias. O locutor reserva, Plácido Ribeiro, que estava no estúdio, continuou o programa. Ainda bastante emocionado, Roberto retomou às atividades e encerrou o último Repórter Esso desejando uma boa noite e um feliz ano novo a todos.

.



JAIRO AGUIAR

Jairo Alves de Souza Aguiar nasceu no dia 11 de setembro de 1937, em João Pessoa-PB há 83 anos. Alcançou grande sucesso na carreira musical durante a década de 1950. Começou cantando na Rádio Clube Pernambuco, quando tinha apenas 13 anos de idade. Em 1954, participou do concurso “Primeiro Campeonato de Cantores Novos”, promovido pela Rádio Nacional e apresentado por César de Alencar. Com um timbre muito peculiar e grande paixão pelo canto, ficou em primeiro lugar, cantando músicas do repertório de Jorge Goulart e Carlos Galhardo.

Tal conquista lhe rendeu um contrato de dois anos com a Rádio Nacional, o que deu ao artista grande destaque na mídia nacional e a oportunidade de participar de programas de auditório, especialmente o apresentado por Paulo Gracindo, que foi seu grande incentivador. Na contracapa de um dos discos do cantor, Gracindo o elogiou escrevendo que “joia não sai de moda nunca”.

Para impulsionar a carreira, Jairo se mudou para o estado do Rio de Janeiro. Em 1956, foi contratado pela gravadora Copacabana, pela qual estreou com sucesso cantando o samba “Uma Noite no Rio”, escrito em parceria com Aôr Ribeiro e Mário Mascarenhas. O lado B do disco trazia a valsa “Sussu”, da autoria de Joubert de Carvalho.

A carreira de Jairo foi prodigiosa. Somente pela gravadora Copacabana lançou 20 discos de 78 rpms, 10 compactos e 12 LPs, registrando quase 200 músicas, muitas delas de sua autoria. Entre seus grandes sucessos estão: “Enxugue a Lágrima”, “Serenata de Schubert” e “Ainda Espero Por Ti”.

Durante seus últimos anos de carreira, se apresentava anualmente no Baile Carnaval da Cinelândia, no Rio de Janeiro, cantando marchinhas de carnaval e frevos famosos. Faleceu no dia 2 de julho de 2016, na cidade de Niterói. Poucas foram as entrevistas concedidas pelo cantor e é restrito o conhecimento sobre sua biografia.


GENTE HUMILDE

Aníbal Augusto Sardinha ou Garoto era filho de imigrantes portugueses, nasceu em São Paulo Aníbal em 26 de junho de 1915 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 3 de maio de 1955. Compositor, violonista dos mais conceituados quando em plena atividade, estava praticamente esquecido até o final dos anos 60, quando uma composição sua Gente Humilde  recebeu letra de Vinicius de Moraes e uma pequena contribuição de Chico Buarque. O grande impulso aconteceu de fato, com o lançamento em 18 de setembro de 1970, do LP  “Ângela Maria de Todos os Temas (discos Copacabana). Chico chegou a gravar no mesmo ano, bem como, Taiguara. A novela Véu das Noiva exibida pela TV Globo entre novembro de 1969 a 1970 foi a primeira a ter uma trilha sonora criada originalmente para a trama, cujo disco se tornou grande sucesso de vendas (70 mil cópias).Garoto compôs “Gente Humilde”, por volta de 1945, e teve por inspiração as costumeiras visitas que Garoto  fazia pelos subúrbios cariocas.

 


EXALTAÇÃO
O modelo inaugurado por Ary Barroso teve seguidores, o que deixou o compositor mal humorado com Alcyr Pires Vermelho, parceiro de David Nasser em “Canta Brasil”. Segundo consta, Ary Barroso rompeu relação com Alcyr, não se incomodando com David Nasser, autor da letra, e Francisco Alves, intérprete da música. Aliás, na edição impressa há a seguinte dedicatória: “A Francisco Alves que emprestou a Canta Brasil sua alma de artista”.

Alfinetadas à parte, a edição segue no clima altaneiro, com direito a críticas veladas para o norte da América, que naquele tempo andava com a política da boa vizinhança, bem-vinda em tempos de Guerra Mundial. “Adeus América” (Geraldo Jacques e Haroldo Barbosa) e “Brasil pandeiro” (Assis Valente) vangloriam o samba, em detrimento à cintura dura de Tio Sam.

Com destaque o papel da Bahia. A terra de Dorival Caymmi, João Gilberto, Daniela Mercury, Caetano e Bethania e do axé, é sempre lembrada por compositores e intérpretes de toda ordem e de todos os tempos, diga-se. O baiano Dorival Caymmi  consta desse elenco com a composição “Você já foi à Bahia?”. O paulista Denis Brean compôs “Bahia com H”. Até mesmo o português Chianca de Garcia louvou a boa terra em “Exaltação à Bahia”, ao lado do paulistano Vicente Paiva. Heleninha Costa gravou na Colúmbia em disco Colúmbia (número 55.463) no ano de 1943.       

Uma visão heroica e poética do Brasil e da defesa do seu litoral. Seu autor o baiano Antonio Manoel do Espírito Santo, falecido em 1913 aos 28 anos apenas. Essa canção é tão bonita que foi regravada dezenas de vezes por diversos intérpretes, com o nome de Cisne Branco. Essa gravação é na voz de Dalva de Oliveira do LP da Odeon intitulado “Bandeira Branca” – que foi uma marcha de carnaval de grande sucesso de Dalva de Oliveira e ela incluiu no LP o Cisne Branco ou Canção do Marinheiro, que não é só estimada pelo pessoal que labuta na Marinha e defendem o mar, e sim, é uma visão heroica, bonita, poética também.


 BRASILEIRINHO Outra música mundialmente conhecida de Valdir Azevedo e letra de Pereira Costa  canta Ademilde Fonseca;



Outras exaltações representativas do cancioneiro popular:

VOCÊ JÁ FOI À BAHIA? – Anjos do Inferno de Dorival Caymmi

EXALTAÇÃO Á BAHIA - Heleninha Costa canta de Vicente Paiva e Chinca de Garcia. BAHIA COM ‘H’ com Francisco Alves do paulista Denis Brean;

BRASIL FONTE DAS ARTES- Emilinha Borba acompanhada dos Acadêmicos do  Salgueiro cantou de Djalma Costa, Éden Silva e Nilo Moreira. E continuando com essa seleção podemos citar também:

Onde o céu azul é mais azul, música gravada por Francisco Alves em 1940, de Alcyr Pires Vermelho, Alberto Ribeiro e João de Barro.

CANTA BRASIL – de Alcir Pires Vermelho e David Nasser na voz de Francisco Alves música que provocou uma ciumeira danada de Ari Barroso, culminando com o rompimento de uma antiga amizade com o seu parceiro e amigo Alcir Pires Vermelho.

RIO DE JANEIRO – de Ari Barroso com Dalva de Oliveira outro samba exaltação muito bonito; gravado também por Ademilde Fonseca e Dalva e Andrade. (o assunto continua...)

EXALTAÇÃO 

Que tal ouvir o Hino à Bandeira? Um dos mais belos hinos que se conhece. O Hino à Bandeira não é pouca coisa em matéria de autoria. A música é de Francisco Braga grande compositor brasileiro e a letra é de Olavo Bilac o grande poeta parnasiano brasileiro que se incorporou a essa missão. Participou de muitas campanhas de natureza cívica, de amor pelo Brasil. Ele, no seu tempo já pregava a  importância do país se querer bem, de viver de algo mais confiante, ter mais consciência de si mesmo, ou seja, aquilo que se chama de auto estima e que muitas vezes nos falta.

É verdade que o regime militar pós 1964, quando impôs o ensino de valores cívicos – embora importante – a imposição criou um ânimo contrário às aos adolescentes e adultos daquela geração, em relação ao sentido de amor pelo Brasil. E a TV veio em seguida transferir esse sentimento de amor e respeito pelo país e leva-lo ninguém sabe para onde.

E a beleza dessa primorosa homenagem a CANÇÃO DO EXPEDICIONÁRIO? Qual o brasileiro que não conhece?  Foi especialmente dirigida para honrar os soldados da Força Expedicionária Brasileira - FEB que se incorporou ao Exército Americano, lutando em solo europeu contra o nazi-fascismo. Foram 25.834 pracinhas muitos deles tombaram na luta e não puderam rever a sua Pátria. Acompanhe a letra da canção: Você sabe de onde venho? / Venho do morro, do engenho, Das selvas, dos cafezais / Da boa terra do coco. Da choupana onde um é pouco, / Dois é bom Três é demais”... 

 

Emilinha,  a pioneira em muita coisa!

Emilinha Borba foi a primeira a gravar  em 1957, um samba enredo comercialmente. (Brasil, ontes das Artes) do GRES do Salgueiro; Foi a primeira a gravar uma música “trilha sonora”  tema de Novela “Jerônimo o Herói do Sertão” (1955) radionovela da Nacional do Rio de Janeiro e depois para a televisão (TV TUPI) dos Associados;

Foi a primeira a cantar à distância da orquestra. Quando em excursionava pelo sul do País. Nos estúdios da Rádio Gaúcha de Porto Alegre/RS  e de lá, por telefone, cantou o bolero "Em Nome de Deus", defendendo o primeiro lugar da "Parada dos Maiorais - Plastilhas Valda" do Programa César de Alencar, sendo devidamente acompanhada pela Orquestra do Maestro Ercolli Vareto, que se encontrava no palco / auditório da Rádio Nacional do Rio de Janeiro / RJ.

Foi a primeira cantora a gravar um disco com o sistema de posterior colocação da voz sobre a parte orquestrada, já previamente gravada. Uma técnica inicialmente denominada de playback. Quando gravou "Cachito", em 1958, pela CBS. 

Foi a primeira cantora a usar o marketing de divulgação oficial e simultânea em todas as emissoras de rádio do país. Quando do lançamento de "Cachito" pela CBS em 1958. de Consuelo Velásquez e A. Bourget- acompanhamento de  Alexandre Gnatalli Orquestra e Coro; 

Foi a primeira cantora a "reger"  a plateia do Maracanãzinho literalmente lotado. Quando defendeu o primeiro lugar na festa de apresentação das músicas campeãs do carnaval de 1957. Interpretando a marcha "Vai com Jeito" de João de Barro (o Braguinha). Entre seus sucessos mais consagrados estão:

ESCANDALOSA – de Djalma Esteves e Moacir Silva (1947) / CHIQUITA BACANA – de Alberto Ribeiro e João de Barro (1949)  / VAI COM JEITO  - de  João de Barro (1957)

BAIÃO DE DOIS – de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950) / TOMARA QUE CHOVA – marchinha de Paquito e Romeu Gentil (1951)

SE QUERES SABER  - de Peter Pan (1947) / PARAIBA – de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga em 1950 / 

DEZ ANOS - (Diez años) de Rafael Hernandez  com versão de Lourival Faissal.


NOITES DE JUNHO- Emilinha Borba  /  RUMBA EM JACAREPAGUÁ- Emilinha Borba - Haroldo Barbosa (1947) grav Contin.

CAPELINHA DE MELÃO – motivo popular adaptado por Alberto Ribeiro e João de Barro (1949) /  BOA NOITE MEU BEM de Hubert Giraud e Marc Fontenoy - versão de Fred Jorge;

ME LEVA PRO CÉU - de Fernando Costa e Rossini Pinto com Britinho e Orquestra; / JUNTINHOS É MELHOR – Fernando Barreto- Fernando Costa e Rossini Pinto- com Alexandre Gnatalli Orq. e Coro; 

BENZINHO - Fernando Costa e Rossini Pinto.

A carreira artística de Emilinha foi repleta de episódios que renderam muitas manchetes e matérias de jornais e revistas especializadas dos anos 40 e 50. Desde o assédio protagonizado pelo cineasta Orson Wells enquanto esteve por aqui, às disputas com Linda Batista e outra célebre ”rival”, a cantora Marlene. O espaço aqui é pequeno para tanta história.



Isaura Garcia (Isaurinha Garcia 26/02/1923 SP - 30/08/1993 SP), que nos deixou aos 70 anos, e com mais de cinquenta anos dedicados a música brasileira. Um acervo fonográfico com cerca de trezentas canções. Foi casada com o tecladista Valter Wanderley. Destacam-se entre os seus maiores sucessos a canção “Mensagem”.(Cícero Nunes e Aldo Cabral, RCA Victor,1946). Foi chamada a Edith Piaf brasileira por muitos jornalistas e críticos musicais. No próximo domingo, 30 de agosto, marca os 27 anos de sua partida.

Ela está presente aqui com o registro de sua voz.

acompanhada ao violão Edson José Alves em gravação ao vivo de 1987 da Eldorado. Ela falou um pouco de sua trajetória e comentou sobre Carmen Miranda, a eterna “Pequena Notável”, aproveitou para relembrar um grande sucesso da maravilhosa e saudosa cantora. “E o Mundo Não se Acabou” de Assis Valente . Aliás, Carmen Miranda foi a única a brasileira e a primeira artista latino-americana a ter seus pés e as mãos impressas no pátio do Grauman’s Chinese Theatre em 1941 e a primeira homenageada com uma estrela na calçada da fama na calçada da fama em Hollywood.

Letra: 

Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar / Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar / E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada / Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada

Acreditei nessa conversa mole/ Pensei que o mundo ia se acabar / E fui tratando de me despedir / E sem demora fui tratando de aproveitar/Beijei na boca de quem não devia

Peguei na mão de quem não conhecia / Dancei um samba em traje de maiô / o tal do mundo não se acabou / Chamei um gajo com quem não me dava / E perdoei a sua ingratidão

E festejando o acontecimento / Gastei com ele mais de quinhentão / Agora eu soube que o gajo anda / Dizendo coisa que não se passou / Vai ter barulho e vai ter confusão / Por que o mundo não se acabou”.

  

Antônio Almeida  passou a juventude frequentando gafieiras, ranchos e blocos. Frequentava a boemia carioca, as casas de dança, o rádio e o teatro. Conviveu com a chamada geração de ouro da música brasileira. Trabalhando nos bastidores, criou programas de rádio, concursos, shows, roteiros e muitas músicas que dividiu com parceiros ilustres, João de Barro, Alberto Ribeiro, Wilson Batista, Nássara, Roberto Martins, Ataulfo Alves e Dorival Caymmi.

Autor de muitas marchinhas, como essa que vamos ouvir  Chic Chic Bum, e "Apaga a Vela" com  o sambista Mário Ramos de Oliveira, o popular “Vassourinha”. Gravação para o carnaval de 1941 CHIC CHIC BUM – Vassourinha

Estreou no radio em 1932, como cantor do programa “Horas do Outro Mundo” de Renato Murce, (um grande nome do rádio brasileiro do passado). Trabalhou ativamente no rádio nos anos 30 e 40 ele promoveu pela primeira vez os concursos no rádio com promoções de prêmios para os ouvintes como, por exemplo, a escolha da mulata mais bonita do Rio de Janeiro.  Em razão desse concurso compôs com João de Barro uma marchinha, exaltando a mulata, “A Mulata é a Tal" - Gravação na voz de Rui Rei em 1947. Como cantor desconhecemos qualquer gravação de Antônio Almeida, mas como compositor ele deixou uma obra vasta. com mais de 300 criações próprias e em parceria para todas as faixas de idade. Antônio Almeida era um artista completo locutor, produtor musical, compositor. Um artista que se dedicou notadamente às letras, inclusive em versões de grandes clássicos da música internacional como a que vamos ouvir.

Outro grande sucesso foi "VIDA DA MINHA VIDA" que Dalva de Oliveira registrou para a história da música brasileira do passado. Os valores e os males do amor no desabafo e na visão de Antônio Almeida.

Com a  Orquestra Tabajara, tendo como crooner Alcides Gerardi apresentou a POLONAISE de Chopin em ritmo de samba com versos de Alberto Ribeiro e Antônio Almeida. Ele sempre reservou às mulheres um cantinho especial. A figura  feminina sempre mereceu dele inspiração como tema central em suas obras. Muita de suas musicas foram inspiradas na relação homem e mulher. Algumas músicas eram verdadeiros apelos. “Dulcinea” é um samba em que ele assina a letra e a música. A gravação foi de Ataulfo Alves e suas Pastoras. Vassourinha, gravou o apelo “Volta prá casa Emília”, feita em parceria  com José Batista. Almeida. 

HELENA, HELENA feita em parceria com Secundino Silva gravação dos Anjos do Inferno. 


A obra de Antônio Almeida foi em parte especialmente para o carnaval. Cito três desses sucessos carnavalescos inesquecíveis: MARCHA DO REMADOR – Emilinha Borba. Essa foi uma parceria de Antônio Almeida com Oldemar Magalhães. SEREIA DA AREIA – com Marlene em parceria com João de Barro e Nássara; LANCHA NOVA  na voz de Nuno Roland parceria com João de Barro. Fez ainda dois sambas antológicos em parceria com Dorival Caymmi. O primeiro: TEM DÓ  com os Anjos do Inferno. Tem Dó teve parceria ainda de João de Barro e Alberto Ribeiro. Depois DORALICE – Novamente com os Anjos do Inferno. Como já disse antes, ele teve centenas de músicas gravadas e muitas delas falando de mulher. Aqui está outra  JURACI que teve inúmeras versões. Criação dele, Antônio Almeida e Ciro de Souza gravada por Vassourinha outro exemplo da relação da música com a mulher algo sempre presente no repertório da música brasileira.  

LUZES DA RIBALTA  - Original de Charles Chaplin, tema do filme Luzes da Ribalta em inglês (Limelight) versão de Antônio Almeida e seu maior parceiro João de Barro.Meu parceiro mais famoso é o Carlitos, o Charles Chaplin (...). Eu fui assistir um filme do Carlitos chamado “Luzes da Ribalta”, um filme em que eu sai do cinema assoviando a música (...), ela não me saia da cabeça, eu tenho um ouvido muito bom (...). Eu sou parceiro porque fiz a letra que era uma coisa que não existia. Fiz a letra em português, alias, eu e o Braguinha (...). Nós tivemos que pedir permissão ao editor americano (...). Mais ou menos vendo o sentido, ele concordou e nós então fizemos a gravação que vendeu aqui no Brasil um milhão e tanto de discos”. Em depoimento ao Programa MBP Especial – TV Cultura, em 6 de março de 1974).


Mais duas composições dele em parceria com Wilson Batista. Primeiro: MEUS AMORES  que vamos ouvir na voz de Nelson Gonçalves a outra foi LOUCO – gravada por Orlando Silva.  
E para encerrar aqui esta homenagem o célebre TENHO AMIZADE A VOCÊ – outra criação de Antônio Almeida, samba que Orlando Silva gravou para a RCA em novembro de 1939.


Lembrando 1956

Ângela Maria gravou na Copacabana “Fala Mangueira”  /  Ataulfo Alves “ Mulata Asanhada”

Dorival Caymmi gravou “Maracangalha” na Odeon / Joel de Almeida “Quem sabe sabe” na Odeon  / Jorge Goulart  gravou “A Voz do Morro” na Continental

Silvia Teles ( cantora que foi na verdade a musa inspiradora da Bossa Nova) gravou na Odeon “Foi a noite”.   

As músicas internacionais de sucesso também no Brasil:

“Arriverdeci Roma” de Renato Rascel  /  “Historia de Un Amor de Carlos Almaran.  / “Recuerdos de Ypacaraí” de Demetrio Ortiz e Zuleima Mirkin

E o estrondoso sucesso “Love Many Splendored Thing  de Sammy Fain e Paul Francis Webster. Tema do filme “Suplício de uma Saudade” estrelado por William Holden.

Outros registros da história: No dia 11 de janeiro morria no Rio de Janeiro Augusto Calheiros;  / No dia 31 de janeiro Juscelino Kubitschek toma posse na presidência

No dia 15 de março. Nasce no Rio de Janeiro o cantor/compositor Osvaldo Montenegro / No dia 28 de março nasce em São Paulo a cantora Zizi Possi ou Maria Izildinha Possi  /  No dia 10 de agosto, nasce em Belém do Pará a cantora Fafá de Belém ou Maria de Fátima Palha Figueiredo. / 

No dia 19 de setembro o Congresso  sanciona a lei que cria a nova capital federal, Brasília, a ser construída no Planalto Central (3 anos e sete meses depois, em abril de 1960 seria inaugurada por Juscelino).

No dia 5 de novembro nasce em Campo Grande o cantor/compositor Almir Sater.


Raul seixas

Este dia 21 de agosto registra os 31 anos da morte do

saudoso “Maluco Beleza”, Raul Seixas, ou Raul Santos Seixas. Cantor, compositor, instrumentista, um dos pioneiros do rock brasileiro. Estava em São Paulo quando veio a faleceu aos 44 anos. Diabético, sofreu uma pancreatite aguda e sucessivas paradas cardíacas.

No começo da atual pandemia, foi muito lembrada a sua música “O dia em que a Terra parou”. A letra da música está muito apropriada ao atual momento... “no dia em que todas as pessoas, do planeta inteiro, resolveram que ninguém ia sair de casa”;

 Raul gravou 17 discos durante os 26 anos de carreira e ficou conhecido pelo estilo contestador. No ano de sua morte, Raul gravou  ainda lançou aquele que seria o seu último álbum: “ A Panela do Diabo” gravado ao lado de Marcelo Nova. Um importante parceiro nas suas criações foi o escritor Paulo Coelho. (“Gita”, “Tente Outra Vez”  e “Eu Nasci Há Dez mil Anos Atrás” em 1970 e ”Sociedade Alternativa” em 1974). O primeiro álbum solo foi “Krig-Há, Bandolo!”  que trouxe com destaque “Metamorfose ambulante” e Mosca na Sopa”.

Disse em certa ocasião: “Eu na adolescência estava muito preocupado com a filosofia, sem saber (isto é, eu estava eu não sabia que era filosofia aquilo que eu pensava). Tinha a mania de pensar que eu era maluco e ninguém queria me dizer. Gostava de ficar sozinho, pensando, horas e horas. Meu mundo interior é, e sempre foi, muito intenso. Portanto, o mundo exterior, naquela época não me interessava muito eu criava o meu”.


LUIZ CLAUDIO o menestrel mineiro

Luciano Hortêncio, respeitado pesquisador cearense de música brasileira sintetizou num breve texto há alguns anos, o perfil desse grande talento que está na companhia dos anjos encantando o céu.

“Há certas coisas que morro e não consigo entender. Uma delas é o artista Luiz Cláudio, mineiro de Curvelo, ser praticamente desconhecido ou esquecido hoje em dia. Além de ter sido intérprete de voz lindíssima, Luiz Cláudio foi também excelente compositor, havendo inclusive musicado poemas de Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade. Desse último recebeu rasgados elogios,  chegando mesmo a receber essas palavras: -“Fico satisfeito por saber que incluirá a música de Viola de Bolso  no seu próximo long play. Claro que pode usar o mesmo título para dar nome ao disco. Isto só me dá prazer, pois gosto de sua arte de autêntica raiz mineira”.Luiz Cláudio foi ainda arquiteto e artista plástico, tendo publicado o livro “Minas Sempre Viva” com várias de suas pinturas e desenhos,  acompanhado com encartes de um álbum duplo com músicas tradicionais do folclore de Minas, para enriquecer o valioso trabalho tem apresentação de Carlos Drummond de Andrade.

Em 1979, Luiz Cláudio gravou “Viola de Bolso onde interpreta deliciosas canções com jeitinho de roça, flor, a relva, o cheirinho de chão molhado e saudade, como é o caso de “Menina de trança”, Lugar tão Lindo”, “Flor d’água” “Cai Sereno” entre outras. Amo-te muito. Letra e música de João Chaves, músico, poeta, seresteiro, advogado e compositor nascido em Montes Claros, onde faleceu. É uma das mais belas modinhas de serestas, considerada obrigatória no repertório de todos os seresteiros.  Vamos ouvir:


CAI SERENO – de Conde e Elpídio dos Santos. Mazzaroppi gravou essa música no filme  A Carrocinha. Existe uma outra gravação de Pena Branca e Xavantinho também.A versão aqui é de Luiz Cláudio é do disco Viola de Bolso de 1979. A letra muito brejeira e de muita singeleza diz:

Cai, sereno, cai, / Na rama da mandioquinhaEu joguei água de cheiro / No colo da moreninha  Morena, morena, / Bonitinha como a flor de manacá

Eu quero, morena / Ajeita, morena, O colo pra mim deitá
Tem pena, tem pena,
Vim de longe, me cansei de viajá
Ajeita, morena, / Ajeitta, morena / O colo pra mim deitá
.

 

TÍTULOS DE NOBREZA - Antigamente era assim. Os cantores, os grandes nomes da música eram anunciados com pompa e circunstância em shows e, principalmente, nos auditórios de rádio. Vamos apresentar nesse espaço alguns desses cantores/cantoras que receberam em vida, verdadeiros ‘títulos de nobreza’, ou, se preferir, ‘apelidos’ ou mesmo ‘slogans” que marcaram suas carreiras. Exemplo de (“A  Divina” Elizeth Cardoso; “ o Cantor da Multidões” Orlando Silva; O “Rei da Valsa” Carlos Galhardo etc).

A seleção começa com Mário Reis. O jovem de educação refinada, diplomado em direito, com estilo de cantar inovador, divisão sem igual e intérprete de primeira, era conhecido como “o bacharel do samba”. Seu nome: Mário Reis se especializou no gênero gravando obras como “Agora é cinza” que vamos ouvir (de Bide e Marçal*) e “Eu queria um retratinho de você” (Noel Rosa e Lamartine Babo). Com vocês o Bacharel do Samba – Mário Reis. 

*Alcebíades Barcelos ao lado de Armando Marçal, compôs o samba Agora é Cinza, em 1933, que seria gravado por Mário Reis. Foi um grande sucesso no carnaval de 1934, vencendo o concurso de músicas carnavalescas da prefeitura do então Distrito Federal. Seria regravada mais de cem vezes.
Sua parceria com Marçal (Bide e Marçal) foi uma das mais bem sucedidas da história do samba. Geralmente, ele ficava com a melodia e Marçal com a letra.

Outros sucessos do ano de 1934: “ O Orvalho Vem Caindo” gravada por Almirante na RCA Victor; Aurora Miranda emplacava dois grandes sucessos “Cidade Maravilhosa e “Se a  Lua Contasse” na gravadora  Odeon; Silvio Caldas gravava a valsa “Mimi”.(do norteriograndense Uriel  Lourival).

1934 Na História: A Itália vence o segundo Campeonato Mundial de Futebol, realizado naquele mesmo país derrotando a Tchecoslováquia por 2x1. Eliminado pela Espanha nas oitavas de final, o Brasil teve até então a sua pior atuação em copas do mundo.

No dia 8 de agosto nasce em Milão, o teatrólogo/ator/letrista Gianfrancesco Guarniere;  Dia 17 de agosto nasce em Rio Branco (AC) o compositor/instrumentista João Donato (João Donato de Oliveira);  

Dia 19 de agosto de 1934, Adolf Hitler assume poderes de Chefe de Estado na Alemanha;

 

TREM DO PANTANAL – Diana Pequeno numa maravilhosa interpretação desta cantora singular! Os autores - Geraldo Roca e Paulo Simões - começaram a compô-la enquanto fugiam do golpe de 1964 – eram ligados ao PCB –  estavam cruzando o pantanal indo rumo a Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Esse trem fazia a linha SP a Sta Cruz  Era chamado de “o trem da morte”. Essa canção passou depois a ser o hino oficial do Estado do Mato Grosso. Tudo nela é perfeito:  timbre, afinação,  interpretação. Pena que encerrou precocemente a sua carreira, para se dedicar e concluir o curso de engenharia elétrica. Perdemos uma grande intérprete, mas ganhamos mais uma engenheira elétrica.



OBRIGADO

A canção que é na verdade um louvor de forte mensagem religiosa a voz do próprio autor da letra e da música o pernambucano Leonardo Sullivan. Um dos mais respeitados cantores e compositores da música popular brasileira - com diversas letras gravadas por grandes artistas, como: Fafá de Belém, José Augusto, Chitãozinho & Chororó e tantos outros, a série traz 20 faixas com as principais canções da carreira de Sullivan. “Junto Com o Sol”, “Memórias", “Pensamentos Meus”, “Sentimentos”, “Mãe, um Pedaço de Céu” e tantas outras. Leonardo Sullivan na verdade é o nome artístico de Iveraldo de Souza Lima, nasceu na cidade de Vicência no dia 17 de abril de 1947 interior da PE, irmão de Michael Sullivan outro artista de muito talento, cantor e compositor da mão cheia que fez parte do grupo The Fervers.  Entre 1977 a 2002 gravou quinze álbuns com o nome de Leonardo, a partir de 2002 passou a adotar o sobrenome do irmão “Sullivan” para identificação como cantor e compositor É que o cantor sertanejo Leonardo já havia feito registro artístico do seu nome, depois de uma pendenga jurídica tudo foi resolvido.




Danilo Brito foi vencedor do 7° Prêmio VISA - edição instrumental – uma das mais importantes premiações da música brasileira – obteve o primeiro lugar entre 514 concorrentes de altíssima qualidade e excelente formação, por um júri composto de músicos, maestros e outros renomados especialistas da música nacional e estrangeira. Havia na plateia muitos amigos e fãs que já o acompanhavam e choraram junto com ele quando ele conquistou esse importante reconhecimento.


A premiação incluía a gravação de um CD, pela gravadora Eldorado. Danilo Brito lançou o seu segundo CD, em 2005, “Perambulando”, no qual gravou diversas músicas suas como Sussuarana e a faixa que dá nome ao disco; “Um Choro na Madrugada”, em que solou violão tenor, além de uma elogiadíssima interpretação de Confidências de Ernesto Nazareth e outras, ao lado de músicos renomados: Altamiro Carrilho, Toninho Ferragutti, Proveta etc. Apresentação gravado do SESC de SP


A BANCA DO DISTINTO

Originalmente lançada em julho de 1959, no compacto duplo “Dolores Duran no Michel de São Paulo” (não gravado ao vivo, apesar do título) (ouça adiante!). Vinte anos depois do lançamento (e da morte prematura de Dolores), a Copacabana lançou um LP duplo em que revestiu suas antigas gravações com novo acompanhamento, orquestrado e dirigido por Élcio Álvares, dentro de uma série chamada “Galeria dos imortais” (que não passou desse volume!). A crítica e o público gostaram do resultado, mas a ideia não pegou.

A composição de Billy Blanco nasceu de um fato inusitado. A inspiração veio a partir de um relato de preconceito, feito por Dolores Duran ao compositor. Conta Billy Blanco que, por volta de meados dos anos 50, no auge do “Beco das Garrafas”, em Copacabana, Dolores Duran cantava numa daquelas boates. Tinha um homem que sempre ia aos shows da Dolores porque gostava muito da voz dela, porém odiava negro ou afro-descendente, o caso de Dolores Duran. 

O “doutor” ia ao show toda noite, sentava-se na primeira fileira de mesas, mas sempre de costas para o palco. Não dirigia uma única palavra a ela porque não falava com negros. Sequer a olhava. Quando queria pedir uma música, dirigia-se ao garçon – Alberico Campana, hoje dono da “Plataforma” no Rio de Janeiro – e dizia, acenando com um bilhetinho na mão: “Manda a neguinha cantar essa música aqui!”.

Todo final da noite, pelo fato de ser solteiro, o tal sujeito sempre comprava o jantar e levava para casa, como não carregava embrulhos – que segundo ele era serviço de negro – pedia ao garçon que levasse até o seu automóvel. Dolores, profissional e pacientemente atendia os pedidos do “doutor”. Nessa época, ela e Billy Blanco – segundo ele – mantinham um “affair”.

Um dia, muito aborrecida com a grossura do sujeitinho, Dolores contou a história ao Billy que, imediatamente compôs o samba “A banca do distinto”. E aí…, na noite seguinte, Dolores Duran cantou o samba para o “doutor”. Em 1959 a música foi gravada na voz de Isaurinha Garcia (ouça adiante!). Posteriormente várias outras gravações vieram, como as de Elza Soares, Neusa Maria, Dóris Monteiro, Elis Regina e Jair Rodrigues, entre outros”. No final da canção o grande compositor alerta que a morte, inexorável, se encarrega de deixar o preconceituoso, querendo ou não, igual a todos.

A mensagem ainda é muito atual e como tantas outras músicas de Billy Blanco, logo se tornou um clássico e foi gravado por muita gente: Elis Regina, Marília Medalha, Wanderléa, Dóris Monteiro, Dolores Duran e Leila Pinheiro 

E lembre-se: “a vaidade é assim, põe o bobo no alto, e retira a escada…”, portanto, acabe essa banca, doutor!

Chuva

A fadista portuguesa Mariza, com a graça e a singeleza que Deus lhe deu, brinda o nosso Blog esse lindo fado composto pelo seu compatriota poeta e compositor Jorge Fernando, numa apresentação ao vivo do show chamado Concerto em Lisboa. Vamos levando a letra junto com a cantora: A potência vocal desta mulher é impressionante. O Brasil se rende à qualidade da boa música portuguesa. E nós, feliz por ter vivido o suficiente para ouvi-la cantar.

Letra:

 As coisas vulgares que há na vida  / Não deixam saudades / Só as lembranças que doem

Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história / da história da gente / e outras de quem nem o nome

lembramos ouvir

São emoções que dão vida / à saudade que trago / Aquelas que tive contigo /

e acabei por perder

Há dias que marcam a alma / e a vida da gente / e aquele em que tu me deixaste

não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto / Gelado e cansado /As ruas que a cidade tinha

Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida / gritava à cidade / que o fogo do amor sob chuva

há instantes morrera

A chuva ouviu e calou / meu segredo à cidade / E eis que ela bate no vidro

Trazendo a saudade


Todas as Horas São Breves

Outro espaço da canção portuguesa na Memória Musical agora com a encantadora cantora fadista Joana Amendoeira. Esse fado foi levado depois para o disco “Sétimo Fado 2010” portanto, há dez anos com letra e música: Helder Moutinho e Francisco Viana.

Dois dos momentos marcantes de enlevo e poesia onde ela diz:

Na brisa da tarde calma, onde nasce a primavera”... ou  

“Todas as horas são breves, todos os dias são horas”

 

Letra:

Todas as horas são breves

Todos os dias são horas

Todo o amor que me deves

Aumenta quando demoras

-  Vejo as sombras do desejo

Que tenho por te encontrar

Em cada noite há um beijo

Que nunca te posso dar

- Na brisa da tarde calma

Onde nasce a primavera

Nasce a dor na minha alma

P’ra viver á tua espera

- Sou do monte, sou da serra

E os teus olhos são do mar

É tão longe a minha terra

Que não te posso alcançar

 - Quando chegares a sorrir

Não me tragas compaixão

Depois, terás de partir

Partir o meu coração

 O INESQUECÍVEL CARINHOSO  

Essa histórica criação do gênio de Pixinguinha com letra de João de Barro o “Braguinha”, é muito longa e cheias de n unces curiosos. E começa de forma inusitada, ficando esse samba-choro guardado por cerca de dez anos. Num depoimento que concedeu ao Museu da Imagem e do som MIS, no Rio de Janeiro, em 1968. “Naquele tempo eu tinha uns 20 anos e ninguém, profissional no meio artístico  admitiria uma choro com duas partes, tinha que ser com três. Então, preferi

encostar o choro. “Carinhoso” só chegaria ao disco em 1928. Ainda sem letra e mais duas gravações depois em (1929 e 1934).

Apesar das três gravações e tocada nas rádios e rodas de choro “Carinhoso” continua desconhecida do grande público.

Em outubro de 1936, um acontecimento mudaria para sempre essa história.

Dona Darcy Vargas, a primeira dama promovia  o  espetáculo beneficente “Parada das Maravilhas” em benefício de uma obra assistencial intitulada Pequena Cruzada. Uma das artistas convidadas, Heloisa Helena, pediu a Braguinha uma canção nova para marcar sua presença no palco. Com não tinha nada novo na ocasião, então ela sugeriu que colocasse uma letra no chorinho Carinhoso.  “Localizei o autor, Pixinguinha, que me mostrou o tal choro e na mesma noite pus a letra e no dia seguinte entreguei a Heloísa  que gostou muito e depois me presenteou com uma linda gravata”  - relembrou  Braguinha.

Desde o  dia 28 de maio de 1937 quando Orlando Silva o registrou em disco, (na outra faixa do 78rpm “Rosa”), já foram mais de 300 regravações.

Tem o mérito de ser uma das composições mais gravadas da nossa música popular  e das mais lembradas. Sílvio Caldas, Ângela Maria, Elizeth Cardoso, Elis Regina, Dalva de Oliveira, Radamés Gnatalli, Antonio Carlos Jobim, Artur Moreira Lima, Garoto, Baden Powell, Jacob do Bandolim, Hermeto Pascoal e muito outros.

Vamos reviver na voz de Maria Bethânia:


Orlando Silva - o Cantor das Multidões

 

Segundo as informações do perfil de Orlando Silva, no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, "Estreou no rádio no dia 23 de junho de 1934, aos 17 anos de idade, participando do programa de Francisco Alves na Rádio Cajuti. (...) Em 1935, gravou seu primeiro disco, com acompanhamento do Grupo do Canhoto, de Rogério Guimarães, interpretando o samba-canção "No quilômetro dois...", de J. Aimberê e o samba "Para Deus somos iguais", de J. Cascata e J. Barcelos."

"Com o fim do programa de Francisco Alves em 1935, passou a se apresentar nas Rádios Guanabara, Rádio Clube, Educadora, e na Transmissora, fundada nos estúdios da RCA, que durou apenas seis a sete meses. Num intenso corre-corre, apresentava-se diariamente e até mesmo em duas estações num mesmo dia. Sua  consagração no Rádio foi a apresentação no Programa Casé, do qual participavam todas as grandes estrelas da época."

"Em 12 de setembro de 1936, participou da inauguração da Rádio Nacional. Seu contrato de exclusividade foi assinado 11 dias antes da inauguração. Pelo seu contrato na Rádio Nacional, seria o primeiro cantor a ter um programa exclusivo nessa emissora e passou a se apresentar às quintas-feiras sob o patrocínio de Urodonal. A cada quinta-feira, tinha um convidado, alguns nomes internacionais em visita ao Rio, como  Pedro Vargas, Jean Sablon, etc."

 

Um dos maiores marcos da carreira de Orlando Silva foi  “Rosa” sempre presente no seu repertório e solicitado pelo público onde quer que se apresentasse.

Entretanto, após a morte de sua mãe, dona Balbina, em 1968, – que adorava essa valsa – ele nunca mais a interpretou em público, pois se emocionava bastante e ia às lágrimas.

Fazia questão de explicar ao público antes de iniciar seus shows.

 

O título original  valsa foi “Evocação” criação de Pixinguinha em 1917, só recebendo letra muito mais tarde de um mecânico, seu amigo, residente no bairro carioca de Engenho de Dentro, chamado Otávio de Souza.

É de difícil interpretação vocal pois, pelas curtas pausas naturais exige muito fôlego de quem canta. (outra curiosidade é o erro de

concordância na gravação original de 1937: “sândalos dolente”) conforme observou o autor, Pixinguinha. O desafio de regravar "Rosa" foi tentado por alguns intérpretes, sendo talvez o melhor resultado tenha sido o obtido por Marisa Monte, em 1990, com pequenas alterações melódicas. 


Francisco Alves e Carlos Galhardo deixaram de lançar "Rosa", porque haviam rejeitado "Carinhoso" destinada ao lado A do mesmo disco. sobrou para Orlando Silva  que lhe deu interpretação magistral.


Vamos ouvir:  

Outros sucessos daquele ano de 1937:


Clara Nunes

Essa mineira nasceu em 12 de agosto de 1942 vindo a falecer em 2 de abril de 1984, aos 41 anos, durante uma chocando seus milhares de fás no Brasil e no exterior. Com um dos fraseados mais límpidos e luminosos da música brasileira, Clara Nunes saiu de cena, em abril de 1983, como uma das vozes do samba. Posição que jamais teria alcançado se tivesse persistido no caminho equivocado de seu primeiro elepê, “A voz adorável de Clara Nunes, lançado em 1966 com um punhado de boleros. Foi somente ao abraçar o samba — primeiro sob a batuta do radialista Adelzon Alves e, depois, com a orientação do compositor Paulo César Pinheiro —, que a “mineira guerreira” encontrou o sucesso e o carinho popular. Esta trajetória pelo mundo do samba foi percorrida por Clara com mais firmeza a partir de 1971, mas o divisor de águas na sua carreira foi o disco “Alvorecer”, de 1974. A reboque do sucesso de “Conto de areia”, um samba melodioso de sotaque mais baiano do que carioca, o elepê vendeu 300 mil cópias e, mais do que isso, quebrou o tabu — então vigente na indústria fonográfica — de que mulher não vendia disco. Em 1975, o LP “Claridade” repetiria o êxito, com os hits   “A deusa dos orixás” e “O mar serenou”,  Clara chegaria aos 400 mil discos vendidos — cifra que, em números de hoje, equivaleria a quase dois milhões de cópia.







BEIJA-ME DEPOIS  - O baiano Anysio Silva chega com esse boleraço que foi um grande sucessos dentre outros lançados por ele no mercado. Anísio Silva nasceu a 29 de julho de 1920 numa fazenda, hoje pertencente ao município baiano de Rio do Antônio, na época território da cidade de Caculé. Antes de iniciar carreira artística foi balconista de farmácia.

Anísio Silva iniciou sua carreira em 1952, no Rio de Janeiro, já no estilo romântico. Em 1957, assinou contrato com a gravadora Odeon, na qual viveria a melhor fase de sua carreira. Nesse ano seu primeiro grande sucesso "Sonhando Contigo", título também de seu primeiro LP. O segundo, veio dois anos mais tarde intitulado "Anísio Silva Canta Para Você" da qual se destacou a guarânia "Quero beijar-te as mãos", de Arsênio de Carvalho e Lourival Faissal.


SEMPRE NO MEU CORAÇÃO – do cubano  Ernesto Lecuona e do americano  Kim Gannon, ganhou esta bonita  versão de Mario Mendes – gravada pela Odeon em junho de1943 – pelo “cantor das Multidões” - Orlando Silva; Eis a gravação original. Outros  interpretes brasileiros também registraram em disco, como Joana e  Antonio Marcos e dezenas  pelo mundo afora... Nome e título do filme lançado em 1942 com grande sucesso de critica e público.

O filme é uma bela história de amor e compreensão, que mostra o poder da música ao unir novamente uma família.

Concorreu ao Oscar de melhor trilha sonora, só perdendo para “White  Christmas”  de Irving Berlin.

Outros acontecimentos:

No dia 12 de julho os Aliados desembarcavam e iniciavam a invasão da Sicília;

No dia 20 de julho, caía a ditadura de Mussolini  acarretado sua prisão;

Nasce no dia 12 de agosto em Paraopeba (MG) Clara Nunes;


FLOR AMOROSA – de Joaquim  Antonio da Silva Calado e Catulo da Paixão Cearense – gravou  Francisco Carlos  acompanhado pela Bandinha da RCA Victor. Gravação do dia 6 de maio de 1958. Disco em 78 rpm  nº de registro 80.1967. Essa música foi composta originalmente como polca, por Joaquim Antônio da Silva Calado.. Ganhou letra em 1880, de Catulo, transformando-se num choro-canção.  A Flor Amorosa foi depois simplificado o título apenas para Flor Amorosa. Em função ao tratamento rítmico, em tempos recentes a música foi apresentada como uma toada ou mesmo um maxixe. Muita gente gravou e décadas depois foi sucesso nacional por ter sido tema da novela NIna, da Rede Globo, com Regina Duarte e Antonio Fagundes, em 1977. o que impulsionou sua execução nas rádios.   

 Lysia Condé, nos brinda com essa e outras de suas belíssimas apresentações.



O CORTA JACA Uma criação da compositora, maestrina e pianista Chiquinha Gonzaga, - a primeira mulher a se destacar na nossa música popular -  o “Corta Jaca”, teve também como titulo original “Gaucho”, chamado de tango,  embora seja na verdade, um maxixe e já era conhecido desde 1895.

Teve a popularidade redobrada nove anos depois ao reaparecer na revista musical Cá e Lá. Comprova o sucesso as oito gravações que recebeu entre 1904 a 1912. O maior destaque foi ser executada num baile oficial no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro a sede do Governo Federal. Para umas ilustres personalidades da época, foi um escândalo. Ganhou letra dos autores da peça Cá e Lá Tito Martins e Bandeira de Gouveia. Vamos reviver na bonita apresentação da mineira Lysia Condé, feita na Casa da Ribeira, em Natal.

Atualmente, Lysia está residindo no Rio de Janeiro. No início de março, fiz contato com ela pelo telefone; Tão logo termine essa pandemia vou receber seus DVDs.     




ESTRADA DO SERTÃO – Lysia Condé  


 

Vamos dançar um Schottisch?

Pode parecer estranha a grafia, mas é o original de Xotexotischotis  ou também chamado de escocesa  é um ritmo musical  binário ou quaternário uma dança de salão de origem centro-europeia. É um ritmo muito executado nos nossos forrós, mas, infelizmente, poucos conhecem os passos ou sabem dançar, só os dançarinos mais idosos, - desde que consigam – claro. De origem alemã, a palavra "xote" é corruptela  de schottisch, uma palavra alemã que significa “escocesa”, em referência  à polca escocesa  tal como ficou conhecida pelos alemães.

 

Em Portugal é a chamada “choliça”. O tal  Schottisch  chegou no Brasil pelas mãos de José Maria Toussaint, em 1851 e tornou-se apreciado como dança da elite no período do Segundo Reinado. Daí, quando os escravos negros aprenderam alguns passos da dança e deram uma nova roupagem com sua maneira própria de bailar, o Schottisch caiu no gosto popular com o nome de "xótis" ou simplesmente "xote".

 

É uma dança muito versátil e pode ser encontrada, com variações rítmicas, desde o extremo sul do Brasil (o xote gaúcho), ganhou espaço generoso por muito tempo aqui no nosso nordeste antigamente. Diversos outros ritmos possuem uma marcação semelhante, podendo ser usados para dançar o xote, que tem incorporado também diversos passos de dança e elementos da música latino americana como, por exemplo, alguns passos de salsa, de rumba e do mambo. Hoje em dia, o xote é um dos ritmos mais tocados.

 

Xote-carreirinho: estilo comum no  sul do país, com coreografia próxima à da polca dançada pelos colonos alemães no Brasil, e tradicionalmente tocado com gaitas.

 

Xote-duas-damas: variante de xote, dançado do Rio Grande do Sul, na qual o cavalheiro dança acompanhado de duas damas.

 

Xote-bragantino: estilo popular no Pará, sua coreografia difere bastante da original.

Algumas músicas consideradas Xote:

·        Eu só quero um xodó (Luiz Gonzaga)

·        Xote das meninas (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

·        Espumas ao vento (Raimundo Fagner)

·        Bate Coração (Elba Ramalho)

·        Regresso (Elba Ramalho)

·        Nosso xote (Bicho de Pé)

·        Xote da alegria (Falamansa)

·        Xote dos milagres (Falamansa)

·        Colo de menina (Rastapé)

 

O SAMBA AGORA VAI - Em 1940 o então presidente Getúlio Vargas resolveu patrocinar uma excursão de artistas brasileiros para mostrar a nossa música no exterior reunindo vários intérpretes e músicos famosos da época.  O compositor Pedro Caetano resolveu então fazer um samba intitulado “O Samba Agora Vai” - numa sátira ao malandro carioca e ao samba autêntico do morro que iria ser mostrado no estrangeiro”. A música foi gravada em 1943, aliás, anos depois o escritor Fernando Tinhorão, lançou um livro, sobre música popular brasileira, com esse mesmo título O SAMBA AGORA VAI.

Em depoimento, Pedro Caetano se disse muito feliz e agradecido pela homenagem que lhe prestou o escritor Fernando Tinhorão.

A música foi gravada pelo conjunto – Quatro Ases e Um Coringa. O grupo musical era formado na década de 40 por três irmãos: Evenor, José e Permínio Pontes de Medeiros e um amigo André Batista. Atuaram nas rádios Mayrink Veiga, Nacional e Tupi. (todos os componentes já se foram, infelizmente, o último componente, José, faleceu aos 86 anos  há mais de uma década morava na cidade do México.




Nervos de aço - É de 1947, samba canção de Lupicínio Rodrigues o autor que norteou toda sua grande obra musical aos amores impossíveis, paixões desesperadas, mulheres volúveis, infiéis. Tudo fez parte  do mundo explorado por Lupicínio, o popular gaúcho ,“Lupi”. Ninguém melhor do que ele cantou a “dor de cotovelo”, em nossa música popular. O exemplo maior do seu estilo é o samba  “Nervos de Aço”, uma história de traição amorosa e de protesto contra o conformismo de pessoas traídas. Só que o protesto é  passivo, pois o protagonista também não age, limitando-se a se queixar: “Eu só sinto que quando a vejo / me dá um desejo de morte e de dor”.

Francisco Alves fez a gravação na Odeon. Disco 78 rpm. Lado B do disco 12786. Gravou no lado A - “Adeus, Cinco Letras Que Choram”.

 

1947 foi o ano de outros grandes sucessos da música brasileira como:

“De conversa  em conversa” (Isaura Garcia);

 “Asa Branca” (Luiz Gonzaga); também emplacou

 “No meu pé de Serra” e o calando “Dezessete e Setecentos”.

“Marina”  gravada pelo autor, Dorival Caymmi na RCA Victor.

Em julho de 1947, Dalva de Oliveira  lançava “Segredo” de Herivelto e Marino Pìnto. Um mês depois Nelson Gonçalves  também faria uma gravação. “Segredo” foi o maior sucesso do ano de 47.

Em 02 de março nascia em Ubá o cantor/compositor, Nelson Ned-(Nelson  Ned D’Ávila Pinto);

No dia 8 de julho nascia em Ituaçu (BA) o cantor/compositor  Moraes Moreira ou Antonio Carlos Morais Pires. Ambos já falecidos.

 

 

 

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário