terça-feira, 29 de setembro de 2020

HÁ 68 ANOS NOS DEIXAVA "O REI DA VOZ"

 Francisco Alves foi cantor, compositor e violonista. E dos bons. Poderia ser descrito apenas assim, se não fosse um dos maiores, para muitos, talvez o maior cantor brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro no dia 19 de agosto de 1898, em seu registro de casamento, realizado no dia 20 de maio de 1920, consta o ano de 1897. Francisco Alves nasceu ao apagar das luzes do velho século e viu a nova cidade do Rio de Janeiro surgir e crescer junto com aquele menino que, nascido à rua Conselheiro Saraiva, no centro do Rio de Janeiro, mais tarde seria aclamado como "O Rei da Voz".

Foi eleito Rei do Rádio em grande festa realizada no Teatro João Caetano no ano de 1941, ao lado de Linda Batista, eleita a Rainha do Rádio. Desfrutou de imenso prestígio na canção popular, impulsionou a carreira de vários cantores, incluindo Orlando Silva quando o lançou em seu programa na Rádio Cajuti, no dia 23 de junho de 1934. Sua carreira  discográfica é inigualável, gravou 383 sambas, 166 marchas, 124 valsas, 104 foxes, 96 canções, 33 tangos, 16 maxixes,11 modinhas, nove boleros, nove toadas, seis cateretês, dois charlestons, dois choros e mais 19 gravações de ritmos variados. Foi quem mais gravou discos no Brasil. Ouça em Memória Musical

  DOIS anos  NOS DEIXAVA “A SAPOTI”

Nasceu Abelim Maria da Cunha, no dia 13 de maio de 1029, em Conceição de Macabu, distrito de Macaé, Rio de Janeiro e faleceu no dia 29 de setembro de 1018 em São Paulo.

O pai reverendo Albertino Coutinho, da Igreja Batista, e ela começou a cantar no  coro da igreja n o bairro carioca do Estácio onde o seu pai era pastor. Segundo declarou numa entrevista, uma irmã cantava muito melhor que ela, mas, veio a faleceu prematuramente. Na verdade todos os irmãos cantavam, porém ela era a mais apreciada.  O pseudônimo

“Ângela Maria”, foi a forma encontrada para a família não descobrir de quem se tratava. Cantava em dancings, principalmente no mais famoso o Dancing Avenida, onde estreou em 1948. Descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime  Moreira, que a levaram para a Rádio Mayrink Veiga. Participou de vários programas de rádio e passou a ser requisitada em todos os grandes eventos musicais, no Brasil e no exterior, devido a versatilidade de cantar em vários gêneros. Admirador incondicional  do seu grande talento, o ex-presidente Getúlio, num momento de descontração, carinhosamente a chamou  de “sapoti”., O apelido pegou.  Ouça em Memória Musical.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

DELEGADO DE CAPELA E O GOVERNADOR

Juca Malta, delegado de Capela, faz uma visita ao amigo e governador Silvestre Péricles..

-  O que há de novo por lá?  Tudo em ordem?

-  Qual nada governador. Todo mundo esculhamba o senhor e a gente fica sem poder fazer nada.

Silvestre ficou possesso.

- Como assim? Você não é o delegado? Meta esses cabras na cadeia!

- Mas as vezes não é possível,  sabe aquele dono da mercearia? Aquele corno que é vereador  da oposição, o senhor  conhece, está sempre esculhambando o senhor. Outro dia dei voz de prisão e ele apresentou um tal habeas-corpus preventivo, aí fiquei sem poder fazer nada, ainda por cima fiquei desmoralizado.

Silvestre levantou a cabeça desapontado com  o delegado.

- Se fosse comigo, pegava esse habeas-corpus rasgava e enfiada na boca dele. Levava esse safado para a cadeia e ainda lhe dava uma boa surra.

O delegado voltou para Capela, foi ao bar a avisou o que faria na próxima vez que ouvisse ofensas ao governador. O dono do bar chamou o juiz da cidade, que, indignado, mandou prender o delegado.

Por telefone, o delegado Juca Malta pediu socorro ao governador:

- Você é louco Juca? Como é que fez uma besteira dessas? Estranhou Silvestre.

O delegado não entendeu.

-Mas, governador, eu fiz o que  o senhor disse que faria se estivesse no meu lugar...

- Ora Juca, eu faria porque sou o governador do Estado. E, por falar nisso, como governador não posso manter um delegado que não respeita a justiça. Você está demitido. E desligou. 
(“Mil Dias de Solidão” págs. 139,140 - Cláudio Humberto Rosa e Silva)

domingo, 27 de setembro de 2020

 

 

Qual a diferença entre produtos light e diet?

Tomar água logo após comer pão engorda?

Qual a diferença entre os biscoitos cream cracker e os de água e sal?

Qual a diferença entre o açúcar refinado, o cristal e o mascavo?   Em Curiosidades

 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

O POETA DO “PÁSSARO CARÃO”

 “Na minha imaginação

Eu achava tão comum 

Contar mês de trinta e um

Na dobra da minha mão”...

Há 33 anos, um trágico acidente no dia 20 de setembro de 1987, no sertão de Pernambuco, próximo a Afogados da Ingazeira, em direção a Carnaíba, tirou aos 57 anos, a vida do grande poeta-compositor José Marcolino Alves, ou simplesmente “Zé Marcolino”. A notícia pegou de surpresa os familiares, amigos e uma legião de admiradores espalhados por esse imenso Brasil de sua pessoa, e do seu talento poético-musical. Nascido no sítio Várzea, do major Napoleão Bezerra Santa Cruz, atual município de Sumé-PB, no dia 28 de junho de 1930. Dizia ser um “parabucano”, uma mistura de paraibano e pernambucano, pois, há muito residia em Serra Talhada, seu quartel general de inspiração, cidade que escolheu para viver com sua família. Em Memória Musical



TIRO NA BUNDA

Populista como nenhum outro político jamais imaginou ser, o alagoano Silvestre Péricles, governou Alagoas com a força e a garra de um ditador. Tinha o manto protetor do irmão, o  todo poderoso general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, ministro da Guerra de Getúlio Vargas. Embora advogado e engenheiro de formação, (chegou a ser ministro do Tribunal de Contas da União) Silvestre Péricles, não costumava levar desaforos para casa, nem perdoava adversários.  Não se desnudava do seu autoritarismo e do linguajar rasteiro quando preciso. O jeitão grosseiro agradava o eleitorado mais  simples e menos letrado. A esses, apelidava de “minha poeirinha de ouro”  Veremos alguns desses episódios protagonizados por ele em Folclore político e social.

Silvestre Péricles - foto de Jean Mazon (Revista O Cruzeiro)

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

GAL COSTA 75 ANOS

Plural”. Título do álbum lançado por Gal Costa em 1990 é a mais perfeita tradução para o brilho laminado da voz de Maria da Graça Costa Penna Burgos. Nascida em 26 de setembro de 1945, Gal faz 75 anos no próximo sábado, 26, com live programada para o dia do aniversário e disco à vista com regravações de sucessos em duetos com elenco masculino. Em tributo à cantora pelos 75 anos, o Blog Pop & Arte de Mauro Ferreira,  jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, listou  75 gravações emblemáticas de Gal que completa 55 anos de atividades, iniciada em 1965. Da lista de gravações, há - conforme diz o experiente jornalista – alguns “registros que, mesmo pouco ouvidos, são igualmente expressivos e contribuem para atestar a grandeza da voz cristalina de Gal Costa”.

Aqui ela está presente em “Cordas de Aço” de Cartola (Angenor de Oliveira 11/10/1908 - 30/11/1980) grande mestre do samba, autor de sucessos  inesquecíveis merecidamente ocupa lugar de destaque em qualquer trabalho onde figurem os mais importantes compositores da autêntica música brasileira.


Depois, ela revive um clássico da música popular brasileira de todos os tempos: “Linda Flor” ou (Ai -Ioiô) de  Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto de 1929, portanto, há 91 anos, de lá para cá dezenas de cantores e cantoras pelo mundo afora já regravaram - Ai Ioiô – Letra dessa versão diz: ...

Eu nasci pra sofrer  /  Fui oiá pra você, meu zoinho fechô 

E quando o zoio eu abri  /  Quis gritar, quis fugir

Mas você, eu não sei por que  /  Você me chamou"


A relação completa está na página Memória Musical.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

VIVA A VIOLA - No modo bem brasileiro

 Ela chegou e veio para ficar. Aclimatou-se e adaptou-se. Aos cantos e encantos deste Brasil sem fim. Que o digam Guimarães Rosa e Mário de Andrade.

“Como no tempo em que tudo era falante, ai, sei.
De manhã, o rio alto branco, de neblim; e o ouricuri retorce as palmas.
Só um bom tocado de viola é que podia remir a vivez de tudo aquilo.”

(Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas).

“Me acocorei em riba destas folhas,
catei meus carrapatos,
ponteei minha violinha e em toque rasgado
botei a boca no mundo cantando na fala impura as frases
e os casos de Macunaíma, herói da nossa gente.”

(Mário de Andrade)

Viola caipira, viola sertaneja, dos cantadores repentistas, viola de cocho,(do Mato Grosso) viola de macete, viola de Buriti do Tocantins, viola caiçara, viola de pinho, viola de arame, viola de fandango, pantaneira e outras dezenas de tamanhos e feições, de cinturas acentuadas, chamadas de meia regra com doze trastes e a padrão com 19 trastes,  ou regra inteira, de cintura mais modesta, ligadas sempre ao formato e as diferentes maneiras de execução. Evoluindo sempre ao longo do tempo pelos antigos violeiros. Eles que transmitiram ao longo dos anos, de geração a geração o conhecimento do toque e das afinações. Chegou ao continente, aos trópicos, – no nosso caso - na colonização portuguesa desde os seus primórdios. Os espanhóis também a espalharam pelos seus domínios nas colônias latino-americanas.



De Norte e Sul o instrumento para acompanhar  o canto, profano ou religioso. Além de outras, temos:  "Extremosa Rosa", "Cerro Corá", "Fogo na Morcega", “Rela Chifre” e “Nas veias da Viola  com Pereira da Viola e o toque mágico de sua viola mineira juntando o canto das lavadeiras de roupas nas ribeiras dos ribeirões nos vales dos rios Doce e do Jequitinhonha,  com os quilombolas de sua São Julião. O assunto continua em  Memória Musical.

O velho violeiro mineiro Badia Medeiros que faleceu em 2018, residia em Formosa GO. (Foto crédito: Um Brasil de Viola)   guia das Folias de Reis com o seu Fogo na Morcega”.


domingo, 20 de setembro de 2020

JOUBERT DE CARVALHO - Médico por profissão e poeta por vocação.

 A Enciclopédia Itaú Cultural publicou:  “Joubert Gontijo de Carvalho (Uberaba MG 1900 - Rio de Janeiro RJ 1977). Compositor e médico. É o segundo dos dez filhos de um fazendeiro mineiro. Desde criança toca piano e se interessa pelas bandas locais. Em 1913, muda-se com a família para São Paulo, onde estuda no tradicional Ginásio São Bento. Tem aulas de música com uma tia pianista e compõe sua primeira canção, Cruz Vermelha, inspirada no hospital infantil homônimo. Conclui os estudos no Colégio Osvaldo Cruz e, em 1920, influenciado pelo pai, vai para o Rio de Janeiro para cursar a faculdade de medicina. Em 1925, defende a tese de conclusão do curso Sopros Musicais do Coração, e passa a conciliar a carreira de médico com a de compositor.

Em 1922, grava o foxtrote Príncipe, pela Orquestra Augusto Lima (Francisco Alves a grava em 1931 e o violonista Garoto, em 1954). Em seguida, Gastão Formenti grava Canarinho  e Rolinha (ambas de 1927) e Casinha do Meu Bem (1928); e Francisco Alves, Traição e Castelo de Luar, parceria com Catulo da Paixão Cearense (ambas de 1928), e Dor de Recordar (1929). Em 1930, compõe para Carmen Miranda a canção Pra Você Gostar de Mim, seu primeiro grande sucesso, que se torna conhecida popularmente como Taí.  Carmen grava 28 canções do compositor”

Nesse período, conhece o poeta Olegário Mariano (1889 - 1958), com quem compõe Zíngara  De Papo pro Ariniciando uma produtiva parceria.  Essas duas citadas, em negrito, foram gravadas pelo mesmo cantor Gastão Formenti, na RCA, num mesmo disco (lados A e B), em 1931. Essas são as gravações originais. Ouçam... Continua em Memória Musical. 





sexta-feira, 18 de setembro de 2020

PROGRAMAS QUE MARCARAM GERAÇÕES

Repórter Esso esse foi sem dúvida o mais conceituado e aguardado noticiário diário, seja no rádio e na televisão brasileira. O famoso programa jornalístico foi ao ar na TV Tupi, pela primeira vez, em 1952, após adaptação da homônima programação de rádio e rebatizado de O Seu Repórter Esso. O jornal ficou gravado na memória popular pela sua chamada: “E atenção, muita atenção!  Aqui fala o seu ‘Repórter Esso’ -  testemunha ocular da História”. O final chegou em 31 de dezembro de 1970, quando foi realizada a última transmissão pela emissora. Já o final do Repórter Esso, foi na Rádio Globo, de forma  comovente, em 31 de dezembro de 1968, quando o locutor Roberto Figueiredo, aos prantos, leu as últimas notícias. O locutor reserva, Plácido Ribeiro, que estava no estúdio, continuou o programa. Ainda bastante emocionado, Roberto retomou às atividades e encerrou o último Repórter Esso desejando uma boa noite e um feliz ano novo a todos. Ouça na íntegra esta última edição no Memória Musical. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A TV TUPI IA SER INAUGURADA E NÃO HAVIA APARELHOS PARA VER AS IMAGENS E AGORA?

 “Éramos realmente jovens. A turma que ergueu a TV Tupi – Canal 3 era constituída de pessoas que estavam na faixa dos 20. Um ou outro tinha pouca coisa mais que 30 anos. E foi graças a isso, talvez, que conseguimos fazer o que fizemos. Ninguém da parte artística foi aos Estados Unidos ver televisão. Ninguém tinha sequer visto televisão. Entraram todos na aventura, como meninos em suas traquinagens.











Quando a televisão foi inaugurada, Cassiano Gabus Mendes, que logo ficou sendo diretor artístico, estava com 23 anos. Luiz Gallon tinha 20, Lia de Aguiar, 22. Walter Forster, que era considerado bem mais velho, 32 anos. Jovens, garotos, meninos, hoje percebemos. Quanta aventura! - Eu entrei na Tupi com 16 anos. Saí de lá com 40. Enfim, os melhores anos, os únicos que valem realmente ser vividos. Esses eu vivi na Tupi”. Lima Duarte.

Quando Dermival Costalima saiu para abrir a TV Paulista, a segunda emissora de São Paulo, era chamado  para ficar à frente da TV Tupi  Cassiano Gabus Mendes. Com 23 anos, filho de Otávio Gabus Mendes, radialista de sucesso, falecido pouco antes, Cassiano era um jovem superdotado. Seus olhos grandes, vivos, chamavam a atenção de todos. Sua paixão também era a imagem.

Só pensava em cinema. Isso aprendera com seu pai Otávio, de quem herdara esse amor. Gostava também de música, de fotografia e de dirigir pessoas. O jovem líder tinha seguidores: Walter George Durst, Dionísio Azevedo, Silas Roberg, Lima Duarte e vários outros.

- Disse:  “Quanta paixão! Ganhamos um brinquedo e começamos a brincar. Essa frase de Cassiano Gabus Mendes diz tudo. Experiência, curiosidade, aventura, ansiedade, erro, acerto, medo, alegria, choro, sangue, tudo, tudo aquilo que o homem tem em sua natureza pura, em sua essência, em seu cerne, em seu coração. Vida latente, nascente. Criação. Nascimento.” Continua na página Periscópio

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

PREFEITOS TÊM ATÉ AMANHÃ PARA CONTESTAR

Estimativas populacionais de 2020 foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) das populações residentes nos 5.568 Municípios brasileiros. Estima-se que o Brasil tenha 211,8 milhões de habitantes, tendo crescido 0,77% em relação a 2019. A estimativa populacional é um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo do coeficiente do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) destinados a todos os entes da Federação. Segundo o IBGE, as populações dos Municípios foram estimadas por um procedimento matemático e projetadas por métodos demográficos entre seus diversos Municípios. Observa-se que São Paulo continua o mais populoso com 12,3 milhões de habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 6,7 milhões;  Brasília e Salvador, com cerca de 3 milhões cada. O estudo do IBGE aponta que 17 municípios brasileiros têm população superior a 1 milhão de habitantes, somando 45,7 milhões de pessoas, ou seja, correspondendo a 21,9% da população do Brasil. De acordo com o IBGE cerca de 21% dos municípios tiveram redução da população e, portanto, diminuição dos coeficientes significando menos recursos. No entanto, graças a uma lei aprovada em 2019, esses municípios têm a garantia de manter os mesmos coeficientes de 2018, até 2022. Amanhã, 16 e setembro, é o último dia para os gestores contestarem as estimativas apuradas pelo IBGE. Os prefeitos a serem eleitos ou reeleitos já sabem de antemão que só poderão contar nos dois primeiros anos, o mesmo coeficiente de 2018.

  

O QUE ERA O BRASIL PARA CHATEAUBRIAND?

 Na pequena cidade de Umbuzeiro, no interior da Paraíba, Brasil, aos 5de outubro de 1892, nasceu Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Tinha três irmãos: Jorge, Oswaldo e Ganot. Fez seus estudos no interior de Pernambuco e depois foi para a capital, Recife, estudar Direito .Olhos fortes, pretos, de estatura baixa, pouco mais de 1 metro e sessenta, logo se inclinou para o jornalismo. Foi ser repórter de um jornal de Recife, o Diário de Pernambuco. Aos 23 anos já era redator- chefe do jornal e professor de Direito Romano e de Filosofia do Direito . Em pouco tempo foi para o Rio de Janeiro, convidado para ser redator do Jornal do Brasil.

Em 1920 foi para a Alemanha, e ficou um ano na Europa relacionando-se com figuras exponenciais do Brasil e do mundo. Aí iniciou aquilo que foi uma atitude marcante em sua vida: comprou um jornal, assumindo o compromisso de pagar 5.700 contos de reis, embora desse de entrada apenas 100 contos, que era tudo o que tinha. Atraiu para sócio Alexandre Mackenzie, superintendente da Light Companhia de Eletricidade, onde ele exercia a função de advogado. Nascia, assim, o primeiro elo de uma grande corrente de comunicação de Assis Chateau briand, a que ele deu o nome de Diários e Emissoras Associadas , formada por dezenas de jornais e emissoras de rádio espalhadas por todo o País, além da revista O Cruzeiro, fenômeno de tiragem nacional.

De repente, chegou aos seus ouvidos uma palavra diferente: televisão .

Chateaubriand a ouviu e ficou sabendo que se falava sobre isso nos Estados Unidos, na França, na Alemanha com a Telefunken, na Inglaterra com a Philips. Mas veio a guerra e tudo silenciou. Nos Estados Unidos, porém, não pararam as experiências com a televisão. A RCA americana, em fins de 1939, fez uma exibição pública de sua nova câmera, transmitindo uma partida de beisebol. E, em 1940, a Federal Communication Commission reconheceu oficialmente a televisão. Em 1944, Assis Chateaubriand visitou Nova York. Esteve na RCA e foi recebido pelo brigadeiro David Sarnoff, presidente da indústria, que preparou um grande salão, com o que havia de mais adiantado em material de radiodifusão, para mostrar ao possível cliente brasileiro. Chateaubriand já era o pioneiro no uso comercial de rádio da América do Sul. Gostou de tudo que viu, mas.com a curiosidade que lhe era peculiar, e caminhando por todas as salas, chegou à sacada do edifício Rockefeller Center, e ali viu uma máquina desconhecida.

– O que é isso?

– Uma câmera de televisão. Imagem eletrônica. E esse é o senhor Wladimir Zworykin, um russo-americano, o inventor. Sua invenção é tão importante que o colocamos na vice-presidência da RCA Victor. Com essa lente podemos ver toda Manhattan.

– Imagem à distância...

Pois eu vou querer uma emissora.

– Senhor Chateaubriand, isto não é para um país como o Brasil. O senhor deveria se preocupar com sua poderosa rede radiofônica. A televisão não é recomendável para os brasileiros. O senhor deveria esperar..

.– Esperar o quê? E lhe digo mais: não quero uma emissora. Quero duas. A primeira, criarei em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro. Se eu andar depressa, a de São Paulo será a primeira da América Latina. Seremos pioneiros. A primeira será em São Paulo...

Por favor, anote meu pedido. Assim era Chateaubriand. Impetuoso. Rápido. Valente. Decidido. Apaixonado. Mas sua paixão não era só por suas rádios, seus jornais e suas futuras emissoras de televisão. Sua paixão era o Brasil.

O que era o Brasil para Chateaubriand?

Em seus jornais ele dizia o seguinte:

Nosso programa, que é fazer órgãos de doutrina e de informação, não comporta direita  nem  esquerda. Estamos no céu e na terra para servir à unidade brasileira. Somos todos militantes dessa ideia. O equilíbrio nacional é a nossa maior preocupação, que não exclui, outrossim, o equilíbrio que também muito nos preocupa. Nossos jornais não se limitam a ser refletores, senão os guias e moderadores do sentido ambiente das multidões, contribuindo para a formação da consciência pública e assumindo o papel de construtores do espírito. Estamos longe de sermos um empreendimento de timbre exclusivamente capitalista. Não almejamos o lucro e não cultuamos a propriedade como um totem sagrado.

Somos um pequeno exército nacional, à paisana, penetrado na consciência de nossos deveres e da santidade de nossas tarefas, fiel à divisa de nossa bandeira, que é o serviço da integridade nacional. O sonho, naquele momento era a televisão, a imagem”.

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

HERÓI OU BANDIDO?

 Chatô, o Rei do Brasil

Ele foi taxado de bandido a herói, ao longo da vida. Com todos os ingredientes e adjetivos apropriados em ambos os casos. Possíveis e imaginários de um lado e do outro. Toda a sua trajetória de vida foi marcada por fatos e acontecimentos que influenciaram a vida nacional, (na política, na imprensa, nas letras, na economia, na cultura, e onde mais se possa imaginar, queiram ou não), por isso foi uma personagem controverso e marcante por mais de 50 anos no Brasil. Não se pode falar do rádio ou da televisão no século 20  sem  citar o nome de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (Chatô).  Um dos mais importantes empresários do ramo das comunicações do Brasil. Criou um império bilionário - o grupo Diários Associados, fundou  jornais, revistas, (a mais importante, “O Cruzeiro” que vendia quase um milhão de exemplares, num tempo em que a população do Brasil não passava de 50 milhões de pessoas), emissoras de rádio, agência de notícias e pioneiro da televisão no Brasil. Um desbravador.

Ninguém melhor do que o jornalista Fernando Morais mostrou quem era de fato esse paraibano  nascido em Umbuzeiro. Um garoto chegando  perto da adolescência, e ainda analfabeto. Recusava-se a ir à escola, era alvo de pilhérias e deboches dos colegas devido a gagueira. (Somente superada quando o avô o obrigou a ficar isolado dias sem fim, em cima de um serrote na fazenda, falando sozinho, em voz alta – o temor era ser flagrado pelos moradores – podiam pensar que havia enlouquecido!).



Vinte anos depois já era um barões da imprensa.  Em “Chatô, o Rei do Brasil Companhia das Letras, 736 páginas, nos revela uma personalidade em toda sua grandeza e arrojo de visionário e pequenez  de atitudes. Descobriu e abriu espaço a novos talentos, incorporou ao seu império de comunicações  grandes nomes das artes e da literatura que o Brasil iria revelar ao mundo nos anos seguintes. Inúmeras campanhas de mobilização nacional em defesa do teatro, do cinema, da proteção do meio ambiente, em defesa do índio, de aviação civil criando Aeroclubes pelo interior brasileiro e museus de arte em importantes cidades.  Dono de laboratórios produziu medicamentos e incentivou a criação de centros de pesquisas genéticas. Foi dono da Shering e da Bayer no Brasil. entre outras iniciativas.

Dizia: “comprar com dinheiro todo mundo compra, eu ver é comprar sem dinheiro e pagar depois, mesmo que demore, mas pague”. Antes de morrer, cinquenta por cento  do seu patrimônio deixou em testamento para um grupo de abnegados empregados.  Continua em Periscópio

 

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

DIVIDIDO ENTRE A FÉ E A CIÊNCIA

PADRE LANDELL DE MOURA

O gaúcho é considerado um dos grandes inventores brasileiros e  responsável por tecnologias que impactaram todo o planeta.

Os primeiros sinais da genialidade de Landell de Moura surgiram ainda na juventude. Aos 16 anos, afirmou em manuscritos ter inventado um aparelho telefônico semelhante ao do norte-americano Graham Bell. Em 1876, mudou-se de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, onde foi estudar na Escola Politécnica. Lá, permaneceu por poucos meses, até ser convencido por seu irmão a viajar para Roma para se tornar padre. Sua formação eclesiástica ocorreu entre 1878 e 1886. Foi nesse período que adquiriu também seus conhecimentos em física, que o levaram às suas descobertas anos depois. Não se sabe com exatidão se estudou a disciplina formalmente ou se ele era um autodidata.

Transmissão radiotelegráfica
Uma das principais controvérsias envolvendo o padre é sua atribuição como a primeira pessoa a realizar uma transmissão radiotelegráfica. Isso teria ocorrido anos antes do italiano Guglielmo Marconi criar o primeiro sistema de telegrafia sem fio, em 1896. O consenso histórico e científico mundial continua a favorecer o italiano, que venceu o Nobel de Física em 1909. Segundo o biógrafo Rodrigo Moura Visoni, autor de Roberto Landell de Moura, o Precursor do Rádio (publicado pela Editora Tamanduá Arte em 2018), o falso pioneirismo do brasileiro é fruto de um “nacionalismo equivocado”

Televisão
Atribui-se ao cientista a invenção, ou pelo menos ao desenvolvimento do protótipo de um equipamento capaz de transmitir imagens via ondas eletromagnéticas, um precursor da televisão. A este aparelho, projetado em 1904, ele deu o nome de Teleforama. Não há registros, porém,  de nenhum experimento, tampouco de que o equipamento foi realmente montado. O projeto que restou é pouco detalhado.

Controvérsias com a Igreja
Durante a sua carreira, Landell de Moura transitou entre a religião e a ciência: ele praticamente conduzia seus experimentos entre uma missa e outra. Mas a dedicação excessiva à ciência entrou em choque com a fé católica. Seus estudos com eletromagnetismo o levaram a adentrar em temas da parapsicologia. Acreditava, por exemplo, que era possível entrar em contato com os mortos — e por isso chegou a ter um laboratório vandalizado por devotos. Mesmo assim, nunca chegou a ser desacreditado pela igreja. Morreu em 1928, recebendo os últimos sacramentos diretamente do arcebispo metropolitano de Porto Alegre. Hoje, é reconhecido como um exemplo de que ciência e religião podem andar de mãos dadas.

Contemporâneo de Nikola Tesla, Graham Bell, Heinrich Rudolph Hertz e Marconi Guglielmo, o gaúcho Roberto Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro de 1861, é considerado um dos pioneiros das telecomunicações no mundo.  Dividido entre a fé (era padre) e a ciência, foi a primeira pessoa a conseguir transmitir voz por ondas de rádio sem fio. Ao contrário de seus pares, porém, teve sua capacidade limitada por uma baixa ambição pessoal, e pela falta de espírito empreendedor das autoridades brasileiras. Landell de Moura morreu de tuberculose 67 anos, no dia 30 de junho de 1928, em Porto Alegre. Conheça sua história:

Telefonia sem fio
O certo é que o Landell de Moura foi pioneiro em outro assunto: em 1890, fez a primeira demonstração pública da transmissão de voz via ondas de rádio. Ou seja, na prática, inventou o telefone sem fio. O experimento foi em São Paulo e documentado em jornais da época. No ano seguinte, patenteou o equipamento no Brasil. Sem apoio das autoridades, tentou sucesso no Estados Unidos, onde também conseguiu registrar patentes para o telefone e o telégrafo sem fio. Voltou em seguida ao país natal e continuou sendo ignorado pelos governantes, sem investimento para desenvolver suas invenções.

Legado esquecido
Embora tenha suas patentes registradas e reconhecidas, a eficácia de seus aparelhos era bastante limitada. Reproduções mais recentes de seu telefone sem fio mostraram que ele funciona, mas a voz sai muito distorcida. O fato é que a falta de atenção e investimento por parte do Brasil deu margem para que a radiodifusão se desenvolvesse em outros lugares do mundo, por outras mentes visionárias. Mas isso não tira os méritos de Landell de Moura como cientista responsável por grandes inovações. Uma de suas descobertas mais avançadas foi ter percebido, ainda em 1891, que ondas curtas (de alta frequência) são mais adequadas para transmissões em longas distâncias. Este fato só virou consenso científico na década de 1920. 



OS 83 ANOS DO CANTOR JAIRO AGUIAR  -  EM mEMÓRIA mUSICAL


O RÁdio no Brasil e no mundo

Rádio e História Da galena ao podcasting: o rádio no Brasil e no mundo Richard Romancini Professor Doutor – NCE/USP Patrícia Horta Professora Doutora – NCE/USP

Síntese:

1887 Assim como no caso de outras tecnologias que se aproveitaram do conhecimento científico, a descoberta da propagação das ondas eletromagnéticas feita pelo alemão Henrich Hertz, em 1887, colaborou com a criação do rádio. Nesse caso também, muitos técnicos e cientistas, de modo independente ou em colaboração, realizaram descobertas ou aprimoramentos (como o coesor, o circuito elétrico sintonizado, a válvula etc.). Entre estes inventores e pioneiros estão o italiano Marconi e o brasileiro Landell de Moura;

1896 O nome mais associado à invenção do rádio é o do físico italiano Guglielmo Marconi, que obteve em 1896, na Inglaterra, a patente de um "transmissor de sinais sem fio". Ele criou ainda a Companhia Marconi, para explorar comercialmente seu invento, no início voltado à telegrafia, fabricando aparelhos, o que associaria seu nome definitivamente à criação do rádio.

1900 O padre-cientista gaúcho Roberto Landell de Moura foi um homem à frente de seu tempo. Pioneiro das telecomunicações, produziu aparelhos de transmissão e recepção de sinais sonoros - dos quais obteve patentes no Brasil e nos EUA - avançados para a época. Realizou, em 1900, uma demonstração da transmissão e recepção de sinais de voz, em São Paulo. Ele não teve, porém, apoio do governo para o seu trabalho e acabou não tendo, na época, o reconhecimento devido. Continua em Periscópio

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

SETEMBRO - O RÁDIO E A TELEVISÃO NO BRASIL

O Rádio foi introduzido no Brasil oficialmente no dia 7 de setembro de 1922. Há 98 anos. A televisão foi introduzida no Brasil no dia 18 de setembro de 1950. Há 70 anos.


O RÁDIO NO BRASIL
O rádio não necessita  mais construir imagens no imaginário das pessoas, ele passou a ser – graças aos recursos permitidos pelos aplicativos da Internet -, uma tela que cabe na palma da mão. Agora não precisamos mais imaginar como são  as pessoas que falam nos microfones de uma estação, nós a vemos apresentando seus programas. Até pouco tempo, cada ouvinte construía individualmente suas próprias imagens a gente viajava nas conjecturas. O que mudou? O que realmente se modificou no rádio nessa construção da imagem? O que principalmente mudou foi a forma como as pessoas escutam rádio. O cenário atual é de convergência tecnológica e nos traz vários formatos (webrádio, podcasting etc.) é a nova era do rádio digital e como outras coisas, também  está em constante evolução

Dos anos 1920, quando o rádio começou no Brasil, até o final dos anos 1950, o aparelho de rádio ainda valvulado tinha lugar solene na sala de visita de muitas casas. O transistor ainda não havia sido introduzido. Esse invento veio sim, revolucionar pela primeira vez a maneira de se ouvir rádio, com o advento do rádio transistorizado (o rádio portátil).

Havia todo um cerimonial para ligar e desligar. Em muitos lares brasileiros ninguém, exceto o chefe de família, detinha esse controle a hora de ligar e desligar. As pessoas se sentavam em volta do rádio, popularmente apelidado de  “rabo quente”. Então o caráter ritualista  de ouvir rádio como auditório, era tão forte que a produção de imagem na cabeça do ouvinte era uma coisa praticamente já dada, construída.

Então você ligava o rádio e tinha que esperar três minutos para as válvulas esquentarem, depois esse tempo foi sendo reduzido e a primeira coisa que vinha no seu ouvido era o desesperador som dos mil ciclos por segundo. Primeiro um barulho indecifrável antes da música ou da voz do locutor. Então o ritual de ouvir rádio era um ritual de auditório. as casas das pessoas eram mini auditórios. Em algumas regiões do Brasil, apagavam-se  todas as luzes da casa, (a rede elétrica interferia no sinal) as famílias se reuniam e as pessoas tinham que se concentrar no rádio. Na tradicional família patriarcal era muito comum as filhas desesperadas falando para mãe: “Mãe liga o rádio para a gente ouvir a novela.” A mãe dizia: “Não, só o seu pai como chefe da família pode  ligar o rádio.” Era o patriarcalismo machista do interior. 









AS PRIMEIRAS “PR” NO RÁDIO BRASILEIRO 

Leia em Periscópio

TV TUPI Uma linda História de Amor.

Folheando o trabalho de Vida Alves (atriz, apresentadora, diretora e autora, a primeira mulher do primeiro beijo na história da televisão brasileira (15/04/1928 – 03 de janeiro de 2017), TV TUPI Uma linda História de Amor  publicado três anos antes de sua morte, sugere à primeira vista uma história pessoal, uma visão da autora. Mas, ao percorrer o texto, revela-se, em toda a sua extensão, uma narrativa acentuadamente emocional, ao reconstituir cada momento daquele entrelaçamento inicial das artes cênicas e audiovisual brasileira. A obra de Vida Alves coletando depoimentos e relatos de personagens  que viveram essa experiência pioneira na América Latina, nos remete para aquele tempo.

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni)  que viveu esse período da fase pioneira da TV brasileira disse: - “É o phatos – a empatia que aflora da aventura, do sonho e da conquista , transformando-os em paixão. É com esses ingredientes que foi moldada a história da emissora de televisão pioneira da América Latina.

Se a aventura de Assis Chateaubriand permitiu que se antecipasse a criação da televisão no Brasil foi, certamente, o sonho dos diretores, artistas e técnicos que viabilizou a conquista realizada com muita paixão. Paixão que transpirava na doce e redonda figura de Dermival Costa Lima, que explodia na inteligência e energia do Cassiano Gabus Mendes e que contagiava a todos através da sensibilidade dos pioneiros, dos quais Vida Alves é, legitimamente, a grande representante. Sem os depoimentos que ela colheu e arquivou, a epopeia da implantação da televisão brasileira seria apenas uma vaga lembrança. Admiro a persistência de Vida Alves, e tornar este livro realidade explica como e por que ela é capaz de fazer o que faz. O carinho com que Vida Alves se refere a todos os seus companheiros revela claramente sua grande capacidade de amar. Sua missão tem sido impulsionada por esse amor, o que torna muito mais importante, o que Vida Alves está fazendo atualmente pela televisão do que qualquer coisa que ela tenha feito, no passado. E olha que foi muita – como autora, atriz, apresentadora e diretora. Dessa forma, TV Tupi, uma Linda História de Amor não é apenas um documento para aqueles que, como eu, tiveram o privilégio de trabalhar na Tupi. É leitura obrigatória para todos os profissionais de televisão, para todos os estudantes de comunicação e um fascinante relato que interessa a cada um que, pelo menos um dia, tenha dado uma espiada na telinha, ou seja, todo o universo que gravita em torno da televisão. Obrigado, Vida Alves, por manter viva a emoção que é a matéria-prima da nossa trajetória. Viva a Vida.. Alves. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni)”.

"...Vou passar para o papel, com todo o meu amor, a história da implantação da televisão no Brasil. E isso é importante para mim e também para você que me lê. Por quê? Respondo com segurança: Porque nem eu nem você sabemos viver sem televisão e temos curiosidade sobre ela. A televisão foi introduzida no Brasil no dia 18 de setembro de 1950. E de lá para cá foi invadindo todos os lares, todos os cantos, todos os corações, todas as vidas. Para mim, então, que vivi nela e para ela tantos anos, contar sua história é contar uma linda história de amor. Pois não se chama amor aquele sentimento que invade o coração, a alma e preenche a vida? Para começar, então, peço-lhes que me perdoem se eu lhes parecer mais romântica, mais exagerada e mais parcial do que se espera de um livro didático e frio. Não dá. Quem, como eu, carrega dentro de si essa história quase desde o começo da carreira profissional, ao colocá-la para fora o faz com sofreguidão, com entusiasmo".

A PRÉ HISTÓRIA DESSE AMOR - Leia em Periscópio..

domingo, 6 de setembro de 2020

Não tem jeito, jogaram uma praga sobre nós, brasileiros.

Estamos mesmo condenados a alimentar o mundo nos próximos decênios

 Na exposição para empresários paulistas feitas pelo professor Marins durante o seminário denominado, BRASIL, OPORTUNIDADES SEM LIMITES, em resumo o tal mercado emergente é “aquele onde o aumento do consumo é maior que o aumento da população que sempre se falou em Brasil, Índia, Rússia e China” – hoje não se fala mais, hoje  as atenções das empresas estão voltadas para: Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e China. Desses cinco países o único do lado Ocidental é o Brasil. (Apesar  da clara e notória campanha difamatória - não contra o atual governante da nação, mas, contra o próprio Brasil, - um boicote aos produtos brasileiros, embora melhores e mais procurados. Mas é a necessidade dos outros que nos favorece).  Continua o professor Marins: “Recentemente a Volkswagen anunciou novos investimentos no Brasil, cerca de 9 bilhões de dólares em sua fábrica em Curitiba. A Chevrolet (GM) e a Toyota vão dobrar seus investimentos. Será que eles gostam de rasgar dinheiro? De perder dinheiro? Claro que não, é porque eles sabem que o mundo está pior do que nós”. Como foi dito na primeira postagem:

“...Em relação ao Brasil, nenhum país oferece tanta segurança e disponibilidade de recursos naturais como o nosso. Temos vantagens estratégicas  - não absolutas -  mas, vantagens comparativas com o  resto do mundo”.

(Não tem jeito, jogaram uma praga sobre nós brasileiros, estamos condenados a alimentar o mundo nos próximos decênios). Quer conhecer a realidade do mundo?  Não em suposições ou premissas duvidosas, mas, com base em dados, em números, em previsões oficiais, confira. 

Como surgiu a linguagem algébrica da matemática?

Como a água produz energia elétrica? Em Curiosidades


sexta-feira, 4 de setembro de 2020

O Brasil Exaltado

EXALTAÇÃO (II)

E o que é patriotismo? É um sentimento que leva o ser humano a dar a vida e até a morte ao seu país. Isso é que é patriotismo. E como sabemos esse sentimento ficou meio apagado na era da globalização em que tudo é internacional. Mas, vamos continuar um pouco mais explorando esse tema de Exaltação ao Brasil. Em boa hora chega essa linda  mensagem de amor ao Brasil, gravada por Francisco Alves e Dalva de Oliveira , num 78 rpm no ano de 1939 pela Colúmbia.

Outra vertente que levava o nome de canção patriótica  cantava o homem brasileiro, mas o cantava de maneira valente até ideológica, porque não dava predominância à cultura branca. Laurindo de Almeida, famoso homem do samba, e Junquírio Lourival, fizeram para a voz de Orlando Silva, em 1942, também, antes do Brasil entrar na guerra, a canção patriótica Meu Caboclo.  Nela está o caboclo brasileiro, o mestiço brasileiro, pois o Brasil é um país mestiço -  que se supõe um país de brancos.

A mestiçagem é o que caracteriza a formação do povo brasileiro e sempre alguns graus de discriminação aconteceram em relação a isso. E ainda continua infelizmente.  Reparem a letra dessa música que diz: “ caboclo ligeiro, valente, sismado, tostado do sol, que és destro na flecha, no tiro, no laço, na rede, no anzol. Caboclo que avanças, nas curvas enganosas dos igarapés, que as onças ferozes brincando intimidas. Caboclo quem és?” É um verdadeiro poema à brasilidade como bem disse Ariano Suassuna. José Tobias cantor pernambucano revive “Meu Caboclo”  junto com outras canções em Pout-Pourri  gravação da Mocambo/Rozemblit  de 1984. Seguem-se Onde o /Céu É mais Azul / Minha Terra / Sertaneja / Ultima Estrofe / Luar do Sertão / Isso é Brasil /Canta Brasil. 

 


EXALTAÇÃO (I) 
No dicionário a palavra exaltação tem vários usos para serem aplicados na vida diária. É adequada para descrever o estado de uma pessoa irritada. É apropriada nas comemorações religiosas ou em caso de arrebatamento amoroso. Neste momento, o termo exaltação será usado no sentido de glorificar o Brasil, suas cidades e sua cultura em forma de samba, choro, valsa, canção e marchas.

A edição exaltada de nossa seleção musical mostra os grandes sambas-exaltação que tomaram conta do rádio no período do Estado Novo, decretado por Getúlio Vargas em 1937. É claro que Ary Barroso está presente. Ele é considerado o autor mais representativo do gênero, inaugurando a fórmula, com a sua “Aquarela do Brasil”, em 1939. Mas compôs outras obras, como “Rio de Janeiro” e “Isto aqui o que é?” Com arranjos de Radamés Gnatalli a gravação de 1939 foi de Francisco Alves. Aquarela do Brasil! - considerado o primeiro samba de exaltação do cenário brasileiro.

Se Aquarela do Brasil inaugura o ciclo do chamado samba exaltação, exaltar o País já era comum antes de 1939, como podemos conferir com a canção muito bonita, um hino à beleza do Brasil, Minha Terra, de Valdemar Henrique compositor paraense, letra e música dele, composta em 1923, mas só gravada em 1935, por Jorge Fernandes, e no samba Viva o Meu Brasil, gravado em 1932. O assunto continua na página Memória Musical confira.