Na pequena cidade de Umbuzeiro, no interior da Paraíba, Brasil, aos 5de outubro de 1892, nasceu Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Tinha três irmãos: Jorge, Oswaldo e Ganot. Fez seus estudos no interior de Pernambuco e depois foi para a capital, Recife, estudar Direito .Olhos fortes, pretos, de estatura baixa, pouco mais de 1 metro e sessenta, logo se inclinou para o jornalismo. Foi ser repórter de um jornal de Recife, o Diário de Pernambuco. Aos 23 anos já era redator- chefe do jornal e professor de Direito Romano e de Filosofia do Direito . Em pouco tempo foi para o Rio de Janeiro, convidado para ser redator do Jornal do Brasil.
Em 1920 foi
para a Alemanha, e ficou um ano na Europa relacionando-se com figuras
exponenciais do Brasil e do mundo. Aí iniciou aquilo que foi uma atitude
marcante em sua vida: comprou um jornal, assumindo o compromisso de pagar 5.700
contos de reis, embora desse de entrada apenas 100 contos, que era tudo o que
tinha. Atraiu para sócio Alexandre Mackenzie, superintendente da Light Companhia
de Eletricidade, onde ele exercia a função de advogado. Nascia, assim, o primeiro
elo de uma grande corrente de comunicação de Assis Chateau briand, a que ele
deu o nome de Diários e Emissoras Associadas , formada por dezenas de jornais e
emissoras de rádio espalhadas por todo o País, além da revista O Cruzeiro,
fenômeno de tiragem nacional.
De repente,
chegou aos seus ouvidos uma palavra diferente: televisão .
Chateaubriand
a ouviu e ficou sabendo que se falava sobre isso nos Estados Unidos, na França,
na Alemanha com a Telefunken, na Inglaterra com a Philips. Mas veio a guerra e
tudo silenciou. Nos Estados Unidos, porém, não pararam as experiências com a
televisão. A RCA americana, em fins de 1939, fez uma exibição pública de sua
nova câmera, transmitindo uma partida de beisebol. E, em 1940, a Federal Communication
Commission reconheceu oficialmente a televisão. Em 1944, Assis
Chateaubriand visitou Nova York. Esteve na RCA e foi recebido pelo brigadeiro David
Sarnoff, presidente da indústria, que preparou um grande salão, com o que
havia de mais adiantado em material de radiodifusão, para mostrar ao possível
cliente brasileiro. Chateaubriand já era o pioneiro no uso comercial de rádio
da América do Sul. Gostou de tudo que viu, mas.com a curiosidade que lhe era
peculiar, e caminhando por todas as salas, chegou à sacada do edifício
Rockefeller Center, e ali viu uma máquina desconhecida.
– O que é isso?
– Uma câmera de televisão. Imagem eletrônica. E esse é o senhor Wladimir
Zworykin, um russo-americano, o inventor. Sua invenção é tão importante que o
colocamos na vice-presidência da RCA Victor. Com essa lente podemos ver toda
Manhattan.
– Imagem à distância...
Pois eu vou querer uma emissora.
– Senhor Chateaubriand, isto não é para um país como o Brasil. O senhor deveria
se preocupar com sua poderosa rede radiofônica. A televisão não é recomendável
para os brasileiros. O senhor deveria esperar..
.– Esperar o quê? E lhe digo mais: não quero uma emissora. Quero duas. A
primeira, criarei em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro. Se eu andar
depressa, a de São Paulo será a primeira da América Latina. Seremos pioneiros.
A primeira será em São Paulo...
Por favor, anote meu pedido. Assim era
Chateaubriand. Impetuoso. Rápido. Valente. Decidido. Apaixonado. Mas sua paixão
não era só por suas rádios, seus jornais e suas futuras emissoras de televisão.
Sua paixão era o Brasil.
O que era o Brasil para Chateaubriand?
Em seus
jornais ele dizia o seguinte:
Nosso programa, que é fazer órgãos de doutrina e de informação, não
comporta direita nem esquerda. Estamos no céu e na terra para
servir à unidade brasileira. Somos todos militantes dessa ideia. O equilíbrio
nacional é a nossa maior preocupação, que não exclui, outrossim, o equilíbrio
que também muito nos preocupa. Nossos jornais não se limitam a ser refletores,
senão os guias e moderadores do sentido ambiente das multidões, contribuindo
para a formação da consciência pública e assumindo o papel de construtores do
espírito. Estamos longe de sermos um empreendimento de timbre exclusivamente
capitalista. Não almejamos o lucro e não cultuamos a propriedade como um totem
sagrado.
Somos um pequeno exército nacional, à paisana, penetrado na consciência de
nossos deveres e da santidade de nossas tarefas, fiel à divisa de nossa
bandeira, que é o serviço da integridade nacional. O sonho, naquele momento era a televisão, a imagem”.
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