segunda-feira, 14 de setembro de 2020

O QUE ERA O BRASIL PARA CHATEAUBRIAND?

 Na pequena cidade de Umbuzeiro, no interior da Paraíba, Brasil, aos 5de outubro de 1892, nasceu Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Tinha três irmãos: Jorge, Oswaldo e Ganot. Fez seus estudos no interior de Pernambuco e depois foi para a capital, Recife, estudar Direito .Olhos fortes, pretos, de estatura baixa, pouco mais de 1 metro e sessenta, logo se inclinou para o jornalismo. Foi ser repórter de um jornal de Recife, o Diário de Pernambuco. Aos 23 anos já era redator- chefe do jornal e professor de Direito Romano e de Filosofia do Direito . Em pouco tempo foi para o Rio de Janeiro, convidado para ser redator do Jornal do Brasil.

Em 1920 foi para a Alemanha, e ficou um ano na Europa relacionando-se com figuras exponenciais do Brasil e do mundo. Aí iniciou aquilo que foi uma atitude marcante em sua vida: comprou um jornal, assumindo o compromisso de pagar 5.700 contos de reis, embora desse de entrada apenas 100 contos, que era tudo o que tinha. Atraiu para sócio Alexandre Mackenzie, superintendente da Light Companhia de Eletricidade, onde ele exercia a função de advogado. Nascia, assim, o primeiro elo de uma grande corrente de comunicação de Assis Chateau briand, a que ele deu o nome de Diários e Emissoras Associadas , formada por dezenas de jornais e emissoras de rádio espalhadas por todo o País, além da revista O Cruzeiro, fenômeno de tiragem nacional.

De repente, chegou aos seus ouvidos uma palavra diferente: televisão .

Chateaubriand a ouviu e ficou sabendo que se falava sobre isso nos Estados Unidos, na França, na Alemanha com a Telefunken, na Inglaterra com a Philips. Mas veio a guerra e tudo silenciou. Nos Estados Unidos, porém, não pararam as experiências com a televisão. A RCA americana, em fins de 1939, fez uma exibição pública de sua nova câmera, transmitindo uma partida de beisebol. E, em 1940, a Federal Communication Commission reconheceu oficialmente a televisão. Em 1944, Assis Chateaubriand visitou Nova York. Esteve na RCA e foi recebido pelo brigadeiro David Sarnoff, presidente da indústria, que preparou um grande salão, com o que havia de mais adiantado em material de radiodifusão, para mostrar ao possível cliente brasileiro. Chateaubriand já era o pioneiro no uso comercial de rádio da América do Sul. Gostou de tudo que viu, mas.com a curiosidade que lhe era peculiar, e caminhando por todas as salas, chegou à sacada do edifício Rockefeller Center, e ali viu uma máquina desconhecida.

– O que é isso?

– Uma câmera de televisão. Imagem eletrônica. E esse é o senhor Wladimir Zworykin, um russo-americano, o inventor. Sua invenção é tão importante que o colocamos na vice-presidência da RCA Victor. Com essa lente podemos ver toda Manhattan.

– Imagem à distância...

Pois eu vou querer uma emissora.

– Senhor Chateaubriand, isto não é para um país como o Brasil. O senhor deveria se preocupar com sua poderosa rede radiofônica. A televisão não é recomendável para os brasileiros. O senhor deveria esperar..

.– Esperar o quê? E lhe digo mais: não quero uma emissora. Quero duas. A primeira, criarei em São Paulo e a segunda no Rio de Janeiro. Se eu andar depressa, a de São Paulo será a primeira da América Latina. Seremos pioneiros. A primeira será em São Paulo...

Por favor, anote meu pedido. Assim era Chateaubriand. Impetuoso. Rápido. Valente. Decidido. Apaixonado. Mas sua paixão não era só por suas rádios, seus jornais e suas futuras emissoras de televisão. Sua paixão era o Brasil.

O que era o Brasil para Chateaubriand?

Em seus jornais ele dizia o seguinte:

Nosso programa, que é fazer órgãos de doutrina e de informação, não comporta direita  nem  esquerda. Estamos no céu e na terra para servir à unidade brasileira. Somos todos militantes dessa ideia. O equilíbrio nacional é a nossa maior preocupação, que não exclui, outrossim, o equilíbrio que também muito nos preocupa. Nossos jornais não se limitam a ser refletores, senão os guias e moderadores do sentido ambiente das multidões, contribuindo para a formação da consciência pública e assumindo o papel de construtores do espírito. Estamos longe de sermos um empreendimento de timbre exclusivamente capitalista. Não almejamos o lucro e não cultuamos a propriedade como um totem sagrado.

Somos um pequeno exército nacional, à paisana, penetrado na consciência de nossos deveres e da santidade de nossas tarefas, fiel à divisa de nossa bandeira, que é o serviço da integridade nacional. O sonho, naquele momento era a televisão, a imagem”.

 

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