Muuyal viveu pouco no Brasil. Morreu ao contrair uma doença tropical acredita-se que tenha sido febre amarela. Seu corpo foi sepultado num cemitério cristão em Manaus, porque não havia um cemitério judeu na capital do Amazonas. Não demorou muito começaram a surgir placas de agradecimentos por graças alcançadas. Nos anos 40 a comunidade judaica fez um muro em torno da sepultura, como forma de separá-lo do cemitério cristão. O muro acabou virando um espaço a mais para colocarem as mensagens de agradecimentos por milagre alcançados.
Por volta de 1978, um ministro do governo israelense e membro do parlamento, sobrinho de Muuyal, enviou uma carta solicitando das autoridades brasileiras o translado dos restos mortais para o Estado de Israel. A própria comunidade judaica se opôs alegando que tal atitude causaria um grande mal-estar com a população da cidade. Ate hoje o túmulo do rabino continua em Manaus cercado de relatos de milagres atribuídos a ele.
Fique sabendo: O Brasil recebeu
cinco ondas de imigração judaica. A primeira ocorreu em 1630, quando Pernambuco
foi tomado pelos holandeses. Nos 24 anos da dominação holandesa no Nordeste
eles fundaram a primeira colônia hebraica e a primeira sinagoga das Américas. (o prédio ainda está lá, pertinho do marco “zero”
em frente ao antigo cais do porto). Diante da tolerância religiosa, os
judeus chegaram a constituir 50% da população “branca” pernambucana nesse
período. Depois da expulsão dos holandeses e com a perda dos seus negócios,
migraram para o norte do continente indo ajudar a fundar Nova Amsterdã, a atual
Nova York.
As
marcas mais profundas no Brasil, estão na região Norte do Brasil de fato. Atraídos
pela promessa de liberdade de culto e possibilidade de explorar as riquezas da
região, (conforme prometia o governo do Grão- Pará). A grande leva de sefarditas – como são chamados os
oriundos do norte da África, chegou por volta de 1880.
OS
REBOUÇAS
Os irmãos negros enfrentaram desafios de natureza burocrática e preconceituosa, devido a cor da pele. A trajetória acadêmica foi concluída na Europa e ambos se especializaram na construção de estradas. Entre as várias obras, destacam-se: O chafariz na Praça Zacarias em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a Ferrovia Paranaguá-Curitiba, e o Parque Nacional do Iguaçu são alguns dos legados deixados pelos Rebouças, na recém-criada Província do Paraná.
O jornalista e pesquisador Jorge Barozniak, autor
do livro “Histórias do Paraná”, editado em 2010, cita que o autor do projeto
idealizado para ligar o planalto paranaense ao litoral, - a estrada da Graciosa
- foi um dos irmãos, Antônio Rebouças, nomeado engenheiro-chefe, que formulou o
projeto do empreendimento.
Ainda em Curitiba vieram depois os prédios do Palácio da Liberdade, Palácio do Congresso. André Rebouças, por sua vez, foi responsável por vários obras que lhe projetaram como engenheiro civil, tais como: o Plano de Abastecimento d’água, durante a seca de 1870; A Alfândega das Docas D. Pedro II.
Antônio faleceu em 1874, o irmão ficou muito abalado e também participou ativamente na campanha abolicionista ao lado de Machado de Assis e Olavo Bilac. Foi uma das vozes importantes de ascendência africana em prol da abolição da escravatura. Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Sociedade Abolicionista, criadas juntamente com os alunos da Escola politécnica.
Com a deposição de D. Pedro pelo movimento militar
de 15 de novembro de 1889 e a proclamação da República, fiel que era ao
Imperador D. Pedro II, André seguiu junto com a família imperial no paquete “Alagoas” rumo ao exílio na Europa.
Inicialmente ficou em Lisboa, como jornalista e correspondente do The Times de
Londres, depois foi para Cannes, na França. Vivendo com dificuldades foi para
Luanda na África, depois para a Ilha da Madeira. Jamais retornou aso Brasil ou
à Europa. Abatido pela saúde precária, faleceu aos 60 anos.
Fique sabendo:
O Túnel
Rebouças, no Rio de Janeiro é uma homenagem aos dois baianos e engenheiros;
(próximo à entrada do túnel foram colocados dois bustos para lembra-los)
Em Curitiba o bairro Rebouças é uma das áreas mais valorizadas a capital paranaense;
Em São Paulo existe a avenida Engenheiros Rebouças;
Fontes:
Saga dos Engenheiros Rebouças,
publicado por Marcos Nogueira.
Irmãos Rebouças: os incríveis primeiros engenheiros
negros do Brasil, publicado por Sam Shiraishi.
O Paraná segundo os Rebouças,
publicado pela Gazeta do Povo.
Publicação do
Instituto Brasileiro de Educação Continuada - INBEC – Fortaleza.
Oscar 2021
O favorito da maioria, é Gary Oldman, em (Mank), por sua enorme capacidade de transformar seu corpo em todos os papéis, abraçando perfeitamente os sotaques, gestos e peculiaridades de seus personagens. Ele se repete em um filme biográfico depois de ganhar o Oscar de Melhor Ator em 2018, por sua atuação como o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill em The Darkest hour.
Em Mank, ele assume o papel de Herman J. Mankiewicz, o escritor que
escreveu o roteiro do icônico filme Citizen Kane, em 1940, embora soubesse que poderia afundar sua carreira em Hollywood se inspirando no magnata dos jornais William Randolph Hearst. Disfuncional e carismático em partes iguais, o "Mank" de Oldman, tem uma naturalidade que faz você sentir que esse era o verdadeiro personagem de seu personagem, mesmo para quem não estudou a verdadeira vida do famoso roteirista.
No final, a convicção de “Mank” o leva até a lutar contra o próprio Welles, pelo reconhecimento de seus créditos no filme, vencendo contra todas as
probabilidades o Oscar de Melhor Roteiro Original em 1942.
A Mensagem do Todo Poderoso
- “Através
de uma luz radiante que inundou o seu lar e a imagem de um anjo que disse:
Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!”
-“.Maria,
disse o anjo – ficarás grávida e darás a luz a um filho a quem chamarás pelo
nome de Jesus. Ele será grande e será chamado
Filho do Altíssimo. O Senhor dará a ele o trono do seu pai Davi, e ele
reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim!”.
E mais adiante a revelação final: “ O Espírito Santo virá sobre você e a
cobrirá com sua sombra, por isso o Santo que irá nascer de você será chamado
Filho de Deus”.
Maria
baixou o olhar e exclamou: “ – Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim a Sua vontade,
seguindo a tua palavra!”. E o anjo a deixou (Lc 1: 28-38).
Conforme
os antigos textos, a gravidez de Maria teve
início exatamente no dia 15 do Nisã, que no calendário hebraico, corresponde ao
dia 6 de abril. Antes, já estava grávida sua prima Isabel, - esposa de Zacarias
e pais de João Batista, - na aldeia de
Ein Karen, a poucos quilômetros a oeste da Cidade Santa. (Lc I: 56).
As revelações aos chamados Reis Magos, na Ásia Meridional.
Eram eles descendentes do polêmico profeta da Mesopotâmia Balaão, filho de
Beor, que nas margens do rio Eufrates, fazia premonições sobre a vinda de um
Messias dizendo: - “Vê-lo-ei mas não
agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e de
Israel subirá um cetro, que ferirá as têmporas de Moabe, e destruirá todos os
filhos de Seth” (Nm 24: 17)
Leia mais e aprofunde seu conhecimento sobre o tema lendo, entre outras obras::
A linda história das duas famílias sagradas (II)
- segundo os textos apócrifos –
“Tais meninas ficavam sob os cuidados das profetizas, num recinto exclusivo das respeitadas servas de Deus. Maria foi para lá, enviada aos três anos da idade e lá permaneceu por mais nove anos em total consagração aos preceitos do Pai das Luzes”.
Tempos
depois Ana daria a luz a outra menina, também chamada de Maria, que se tornaria
posteriormente esposa de Cleofas, irmão de José, (que seria o esposo de Maria e
pai adotivo de Jesus). Judas Tadeu, filho de Cleofas, é aquele que se casou nas
Bodas de Caná, sendo, portanto, primo-irmão de Jesus.
- “ Ao atingir os cinco anos, a segunda Maria,
perdeu os pais um seguido do outro. Os parentes mais próximos cuidaram de sua
infância. Sua irmã, a futura mãe de Jesus, também chorou o desaparecimento de
seus amados genitores, guardando luto por eles durante 30 dias”.
Aos 12
anos, Maria foi orientada pelos sacerdotes ser encaminhada aos parentes para que
cuidassem – conforme a tradição – a prepara-la para um futuro casamento. Ela recusou
todas as propostas, inclusive, a que propôs o sumo-sacerdote chamado Abiatar, “que
a queria como esposa do seu filho”. “A Virgem de Nazaré sabia que Deus
tinha-lhe reservado maravilhosas promessas” pelo que ouvira dos seus genitores “e
das mensagens diversas que os anjos lhe traziam no Templo”. A pressão dos
sacerdotes para Maria aceitar a vida matrimonial fez com que esta deixasse nas
mãos de Deus o controle.
(Zacarias,
pai de João Batista, que ministrava no Templo de Jerusalém com outros
sacerdotes, sabia pelas Escrituras Sagradas que o profeta Isaias, havia predito
700 anos antes, que “Javé daria um sinal: uma jovem daria à luz a um filho, e o
chamaria pelo nome de Emanuel, que quer dizer: “Deus conosco” (Is 7: 14; Mt I:
23).
Na próxima postagem: O encontro e a escolha de José para esposo
de Maria, ele filho de Jacó II e de Hadbit, de Belém e descendente direto do rei
Davi de Israel. Viúvo, de idade avançada, tendo seis filhos de seu casamento
com Débora: Judas, Josetos, Tiago, Simeão, Lísia e Lídia.
Água: FIQUE SABENDO
Conforme o estudo publicado sob o título “A Revolução das águas subterrâneas no
Brasil: Importância do recursos e os riscos pela falta de saneamento básico”,
realizado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com o Centro de Pesquisa de
Águas Subterrâneas da USP (CEPAS/USP),
traz um diagnóstico da situação desse recursos hídrico. O tema das águas
subterrâneas ganha cada vez mais importância, frente às sucessivas crises
hídricas pelas quais o Brasil vem passando. Vale destacar alguns itens
interessantes desses estudos.
No Brasil, estima-se que haja mais de 2,5
milhões de poços tubulares, cujos custos envolvidos em perfuração e instalação
somam mais de R$ 75 bilhões. Esse valor é equivalente a 6,5 anos de todos os
investimentos anuais aplicados em saneamento no país em 2016
Anualmente
são extraídos mais de 17.580 Mm3 (557 m3/s) de água dos aquíferos através de
poços tubulares, volume suficiente para abastecer a cada ano toda a população
brasileira ou cerca de 217 milhões de pessoas.
O Estado de Roraima é o mais dependente dos
recursos hídricos subterrâneos, com 74% de sua população recebendo água
subterrânea em suas casas.
O valor econômico da água subterrânea extraída
pode ser estimado em R$ 59 bilhões/ ano, tendo como base a cobrança praticada
pelos operadores do serviço de abastecimento de água potável.
São
Paulo é o estado que usa mais água subterrânea em volume para o abastecimento
público de seus municípios.
A maioria dos 35 milhões de brasileiros sem
água encanada dependem das águas subterrâneas 52% dos 5.570 municípios
brasileiros dependem total (36%) ou parcialmente (16%) das águas subterrâneas
para o abastecimento público.
A existência de rede coletora de esgoto não é
garantia de preservação da qualidade da água de aquíferos. O vazamento de redes
mal projetadas ou antigas, estimado em 582 Mm3/ano (10% do efluente coletado),
tem sido suficiente para contaminar aquíferos em quase todas as cidades
brasileiras.
A cada ano 4.329 Mm3 de esgoto são despejados
na natureza pela falta de redes coletoras e/ou vazamentos nas redes já
existentes, volume suficiente para encher 5 mil piscinas olímpicas por dia.
Trata-se de um dos maiores casos de contaminação de aquíferos no Brasil. 1.518
municípios abastecidos por água superficial no país passaram por crise hídrica
nos últimos 10 anos, contra 840 abastecidos por água subterrânea. 88% dos poços
tubulares existentes no Brasil são desconhecidos pelo poder público, pois não
estão incluídos em nenhuma base de dados do governo.
AS CARTAS DO PAI DE HITLER
As
correspondências dirigidas para um certo Josef Radlegger, um funcionário da
empresa Bridgers and Roads. Ele queria comprar uma fazenda umas terras na região da Alta Áustria (norte
do país) em 1895. Depois seria seu sócio nos negócios.
- “Nota-se
que há um clima de muita intimidade entre esses dois”. Explica Sandgruber na
biblioteca da universidade de Linz. Nascido fora do casamento, Alois era
conhecido por ser um “chefe de família tirânico”, mas pelas revelações que faz
nas cartas para haver “uma vida familiar nem sempre desagradável”.
Elas
também apresentam um algumas passagens das cartas, uma imagem diferente da mãe
Klara, que Adolf Hitler descreveu como uma “dona de casa tranquila”, em seu
livro Mein Kampf.
“minha esposa gosta de ser ativa e mostra certo entusiasmo. Bem como um bom conhecimento das coisas econômicas” escreve Alois Hitler a seu sócio. Klara foi uma das poucas pessoas que não sofreu da ira do marido e vez por outra aparece “como uma mulher emancipada, como diríamos hoje”, segundo Roman Sandgruber.
As
pegadas deixadas pelo oficial da alfândega também atestam sua mobilidade ascendente e sua ânsia de ganhar respeito no
nível da comunidade local, o que inclui a posse de terras.
O
pesquisador tem, o cuidado de comparar Alois com o seu filho, mas ele vê algo
em comum: ambos são “autodidatas” convictos.
- “ambos
desprezavam aqueles que receberam uma educação formal: acadêmicos, notários,
juízes e depois até oficiais militares”.. diz ele, e se consideravam “gênios”.
Nada
disso teria sido descoberto se Annelise Smigielski, - longe de suspeitar do que
havia sob o seu teto - não tivesse o interesse em desocupar e limpar o velho
sótão.
Ela
afirmou que “sabia apenas que o seu tataravô, Josef Radlegger havia negociado
com Alois Hitler. Mas não achava que encontraria essas cartas em meio a uma pilha
de coisas esquecidas por décadas na velha casa.
Como
tinha conhecimento das investigações do prof. Roman Sandgruber, considerou que
seria melhor confiar-lhe estes arquivos em 2017. Ele se disse surpreendida com
o interesse internacional que o livro
vem despertando de um lado a outro do mundo.
VENEZUELA À BEIRA DA PARALISIA (cont.)
O governo de Nicolás Maduro, aproveitou a crise para desmantelar gradativamente os enormes subsídios que o combustível teve durante décadas. No entanto, o colapso da indústria petrolífera venezuelana alcançou o diesel, derivado do petróleo que o país produz em maior escala do que a gasolina, em parte porque é mais fácil de refinar. Mas sua produção, agora, também é escassa. Em um dos postos mais importantes de Maracay, cidade industrial do centro do país, a 120 quilômetros de Caracas, não há diesel há 15 dias. A principal rodovia do país, a Regional del Centro, é em vários trechos um estacionamento para caminhões, Vans e ônibus que esperam com tanques vazios. “Menos de 5% das unidades de transporte público estão funcionando”, diz José Luis Trocel, dirigente sindical com 20 anos de carreira como transportador.
- “No ano passado a situação da gasolina afetou-nos, mas não tanto como agora com o diesel utilizado pela maioria dos veículos de carga. Passamos dois, três, quatro dias na fila para carregar uma pequena porção”. Daniel Rodríguez, dono de um caminhão e de um ônibus em Bolívar, diz que no sul do país há listas de espera a serem preenchidas. O transporte está praticamente paralisado em 10 estados da Venezuela.
Até o final do ano passado, Caracas havia atenuado o déficit de diesel triangulando as importações de petróleo bruto para combustível refinado, com empresas como Eni, Repsol e Reliance. O governo Donald Trump havia alertado essas empresas sobre possíveis sanções para o comércio de combustível com Nicolás Maduro e isso paralisou as operações com a Venezuela, deixando vulnerável um país que foi por décadas um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Orlando Ochoa, economista especializado em macroeconomia e petróleo, recomenda cautela diante dos sinais que a Casa Branca pode enviar.
“O diesel que o país está produzindo é principalmente para movimentar plantas industriais, há um déficit com combustível automotivo. Biden teria apenas que permitir que essas operações [de compra e venda] ocorressem." A Venezuela consumiu 65 mil barris de diesel um dia antes da pandemia e importou cerca de metade, antes das sanções dos Estados Unidos,
explica o economista Francisco Monaldi. O diesel tem um critério estratégico para Maduro, pois é o combustível que também movimenta as unidades militares do país. “Nestes meses, a Venezuela acumulou um estoque significativo de diesel.
A pandemia foi um bom momento para economizar devido à queda no consumo com a quarentena. O governo de Maduro pode estar implantando um racionamento preventivo de diesel e diesel ”, afirma o acadêmico e consultor. “Mas também é possível que haja interesse em criar uma crise para pressionar o governo Biden a autorizar trocas com a Eni, Reliance e Repsol. Até Maduro, em um caso extremo, pode importar diesel do Irã, como fez com a gasolina e não o fez ”. publicado em “La República”, Montevidéu 14/03/21.
“A ditadura madurista tem se mostrado ou age como se nada tivesse a ver com o assunto, o impacto da maciça migração venezuelana”
A princípio, como se sabe, a migração venezuelana adquiriu um caráter seletivo, representado basicamente por profissionais de saúde (médicos e pessoal de enfermagem); Mas, como os efeitos da crise nacional se acentuaram, a migração não só se espalhou para os setores majoritários de nossa população, mas também se multiplicou e superlotou até atingir a cifra; Isso não significa que esteja estabilizado ou que este seja o limite máximo que pode atingir.
A verdade é que o fluxo migratório de venezuelanos que continuam a deixar o país não parou, razão pela qual as organizações nacionais e internacionais que vêm monitorando a diáspora venezuelana concordam que até o final do ano em curso, isso terá atingido um máximo. entre sete ou oito milhões de migrantes.
Atualmente, a migração venezuelana está distribuída entre os seguintes países: Colômbia, Peru, Equador, Brasil, Chile, Argentina, Estados Unidos, Panamá, República Dominicana e México, principalmente.
Em relação a essa questão, duas coisas devem ser destacadas que, apesar de sua natureza óbvia, precisam ser registradas e expressamente evidenciadas de sua existência, tanto para o presente como para a memória histórica. Em primeiro lugar, que o êxodo deste crescente número de venezuelanos não foi causado por um conflito armado interno ou internacional, nem por um ato de expulsão por motivos políticos, ou por efeito de um infortúnio natural, mas sim como consequência de uma administração governamental falha, deliberadamente ditatorial, usurpadora e perversa, que colocou a grande maioria da população venezuelana em situação de risco iminente de extermínio”.
O JOÃO GRILO DE JOÃO FERREIRA
João
Grilo é uma personagem dos contos populares de Portugal e do Brasil. Presepeiro,
astucioso e cínico, reapareceu em vários outros folhetos, e hoje é ainda mais
famoso por causa do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, peça
de teatro publicada em 1955.
(...)
pequeno, magro e sambudo
as pernas tortas e finas
e boca grande e beiçudo
no sítio onde morava
dava notícia de tudo./
João perdeu o seu pai
com sete anos de idade
morava perto de um rio
Ia pescar toda tarde
um dia fez uma cena
que admirou a cidade./
O rio estava de nado
vinha um vaqueiro de fora
perguntou: dará passagem?
João Grilo disse: inda agora
o gadinho do meu pai
passou com o lombo de fora./
O vaqueiro bota o cavalo
com uma braça deu nado
foi sair já muito embaixo
quase que morre afogado
voltou e disse ao menino:
você é um desgraçado./
João Grilo foi ver o gado
pra provar aquele ato
veio trazendo na frente
um bom rebanho de pato
os pássaros passaram n'água
João provou que era exato./
Um dia a mãe de João Grilo
foi buscar água à tardinha
deixando João Grilo em casa
e quando deu fé, lá vinha
um padre pedindo água
nessa ocasião não tinha/
João disse: só tem garapa;
disse o padre: donde é?
João Grilo lhe respondeu:
é do engenho Catolé
disse o padre: pois eu quero
João levou uma coité./
O padre bebeu e disse:
oh! que garapa boa!
João Grilo disse: quer mais?
o padre disse: e a patroa
não brigará com você?
João disse: tem uma canoa./
João trouxe uma coité
naquele mesmo momento
disse ao padre: beba mais
não precisa acanhamento
na garapa tinha um rato
tava podre e fedorento./
O padre disse: menino
tenha mais educação
e por que não me disseste?
oh! natureza do cão!
pegou a dita coité
arrebentou-a no chão./
João Grilo disse: danou-se!
misericórdia, São Bento!
com isto mamãe se dana
me pague mil e quinhentos
essa coité, seu vigário,
é de mamãe mijar dentro!/
O padre deu uma popa
disse para o sacristão:
esse menino é o diabo
em figura de cristão!
meteu o dedo na goela
quase vomita um pulmão./
João Grilo ficou sorrindo
pela cilada que fez
dizendo: vou confessar-me
no dia sete do mês
ele nunca confessou-se
foi essa a primeira vez./
João Grilo tinha um costume
pra toda parte que ia
era alegre e satisfeito
no convívio de alegria
João Grilo fazia graça
que todo mundo sorria./
Num dia de sexta-feira
às cinco horas da tarde
João Grilo disse: hoje à noite
eu assombro aquele padre
se ele não perdoar-me
na igreja há novidade./
Pegou uma lagartixa
amarrou pelo gogó
botou-a numa caixinha
no bolso do paletó
foi confessar-se João Grilo
com paciência de Jó./
Às sete horas da noite
foi ao confessionário
fez logo o pelo sinal
posto nos pés do vigário
o padre disse: acuse-se
João disse o necessário./
Eu sou aquele menino
da garapa e do coité
o padre disse: levante-se
que já sei você quem é
João tirou a lagartixa
Soltou-a junto do pé./
A lagartixa subiu
por debaixo da batina
entrou na perna da calça
tornou-se feia a buzina
o padre meteu os pés
arrebentou a cortina./
Jogou a batina fora
naquela grande fadiga
a lagartixa cascuda
arranhando na barriga
João Grilo de lá gritava:
Seu padre, Deus lhe castiga!/
O padre impaciente
naquele turututu
saltava pra todo lado
que parecia um timbu
terminou tirando as calças
ficou o esqueleto nu./
João disse: padre é homem
pensei que fosse mulher
anda vestido de saia
não casa porque não quer
isso é que é ser caviloso
cara de matar bebê./
O padre disse João Grilo
vai-te daqui, infeliz!
João Grilo disse bravo
ao vigário da matriz:
é assim que ele me paga
o benefício que fiz?/
João Grilo foi embora
o padre ficou zangado
João Grilo disse: ora sebo
eu não aliso croado
vou vingar-me duma raiva
que eu tive ano passado./
No subúrbio da cidade
morava um português
vivia de vender ovos
justamente nesse mês
denunciou de João Grilo
pelas artes que ele fez./
João encontrou o português
com a égua carregada
com duas caixas de ovos
João disse-lhe: oh camarada
quero dizer à tua égua
Uma pequena charada./
O português disse: diga
João chegou bem no ouvido
com a ponta do cigarro
soltou-a dentro escondido
a égua meteu os pés
foi temeroso estampido./
Derrubou o português
foi ovos pra todo lado
arrebentou a cangalha
ficou o chão ensopado
o português levantou-se
tristonho e todo melado./
O português perguntou:
o que foi que tu disseste
que causou tanto desgosto
a este animal agreste?
– Eu disse que a mãe morreu;
o português respondeu:
Oh égua besta da peste!
MADRE TERESA
De Darjeeling, Teresa partiu para Calcutá, onde viveu como religiosa e foi professora de história e geografia no Colégio Santa Maria, único colégio católico para meninas ricas da cidade de Calcutá. O contraste com a pobreza à sua volta era muito grande. Em maio de 1937, Teresa fez a profissão perpétua.
A revelação ocorreu em setembro de 1946, durante uma viagem de trem.
Madre Teresa ouviu um chamado interior que a incitou a abandonar o convento de
Loreto, em Calcutá, e passar a viver entre os pobres. Em 1948, autorizada pelo
Papa Pio XII, Teresa foi viver só, fora do claustro, tendo Deus como único
protetor e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá. Em dezembro do mesmo ano,
conseguiu a nacionalidade indiana.
Teresa passou a usar um traje indiano, um sari branco com debruns azuis
e uma pequena cruz no ombro. Pedindo ajuda nas ruas, auxiliava pobres, doentes
e famintos. Pouco a pouco, foi angariando adeptas para sua causa entre as
antigas alunas. Em 1950, fundou uma congregação de religiosas.
Madre Teresa fundou casas religiosas por toda a Índia e, depois, no
exterior. Fundadoras dos Missionários e das Missionárias da Caridade, conseguiu
visibilidade para o seu trabalho, tanto que recebeu uma casa, cedida pelo Papa
João Paulo II, para recolher os pobres. A casa se chama “Dom de Maria”.
"Ícone do Bom Samaritano, ela ia a toda parte para servir Cristo
nos mais pobres entre os pobres". Esse é um trecho da homilia do Papa João
Paulo II durante o ritual de beatificação de Madre Teresa de Calcutá, em
outubro de 2003. Em 2016, foi canonizada pelo Papa Francisco.
Em 1979, Madre Teresa recebeu o prêmio Nobel da Paz, pelos serviços
prestados à humanidade. Depois de dedicar toda uma vida aos pobres, Madre
Teresa de Calcutá morreu aos 87 anos, de parada cardíaca.
IRINEU JOFFILY, O AUSTERO
Baseado
em decreto de sua autoria que, datado de 7 de novembro de 1930, revogava
dispositivos do Código de Processo Civil do estado, Irineu Joffily aplicou
penalidades financeiras a uma grande firma exportadora de algodão, M. F. Fonte,
acusada de sonegação fiscal. O assunto envolveu um dos líderes da Revolução de
1930, João Neves da Fontoura, que havia montado no Rio de Janeiro um escritório
de advocacia para onde afluíam questões oriundas das punições aplicadas pelos
interventores revolucionários contra danos à Fazenda Pública. Com o apoio de
João Neves da Fontoura, as pressões contra Joffily aumentaram, levando-o à
renúncia no dia 28 de janeiro de 1931. Ainda por indicação de Juarez Távora,
foi substituído no cargo pelo tenente Aluísio de Andrade Moura, comandante do
29º Batalhão de Caçadores, sediado em Natal.
Irineu Joffily nasceu em
Campina Grande (PB) no dia 14 de setembro de 1886, filho de Irineu Ciciliano
Pereira Joffily e de Raquel Olegário de Torres Joffily. Seu pai criou e adotou
o último sobrenome em 1864, quando era acadêmico de direito. Posteriormente,
foi promotor público, juiz municipal, deputado provincial e geral durante a
última legislatura do Império, fundador e diretor da Gazeta do Sertão, jornal
que funcionou em Campina Grande entre 1889 e 1891, sendo fechado por ação
policial. No ano seguinte, escreveu Notas sobre a Paraíba, editado no Rio de
Janeiro, então Distrito Federal, com prefácio de Capistrano de Abreu. Seu
irmão, João Irineu Joffily foi bispo de Manaus e arcebispo de Belém.
Irineu
Joffily realizou seus primeiros estudos no Colégio Diocesano, na capital
paraibana. Cursou o secundário em Natal, nos colégios Santo Antônio e Ateneu,
transferindo-se em seguida para Recife, onde freqüentou a Faculdade de Direito
e se bacharelou em 1909. De volta a seu estado natal, lecionou no Colégio Pio X
até ser nomeado, em 1913, diretor da Instrução Pública e da Escola Normal. Em
1924 foi eleito deputado estadual, sendo convidado quatro anos depois para o
cargo de chefe de polícia do governo estadual, chefiado por João Pessoa.
Declinando do convite, exerceu o mandato parlamentar até 1930.
No
início desse ano, a sucessão presidencial dominou a vida política nacional.
João Pessoa era candidato a vice-presidente da República na chapa da Aliança
Liberal, coligação oposicionista também apoiada por Irineu Joffily, e
a Paraíba experimentava grande efervescência política. Em fevereiro, no auge da
campanha eleitoral, eclodiu um movimento separatista em Princesa, hoje Princesa
Isabel (PB), ocasião em que o governo federal foi acusado pelos aliancistas de
favorecer os revoltosos. A derrota da chapa oposicionista nas eleições de março
e o assassinato de João Pessoa, ocorrido em Recife no dia 26 de julho,
acirraram ainda mais os ânimos, levando populares a lotarem sistematicamente as
dependências do teatro Santa Rosa, onde funcionava então a Câmara estadual,
cantando e agitando lenços vermelhos em apoio à Aliança Liberal. Na segunda
quinzena de agosto, quando se discutia a mudança do nome da capital paraibana
para João Pessoa — o que foi feito em 14 de setembro —, Irineu Joffily
pronunciou veemente discurso atribuindo explicitamente ao governo de Washington
Luís a responsabilidade pela revolta de Princesa, que, nessa época, já estava
bastante enfraquecida. “O que queremos”, afirmou, “é que o governo federal,
pública e francamente, condene o levante, efetive a ausência de auxílio aos
trabuqueiros e não corte, como tem feito, toda possibilidade da Paraíba se
defender.”
Em
setembro de 1930, estavam adiantados os preparativos para à deflagração de um
levante contra o governo federal, patrocinado por setores da Aliança Liberal e
militares ligados ao movimento tenentista. Iniciada no dia 3 de outubro em
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, a revolução foi rapidamente
vitoriosa nesse estado, de onde se difundiu para todo o Nordeste. No dia
seguinte, formou-se o primeiro governo revolucionário na Paraíba, chefiado por
José Américo de Almeida e tendo Irineu Joffily no cargo de chefe de polícia. A
colaboração de ambos, contudo, foi interrompida poucos dias depois, quando um
grave desentendimento levou Joffily à renúncia.
As
colunas revolucionárias oriundas da Paraíba entraram em Natal no dia 5 de
outubro, depois da fuga do presidente do estado, Juvenal Lamartine, substituído
então por uma junta provisória formada pelo coronel Luís Tavares Guerreiro e os
tenentes-coronéis Abelardo Torres da Silva Castro e Júlio Perouse Pontes, que
governaram o estado durante seis dias. Nesse período, desenvolveram-se as
articulações para a formação de um novo governo, principalmente em torno dos
nomes de João Café Filho, líder aliancista local, e José Augusto Bezerra de
Medeiros, ex-presidente do estado. Com a chegada do capitão Juarez Távora,
chefe supremo da revolução no Nordeste, as consultas ganharam caráter conclusivo,
recaindo finalmente a escolha sobre Irineu Joffily que, apesar de não morar no
estado, ali possuía vínculos familiares através dos parentes de sua esposa.
Segundo Café Filho, partiu dele próprio a indicação de Joffily, aceito por
Juarez Távora e empossado no cargo de governador revolucionário em 12 de
outubro. No dia 24 desse mês, a revolução consolidou seu triunfo com a
derrubada, no Rio de Janeiro, do presidente Washington Luís.
Em
maio de 1933, elegeu-se pela Paraíba deputado à Assembléia Nacional
Constituinte na legenda do Partido Progressista, fundado pouco antes sob
orientação de José Américo de Almeida e amplamente vitorioso nesse pleito.
Membro da comissão executiva desse partido, Joffily foi o líder da bancada
paraibana que integrou o bloco da maioria parlamentar na Constituinte e, nessa
condição, participou da escolha do nome do deputado baiano Antônio Garcia
Medeiros Neto para o exercício das funções do líder da maioria. Embora
normalmente apoiasse o governo federal, Joffily discordou de Osvaldo Aranha,
ministro da Fazenda, na questão referente à discriminação de rendas entre o
governo federal e os estados, defendendo, nesse particular, junto com as
pequenas bancadas, as disposições existentes na Constituição de 1891. Seu ponto
de vista foi vencedor, mantendo-se, na Carta de 1934, o imposto de exportação
no âmbito estadual
Coube
a Irineu Joffily a iniciativa de propor a suspensão dos trabalhos da
Constituinte no dia em que João Pessoa completaria 56 anos de idade, obtendo
também o registro em ata de um voto de saudade e reconhecimento aos serviços por
ele prestados à República. Depois da aprovação pela Assembléia de uma moção de
apoio ao decreto de anistia assinado por Vargas em 29 de maio de 1934, Joffily
integrou uma comissão parlamentar que foi apresentar pessoalmente os votos de
louvor ao chefe do Governo Provisório.
Em
16 de julho de 1934 foi promulgada a nova Constituição e no dia seguinte Vargas
foi eleito presidente da República. Em seguida, Joffily renunciou ao seu
mandato parlamentar que, como os demais, havia sido prorrogado até a expedição
dos diplomas dos novos deputados que seriam eleitos em outubro. Em 1935, foi
nomeado juiz federal no território do Acre, onde permaneceu até 1937. A partir
da decretação do Estado Novo (10/11/1937), exerceu, durante 20 anos, o cargo de
juiz pretor no Rio de Janeiro, aposentando-se em 1957. Retirou-se então da vida
pública, vindo a falecer em Brasília no ano de 1964.
Entre
seus familiares, destacou-se também José Joffily Bezerra de Melo, constituinte
de 1946 pela Paraíba e deputado federal pelo mesmo estado de 1946 a 1963.
TEOTÔNIO - O
Menestrel da Alagoas
Ainda em abril de 1964, a junta militar instalada
no comando do Brasil assinou o Ato Institucional nº 1, o AI-1. Com isso,
passaram a ter poder para suspender os direitos políticos de qualquer cidadão.
Começaram as cassações. Entre os primeiros, estavam
o líder comunista Luís Carlos Prestes; os ex-presidentes João Goulart e Jânio
Quadros, os ex-governadores de Pernambuco, Miguel Arraes, e o do Rio Grande do
Sul, Leonel Brizola. Também figuravam na lista o antropólogo e educador Darcy
Ribeiro e o economista Celso Furtado. Dois anos depois, em 1966, Teotônio
Vilela foi eleito senador pela primeira vez. Dois anos antes da edição do Ato
Institucional nº 5, o mais duro do regime militar.
O AI-5 concedeu aos generais mais poderes para
reprimir a oposição. Podiam, por exemplo, fechar o Congresso e outras casas
legislativas, cassar mandatos eletivos e suspender por dez anos os direitos
políticos de qualquer pessoa. Também acabava a garantia do habeas corpus.
Assim, os opositores presos não tinham a quem recorrer na busca por liberdade.
Houve outra leva de cassações. Em 1969, 333
políticos tiveram direitos políticos suspensos. O Congresso Nacional ficou
fechado dez meses e, em protesto, até mesmo um grupo de senadores da Arena
assinou um manifesto contra o ato, entre eles, Teotônio Vilela.
No rastro dos atos institucionais estava o exílio.
Milhares foram forçados a deixar o país. Assim o fizeram porque não havia
outra saída. Assim o fizeram inclusive para escapar da morte. O clima era
de medo; da repressão, das prisões, da tortura, do assassinato, do
desaparecimento. Os alvos eram políticos
contrários ao golpe, mas também cidadãos – na sua grande maioria jovens – que,
de maneira desorganizada, ousaram enfrentar a ditadura.
Geisel
O Brasil vivia os piores momentos
da ditadura, quando Teotônio Vilela se reelegeu para o Senado em 1974, ainda
filiado à Arena, o que foi um feito. Naquele ano, o partido que apoiava os
militares levou uma surra nas urnas. Elegeu seis senadores, enquanto o MDB
preencheu 16 cadeiras. Era um momento de renovação. Na leva de novos nomes,
chegaram ao Senado Marcos Freire (PE), Paulo Brossard (RS), Itamar Franco (MG)
e Orestes Quércia (SP). “Lideranças que teriam um papel decisivo no período de
transição”, lembra Marcos Magalhães.
Mas enquanto o Senado recebia
novas caras, a ditadura mantinha os generais no Palácio do Planalto. Ernesto
Geisel venceu a disputa no Colégio Eleitoral, em escolha indireta, em janeiro
de 1974. O opositor, o deputado Ulysses Guimarães, do MDB de São Paulo,
anticandidato (uma forma de denunciar a eleição ilegítima), perdeu de lavada.
Foram 84% dos votos para o general da Arena. Um retrato da falta de espaço para
a oposição no Congresso Nacional.
Cada vez mais incomodado com os rumos do país,
Teotônio se reuniu com o presidente Geisel. No livro “Teotônio, guerreiro da
paz”, o jornalista e ex-deputado federal cassado pelo AI-5, Márcio Moreira
Alves, lembra como se deu a conversa entre o senador e o general.
“Geisel me disse que a meta política do seu governo
era o restabelecimento da democracia. Não cabia a mim perguntar o que ele
entendia por democracia, que limitações ou que salvaguardas queria impor para
preservar o regime (…). Expus ao presidente as minhas ideias e lhe disse que
podia contar comigo. Ele ouviu e se limitou a fazer dois pedidos: que não me
aproximasse do Paulo Brossard (líder do MDB) e que não brigasse com o Petrônio Portela
(Arena), que fora escolhido para negociar a abertura com a oposição. À saída,
eu disse ao Geisel que seria fiel ao pensamento que ele me revelara e que só
voltaria ao Palácio se fosse expressamente chamado por ele. Ele não me chamou e
eu nunca mais voltei”.
Embora ainda filiado ao partido
dos militares, Teotônio endurecia cada vez mais suas críticas ao regime, a
ponto de exasperar outros arenistas, como Jarbas Passarinho. “Se nós temos um
correligionário como Teotônio Vilela, não precisamos ter oposição”, afirmou o
então senador pelo Pará, que havia sido ministro da Educação.
Distensão lenta
Em agosto de 1974, Ernesto Geisel
apresenta seu projeto de abertura "lenta, segura e gradual".
Sinalizava assim para uma maior possibilidade de diálogo com a oposição e a
sociedade civil. O general-presidente agiu para acabar com a tortura – marca
dos anos do presidente Emílio Garrastazu Médici. Mas as ações de Geisel não
foram suficientes para acabar com as mortes nos porões da ditadura.
Duas das mais emblemáticas ocorreram quando o
processo de abertura já tinha se iniciado, indicando que os carrascos não
aceitariam a abertura facilmente. O jornalista Vladimir Herzog e o operário
Manoel Fiel Filho foram mortos na sede do DOI-Codi de São Paulo. Nos dois
casos, os torturadores simularam suicídios.
Com a Emenda Constitucional nº 11, de 1978, Ernesto
Geisel restabeleceu o habeas corpus e revogou todos os atos
institucionais em vigor, inclusive o AI-5. Ainda assim, durante os cinco anos
do general no Planalto foram registrados 39 desaparecimentos e mais de mil
episódios de tortura.
Um dos slogans da ditadura era
“Brasil, ame-o ou deixe-o”. Os militares apelavam para o amor à pátria,
tentando passar a ideia de que a oposição ao regime era uma oposição ao Brasil.
Os militares insistiam também na tese de que os adversários do regime
criticavam, mas não eram capazes de apresentar alternativas concretas para o
país. A estratégia dos militares levou Teotônio e seu parceiro na luta pela
democracia, Raphael de Almeida Magalhães, a colocarem no papel propostas para a
nação. Assim nasceu o Projeto Brasil, em que reivindicavam o retorno da
democracia e das liberdades individuais. Entre as solicitações estavam a
liberdade de organização sindical e eleições direta para presidente e governadores.
Anistia sem democracia
O ano de 1979 trouxe o último
presidente militar, escolhido em mais uma eleição indireta. Com promessas de
dar continuidade à abertura, João Batista Figueiredo, apresentou ao Congresso,
em junho, seu projeto de anistia. A anistia tem justamente este sentido de
conciliação para renovação, dentro da continuidade dos ideais democratizantes
de 1964 que hoje reencontram sua melhor e mais grandiosa expressão”, afirmou
Figueiredo.
Teotônio ouviu as palavras do
presidente já como integrante do MDB. O filho do Menestrel das Alagoas, o
também ex-senador, Teotônio Vilela Filho, lembra que o pai estava cada vez mais
inconformado com o regime. - Ele começava a discordar dos rumos do processo de
abertura democrática. Depois que ele esteve com Geisel, saiu pelo país pregando
[pela abertura], mas a linha dura [da ditadura] resolveu pôr uma trava no
processo de abertura. Ele ficou muito incomodado com aquilo e mudou [de
partido] – relembra o ex-governador de Alagoas.
A cerimônia de filiação ao MDB
aconteceu de forma improvisada no gabinete do deputado Ulysses Guimarães. “Eu
sou um doido que perdeu o rumo do hospício. O que quero é que me deixem andar
pelo Brasil”, disse Teotônio sobre seu desejo de pregar a favor da democracia,
conforme relato de Ulysses, recolhido por Marcio Moreira Alves. Já nas fileiras
do MDB, Teotônio ocupou a presidência da comissão que analisou o projeto de lei
de anistia. Encontrou ali mais uma causa para lutar. Percorreu cadeias em
visitas a presos políticos. Disse que em nenhuma delas achou terroristas, “mas
jovens na luta pela democracia”. Teotônio via a anistia como a oportunidade de
o Brasil se reencontrar como nação.
“Anistia não é uma concessão à
divergência; não se faz apesar da divergência, ao contrário, busca-se por causa
das divergências”, apelava o líder. O projeto do governo enfim foi a voto em
agosto de 1979. O relatório do deputado Ernani Satyro, da Arena, foi aprovado
de forma simbólica, mas para Teotônio Vilela, o texto não atendia as
necessidades da sociedade brasileira. Ele via no projeto uma tentativa de
sobrevivência do regime. “O que está em votação é uma demonstração nítida de
poder tutelar, que podendo tudo, resolve fazer do clamor nacional pela anistia
uma manobra de reabastecimento de força”, afirmou.
“Tudo nos foi negado. Não
precisava de maneira alguma de votação. Bastam os pelotões que lotam essas
galerias. Eu peço ao Congresso Nacional que promova a rebelião das
consciências, antes que venha a rebelião das massas”, apelou.
Teotônio deixou claro que
voltaria a defender a anistia ampla, geral e irrestrita. O projeto de lei de
anistia dos militares foi sancionado no dia 28 de agosto de 1979 pelo
general João Batista Figueiredo. A interpretação, que causa controvérsia até
hoje, é que a anistia teria que ser recíproca, beneficiando tanto os militantes
políticos quanto os agentes do estado. Seus críticos dizem que a lei acabou
deixando impunes pessoas que cometeram atos bárbaros, inclusive crimes contra a
humanidade, sob a proteção do Estado.
Último ato
Com os banidos pela ditadura
voltando ao Brasil, Teotônio Vilela passou a brigar com mais afinco pelo
direito de o povo brasileiro voltar a eleger seu presidente. Do cartunista
Henfil veio a charge em que Teotônio, com bengala na mão, chapéu na cabeça e o
bigode peculiar, gritava “Diretas Já!”. No carnaval de 1983, Henfil foi a
Alagoas conversar com Teotônio. A entrevista foi parar nas páginas do Pasquim.
Falar com a imprensa sobre a luta pela democracia aumentava o vigor do
ex-senador, já muito debilitado pelo câncer.
- A última entrevista que ele deu
foi ao Henfil e com um entusiasmo extraordinário. Ele estava um pouco
sonolento, e o Henfil chegou com um gravador. Logo ele sentou na cama, começou
a falar com entusiasmo. O Henfil dizia que “o remédio para ele é pedir para
falar sobre o Brasil” – lembra Teotônio Vilela Filho.
Na entrevista histórica, o grande
líder da democracia denunciou a tortura e lamentou que o medo estivesse
oprimindo o brasileiro. “Foi o que determinou a fase terrível de 68, depois do AI-5,
com uma violência brutal e sem limites. Este medo mantém o brasileiro numa
posição de muita tolerância para com os abusos cometidos. Nas escolas,
universidades, associações profissionais, instituições políticas, instituições
militares, o medo faz com que estes organismos não tenham um funcionamento”,
disse.
Teotônio morreu de câncer em 27 de novembro de
1983. A doença tornara-se pública no ano anterior. Companheiro de luta, o
ex-senador Pedro Simon lembra com carinho que Teotônio percorreu o Brasil com a
saúde já abalada. - Ele foi a grande voz, a grande liderança e, durante um
tempo, o grande nome da vida pública brasileira. Um herói. Ele teve quatro
cânceres, foi operado, andava com duas bengalas e depois de cadeira de rodas,
percorrendo o Brasil e fazendo uma campanha fantástica – relata.
Teotônio sempre tinha uma resposta pronta para os que vinham falar sobre o câncer: “O Brasil está mais doente, precisava de mais cuidados”, lembra Teotônio Filho. Defender a democracia naquelas condições criou algo novo no coração dos brasileiros em termos de dignidade e amor à pátria, avalia. No dia em que Teotônio Vilela morreu, era realizado em São Paulo um dos 48 comícios pelas eleições diretas. O alagoano não viveu para ver o Brasil voltar a escolher presidente no final de 1989, mas deixou um legado de luta pelas liberdades democráticas, expresso em seu discurso de despedida do Senado, em novembro de 1982. Fonte: Agência Senado
Câmara Cascudo, em uma Acta
Diurna, para o Diário de Natal, escreveu: Acho muita graça quando anunciam Zé Praxédi aos microfones das estações
rádio-emissoras que é um folclorista. Não é folclorista. É o próprio Folk Lore.
CARRO DE BOI
Carro de boi,
priguiçoso . . .
puxado pur Pintadin
e seu pareia: o Mimoso!
Tenho viva a tua musga
na minha arrescordação .
As risca qui tu dexasse
pelas istrada isquisita
a istória qui tem iscrita
dos teus tempo no Sertão.
- Macha pra lá. .
Mimoso! . .
Puxa o carro! Pintadin... -
U'a subida, u'a baxada,
as duas roda infincada
nas areia dos camin .
E quato legua pur dia .
Se tira mais, cansa o boi!
Essa macha demorada
papai cortô, já, não quis.
Meu avô foi tão filiz. . .
meu pobe pai já nao foi,
Vovó, tão santa, tão boa,
mandava tirá a canga
pra Pintadin discansá.
Meu avô tao carinhoso. . .
dava capim ao Mimoso,
era outo boi no oiá!
Patrão, patroa e carrero,
na sombra do ingazero .
Agua de chuva im marimba,
banho de cuia im caçimba
no rio do Putengi.
Rapadura, carne-seca,
comprada no Cariri .
Chego o tempo muderno:
o artomove, o avião.
O trem, essa besta-fera,
tarvez pra fazê fiasco,
toca fogo no panasco
das terra do meu Sertão
- oi... oi... -
O carro de boi parô
Pintadin saiu pastando
cum seu pareia: o Mimoso!
Minha avó e meu avô
im seu eterno reposo .
E lá na fazenda veia,
duas cavera branca
tã infeitando o camin:
de um lado morreu Mimoso!
Do outo lado: Pintadin!
Homens ou
personalidades do Ano DA TIME
Como consequência da reação
negativa do público pela escolha de Khomeini como Homem do Ano em 1979, desde
então a Time tem evitado escolher figuras que são controversas nos Estados
Unidos. Um exemplo foi em 2001, quando o prefeito de Nova York, Rudolph
Giuliani, (atual destacado assessor jurídico de Trump), foi a Pessoa do Ano após os ataques de 11 de Setembro às torres do
World Trade Center. Na mesma edição foi publicado um artigo que mencionava a
decisão anterior da Time de selecionar o Aitatolá Khomeini em 1979, e a recusa
de escolher Adolf Hitler como a “Pessoa do Século” em 1999. O artigo deixava
implícito que o terrorista Osama bin Laden, mentor dos ataques, era um
candidato mais forte ao título do que Giuliani, assim como Hitler era um nome
mais forte do que Albert Einstein, que foi o escolhido como Pessoa do Século.
Jovita Alves Feitosa, a heroína de brilho fugaz
O presidente da Província do
Piauí, Franklin Américo Meneses Dória — viria a ser
o Barão de Loreto —, encarregado de fornecer os
efetivos para o conflito, era um dos que mais atuava na convocação de soldados,
recebendo da imprensa liberal importante contribuição, incentivando a
necessidade de unir forças com elevado entusiasmo patriótico para derrotar
o inimigo da pátria.
Sua tarefa não era de fácil execução,
principalmente porque os homens mais hábeis refugiavam-se nas matas,
fugindo da convocação.
Como parte dessa campanha, a imprensa
criou uma imagem depreciativa dos
paraguaios e particularmente do povo guarani. O objetivo era incitar o ódio e assim colher mais voluntários.
Outro atrativo para o recrutamento
foi definido pelo mesmo Decreto (nº 3.371 de 7 de janeiro de 1865) que criou
os Voluntários da Pátria.
Estes recrutas recebiam o mesmo soldo dos voluntários do Exército e
mais 300 rs diários.
Quando fossem desligados, com o fim
da guerra, teriam direito a uma gratificação de 300$000 e
um lote de terra de 22.500 braças quadradas em colônias militares ou agrícolas.
O soldado Antonio
Alves Feitosa
A partir de março de 1865 foram
enviados os primeiros combatentes recrutados no Piauí. Entre eles estava Jesuíno Rodrigues da Silva, irmão mais velho de Jovita.
Em 20 de junho, querendo seguir os passos do irmão e provavelmente buscando
também se afastar da miséria em que vivia, Jovita Alves Feitosa resolveu
acompanhar os recrutados pelo capitão Cordeiro na
sua região, que caminharam até Teresina.
Dias depois, segundo o jornal
piauiense Liga e Progresso de 19 de
julho de 1865, “um jovem de 17 anos de
idade, pouco mais ou menos, estatura regular, vestido simplesmente de camisa e
calça, e trazendo na mão um chapéu de couro” apareceu
no palácio da presidência da Província pedindo para
ser aceito como voluntário da Pátria.
O presidente Franklin Doria, que o recebeu, aceitou o seu pedido e lhe ordenou que no dia seguinte, 9 de julho, se apresentasse para ser aquartelado.
Segundo o jornal, algumas pessoas
notaram naquele inscrito sinais que indicavam ser ele uma mulher e passaram a observá-lo com cuidado.
Às quatro horas da tarde de 9 de julho, horas antes de se apresentar para o
seu aquartelamento, o jovem recruta estava na Casa da Feira quando uma mulher percebeu
suas orelhas perfuradas para o uso de brincos. Se
aproximou e apalpou-lhe os seios contra
sua vontade.
Mesmo estando apertados por faixas, foram notados pela curiosa, que concluiu
ser o soldado do sexo feminino. Imediatamente avisou
ao inspetor de quarteirão, que a prendeu e
mandou ser levada por seus agentes até o Chefe de Polícia.
Liga e Progresso publicou que
imediatamente formou-se uma “multidão imensa” que
acompanhou a detida até a casa do Chefe de Polícia José Manoel de Freitas, onde foi interrogada.
Jovita Alves Feitosa em foto de Leon Chapelin
Ao responder as perguntas informou chamar-se Antônia Alves Feitosa, mas que era conhecida desde menina pelo apelido de Jovita. Tinha 17 anos de idade e era solteira, vivendo de suas costuras. Mal sabia ler e escrever.
Explicou que resolveu usar roupas de homem porque quando falava que tinha a
intenção de alistar-se para a Guerra do Paraguai,
diziam-lhe que, como mulher, não poderia ser aceita no
Exército.
Como era grande o seu desejo de
seguir para a guerra, cortou seus cabelos com uma faca e pediu a uma mulher que os aparasse bem rentes. Em seguida vestiu roupas masculinas e foi
apresentar-se ao Presidente da Província, rogando-lhe que a mandasse alistar
como voluntário da pátria.
Esclareceu que chorou ao ser detida porque se sentiu envergonhada por estar em trajes de homem na
presença de muitas pessoas. Chorava também porque imaginava que não seria mais aceita para a guerra.
Perguntada se sabia atirar e se estava preparada para sofrer
nos campos de batalha, respondeu que não sabia carregar as armas, mas que sabia
atirar. Asseverou que tinha disposição para aprender o que fosse preciso e que suportaria
suportar os trabalhos na guerra. Se dizia pronta “até para matar o inimigo”.
Sabendo que ela não seria aceita,
o Chefe de Polícia a sondou sobre a possibilidade de
Jovita seguir para o sul “a fim de ocupar-se em trabalhos
próprios do seu sexo”. Ela respondeu que em último caso aceitaria, porém reafirmou que o seu desejo era “seguir
como soldado e tomar parte nos combates, como
voluntária da pátria”.
Logo abaixo do espaço onde publicou
esse interrogatório, o jornal liberal passou a identificar no gesto de Jovita
uma “excepcionalidade da regra”, considerando que no sexo
feminino “naturalmente se aninham o medo e o pavor”. Para o jornalista, Jovita encarava “com verdadeiro denodo e coragem aos rigores de uma guerra!”.
E concluiu: “Do interrogatório que se
acaba de ver e de diversas interpelações que particularmente se tem feito a
esta brava jovem, ainda se não pode coligir que outro desígnio, a não ser
o nobre fim de pugnar pela defesa da pátria, a tivesse trazido da vila de Jaicós a 70 léguas distante desta cidade. É um heroísmo a toda prova”.
Ali começava a ser trabalhada a sua
imagem. Em poucos dias seria elevada a heroína como
forma de estimular novos recrutamentos.
Fardada
Uma versão da história desta heroína
informa que ela terminou sendo aceita como 2º sargento.
Entretanto, há registros de que isso não ocorreu.
O jornal piauiense A Imprensa, de 7 de setembro de 1869, publicou longa
matéria em que o dr. Franklin Américo de Menezes Dória,
Barão de Loreto e então presidente da província do
Piauí, se contrapõe a Antônio Coelho Rodrigues,
proprietário do jornal O Piauí, órgão do
Partido Conservador, que o questionou sobre os pagamentos efetivados
indevidamente a Jovita Alves Feitosa.
Em sua defesa, o Barão de Loreto esclareceu que “não é exato que Jovita Alves Feitosa tivesse assentado praça no 2º corpo de voluntários
do Piauhy. Da minha correspondência oficial com o ministério da guerra em 1865,
o que consta expressamente é que permiti que aquela mulher seguisse com o dito
corpo, com o fim principal de que seus serviços fossem aproveitados na campanha em algum hospital de sangue”.
E continuou: “Em abono da minha
deliberação, citei até o procedimento dos presidentes da Bahia [caso Anna Nery]
e das Alagoas, que já haviam aceitado pessoas do sexo feminino para enfermeiras dos
soldados na guerra. Tolerei, é verdade,
que ela usasse das insígnias de 2º sargento; o que aliás,
acendendo o entusiasmo público onde quer
que ela se apresentou, contribuiu para facilitar a
aquisição de muitos voluntários”.
E concluiu: “E se ela percebeu vencimentos correspondentes àquele posto, é que, até o ato da sua dispensa, alguns vencimentos, talvez até superiores, lhe deviam ser pagos em atenção ao mister para que o governo provincial a contratara”.
Uniformes dos soldados que combateram na Guerra do Paraguai. Desenhos de
Hendrik Jacobus Vinkhuijzen Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Esse depoimento do presidente da
Província revela que as autoridades tinham percebido que a divulgação do gesto
da jovem seria útil para incentivar o recrutamento de
novos soldados.
Outros registros indicam que a imagem
dela foi trabalhada para cumprir este papel, sendo
atribuída a ela declarações tão bem articuladas que
soam estranhas na boca de uma jovem de 17 anos,
semialfabetizada do interior do Piauí em 1865.
Ela teria dito, como publicou o Jornal de Recife de 2 de setembro de 1865, que não
aceitava servir como enfermeira porque que seu maior desejo era “bater-se com os monstros que tantas ofensas tinham feito às suas
irmãs de Mato Grosso e vingar as injúrias ou morrer nas mãos desses tigres
sedentos”.
Dificilmente ela teria dito isso.
Heroína por 72 dias
Com o seu feito já conhecido em todo
o país graças a divulgação promovida pela
imprensa, Jovita e o 2º Corpo de
Voluntários da Pátria deixaram Teresina a
bordo do vapor Tocantins no dia 11 de agosto de 1865 com destino ao Rio de
Janeiro.
Após navegar o trecho final do Rio Parnaíba, o Tocantins subiu
um pouco mais a costa brasileira e aportou em São Luiz do
Maranhão no dia 23 de agosto para receber mais
soldados.
Jovita, que deveria ficar
hospedada na residência do juiz de Direito da 2ª Vara, dr. Antônio Francisco de Salles, foi levada para a casa
da família do ajudante de ordens do presidente da Província, tenente Campos, que chegou primeiro a bordo.
No dia seguinte foi homenageada com a
apresentação de uma peça de teatro contando
sua história. No camarote onde ficou foi estendida a bandeira brasileira. Trajava calças brancas, saiote encarnado e a fardeta e boné dos
Voluntários da Pátria. O cabelo era cortado à escovinha. No braço
a divisa de 2º sargento.
Foi presenteada com um trancelim de ouro que custou 200$000 e com um
fardamento, que foi preparado com esmero e os custos pagos pelo negociante
português Boaventura José Coimbra.
No dia 25 de agosto, o vapor partiu
de São Luiz e dias depois chegou a João Pessoa, onde Jovita também foi recebida com honras e presenteada com um anel de brilhantes.
O Tocantins tocou em Recife no dia 1º de setembro de 1865. Novamente
foi recebida com festa e uma peça em sua homenagem foi apresentada no Teatro Santa Isabel. Ficou hospedada no Palácio Provincial, onde lhe foi oferecido um
jantar.
Sua passagem por Salvador também mobilizou muita gente para
recebê-la. Foi recepcionada como heroína pelo presidente da Província,
que a alojou em seu palácio.
A praça em frente à residência
oficial ficou repleta de curiosos e
fotógrafos.
O Jornal do
Commercio de 10 de setembro de 1865 publicou uma nota
datada de cinco dias antes em que um jornalista em Salvador assim analisa o papel que ela cumpria:
“Rodeada sempre de mil admirações, ela será o Noli me tangere [não me toques] do nosso Exército, depois de haver seduzido com seu heroico exemplo centenas de voluntários para
a salvação da pátria. Aqui deverá ela ter fortificado o patriotismo dos
nossos patrícios, que, ou já se inscreveram ou pretendem fazê-lo, engrossando
as fileiras já organizadas das novas expedições”.
Quando chegou ao Rio de Janeiro, no dia 1º de setembro, já era
consagrada como heroína e jornais noticiavam
amplamente o seu nome que inspirava poetas e
cronistas. Era considerada a nossa Joana D’Arc, que
também cortou o cabelo e se vestiu de homem para lutar pela França.
Ficou hospedada na casa da família
de Fernando Costa Freire, inspetor da tesouraria de
Fazenda.
Entretanto, também foi no Rio de Janeiro que surgiram as maiores críticas ao
seu engajamento no Corpo de Voluntários da Pátria. Questionava-se o presidente
da Província do Piauí por permitir o seu alistamento sabendo que isso não
obedecia as regras do Exército.
Não perceberam que o dr. Franklin Américo de Menezes Dória sabia sim,
mas a inscreveu simbolicamente para usá-la como propaganda e
conquistar novos recrutas.
Como era esperado, no dia 10 de
setembro Jovita recebeu um comunicado do governo informando
que ela não poderia fazer parte dos efetivos combatente por
não haver “disposição alguma nas leis e regulamentos militares
que permita a mulheres a terem praça nos
corpos do Exército”, dizia o documento emitido pelo Ministério da Guerra.
O que não impedia que ela seguisse
com os soldados “como qualquer outra mulher“. Ela
poderia “prestar os serviços compatíveis com a natureza
do seu sexo” nos campos de batalha. Foi convidada a ser enfermeira, mas recusou.
Seus apoiadores e principalmente os
oficiais oriundos do Piauí, ainda tentaram reverter esta decisão levando-a para
uma audiência, no dia 18, com o próprio imperador D. Pedro II. Não se conseguiu nada e Jovita foi
rapidamente esquecida e descartada.
Fim trágico
Após se negar a cumprir papel alternativo, Jovita resolveu voltar ao Ceará e o governo se encarregou de
custear seu retorno a bordo do vapor Paranaguá.
Como aguardava receber o dinheiro arrecadado para ela em um espetáculo em
teatro do Rio, ameaçou não embarcar.
Charge publicada na Semana Ilustrada
de 17 de março de 1867
O problema chegou ao presidente da
Província, que intercedeu junto ao proprietário da empresa de
navegação para retardar a partida e
assim dar tempo a ela receber seus recursos.
Mas não foi preciso alterar a data da
partida. O negociante Antônio Gomes de Campos adiantou
o dinheiro e ela pôde viajar.
Quando chegou em Brejo Seco foi recebida friamente por sua família,
que não a perdoava por ter abandonado o pai e os
irmãos menores. Procurou seu tio em Jaicós, mas também
não teve dele uma boa recepção.
Avaliando que ali não teria mais ambiente e sabendo que no Rio de
Janeiro era mais provável encontrar uma forma de sobrevivência, resolveu voltar
à capital do país, onde desembarcou em 18 de março de 1866.
Em 9 de outubro deixou
o Rio no vapor inglês Humboldt em
direção ao Rio da Prata no sul do
continente. Especulava-se que teria ido para Montevidéu em
companhia de um amante piauiense ou que
pretendia se aproximar da zona dos combates para localizar seu irmão mais
velho.
Três meses depois, em 8 de janeiro de 1867, estava de volta ao Rio de Janeiro
em um vapor que tinha partido de Montevidéu.
Os jornais da época, entre eles
o Correio Mercantil, publicaram que nesse período, longe
da família e sem trabalho, Jovita “arremessou-se no caminho da
perdição e da amargura” e se tornou “uma das elegantes do mundo
equívoco”, forma velada de dizer que ela estava se prostituindo.
Logo após completar 20 anos de idade, em 1867, Jovita se apaixonou pelo engenheiro galês William Guilherme Noot, que trabalhava na
companhia City Improvements, exploradora
dos serviços de esgotos do município, e se afastou da prostituição. Planejava casar e ter filhos com ele.
É muito provável que o engenheiro Noot não tivesse esse mesmo intento.
No domingo, 6 de outubro de 1867, ele escreveu um bilhete para Jovita, em inglês, se despedindo e
comunicando que partiria no vapor Oneida para
a Inglaterra no dia 9 de
outubro, por ter encerrado o seu contrato com a firma.
Jovita não dominava
a língua inglesa e achando que aquele era mais um bilhete que recebia dele como tantos
outros, não procurou imediatamente alguém para traduzi-lo.
Na manhã do dia 9 de outubro (quarta-feira), ela estava em casa
na Rua das Mangueiras, nº 36, quando soube que o
engenheiro tinha partido para a Inglaterra. O Oneida levantou ancoras às 8h da manhã com
destino a Southampton.
A notícia a deixou surpresa e desassossegada, como registrou o Jornal do Commercio. Seu descontrole foi tanto que
a mulher com quem dividia a casa, “temendo algum desatino da sua parte,
procurou tranquilizá-la, dizendo-lhe que talvez não fosse verdade”.
Praia do Russel, Glória, no Rio de
Janeiro em 1865
Na residência, confirmou com a
escrava a partida do amante.
Entrou no quarto dele, pediu um envelope, colocou alguns papéis dentro e o endereçou
a Noot, recomendando à serviçal que o fizesse chegar ao
seu destino. Pediu para ficar só e se trancou no quarto.
Às cinco e meia da tarde,
percebendo que Jovita estava no quarto há
muito tempo sem produzir nenhum ruído a escrava abriu a porta e a encontrou
deitada na cama com a mão direita sobre o coração.
Achando que ela tinha desmaiado,
tentou reanimá-la levando um vidro de água de colônia ao
seu nariz. Mas quando se esforçava levantá-la percebeu que a mão sobre o peito
segurava um punhal que estava cravado em seu coração.
A autópsia foi realizada pelo dr. Goulart e no bolso da suicida foi encontrado
um bilhete em que declarava: “Não culpem a minha morte a pessoa alguma. Fui eu
quem me matei. A causa só Deus sabe“.
Seu corpo ia ser atirada na vala comum do Cemitério do Caju,
mas alguém resolveu dar-lhe um enterro mais digno e recolheu entre amigos
contribuições para usar uma cova separada.
Quem fez isso foi Francisco Mendes de Araújo, 60 anos, guarda do necrotério da Santa Casa de Misericórdia
do Rio de Janeiro e um dos bravos e condecorados combatentes do Pirajá, onde foi ferido.
Em 27 de março de 2017, o nome de Jovita Alves Feitosa foi
inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se
encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, em
virtude da lei n.º 13 423 de 2017. Esta Lei nasceu de um projeto de 2012
apresentado pela deputada potiguar Sandra Rosado (PSDB)".
um espelho de modernidade para o mundo.
Para o país, alguns segredos
fazem o modelo funcionar. Eles
consideram que a internet é um direito social de todos e todos os
estonianos tem que ter o e-ID,
já que 99% dos serviços são online e a
população confia no sistema.
Em 2007, durante o Bronze Night,
o projeto teve uma invasão aos
sistemas, mas ainda era no começo do programa e não teve
comprometimento das informações, mas isso fez
com que o governo
também buscasse melhores formas de se
proteger.
Desde 2013, o sistema é
baseado em um modelo chamado de X-Road
e
segue algumas premissas:
Os bancos de dados são únicos para cada tipo
de informação, ou seja,
não
tem informação duplicada, e é chamado de once-only;
Tudo é digital por padrão;
Verdadeiro
por concepção, ou seja, você pode ver todas as informações
salvas
pelo governo sobre você, bem como quem acessou as suas
informações e autorizações;
Construído em padrões abertos de internet.
Venha Ver
Distante a cerca de 450 km da capital
com aproximadamente 4 mil moradores, tem 72 km2, abriga o ponto mais alto do
Estado, a Serra do Coqueiro. Desmembrado de São Miguel, na década de1990,
instalado oficialmente no dia 1º de janeiro de 1997. Limitga-se com o Ceará e a
Paraíba. Os judeus foram seus primeiros habitantes, juntamente com holandeses,
que se refugiaram das perseguições do catolicismo, nas distantes serras de
clima ameno (eram os cristãos novos). Estive lá na companhia do amigo Almir
Macedo para uma publicação na Revista “O Seridoense”. Venha Ver estava nos primeiros
anos de emancipação, os seus primeiros passos. Uma verdadeira aventura se
chegar até lá.(*)
O Prefeito Expedito Salviano, não tinha nada, não herdou nada, nem sequer um gabinete, um birô. Seu local de trabalho era uma velha mesa de cozinha, herança da família, que a partir daí passou a fazer parte da história de Venha Ver. A primeira estante uma tábua de madeira, apoiada sobre tijolos de alvenaria. Expedito inovou, convocou os moradores, e, a população que compartilhou o dia a dia com ele. Passou a fazer a administração, fiscalizou, lutou, enfrentou desafios e foi vencendo, aos poucos. (cada rua tinha um representante para cuidar exclusivamente dos problemas dela). Ruas limpas, arborizadas, bem cuidadas. Criou uma padaria comunitária, (nela qualificou mão de obra de padeiro pasteleiro, confeiteiro, etc.), a produção era repassada a população a preço de custo. Às donas de casas eram oferecidos cursos de qualificação. (corte, costura, crochê, bordados, produção de enxovais) e comercializados em João Pessoa, Natal, Recife. Acompanhei nos anos seguintes, de longe, as diversas conquistas e vitórias de Expedito e do seu povo. Eletrificação rural, acesso asfaltado, o estádio de futebol, a estátua de Frei Damião, o incentivo e incremento na produção de abacaxis e ananás, as novas escolas e incentivo ao acesso ao ensino superior, os postos de saúde, É uma longa e bonita história de conquistas onde a força do querer fazer fala mais alto! Quem quiser saber mais, procure o blog Almir Macedo /Caicó RN.
(*) O
jornalista caicoense Orlando Rodrigues, (“Caboré”), que estivera meses antes
lá. Confessou me disse no seu melhor
estilo ao saber da minha viagem:
- “Você é doido cara? Deus me livre daquela serra. Se Venha Ver quiser me ver que venha aqui” .
TRUMP SAI OU NÃO SAI?
Alguém
acredita que Donald Trump irá participar da cerimônia de posse de Biden?
Entregaria essa tarefa ao vice-presidente e este o que fará? A quem aposte que Trump montaria até um
governo paralelo ao lado da Casa Branca. Quem duvida? Lembram do que ocorreu
aqui no Brasil? Fernando Henrique foi eleito presidente e o PT (Partido dos
Trabalhadores) criou um governo paralelo nomeando até ministros.
Em alguns casos tal comportamento pode até ser justificado (Juan Guaidó na Venezuela), por exemplo, que se intitula presidente do país vizinho e reconhecido como tal pela maioria dos países. Lá, de fato as prisões, cerceamentos de eleitores, ameaças públicas e veladas, uso de forças militar e paramilitar deram a palavra de ordem antes e no dia das eleições e na apuração, fizeram correr para o aeroporto de Caracas até observadores internacionais.
FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM
Ontem, em mais uma de suas falas improvisada, ele fez referência a uma das invenções dos chineses - a pólvora. É incrível a sua capacidade em desviar as atenções, o clarão dos holofotes, as câmeras e ganhar espaço em horário nobre na TV, sem “gastar um tostão”. Não subestimem a capacidade do presidente-capitão, ele sempre soube usar muito bem e colocar no momento certo, desde seus tempos de parlamentar o que se chama de “fragmentos” de falas. Não importa todo o conteúdo. Vale a velha e antiga estratégia de Adhemar de Barros, (ex-governador de São Paulo): “falem mal, mas falem de mim, meu nome tem que ficar nas primeiras páginas do noticiário. No momento em que a imprensa me colocar no ostracismo, me esquecer, estarei perdido”.
Muitas verdades serão reveladas faltam apenas 13 anos.
(Para
quem não sabe: No Concílio de Nicéia – o maior Concílio da cristandade) foram
selecionados, por inspiração Divina os livros que vieram a constituir a Bíblia Sagrada, com o nós a conhecemos
hoje. O Concílio composto por 318 bispos de várias partes do Império dos
Césares, foi convocado pelo Imperador Constantino, o Grande, que pretendia por um
fim às querelas religiosas que ameaçavam os alicerces da fé cristã e seus
princípios doutrinários. Com Constantino terminavam as perseguições do Império Romano
aos seguidores de Cristo. Constantino era filho do general Constâncio Cloro e
de Augusta Helena (Santa Helena na Igreja Católica).
Josiane Pica “tem sangue nas veias”
Justificam seus apoiadores aos eleitores de Sagrada
Família:
Josiane Pica “mulher de fibra e coragem”
Ela escolheu o PT porque “está sempre na esquerda!”
Pica “só abaixa a cabeça quando não é provocada”
A Pica “está sempre na frente e de boca em boca”
Na Sagrada Família tem uma guerreira que trabalha noite e
dia
Josiane Pica 13013.
Outros candidatos
Já raspei!
Decidido e sem acordo
Atenção meninada, o Circo chegou!!
Passeio e graça!!!
Bin Laden Voltou!
Antes da Vacina vote em Cloroquina
Fora de Órbita
Cuidado! Inflamável!
A redondinha que não é oca
Sempre se escondendo?
DELMIRO - FINAL
Delmiro
enfrentou inúmeras barreiras, como já dissemos nas postagens anteriores. A
inveja de alguns chefes políticos, afeitos ao cangaço e cercados de jagunços,
acostumados a governar no escuro as massas analfabetas como garantia da
perpetuidade da elite no poder, falava mais alto. Um deles, José Rodrigues, se
junta com outros ressentidos e num acordo macabro, titulam Delmiro, inimigo
feroz daquelas oligarquias e que deveria ser eliminado por se meter na política
local.
Às 9 da noite, naquele 10 de outubro de 1917, três tiros de rifle ecoam no silêncio do sertão alagoano. Tiros mortais. O socorro vem rápido, mas é inútil. Uma das balas atingira o coração do grande nordestino que morre em instantes nos braços dos empregados tendo junto de si, um dos cachorrinhos de estimação.
Sob a complacência do governo Washington Luis, o complexo fabril de Pedra acabou sendo vendido em meados de 1929 em Paislay, Escócia, na sede da Machine Cotton, por 27 mil libras, seguindo-se sua destruição a marretadas por uma equipe de demolidores especialmente contratados.
Agora,
aliviados com a morte do sertanejo. Por muitos anos depois muito se falou
daquela noite de 1930. Os escoceses quebraram as máquinas e as jogaram dos
penhascos na margem do rio São Francisco junto a tudo o que insistisse em ter
valor na antiga fábrica Estrela.
Matá-lo,
não teria sido o suficiente? Não! Achavam, talvez, fosse preciso e a todo o
custo, o quanto antes, apagar da lembrança dos sertanejos a imagem do pioneiro
da industrialização e da redenção do Nordeste. Pena que este homem, -
nordestino, cearense, sertanejo natural de Ipu, seja tão pouco lembrado e tão
desconhecido pelas novas gerações. Morte até hoje não devidamente esclarecida.
A
importância de Delmiro Gouveia pode ser
sintetizada numa frase do economista Celso Furtado: “ a sua morte provocou um atraso de 40 anos no desenvolvimento do
Nordeste”.
DELMIRO (II)
Quando ele conheceu a cachoeira de Paulo Afonso, viu
a oportunidade de realizar ali um grande projeto. Fez a hora - e não esperou acontecer – como na canção de Vandré. e trouxe um grupo de engenheiros e
investidores estadunidenses (1909-1910), para o projeto e a construção de uma
grande hidrelétrica, que geraria energia suficiente para iluminar e abastecer o
Recife e um grande empreendimento
agro-industrial nas terras em torno da cachoeira, em áreas da Bahia, Alagoas e
Pernambuco a serem adquiridas pela empresa. Porém, Dantas Barreto, (governador
de Pernambuco), desconfiou da enormidade do projeto e ele foi forçado a reduzir
as dimensões do projeto.
Com o apoio dos irmãos Rossbach, ele organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil e com turbinas e geradores alemães e suíços, instalou, (num dos saltos da cachoeira de Paulo Afonso, o de Angiquinho), - foto - no lado alagoano do rio, uma usina hidrelétrica que gerava 1.500 HP, com uma voltagem de 3 KV.
Usina de Angiquinho restaurada pela CHESF
Quando nem se pensava em garantias e direitos trabalhistas, na primeira década do século, Delmiro já fazia experiências exitosas com os seus operários; (jornada de trabalho de 8 horas, intervalo para almoço (2 horas), com fim de semana remunerado), para os seus dois mil empregados na fábrica da Pedra;
Educação gratuita para todos e obrigatória para
os menores de idade, além de sala de aula opcional para alfabetizar os adultos, construiu moradias para residência dos seus funcionários - uma vila operária - (foto) uma sala de projeção de cinema e posto de assistência médica; (coisa muito rara naquelas
paragens sertanejas);
Numa região marcada pelas mortes violentas tão comuns e do cangaço, não havia delegacia na comunidade e nenhum assassinato foi verificado entre os mais de 2 mil operários de sua fábrica;
Vale lembrar que enquanto alemães, italianos,
franceses e belgas lutavam entre na I Guerra Mundial, na Pedra, os técnicos e
engenheiros contratados, desses países, ali conviviam em harmonia;
Fugitivos da polícia não tinham guarida com Delmiro, - só
encontravam abrigo se fosse para trabalhar - e se tornarem pessoas decentes.
Futuros capitães do cangaço como Sinhô Pereira, e seu primo Luís Padre e o
próprio Virgulino Ferreira, seu pai e seus dois irmãos mais velhos, ali trabalharam
por vários meses na almocrevando à frente de tropa de burros, transportando as
mercadorias para as pontas dos trilhos antes da chegada do caminhão. (Se
Delmiro não tivesse tombado sob as balas assassinas quem sabe, o destino deles
não teriam sido diferente nos anos seguintes?
Impôs a proteção da flora e da fauna num raio de
20 km em torno de sua fábrica, a caça de animais era proibida; (disse a Assis
Chateaubriand:
-“Aqui na
Pedra homens e animais – exceto bois, porcos e galinhas, só quem mata é Deus,
com isso, obtenho dois resultados: ensino-os a serem dóceis com os animais e
combato a vagabundagem. O caçador aqui é um preguiçoso “.
Inaugurou as
primeiras experiências de agricultura irrigada, utilizando as águas do rio São
Francisco e já despertava interesse pelo plantio da palma forrageira que no
futuro – dizia – seria a salvação para o
sertanejo. E Questionava: Se ela dá certo nos desertos mexicanos de onde
veio, por que não dá em nosso sertão? Sua visão viria a ser confirmada e poucos
anos depois já era utilizada pelos sertanejos.
(A palma forrageira é um recurso alimentar estratégico - considerado
um excelente alimento energético - para
as regiões áridas e semiáridas do Nordeste brasileiro, já que é uma cultura que
apresenta aspecto fisiológico especial, suportando prolongados períodos de
estiagem).
“Vamos dar
um fim na queima de vegetais como matriz para produzir energia. A natureza e a
força da cachoeira de Paulo Afonso são o suficiente, até para eletrificar as
nossas capitais. Pena que os nossos governos não enxergam isso.”.
Conforme ouviu dele, João Santos, empresário industrial do ramo
do cimento - quando garoto - trabalhou como office-boy nos escritórios da
fábrica da Pedra. Com sua riqueza, filantropia e coragem desafiou o poder
econômico dos ingleses no Nordeste.
DELMIRO
Rico, jovem, e com muita garra partiu para novos
empreendimentos. Urbanizou com recursos próprios uma grande área na margem do
rio Capibaribe, bairro do Derby, no Recife. Ali construiu um Mercado muito
espaçoso, com vários tipos de lojas, frutas, verduras e objetos pessoais, em
estilo europeu sem similar no Brasil. (poderia ser o embrião do que no início
dos anos 50 passou a ser conhecido até hoje como Shopping Center?) Enquanto as famílias faziam suas compras, na área
externa do mercado os filhos se divertiam em brinquedos dos parques de
diversões, área de patinação e outros atrativos; nas águas do rio, como as
competições náuticas que atraíam público cada vez maior. Bem próximo dali,
construiu um Hotel. Trouxe da Europa o que havia de mais requintado e moderno
no mundo. Nem a Capital da República, o Rio de Janeiro tinha algo parecido. O Grande
Hotel Internacional do Recife (depois transformado no tradicional Clube
Internacional do Recife perto do estádio da Ilha do Retiro.
Os empreendimentos enchiam os olhos dos recifenses e visitantes que chegavam a capital pernambucana, naquele final do século XIX. Um ano depois, o mercado seria incendiado criminosamente, (soube-se depois, a mando de comerciantes do centro da cidade enciumados provavelmente com o sucesso do empreendimento) somente duas décadas depois o prédio do Mercado “Coelho Cintra” seria recuperado e transformado no quartel da Polícia Militar de Pernambuco até os dias atuais.
Construiu em seguida a maior refinaria de açúcar da América do Sul, a fábrica Tacaruna (atualmente funciona o Centro de Convenções) entre Olinda e Recife. Delmiro enfrentou inúmeras barreiras, como é próprio no destino desses pioneiros colecionar incompreensões.
Temas para as próximas
postagens:
A Fuga para Alagoas e os novos empreendimentos
Memoráveis músicas de campanhas eleitorais que marcaram
as diversas eleições.
Mário Covas foi outro que se lançou para
presidente, mas a lentidão do jingle não empolgou as massas, apesar de muito
boa mensagem. João
Goulart (1960) –
candidato a vice-presidente votava-se em separado do candidato a presidente;
Tancredo Neves (1985) – Na eleição indireta veio a mensagem do “Muda Brasil” para a primeira depois da abertura política, embora indireta;
ALUISIO ALVES
Projetou-se com o projeto — posteriormente transformado em lei —
que transferia a responsabilidade dos acidentes de trabalho, das companhias
particulares, para a órbita da previdência social.
Em
maio de 1948, tornou-se membro da Comissão Permanente de Legislação Social da
Câmara dos Deputados, tendo integrado também a Comissão de Inquérito sobre
Arrecadação e Aplicação das Rendas dos Institutos de Previdência. Durante seu
primeiro mandato ocupou ainda a secretaria geral da UDN de seu estado.
Em
1949, assumiu o cargo de redator-chefe da Tribuna da Imprensa, jornal
carioca de propriedade do udenista Carlos Lacerda. Em Natal, a partir de 1950,
dirigiu a Tribuna do Norte, órgão de que se
tornaria proprietário posteriormente. Ainda na capital do estado, dirigiu a
Rádio Nordeste.
Simultaneamente
à sua participação política, realizou sua formação universitária,
bacharelando-se pela Faculdade de Direito de Maceió em 1950.
Em
outubro desse ano reelegeu-se deputado federal, sempre na legenda da UDN, pelo
seu estado. Durante essa nova legislatura (1951-1955) fez parte das comissões
de Legislação Social, Finanças e Orçamento e do Polígono das Secas.
Licenciando-se do mandato entre 23 de outubro de 1951 e 17 de fevereiro de
1952, sua cadeira foi ocupada pelo suplente Djalma Marinho. Sempre pela UDN,
voltou a se reeleger deputado federal pelo Rio Grande do Norte em outubro de
1954, recebendo a maior votação em sua legenda, alcançando mais de 18 mil
votos.
Em
1956 foi enviado a Genebra, na Suíça, como observador parlamentar à Conferência
Internacional do Trabalho. Em janeiro de 1958, tornou-se vice-líder da UDN e da
minoria na Câmara dos Deputados. Ainda nesse ano, foi contrário à criação da Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (Sudene). O projeto de instalação desse órgão — sancionado em
dezembro de 1959 —, a cargo de José Sete Câmara e Celso Furtado, tinha como
principal objetivo promover a infra-estrutura adequada à implantação, no
Nordeste, do binômio industrialização-agricultura irrigada.
Candidato
a mais uma reeleição pela UDN, Aluísio Alves obteve a maior votação do estado
no pleito de outubro de 1958, conseguindo mais de 23 mil votos. Desde junho
desse ano, quando já se haviam iniciado as articulações para a campanha
sucessória às eleições presidenciais que se realizariam em outubro de 1960, a
UDN apresentava-se dividida quanto à escolha do seu candidato. Uma ala,
liderada por Carlos Lacerda, apoiava o nome do ex-governador paulista Jânio
Quadros; outra, à qual Aluísio Alves era ligado, indicava o nome do governador
da Bahia, Juraci Magalhães.
Durante
as negociações entre os dois grupos, Aluísio seguiu, juntamente com Carlos
Lacerda, em agosto de 1959, para Londres, onde se encontraram com Jânio, para
discutir as possibilidades de unificação do partido. Como secretário do
diretório nacional da UDN (1959-1961), participou, em novembro de 1959, da mesa
diretora que homologou o nome de Jânio Quadros para presidente.
No
ano seguinte, lançou sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte com o
apoio da coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB). Esta eleição marcou seu rompimento com o deputado
Dinarte Mariz, uma das maiores lideranças políticas do estado.
GETÚLIO OCUPOU O PRIMEIRO
LUGAR
Getúlio foi inspirador para muitos compositores,
claro, que na maioria dos casos, por encomenda da própria máquina de governo,
ou, por interesses pessoais dos artistas.
E AGORA? - Teixeirinha homenageou seu conterrâneo Getúlio que ele
chamava de o Pai dos pobres, e principalmente dos Trabalhadores (CLT Lei 5452
de 1 de maio de 1943),: como diz as ultimas palavras dele - "Saio da vida
para entrar na História".
JINGLE POLITICOS
Em terceiro lugar Enéas com 7,38% Quase disputava o segundo turno. O
quarto colocado foi Orestes Quércia 4,38% com 3,19% dos votos, a chapa encabeçada por
Leonel Brizola tendo como vice Darcy Ribeiro, foi o quinto colocado. Com 2,75%
dos votos o careca Espiridião Amin de Santa Catarina, chegou ao sexto lugar na
disputa eleitoral.
A votação de Enéas foi surpreendente. Ganhou de um ex-todo poderoso governador
de São Paulo, ganhou de Brizola, e, passando a frente de outra velha raposa, Espiridião Amin.
Eleições 2020
Novamente estamos vivendo um período de
campanha eleitoral que culminará com a eleições de novos prefeitos e vereadores
nas capitais e interior brasileiro. Com a emenda da reforma política que alterou
a legislação, em 2017, aumentou consideravelmente o número de candidatos ao
legislativo com o fim da coligações que antes existiam (vereador, deputado
federal, estadual e deputado federal). Essas coligações, contudo, ainda
permanecem no caso de prefeito, presidente, governador, senador.
Mas, o que queremos mostrar não é
propriamente a importância do momento eleitoral. Essa é uma tarefa a que estamos
a costumados e ver, a ler e ouvir, seja nas Tvs, no rádio ou no jornal, e, nas
mídias eletrônicas ultimamente bastante exploradas pelos candidatos. Voltamos a
ser bombardeados diuturnamente pelos mesmos “chavões”, as mesmas promessas, a
mesma retórica, - ainda bem que o prazo encurtou – para alívio de nossas mentes
e corações.
Candidatos de todos os matizes prometem
enfrentar os problemas sociais, melhorar a
vida dos seus concidadãos. São poucos mesmo, os que, uma vez eleitos, mantem
seus compromissos de campanha. Não é de se estranhar, portanto, que na cabeça
de todo brasileiro ele reconheça que cada eleição não é nada mais nada menos,
do que uma nova oportunidade de ser ludibriado. É o que se pode chamar de crise
de representação política. Nossa democracia, não conseguiu até hoje se
instrumentalizar de mecanismos de controle dos cidadãos sobre os mandatos
daqueles que elegeram.
Ou que se elegerão nesse próximo pleito.
Não há formas eficazes de cobrança sobre as promessas não cumpridas, não há
forma de cobrança instituída. Em nossa democracia a política se restringe cada
vez mais a um jogo de “faz de conta” nas relações entre os poderes, o
Executivo, Legislativo e o Judiciário, deixando de lado a sociedade civil, que
só será chamada na próxima eleição, daqui a dois anos, ou seja, na próxima
eleição para escolher novos “representantes”.
Com raras e honrosas exceções, alguns
presidentes de Câmaras Municipais prestaram contas dos recursos recebidos, onde
e de que foram utilizados esses recursos. Alguns chegaram inclusive a restituir ao Executivo, recursos não totalmente
utilizados em suas necessidades. Aliás, para quem não sabe fica sabendo:
O valor do orçamento do
Legislativo em todas as Câmaras no Brasil – é estabelecido pela Constituição
Federal e corresponde 4,5% sobre a receita tributária ampliada do
município (menos a despesa com inativos). Como as verbas de órgãos públicos vêm
de impostos e estes são centralizados na conta da prefeitura, o que o Executivo
faz é repassar o valor que é da Câmara, conforme rege a Constituição em seu
artigo 168. Outro
ponto importante é que o sistema de duodécimo, como é conhecido esse repasse,
se repete nas esferas estadual e federal, ou seja, 1/12 avos das receitas
tributárias no orçamento do estado e da união têm de ser destinados aos legislativos
estadual e federal. Aliás, não só a eles: as verbas do Judiciário e do próprio Ministério Público também seguem este modelo e os
Executivos têm de fazer os repasses na forma do art.168: “Os recursos
correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos
suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do Ministério Público, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada
mês.”
Assis Chateaubriand comprou material da RCA para a TV Tupi-Difusora de São Paulo, mas comprou da GE a aparelhagem para a Tupi, a emissora que foi instalada no Rio, no mês de janeiro de 1951. Outros testes foram realizados pelas Emissoras Associadas. As imagens eram sempre experimentais. A princípio as transmissões eram realizadas em um estúdio improvisado, na Rua 7 de Abril, Edifício dos Diários Associados. Era ali que funcionava o Museu de Artes Assis Chateaubriand. Lá é que aconteciam as experimentações.
Em março de 1950 chegou o material da RCA ao Brasil. Foi feita a instalação da torre no alto do Edifício do Banco do Estado de São Paulo. E os estúdios, no bairro do Sumaré. A equipe artística estava se preparando para a inauguração da programação.
Em 15 de junho de 1950 foram realizados cinco shows experimentais de televisão, consecutivamente. Estava tudo pronto: os cenógrafos, os maquinistas, os iluminadores, os técnicos, o telecine, o elenco de radio-teatro associado, as bailarinas os diretores.
“- Rapidamente alguém avisou o Chateaubriand, que pegou um avião Constellation da Panair e foi imediatamente para os Estados Unidos, comprou 20 televisores e trouxe para o Brasil. Conseguiu também autorização do governo, que permitiu a importação de 200 aparelhos de televisão, para que fossem colocados em lugares estratégicos e, dessa maneira, pudessem inaugurar a PRF-3 TV Tupi Difusora de São Paulo, a primeira Emissora de Televisão da América Latina.
Foram os primeiros patrocinadores: Indústrias Alimentícias Carlos de Brito (Goiabada Peixe), Antarctica Paulista, Sul América
Seguros, Moinho Santista e Organização Francisco Pignatari.
A música Acalanto de Dorival
Caymmi foi executada para se despedir e encerrar a programação inaugural TV TUPI
em 18 de setembro de 1950;
O Hino da Televisão Brasileira foi escrito pelo poeta paulista Guilherme de Almeida, com música do
grande maestro Marcelo Tupinambá. Quem cantou foi Lolita Rodrigues substituindo Hebe Camargo que deixou de
comparecer no horário previsto. E
a letra era assim:
No teu chão Piratininga,
A cruz que Anchieta plantou;
Pois dir-se-á que ela hoje
Acena por uma altíssima
Antena,
Em que o cruzeiro
Pousou e te deu num amuleto
O vermelho, branco e preto
Das contas do teu colar,
E te mostra num espelho
O preto branco e vermelho
Das penas do teu colar.
(A TV era em preto e branco, mas, os últimos versos já preconizavam a TV em cores que viria tempos depois).
Fomos todos jantar e comemorar, uma maravilha! Aí no meio da festa o Cassiano virou pra mim e disse: Ó Lima, e amanhã, hein?
- Não temos nada para colocar no ar amanhã.
Ninguém tinha pensado na
programação do dia seguinte.
Chatô, o Rei do Brasil - continuação
A Revista Bula publicou: “O que Fernando Morais mostra, sem fazer discurso, é que, apesar de ser (quase?) um gangster, ele de fato contribuiu para a modernização da imprensa patropi, investindo a sério na melhoria dos seus veículos, sobretudo com a contratação de grandes profissionais, como Joel Silveira e David Nasser. Hoje, fala-se mais de Roberto Marinho, construtor do império Globo, e é justo que se fale do empresário que tornou “O Globo” um grande jornal e criou a TV Globo, a mais importante do país, claro, mas, com os dólares grupo Time-Life.
No caso de Chatô teve
que enfrentar tempos mais difíceis, com
um mercado privado ainda incipiente, o que criava uma relação promíscua entre
empresários e governantes (e também empresários). Não satisfeito em ser um
cidadão Kane do país, inclusive influenciando políticos — ele próprio era
político —, decidiu criar o Museu de Arte de São Paulo o Masp.
Aproveitando-se da crise na Europa, depois da Segunda Guerra Mundial o continente estava arrasado, Assis Chateaubriand criou e comprou quadros de pintores importantes por preços mais baixos. Ele pressionou empresários para que lhe dessem dinheiro para adquirir trabalhos de alguns dos maiores pintores da história. Vale observar que Fernando Morais, biógrafo de primeira linha, poderia ter contado apenas a história de um bandido da imprensa. Porém, ao nuançá-lo, mostra que, por trás do pequeno homem, quiçá um semigangster, havia um grande homem. Uma de suas lições, se é uma lição, é que se deve verificar de maneira mais ampla quem são as pessoas, limando preconceitos e julgamentos apressados".
Ainda vamos contar muita coisa protagonizada pela controversa figura de Chatô.
1906 O
norte-americano, H. H. C. Dunwoody patenteou um detector de cristal, a galena
(sulfeto de chumbo natural), que está na base deste tipo de receptor
radiofônico. A galena era ligada a uma antena por um arame fino, e o som
transmitido era captado pela antena, passava pelo cristal e era ouvido através
de fones de ouvido. No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, esse rádio de
fabricação artesanal foi bastante usado.
1920, uma estação montada pela Westinghouse, nos
EUA, iniciou o broadcast (transmissão de um emissor para múltiplos receptores,
como se dá hoje mais usualmente) no rádio, veiculando informes sobre a eleição
para presidente. O número de emissoras, em vários países, e de ouvintes começa
a crescer - é o início da "Era do Rádio". Alguns países adotaram o
monopólio estatal (principalmente na Europa), enquanto o modelo comercial
privado se consolida nos EUA e, depois, no Brasil. Já em 1925, os problemas
criados pelo crescimento das estações levaram à criação da "União
Internacional de Radiodifusão". O
rádio foi utilizado na Revolução de 1932, como meio de comunicação entre as
tropas. E também como instrumento de divulgação do movimento entre a população,
nas emissoras normais. Por isso, Getúlio Vargas procurou controlar essas
transmissões, na época.
1936 A
primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada em
1923 por Roquette Pinto, possuía preocupação educativa e cultural. Ela existe
até hoje, tendo se transformado, em 1936, na Rádio MEC
(http://www.radiomec.com.br/), conforme a vontade do fundador. Na trajetória de
Roquette Pinto, a preocupação em fazer com que os meios de comunicação
estivessem a serviço da educação foi constante. E estimulou muitas iniciativas
nesse sentido.
1938 Getúlio
Vargas compreendeu a importância da comunicação, e criou, em 1938, a Hora do
Brasil (depois, Voz do Brasil). No mesmo ano, 1938, a adaptação radiofônica de
A Guerra dos Mundos, feita por Orson Welles, criou pânico nos EUA.
1939 É
criado o Departamento de Imprensa Propaganda DIP pelo governo brasileiro.
Esse órgão
controlava o rádio no país e difundia o pensamento do regime. Após estatizar a
Rádio Nacional, em 1940, Vargas deu condições para que ela adquirisse a
liderança de audiência
No mundo
todo, como no caso do Brasil, o rádio passou a ser um instrumento de
mobilização popular. Hitler, Mussolini, De Gaulle (exilado na Inglaterra) usou
o rádio para mobilizar a Resistência Francesa,
Churchill, primeiro ministro inglês para convocar os ingleses. O Imperador
Hiroito usou o rádio para anunciar a rendição do Japão, após as bombas despejadas
sobre Hiroshima e Nagasaki. Exemplos similares ocorreram ao longo da história
mundial. Outro exemplo foi visto aqui no Brasil, com Brizola em 1961, quando
governador do Rio Grande do Sul na campanha pela legalidade garantindo a posse
do vice-presidente João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros.
1967, durante o regime militar, foi criado o
Ministério das Comunicações. Os presidentes desse período investiram bastante
no setor com o objetivo de "integrar o país" através de um sistema
nacional de comunicação. O Ministério das Comunicações é ainda hoje o principal
responsável pelas políticas públicas no setor. O governo federal conta ainda
com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL
1990 A Rádio Bandeirantes formou a primeira rede
nacional via satélite. E essa década foi marcada ainda pelo início da
propagação da internet e experiências, no exterior, do rádio no padrão digital.
Clubes de amigos e AS primeiras “PR” no rádio brasileiro (a respeito, José de Almeida Castro, fundador e
ex-presidente da ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e
Televisão ), escreveu: “O rádio nasceu no Brasil oficialmente no dia
7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da independência do país,
com a transmissão, à distância e sem
fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa, na inauguração da radiotelefonia
brasileira; Roquette Pinto, um médico
que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos. Acompanhava
tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de
Ciências a patrocinar a crtiaç~]ao da
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2.
A rádio só começou a operar, no entanto, em 30 de
abril de 1923, com um transmissor doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires,
instalado na Escola Policlínica, na então Capital Federal”. Explica ainda José de Almeida Castro: - “as primeira rádios chamadas de Sociedade ou
Clubes de amigos, em geral, e com o prefixo PR encantados com a sensacional
novidade. É o caso da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro a PRA-2. Contudo isto
não impedia que Oscar Moreira Pinto e um grupo de amigos fizessem transmissões
de sons e palavras em Recife, antes do Rio de Janeiro e proclamassem a sua Rádio
Clube de Pernambuco como pioneira. Oficialmente registrada depois como
PRA-8
Os famosos rádios “galenas” eram pequenos e
artesanais receptores de sulfeto de chumbo ao natural, que com uma antena de
arame fino captavam vozes e sons vindos pelo ar.
Em 1906, o norte-americano, H. H. C. Dunwoody patenteou um detector de cristal, a galena (sulfeto de chumbo natural), que está na base deste tipo de receptor radiofônico. A galena era ligada a uma antena por um arame fino, e o som transmitido era captado pela antena, passava pelo cristal e era ouvido através de fones de ouvido. No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, esse rádio de fabricação artesanal foi bastante usado.
Sobre o pioneirismo do rádio disse J Almeida Castro: “Nos meus oitenta anos de trabalho, muitas vezes me perguntaram sobre o início da radiodifusão e onde operou a primeira emissora. A resposta padrão passou a ser: nosso país não tem tradição de preservar a memória nacional. Por isso, as controvérsias vão sempre existir”.
Era uma vez um menino que amava fazer experiências. Seu nome, Philo Farnsworth. Ele vivia na pequena Beaner City, em Utah, Estados Unidos, nasceu em 1906. Morava numa cabana de madeira, ia à escola a cavalo, mas adorava estudar, pesquisar. Aos 12 anos, já morando com a família em Idaho, além de trabalhar no campo, prestava atenção aos fenômenos elétricos. Com 16 anos, e tendo conseguido um professor particular de química, foi aceito, a muito custo, pelos mórmons, em Provo, Utah, na Universidade Brigham Young, onde havia um centro de pesquisas. Philo falava a todos sobre suas ideias e sua teoria sobre a transmissão de imagens, mas não o ouviam. Um imigrante russo, de nome Wladimir Zworykin, engenheiro, o ouviu e acreditou no garoto. Zworykin trabalhava na Westinghouse e também pensava sobre aquele assunto, embora não o tenha revelado ao garoto. O tempo passou. Em 1927. Philo estava já com 22 anos, casado, sempre apaixonado por suas experiências, quando conseguiu num laboratório particular fazer a primeira transmissão de imagem eletrônica.
OS MALES DO BRASIL
Observamos a cada dia um total desprezo pelo
sentimento de brasilidade, há um distanciamento cada vez maior de convivência
coletiva, de formação cidadã e senso de amor a nação. Como reverter esse
cenário? Até a algum tempo falar mal do Brasil era moda, mas não passava disso.
Agora, o que vemos é um sentimento de descrença e indiferença às coisas que
dizem respeito ao Brasil. O brasileiro assistiu e sentiu e na pele ao longo dos
últimos anos a corrupção desenfreada público/privada, em todos os seus níveis,
resultando no maior escândalo jamais visto na nossa história. Mais de setenta
operações investigadas somente no âmbito da tal Lava Jato.
Nas esferas estaduais são incontáveis outras ladroagens
resultantes do convívio promíscuo entre as igrejas, imprensa e o poder político,
da venda de sentença e negociatas envolvendo as esferas do Executivo,
Legislativo e do Judiciário. Uma nação que se diz cristã mas, que tira de quem
não tem nada para dar a quem já tem. não pode ser um país cristão. Que gasta milhões para tratar de enfermidades provocadas pelo uso do fumo, e financia pelos seus bancos oficiais o plantio do fumo. Um país injusto, até em sua política
fiscal, onde o cidadão assalariado paga do seu minguado salário até 40% de
imposto nos produtos da cesta básica e um milionário paga somente 12% na compra
de um colar de pedras preciosas. Um professor que finge ensinar e um aluno que
finge aprender. Um médico que faz da missão de salvar vidas e se transforma em
“comerciante/empresário da medicina” – como já dizia há mais de 100 anos,
Bezerra de Menezes.
Um Estado que é dono
ou é sócio em empresas falidas - mais de 600 delas - aqui dentro e no Exterior,
não consegue desvencilhar-se delas. Olhamos ao redor e vemos uma massa de
jovens sem referência, ao bem mais caro de qualquer País, que é o respeito aos
valores cívicos e aos seus símbolos nacionais. Que estabelece um Estatuto da
Criança e da Juventude tratando em pé de igualdade a vítima de maltratos e aquele
que as pratica.
Que permite uma pessoa votar aos
15 anos e possa matar até os 18 anos. Desgraças e tragédias são tratadas como shows
de televisão para se ganhar audiência. Viu-se um menino que tinha sido morto, e
o outro que foi preso dizendo, como as televisões registraram: “Eu conheço os
meus direitos.” Quer dizer, qual é o direito dele? O direito de matar, de matar
até os 18 anos. Isso cria uma escola do crime, cria a convicção na consciência
delas da falta de respeito pela vida humana, que como criança é coisa natural
que elas possam dispor dessa irresponsabilidade.
Os criminosos têm seus direitos
declarados em muitos artigos da Constituição; as vítimas, só num. Os criminosos
recebem apoio financeiro do Estado, o auxílio-reclusão previsto no artigo 201,
E as vítimas? Nada! Nada, nenhum apoio, financeiro ou de outra natureza. São
pessoas que sofreram ou que perderam a vida, que desapareceram, que tiveram seu
destino cortado, o que se estende a famílias inteiras.
O Estado brasileiro ao longo dos
anos, não tem defendido as pessoas da morte e ainda por cima não apoia a
família dos assassinados. Há uma coisa no Brasil que é terrível: o criminoso de
homicídio pode se defender mesmo estando solto. Somos um dos poucos países do
mundo onde o homicídio ainda não é crime hediondo e se aplica a suavidade das
penas por este tipo de crime. Muitos são os crimes hediondos, mas tirar a vida
– e o bem maior que Deus nos deu é a graça da vida – entre nós não é crime
hediondo. Quer mais?
Uma pessoa pode cometer vários
crimes – vemos na mídia pessoas condenadas a 70 anos ou a mais de cem anos –,
mas o Código Penal manda que as penas sejam consideradas em conjunto e
reduzidas a trinta anos de prisão. E, nesses 30 anos, há a progressão, com a
qual, na realidade, cumprem-se cinco anos.
Jovens sem noção do que
venha a ser uma convivência civilizada, ou uma instituição chamada família.
Pergunte a qualquer jovem o que significa Família e
99,% lhe dirá – O que é isso? - Um país guiado pela permissividade sem limites,
agressividade moral e às vezes até física. Preconceitos e intolerância política
instrumentalizada, massificada diuturnamente pelos meios de comunicação, que - embora
concessionário de um serviço público - está a serviço de grupos internacionais
ou interesses escusos. Este ou aquele
que pensa ao contrário? Então é meu inimigo. Este ou aquele governante
adversário procura fazer a coisa certa? Não pode! Temos que conspirar para tudo
dar errado. Essa é a nossa triste realidade, infelizmente. Urge que essas
mazelas sejam corrigidas, enquanto é tempo.
O SEVERO José Varela
Talvez ninguém tenha retratado tão bem e em tão poucas linhas o exemplo de homem público e cidadão chamado José Varela, que o nosso admirado e sempre respeitado jornalista assuense João Batista Machado, nosso querido “Machadinho”. Reproduzimos abaixo, trechos do que escreveu Machado em 29 de dezembro de 1991, em um dos seus inúmeros perfis de políticos do RN e publicados aos domingos em O POTI.
“José Varela um exemplo de homem público
Nestes
tempos denúncias, corrupção, escândalos, superfaturamento, onde o Poder Público
está na berlinda e a opinião pública de olho nas compras e nos gastos do
Governo, é bom lembrar, até para servir de exemplo às novas gerações, o nome do
ex-governador José Varela, eleito após a redemocratização do País em 1946. Seu
governo foi marcado pela austeridade, honestidade e zelo no trato do dinheiro
público”. Continua JB Machado em sua
narrativa:
“José
Augusto Varela ou simplesmente Zé Varela, governou o Rio Grande do Norte como
se administrasse os recursos de sua própria casa. Na sua gestão, ninguém ousava
esbanjar dinheiro ou gastar mais do que o necessário. Seus adversários e até
alguns amigos não toleravam o seu zelo excessivo com o dinheiro público. Mas,
ele manteve-se assim até o último dia do seu mandato, foi um dos mais severos
governos do Estado.
Quando governou o Rio Grande do Norte nunca permitia que os seus filhos andassem de carro oficial. Usavam o seu carro particular. E nenhum deles ousava desobedecer à ordem paterna. Mordomia nem falar. Em sua casa, as refeições eram de uma família de classe média. Sem luxo ou ostentação. Um homem simples gostava da comida caseira do sertão. Outros trechos que enriquecem essa personalidade potiguar são descritos por Machado e colhidos em uma longa entrevista concedida ao jornalista.
“Quando
governador, convidou o presidente Eurico Gaspar Dutra a vir ao Rio Grande do
Norte. O senador Georgino Avelino, homem requintado e de bom gosto, comprou uma
caixa de vinho francês para o almoço que seria realizado no Grande Hotel. Ao
ser informado do alto custo das tal caixa de vinho, tomou uma atitude drástica:
- Ele vai almoçar na minha casa, um carneiro
assado que vou trazer da minha fazenda.
O Estado não pode fazer este tipo de gasto supérfluo. Ele vai comer o que eu como todo o
dia. E o senador Georgino Avelino que comprou o vinho que pague a conta. Disse
então a Machado: - “o presidente Dutra
achou ótimo o almoço e não se cansava de elogiar o carneiro que comeu. Apenas
Georgino passou uns meses sem falar comigo. Eu ainda disse ao presidente, num
Estado pobre como o nosso, ninguém tem o direito de fingir que é rico. O senhor
comeu hoje o que eu como todos os dias”.
Quando José Varela terminou o seu mandato, no outro dia voltou para o interior, para a cidade de Macau, “onde iniciou sua vida pública e profissional instalando seu consultório médico. Era ´único meio de vida que tinha para sustentar a família. Lá era simplesmente Dr. Varela o amigo de todos, que conhecia as ruas e os becos da cidade como a palma da mão.
Seus amigos do velho PSD (Partido Social Democrático) de Mossoró, se reuniram e deram-lhe de presente um visto automóvel “Plymouth” americano. ...”seis meses depois José Varela - vivendo em dificuldades financeiras, - reúne os amigos e diz: não posso manter o carro que vocês me deram. Por isso vim devolver o presente”. O carro foi comprado pelo Dr. Duarte Filho.
Conclui
Machado:
“apesar do seu jeitão ríspido e do rigor com o dinheiro público, José Varela foi deputado estadual, prefeito de Macau, deputado federal à Constituinte, governador, vice-governador, encerrou sua vida pública como Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Exerceu esses cargos importantes como se cumprisse uma missão. Um exemplo de homem público para as novas gerações. Um homem público que morreu com as mãos limpas”.
O LIBANÊS NASSYM
Nesses últimos dias, ouvi nos meus arquivos uma regravação do baião “Recordando o Líbano”, com solo de acordeon do falecido Noca, criação dos compositores Pedro Santos (Pedro Sorongo) e Ayrton Amorim. lembrei-me de um velho conhecido chamado Nassym, cuja família possui loja de confecções - de pai para filho - (claro), são libaneses. Essa explosão no porto de Beirute, no início deste mês (terça, dia 4) trouxe imagens de forte impacto para o mundo inteiro e em especial para os libaneses, a maior colônia deles está no Brasil. Um povo sofrido se não bastasse as guerras e outros conflitos que parecem nunca acabar, mas, é um povo que gosta de rir e de dançar.
Lembrar
essa velha amizade é fazer uma viagem no tempo: meados dos anos 70, do almoço
no sábado, - onde tudo começou - no restaurante “sujinho” batizado pelo pessoal
da redação da Folha. (feijão preto, arroz branco refogado, fumegante, temperado
com alho como só se vê em São Paulo). Depois era uma longa e estúpida caminhada
regada a conversa mole da Av. Barão
de Limeira até o Braz, - para fazer a
digestão, dizia - passando pelo parque Dom Pedro, Largo da Concórdia, Av.
Celso Garcia, ele ficava antes. Eu morava mais adiante, cruzamento com a rua
Bresser. Recordo de sua irmã, Séfora, uma jovem linda e extremamente educada,
de sobrancelhas grossas, belos e longos cílios que ornavam seus olhos castanhos, característicos das
mulheres do Oriente e aquele seu inseparável hijab (uma espécie de véu) ocultando o pescoço, as orelhas e os
cabelos dos curiosos, como eu.
A
escolha do nome seria para lembrar a donzela Séfora das escrituras? aquela - conforme vim saber depois - a
jovem que Jesus deixou encarregada de cuidar de Maria, sua mãe, quando Ele começou
a proclamação do Reino de Deus entre os homens. Séfora cuidou carinhosamente de
Maria até o término dos seus dias, no ano 54 da Era Cristã. Lembranças que o liquidificador do tempo
não consegue diluir.
“desculpas inúteis”
Diz filho de vítima de Cesare Battisti, se referido a Lula.
Ex-presidente da
República afirma que foi induzido por outro petista a acreditar na inocência do
terrorista italiano. Jura que não sabia!
Responsável por deixar Cesare Battisti viver anos no Brasil como
cidadão comum e inocente, Lula pediu desculpas aos familiares das vítimas do
terrorista italiano. Afirmou, contudo, que foi induzido ao “erro” por outro
petista, o então ministro da Justiça Tarso Genro.
“O Tarso Genro tomou a decisão porque achava que ele era inocente.
O Tarso Genro me disse o seguinte: ‘não dá para mandar ele embora porque ele
pode ser detonado na Itália e ele é inocente'”, disse Lula ao ser entrevistado
pelo canal do jornalista Fabio Pannunzio no YouTube.
Nesse sentido, Lula enfatizou que o seu aliado não foi o único a pedir pela não extradição de Cesare Battisti — que era condenado pela Justiça italiana a prisão perpétua por envolvimento em quatro assassinatos. “Toda a esquerda brasileira, todo mundo [da esquerda] defendia que o Battisti ficasse aqui”, complementou Lula, que tomou a decisão em favor do terrorista em seu último dia de mandato como presidente, 31 de dezembro de 2010.
O mea culpa de Lula não comoveu um dos filhos das vítimas de Cesare Battisti. Afinal, o condenado só voltou à Itália em 2018, quando o então presidente Michel Temer decidiu por sua extradição. Dessa forma, Alberto Torregiani ironizou a postura adotada agora pelo líder petista.
Em julho de 2009 foi saudado e amparado por parlamentares, recebendo status de refugiado. Créditos/Congresso em foco
“As desculpas de Lula? Melhor tarde do que nunca, mas são inúteis. Quero ver o que diz quem havia apoiado a sua decisão. Por que falar isso hoje? Para ser notícia? Deve ter suas motivações”, disse Torregiani em entrevista à agência de notícias italiana, Ansa. Prosseguiu o homem que é filho de uma das vítimas, o joalheiro assassinado pelo terrorista. Battisti confessou seus crimes ao voltar à Itália e está cumprindo a pena imposta pela Justiça italiana no presídio de Rebíbbia.
Em Roma sendo conduzido por policiais italianos.
Créditos Gregório
Borgia /AP/AE
Pacientes intencionalmente infectados
Em um
estudo relacionado, na década de 1940, médicos americanos infectaram
intencionalmente pacientes desavisados com doenças sexualmente transmissíveis
para estuda-las conscientes do problema público que isso poderia gerar, os
experimentos
foram realizados na Guatemala. Diz mais ainda
o texto consultado:
“De
1955 a 1976, no que ficou conhecido como The
Unfortunate Experiment (O experimento infeliz, em tradução livre), centenas
de mulheres com lesões pré-cancerosas foram deixadas sem tratamento para se observar se
desenvolveriam câncer cervical. Detalhes do estudo só vieram à tona após denúncias
de duas ativistas, Sandra Coney e Philida Buinkle”.
A
vacina contra pólio e muitos outros avanços médicos devem sua existência a
células humans que foram retiradas de Henrietta Lacks, sem o seu conhecimento
ou consentimento. Ela tampouyco recebeu indenização. A linga celular cultivada a
partir dessas amostras iniciais tem sido usadas em inúmeras pesquisas sobre
drogas, toxinas, vírus e o genoma humano.
Fui
mais a fundo no tema e descobri outro texto quando pesquisava sobre uma enfermidade
muito em voga e que levou a óbito a esposa de um amigo, o mal de Parkinson.
Vejam como uma coisa se ligou a outra:
Na
década de 1950, o médico Robert G. Heath foi pioneiro no uso de eletrodos implantados
no cérebro. O que pretendia ele com seus estudos? Um dos objetivos era alterar
a orientação sexual de uma pessoa. Mas, a tecnologia similar é usada no
tratamento para epilepsia e Parkinson no implante neural recentemente
anunciado.
Seria
até confortável, hoje, se pensar que essas práticas são coisas do passado e que
essa intimidade da medicina com a imoralidade pertence ao século 20.
Mas,
infelizmente, não é. Outra questão pode ser levantada é quanto a escolha desses
países onde são feitos os testes.
De
acordo com uma das denunciantes ativistas Sandra Coney, “sem dúvida, por dois motivos
principais, - nesses países em desenvolvimento a legislação é mais permissiva e
o risco de divulgação de resultados negativos é menor”.
Para concluir o nosso assunto:
De acordo
com um relatório publicado sobre empresas Multinacionais, revelou detalhes de
muitos desses ensaios antiéticos realizados na Índia, Nigéria, Rússia, Argentina
e Nepal, entre outros. O relatório revelou, as mortes não registradas de 14
mulheres em Uganda após testes com Nevirapine uma droga contra a HIV. Nas Índia,
em Hyperabad, morreram oito pacientes em um teste com a droga anticoagulante estreptoquinase
e nenhum deles estava ciente de que participava de um experimento.
Na Escóssia existe uma coleção de amostras de sangue de mais de três milhões de escoceses que atualmente está sob a guarda de órgãos governamentais e saúde. As amostras foram coletadas colmo parte de um teste de rotina realizados em todos os recém-nascidos para verificar uma série de condições genéticas. De 1965 até 2003 a permissão dos pais nunca foi solicitada o que significa que o banco de dados inteiro é legalmente questionável, - por conta da forma como coletado - mesmo que esse banco de dados represente um recursos precioso para os pesquisadores.
MARIA MADALENA
Pecadora?
É muito provável que você conheça Maria Madalena
como uma prostituta ou uma mulher pecadora, até porque foi assim que ela foi
retratada pela Igreja Católica entre os anos de 591 até 1969. Essa foi uma
escolha tomada pelo padre Gregório I, que utilizava o seguinte trecho bíblico
para falar dela:
“E eis que uma
mulher da cidade, que era uma pecadora, quando soube que ele estava à mesa em
casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo e colocou-se a seus
pés por trás dele, chorando, e começou a lançar seus pés com lágrimas, e os
enxugava com os cabelos de sua cabeça, e beijou seus pés, e os ungiu com o
unguento... E ele disse a ela: ‘Os teus pecados estão perdoados’.”
Por todo esse tempo, Maria Madalena foi essa mulher para a Igreja – e
também para as reproduções artísticas da narrativa bíblica, tais como nos
filmes A Última Tentação de Cristo (1988) e A Paixão de Cristo (2004), em que é representada
como uma adúltera.
Santa?
Apesar dessa roupagem negativa, Maria Madalena não foi vista como uma pecadora
por todos. Em algumas outras vertentes religiosas cristãs, a mulher seria a
esposa de Jesus e até a mãe de seu filho. Quem nutria esse pensamento eram os
cátaros, povo que vivia no sul da França durante a Idade Média.
Essa
hipótese foi pano de fundo do escritor Dan Brown ao escrever o livro O
Código da Vinci, em que narra um secreto relacionamento entre
Jesus e Maria Madalena retratado secretamente em obras do artista renascentista
Leonardo da Vinci.
Essa
teoria ganhou mais força em 2012, quando a historiadora Karen King, professora
da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, encontrou um pergaminho com
inscrições em copta, antiga língua falada no Egito, que trazia inscrições que
indicam que Jesus teria uma esposa. Após ir ao público e causar furor, porém, a
pesquisadora foi confrontada com a alegação de que o conteúdo era falsificado.
'A Madalena'
A formação do nome dessa mulher é um tanto quanto polêmica. No grego original
dos evangelhos, ela nunca é 'Maria Madalena'. Na verdade, ela é descrita como
'Maria, chamada Madalena', ou 'Maria, a Madalena', como se o segundo nome fosse
dado a ela como um título.
A
suposição que muitos pesquisadores fazem é que esse título seja referente à sua
origem, embora essa informação não conste no Novo Testamento. A hipótese é que
ela seja Maria, de Magdala, uma aldeia frequentemente descrita por viajantes
como um local insalubre, miserável e pobre.
A
aldeia de Magdala (Mejdal, em árabe), estava situada onde hoje é o Iraque, ao
noroeste das margem do mar da Galileia. O espaço existe até hoje e há de se
dizer que ele continua com as mesmas condições difíceis de outrora.
Porém,
mesmo precária, é possível que Magdala tenha sido uma cidade que floresceu e
prosperou durante a época de Jesus. Expedições e pesquisas arqueológicas que
estão acontecendo por lá atualmente dão indícios disso.
Hoje,
acredita-se que Magdala foi uma cidade helenística, fundada em 2 a.C por uma
dinastia judaica independente chamada hasmoneus.
Ao
lado de Jesus
Pode ser até que haja discordâncias sobre Maria Madalena ter sido esposa ou não
de Jesus, mas é unânime que ela foi, ao menos, uma grande companheira do
profeta. Conforme relata Haag em sua obra, a mulher esteve com Jesus na
Galileia, enquanto ele anunciava o reino de Deus aos seus discípulos.
Ela
também o acompanhou quando ele e seus discípulos viajaram para Jerusalém e
ingressaram na cidade santa; e até quando os romanos pregaram o corpo de Jesus
na cruz.
Maria
Madalena também acompanhou o transporte do corpo para a tumba e foi ela quem
avistou, no terceiro dia, que o túmulo estava vazio. De acordo com a tradição
cristã, foi Maria Madalena quem testemunhou a ressurreição e recebeu a primeira
aparição de Jesus.
Apesar
de toda essa importância, ela é mencionada pelo seu nome apenas 14 vezes na
Bíblia.
“Como
mulher e companheira de Jesus, ela é a única pessoa perto dele nos momentos
críticos que definem seu propósito, que descrevem seu destino e que darão
origem a uma nova religião; ela ajuda a apoiar Jesus em suas obras, é
totalmente destemida e é uma mulher de visão. Sua personagem detém o segredo de
seu nome. No início há Jesus e Maria, chamada Madalena”, escreve Haag.
A
cura dos enfermos
A primeira vez que Maria Madalena é citada nas escrituras bíblicas é quando
Jesus está empreendendo sua viagem pela Galileia e algumas mulheres chegam até
ele para serem curadas. Uma delas é Maria Madalena, de que saem sete demônios,
como escreve o discípulo Lucas.
É por
conta desses 'sete demônios' - (olha o “sete”
de novo na história, já citado nas nossas “ Curiosidades no blog) - que saem de dentro de si que
Maria Madalena passou a ser associada como uma mulher impura e atormentada. No
entanto, conforme explica Haag, esse termo 'demônio' é utilizado ao longo de
toda a escritura bíblica para narrar episódios em que Jesus trata de enfermos.
Os demônios saiam e a pessoa ficava saudável de novo.
Participação
de mulheres
Após ser tratada, Maria Madalena decide acompanhar Jesus e seus apóstolos
ajudando-os com cuidados e alimentação necessários para dar prosseguimento à
jornada. Junto a ela ia também outros indivíduos do sexo feminino, como Joana,
Suzana e outras mulheres, conforme descreve Lucas em seu Evangelho.
Ao
integrar o grupo, Maria Madalena é citada em alguns poucos episódios, porém,
mesmo que curtos e breves, eles trazem dicas que indicam um pouco sobre sua
vida, seu caráter e seu relacionamento com Jesus.
Exemplo disso é o episódio durante a semana da Páscoa, em que Jesus e seus
discípulos estão em alojamentos em Betânia e uma mulher entra com um vaso de
alabastro e unguento de grande valor e derrama sobre a cabeça do messias.
Diversos Evangelhos descrevem a situação, mas nunca citam o nome da mulher
misteriosa, que é Maria Madalena.
Outro
caso é durante a Última Ceia, quando Jesus e seus apóstolos estão realizando o
banquete final. De acordo com Haarg, não há nenhuma razão para não crer que as
mulheres que empreendiam a viagem para o reino de Deus também não estivessem
ali participando do jantar.
À
frente do tempo
Como citado anteriormente, Maria Madalena e outras mulheres acompanharam Jesus
e seus discípulos ao longo das viagens pela Galileia.
No
entanto, para que Maria Madalena e essas outras personagens femininas pudessem
empreender a trajetória para a criação do reino de Deus, elas teriam que ser
radicas e burlar as regras estabelecidas para mulheres durante aquela época,
pois não havia condições para que elas pudessem participar daquele movimento,
exceto se pudessem viver de forma independente de seus laços familiares.
"As restrições
sobre as mulheres judias na Palestina eram bastante severas na época de Maria
Madalena, momento em que o judaísmo esteve mais ferozmente empenhado na luta
para preservar sua identidade contra as influências da cultura helenística
[...]. As mulheres judaicas da Judeia e da Galileia estavam sujeitas a
interpretações cada vez mais rigorosas da Torá e a regras ainda mais
elaboradas", descreve Haag.
A sociedade da
Palestina durante o século primeiro era uma das mais patriarcais e
conservadoras de todas, de forma que era muito difícil para uma mulher ter uma
vida independente.
Em grande parte, as
mulheres judias estavam restritas às tarefas domésticas e legalmente,
propriedade dos homens: de seus pais enquanto não eram casadas, depois passavam
a ser de seus maridos. Elas não tinham autorização para receber educação e caso
precisassem de alguma renda para complementar os recursos do lar, elas deveriam
realizar atividades domésticas.
explicação do
historiador judaico-romano Josefo, do século primeiro, diz muito bem sobre
isso: “A mulher, diz a lei, é em todas
as coisas e inferior ao homem. Deixem-na, portanto, ser submissa, não para sua humilhação, mas para que ela possa ser dirigida;
porque autoridade foi dada por Deus para o homem".
Assim, uma das únicas formas prováveis
para uma mulher ser independente financeiramente naquela época seria o divórcio
(por parte do homem) ou a viuvez, principalmente se a mulher pertencesse ae uma
família de classe alta.
Visto isso, para que Maria Madalena e essas outras mulheres participassem desse
movimento, elas eram independentes financeira e socialmente. Haag também
acrescenta e diz que foram elas quem sustentaram a viagem de Jesus e dos
discípulos com seus próprios recursos financeiros. Eram elas que
providenciaram a alimentação do grupo, as roupas e tudo o que fosse necessário
para a manutenção das viagens. Para isso ser possível, muitos historiadores
acreditam que Maria Madalena advinha de uma família abastada.
Casamento
de Maria Madalena?
Foi em uma festa de casamento em Caná, na Galileia, em que Jesus realizou seu
primeiro milagre: transformou água em vinho.
Não é
mencionado nas escrituras quem é casal que estava realizando a comunhão, mas
alguns comentaristas bíblicos, historiadores e o teólogo São Jerônimo, do século 9, acreditam que o casamento é de Maria Madalena e João Evangelista, o
autor do quarto evangelho.
Segundo
é contato nas escrituras, João Evangelista é conhecido por ter abandonado sua noiva para unir-se à Jesus e
anunciar o reino de Deus, tornando-se um dos 12 discípulos do messias.
Mas há
também indícios no Evangelho de João de que o casamento era do próprio Jesus com Maria Madalena.
De
acordo com Haag, não seria incomum imaginar que Jesus fosse casado, até porque
era difícil um homem da idade dele não ter uma companheira naquela época.
"Jesus
era descontraído em relação a abluções rituais e dieta; [...] gostava de
comida, bebida e boa conversa; era espirituoso e afiado; sentia-se à vontade
com as mulheres e se autodepreciava; mas tinha uma intensidade e uma aura que o
faziam muito atraente. Fossem Jesus e Maria Madalena casados, isso explicaria a
intimidade entre eles, sua companhia constante, sua presença na crucificação e,
sobretudo, a sua visita à tumba no terceiro dia levando especiarias para ungir
seu corpo nu, uma tarefa assumida por uma esposa", escreve Haag.
Após a ressurreição
Um dos episódios mais emblemáticos e que indica uma relação próxima entre Maria
Madalena e Jesus acontece após a crucificação.
Após
presenciar o ato, é Maria Madalena quem vai visitar a tumba passados três dias do episódio.
Seu
retorno ao túmulo de Jesus faz parte de uma antiga tradição judaica de se
conferir se o morto estava realmente morto. Porém, além de fazê-lo, seu outro
propósito da visitar era ungir o corpo de Jesus.
“No terceiro dia, ela foi à tumba para ungir o corpo de um
homem nu, algo que nenhuma mulher poderia fazer a não ser que fosse um parente
muito próximo. Jesus tinha uma mãe, ele tinha irmãs, tinha outros parentes,
qualquer um dos quais poderia ter realizado esses deveres familiares. No
entanto, foi Maria Madalena quem foi até a tumba no terceiro dia”, escreve o
historiador.
Logo
após ir de encontro à tumba de Jesus e não encontrar seu corpo, Maria Madalena
se depara com um jardineiro que na verdade é Jesus reencarnado.
Esse é
o último momento em que ela aparece nas narrativas bíblicas e é a última vez em
que se ouve falar de Maria Madalena. Ela não aparece mais na Bíblia, nas
epístolas de Paulo e no Livro dos Atos dos Apóstolos Só se tem outros sinais do
paradeiros e da vida de Maria Madalena em Evangelhos posteriores.
Versão
oficial
No ano de 591 d.C, o padre Gregório pronunciou na Basílica de São Clemente, em
Roma, a identidade que Maria Madalena iria assumir na visão da Igreja e que
perduraria por muito tempo: a de uma prostituta, uma mulher pecadora, uma
figura submissa e cheia de arrependimento. Ela seria o oposto da mãe de Jesus,
Maria, virgem e pura.
No
entanto, para correntes gnósticas, Maria Madalena foi retratada como uma mulher
visionária e herdeira de luz. Em alguns dos evangelhos gnósticos, ela assume um
papel de líder diante dos outros apóstolos; ela é o discípulo que Jesus mais
ama o único que compreende a verdadeira natureza e ensinamentos do mestre.
Em
particular para os gnósticos cátaros, Maria Madalena era uma figura pecadora,
mas que é perdoada por Jesus e adorada por ele. Isso é descrito no
manuscrito A Legenda Áurea,
escrito em 1275 pelo bispo Jacobus de Voragine, de Gênova.
Voragine
a descreve exatamente como aquilo que foi estabelecido pelo papa Gregório: ela
é pecadora, e sua vida é baseada em culpa e arrependimento. Mas, ele se baseia
em outra tradição. A Maria Madalena de Voragine era de origem nobre e seus pais
eram descendentes de reis, de forma que a mulher seria herdeira de uma parte
considerável de Jerusalém. Mas Maria Madalena se entregou “totalmente aos
prazeres da carne” e seu nome foi esquecido, passando a ser chamada de ‘a
pecadora’. Porém, isso muda após conhecer Jesus.
“O que
Voragine diz é que depois que Maria
Madalena se jogou aos pés de Jesus na casa de Simão, o fariseu, e depois que
perdoou seus pecados e expulsou dela os setes demônios, Jesus a inflamou de
amor por ele. Ela viajou ao seu lado e cuidou de suas necessidades em todos os
momentos. Parou junto dele ao pé da cruz, e na sua ressurreição ele apareceu a
ela e fez dela o “apóstolo dos apóstolos”, escreve o historiador Haag.
Nessa
tradição cristã francesa, após a crucificação de Jesus, Maria Madalena navegou
até Marselha, onde convenceu o governador da província a destruir templos
pagãos e construir igrejas.
Porém,
para o Vaticano, Maria Madalena foi retratada como pecadora até 1969, ano em
que a Igreja Católica Romana deixou de reconhecê-la como uma mulher impura e
decretou que ela seria venerada como um discípulo. No entanto, sem nenhum
pedido de desculpas ou lhe garantir o devido destaque histórico que
merecia.
À respeito desse assunto vou tentar resgatar o velho amigo Yassim, amizade de quase 50 anos, - um paulistano filho de libaneses, - pela Internet. Há cerca de 6 a 8 anos perdemos contatos pelos e-mails. Ele residia na Cisjordânia ou (ainda reside?). É um estudioso de escritos antigos do seu povo.
O DIA EM QUE RECIFE QUASE SE ACABA
Era 1h30
quando um dos três tanques com gás CLT a bordo explodiu e a embarcação pegou
fogo. As chamas chegaram a 20 metros de altura e o Corpo de Bombeiros não
conseguiu conter o incêndio. O maior temor era que o Parque de Tancagem fosse atingido. Caso isso acontecesse, a
explosão destruiria tudo em um raio de cinco quilômetros, atingindo os bairros
do Recife, Santo Antônio, Boa Vista, Brasília Teimosa e Pina.
O comandante do navio
avisou que a explosão era inevitável em seguida abandou o navio junto com todos
os tripulantes e a partir daí o centro histórico área boêmia com dezenas de
bares, boates etc. começou a ser evacuado prestes
de ser varrido do mapa. Depois de afastar outros petroleiros que estavam
à frente do “Jatobá”, Nelcy prendeu um rebocador à frente do navio sinistrado e
o conduziu, em chamas, até o mar, numa distância de seis quilômetros da costa.
O incêndio no “Jatobá” ainda durou 15 horas, em alto mar. Passados exatos 35 anos, a história do salvador da
cidade ainda é pouco conhecida dos pernambucanos.
O então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, foi acordado na madrugada
para deixar o Palácio do Campo das Princesas, situado a mil metros em linha
reta do cais. Acionados, os bombeiros só dispunham de duas viaturas pequenas e sem
água suficiente para combater as chamas.
Anos depois ele recordou do
episódio:
“O comandante do corpo de bombeiros
me disse que um dos tanques do Jatobá explodiu. A potência havia sido tão
grande que arrombou o portão de ferro do armazém A-1, onde estava atracado. A
questão era arranjar um rebocador. Nelcy se prontificou” - relatou.
“O
prático chegou ao porto e primeiramente, ele afastou um navio norueguês que
estava a 200 metros do Jatobá e que também carregava produtos inflamáveis.
Depois, cortou duas das nove cordas que prendiam o petroleiro ao armazém.
Então, levou a embarcação para quatro milhas (cerca de seis quilômetros) da
costa.”
Quando
voltou à terra, recebeu uma medalha. Em 2003, foi colocado um busto no Parque
do Marco Zero, mas, depois, a imagem foi
guardada por causa da reforma do porto e esquecida. Em, 2004, a Câmara
Municipal deu o nome de Nelcy ao terminal marítimo de passageiros. Nelcy morreu cinco anos após o
grande incêndio.
O busto foi
recolocado no Terminal Marítimo de Passageiros e tem 80 centímetros e 25
quilos. A peça passou por uma reforma e a esperança é de que ajude a lembrar o
grande ato de coragem.
O REINCIDENTE SIQUEIRA
Quando o assunto é corporativismo, o Brasil é outro campeão,
infelizmente. Depois de cometer 43 ações condenáveis e em desacordo com a
função pública, todas elas devidamente caracterizadas apuradas e julgadas, não
resultaram em nenhuma condenação e ao recordista infrator, que saiu ileso de
todas.
Nesse caso atual, que se encaixa como o 44º em que se viu
envolvido o desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São
Paulo, alguém acredita que resultará em alguma sentença diferente?
Vamos esperar chegar o dia 25 próximo, data marcada pelo
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quando se dará a sessão de julgamento do
caso amplamente divulgado pelos meios de comunicação, quando o tal
desembargador se recusou a usar máscara, quando caminhava pela orla de Santos,
em SP e, aproveitou o embalo para humilhar o guarda civil que o abordou.
Esse silêncio do Tribunal de Justiça de SP (TJSP) é de
desconfiar. Siqueira foi denunciado também pelo Ministério Público
daquele Estado. Há quem aposte que desta vez se dará o afastamento imediato do
desembargador de suas atividades naquele colegiado. Com todos os salários e outros benefícios assegurados por lei, e, que não são poucos. Foi ou não foi crime de
“carteirada” previsto na Lei de Abuso de Autoridade?
A MAIS ANTIGA
REPÓRTER DO MUNDO
MANUELA AZEVEDo Um nome se destacou no jornalismo mundial no século XX, dentre tantos outros de renome. Faleceu em 2017, aos 105 anos. A portuguesa Manuela de Azevedo, foi pioneira na sua profissão, em seu país e a mais antiga repórter do mundo, de acordo c om o Museu da Imprensa. Foi jornalista do “Diário de Lisboa” e disfarçou-se de criada para entrar na intimidade do rei Humberto, da Itália, quando este estava exilado em Sintra, Portugal. O resultado foi uma reportagem que ultrapassou as fronteiras do país repercutindo em toda a Europa.
Outro
nome de destaque no jornalismo feminino do país-irmão. Fernanda Reis (foto abaixo). Atuou na imprensa brasileira, no
jornal “O Globo”, sendo enviada em 1952, para fazer a cobertura da guerra da Coréia,
durante a guerra com o avião em chamas, teve que pular de paraquedas para escapar da morte. Cursou
medicina até o segundo ano, mas, preferiu a vida de aventuras e desafios como
repórter de campo. Saiu de Portugal para o Brasil em circunstâncias
conflituosas com o governo do ditador Salazar e sob ameaça da PIDE – (Polícia
Internacional de Defesa do Estado), órgão responsável pela repressão de todas
as formas de oposição ao regime então vigente. A PIDE estendeu suas atividades também
na fiscalização de estrangeiros e de fronteiras.
A vida
e a trajetória desses nomes de peso da imprensa portuguesa e mundial são
contadas no livro do jornalista Gonçalo Pereira Rosa, “O
Inpector da PIDE que Morreu Duas Vezes” . O livro resgata em suas 300
páginas, 26 histórias vividas pelos profissionais de imprensa naquele país.
“O conhecimento serve para encantar pessoas, não para humilhá-las”.
A frase é de Mario Sergio Cortella, - aquele de fala diferente - um dos pensadores contemporâneos mais
celebrados do Brasil. Conhecido por sua capacidade em transformar ideias
filosóficas em coisas simples. Substituiu na condição de secretário-adjunto, o
advogado Paulo Freire, na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo,
no governo de Luíza Erundina, com muita competência.
Paulo Freire
NO 14º Ri
Sobre o celebrado
Paulo Freire, um fato interessante ocorreu nas dependências do histórico 14º
Regimento de Infantaria, em Socorro, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife,
onde estava preso após o movimento militar de 1964.
Uma tarde conversava com um capitão, quando este lhe fez um
pedido:
—
Professor, o senhor não podia aplicar seu método de alfabetização com os nossos
recrutas? Há muitos deles analfabetos e era um grande serviço que o senhor
prestaria a eles e ao país enquanto estivesse aqui.
— Mas,
meu caro, é exatamente por causa do meu método que estou preso!
Setenta
dias depois de preso, Paulo Freire foi exilado para a Bolívia, depois para o
Chile em seguida abraçado pelo mundo.
Seu primeiro livro Educação
como prática da Liberdade, foi publicado no Brasil em 1976, com ele
ainda no exílio, e ainda durante o regime militar no período da abertura lenta e gradual, do general
Ernesto Geisel.
Em nome da Ciência
Das missões Apollo a novos medicamentos para HIV, alguns avanços científicos foram obtidos em meio a condições antiéticas e até ilegais.
Devemos fazer as pazes com o uso destas descobertas?
Para os cientistas de Hitler, campos de concentração
eram fábricas de cobaias humanas, tudo em nome da ciência. O comportamento antiético e imoral sempre
contaminou o ambiente científico, ontem hoje e sempre. A física, a biologia,
medicina, zoologia, imunologia, antropologia, genética, nutrição, engenharia.
Queiram ou não, todos esses campos convivem com descobertas que podem ser
encaradas como ilegais, desumanas ou no mínimo antiéticas.
E quando esses dados têm valor ou grande
utilidade para salvar vidas? O que
fazer?
Várias descobertas na Alemanha nazista foram
aproveitadas pela forças aliadas, por
exemplo, armas químicas como o tabun e o gás sarin, a cloroquina antimalárica,
a metadona e as metanfetaminas.
As pesquisas médicas relacionadas em
hipotermia, hipóxia, desidratação e outros experimentos em seres humanos em
campos de concentração.
Na Alemanha, antes da guerra, nenhum país se igualava a ela quanto ao avanço da química. O país que inventou a aspirina e a novocaína (anestésico usado por dentistas) desenvolveu fertilizantes além de corantes artificiais.
Cigano vítima das experiências médicas nazistas para transformar água marinha em água potável. Campo de concentração de Dachau, Alemanha, 1944 Vítima de uma experiência "médica" nazista sendo forçada dentro de um recipiente com água quase congelada no campo de concentração de Dachau. O monstruoso "médico" das SS, Sigmund Rascher, supervisionava pessoalmente o experimento. A partir de 1942.
Os prisioneiros eram infectados e inoculados
com doenças contagiosas como a malária, tuberculose, febre amarela, febre
tifoide, hepatite infecciosa. O campo de Ravensbrueck foi um dos locais de
experiências cruéis, - acrescente-se ainda,
os perigosos gases fosgênio e o efeito mostarda, muitas vidas foram
sacrificadas para testar a eficácia de um novo medicamento - a sulfa
(sulfanilamida) em infecções provocadas.
Avanços tecnológicos durante o domínio nazista,
foram amplamente aproveitados no após
guerra., é o caso de aglomerados de madeira, formas de borracha sintética e o
refrigerante Fanta.
- “Eu não queria ter de usar os dados nazistas.
Mas, não existem outras opções, nem existirão jamais num mundo ético” – essa
afirmação do médico John Hayward da Universidade canadense de Victória.
Foram em seis campos de concentração onde mais se praticou esses experimentos. Vamos citar apenas dois deles:
Vítima de uma experiência "médica" nazista sendo forçada dentro de um recipiente com água quase congelada no campo de concentração de Dachau. O monstruoso "médico" das SS, Sigmund Rascher, supervisiona o experimento. 1942.
Auschwitz-Birkenau (abril de 1940 a
janeiro de 1945) Número de mortos – 1milhão e 100 mil pessoas a 1,5 milhão. Experiências – Inalação e ingestão de gás de mostarda;
infecção forçada pelo vírus da hepatite; fuzilamento com munição envenenada.
No campo de concentração de Natzweiller-Struthof (maio de 1941 a setembro de 1944) Número de mortos – 25 mil. Experiências – Utilização de prisioneiros como “viveiros” de bactérias e vírus como os de tifo, varíola, febre amarela. Número de mortos confirmados 25 mil

Breve vamos
conhecer algumas das recentes pesquisas antiéticas no mundo. (deixando de lado o Covid).
Operação Paperclip
Originalmente chamada
de Operação Overcast, a Operação Paperclip foi
o nome de código da operação realizada pelo serviço de inteligência militar
dos Estados Unidos para cooptar e levar aos
Estados Unidos cientistas especializados em foguetes (V-1, V-2),
eletro-gravitação, armas
químicas, e medicina da Alemanha com o colapso do nazismo após
a Segunda Guerra Mundial. Os russos também
não perderam tempo, mas ao americanos tomaram a iniciativa primeiro mesmo
durante o curso da guerra.
Apesar de não se qualificarem para um visto de entrada nos EUA, em vista de muitos deles terem haviam servido a causa nazista durante a Segunda Guerra Mundial, esses cientistas dentre eles Wernher von Braun (o pai dos foguetes Saturno o mais potente já a humanidade já viu, criado especialmente para o programa lunar norte-americano. que aparece em pé, na primeira fila, é o 11º da esquerda para a direita na foto foi o criador também dos mísseis V-2 alemães usados na Segunda Guerra Mundial) e suas famílias foram secretamente levados para os Estados Unidos, com o conhecimento e aprovação do Departamento de Estado norte-americano.
O objetivo desses julgamentos posteriores de médicos e enfermeiros apontaram aqueles que realizaram experiências as mais terríveis que se possa imaginar em seres humanos – crianças e adultos. Assassinato de deficientes físicos e mentais alemães além de outros milhares de prisioneiros de diferentes nacionalidades. Dezesseis foram julgados culpados, dos quais sete foram sentenciados à morte. Breve vamos abordar esse tema. (a questão ética quanto ao uso desse legado nazista para o conhecimento médico científico).
Foto do
Saturno – um brutamontes de 111 metros de altura responsável pelo 13 lançamentos
entre 1967 a 1973. O Saturno V podia levar 118 toneladas para órbitas “baixas”,
identificadas pela sigla LEO (Low Earth Orbit). Estas órbitas se
encontram entre 350 e 1400 km acima da superfície da terrestre.
Em
julho de 1969, dois astronautas conseguiram, pela primeira vez, pisar em um
corpo celeste fora da Terra, a Lua. A viagem à Lua é considerada como a maior
aventura do Século XX, e custou nada menos que 25 bilhões de dólares em 1969, o
que corresponde, em valores atualizados, superiores a US$ 100 bilhões.
RAQUEL DE QUEIROZ
A coluna Ultima Página - Era a última página mesmo da histórica revista semanal, O Cruzeiro – dos Diários Associados, o maior fenômeno editorial brasileiro em todos os tempos - aguardada com ansiedade pelos milhares de leitores. Do mesmo modo que as páginas centrais de David Nasser, da charge “O amigo da Onça”, do cartunista Péricles, o “Pif Paf”, de Millor Fernandes, com suas críticas e ironias irreverentes. Na Última
página edição de 3 de outubro de 1959, escrevia Raquel de
Queiroz (mantida a ortografia original) |
O cego Aderaldo Às
três horas da tarde, no pátio da fazenda, o sol é tão forte que encandeia;
por sôbre o mato zarolho sobe para o céu um brilho trêmulo, feito da luz
devolvida que bate no chão e volta para onde veio, como se a terra fôsse um
espelho. O
jipe freou defronte à cancela, espantando uns pintos e a cachorra Baleia com
o seu filho Trairi. E do banco da frente do carrinho se levantou um velho
alto, de peito largo, chapéu desabado sôbre os óculos escuros. Segurando-o
pela mão, um môço moreno, de bigodinho, foi-lhe dirigindo os passos, como
quem traz um menino. Saltaram
tôdos das rêdes onde cochilavam ao mormaço e, com emoção e alvoroço, correram a receber aquêle
que chegava. Pois o homem que atravessava o terreiro, sorrindo e saudando com
sua grande voz de peito, era uma espécie de príncipe, talvez o último
sobrevivente dos grandes cantadores - o cego Aderaldo. Pelas
casas dos moradores a notícia da visita se espalhou com incrível rapidez, -
parecia até, Deus me perdoe, que pousara em cima do meu alpendre uma estrêla
de Natal. Os homens largavam a enxada nos roçados, as mulheres deixavam o
milho no pilão, esquecendo o pão e a hora da janta. E foram-se chegando de
mansinho, homens e velhas, môças e meninos, e quando se deu fé, o terreiro e
o alpendre estavam cheios de gente, e Aderaldo, sentado na cadeira de lona,
dava a sua grande risada e contava causos e desfiava motes e depois pegava no
grande violão e cantava e rememorava desafios, e fazia, como é de praxe, a
louvação dos presentes. Foi aí que êle comprou para sempre o coração da dona
da casa, porque enxergando-a apenas com os espirituais olhos de cego, disse,
num remate de sextilha, que ela era “maneira como uma abelha... ”O
povo da cidade grande não pode fazer idéia do que é o renome e a grandeza de
um cantador. Êle é a voz cantadeira de tôda uma gente que não tem outra forma
de expressão própria, que não lê nem escreve e, na sua necessidade de poesia
e comunicação, fala e se entende pela bôca do cantador. Êle é o lírico, o
épico, o noticioso, o cômico. Não são o jornal nem o rádio que informam o
povo da morte de Lampião, da guerra na Europa, do suicídio de Getúlio, da
subida ao céu do Padre Cícero. Ou antes, o rádio e o jornal informam, mas as
gentes só dão crédito e importância depois que o cantador confirma. Ano
passado os poetas populares já estavam explicando nas feiras as proezas do
sputinik, e agora já estarão pondo em versos o bombardeio da Lua, para o povo
acreditar. O
povo lhe dá crédito, como lhe dá amor, porque o cantador é um dêles, é a sua
testemunha, ao mesmo tempo que o seu poeta - a sua consciência lírica, a sua
voz de protesto ou de queixa. As mulheres choram quando o escutam, os homens
ficam pensativos. E só se entende que o cantador viva pobre e morra pobre
porque a sua gente só tem para repartir com êle a mesma pobreza, também.
Sendo que o pouco que podem dar lhe permite viver vestido e calçado, - e para
êles isso já é abastança. Aderaldo
canta de si e dos outros, conta a infância, a mocidade, a cegueira. Perdeu a
luz dos olhos aos dezoito anos de idade, a trabalhar numa máquina que de
repente lhe lançou no rosto uma lufada de vapor quente. Depois de cego,
recusando-se a pedir esmola, como outros cegos fazem, lembrou-se de que
carregava um poeta dentro do peito, arranjou uma viola e se fêz cantador. E
cantando continua até agora, desde aquêles fatais dezoito anos até os oitenta
e um de hoje Aí, porém aconteceu uma tragédia: a pequena casa onde o
Aderaldo morava em Quixadá, “coberta de Jitirana, cheia de flor em botão”,
pegou fogo, foi-se embora. E o incêndio comeu também o projetor de cinema, os
filmes, tudo. Desolado, sem teto, o poeta desistiu da subscrição, que já não
tinha sentido. Os pouco contos de reis obtidos, deixou-os no banco onde
estavam - “ficam para o meu entêrro...”. Um deputado, seu admirador, doído
daquela má sorte, obteve para o cantador uma casa da Fundação da Casa
Popular, Tudo
isso êle contou e cantou, mais rindo do que chorado, porque tem a tristeza
alegre. Quando partiu - o jipe fôra emprestado por um amigo, precisava chegar
ao Quixadá antes da noite - nos deixou comovidos e tontos, como se a gente
houvesse podido entrever, na sua profundidade natural, o escondido e singelo
mistério do mundo. E se o corpo, o triste corpo de carne, nos continuava
pesado e pregado ao chão, o coração aligeirado, contente, cantante, estava,
êle sim, leve e inocente - “maneiro como uma abelha”... |
FLAVIO ROCHA: “vivemos num camelódromo digital”
Após
essa acelerada digitalização que o mundo está experimentando agora nesta fase e
na próxima, a chamada pós-pandemia não teremos outro caminho senão a
modernização na cobrança de imposto. Muitas empresas que adotaram o sistema de
Delivery para escapar ou, melhor, para sobreviver dificilmente deixarão de
fazê-lo. Veio para ficar. Diante dessa nova realidade a de se modernizar o
sistema tributário.
A
esse respeito transcrevo algumas colocações feitas pelo empresário Flávio
Rocha, presidente da Riachuelo em recente entrevista ao programa “Jornal Gente” da Rádio Bandeirantes de São Paulo :
“Esse
sistema antiquado de o Estado rastrear o deslocamento físico de cada mercadoria
conferindo nota fiscal, com barreira fiscal na beira da estrada não tem mais
espaço. O que está acontecendo no mundo nas últimas oito semanas é uma
transformação prevista para ocorrer em cinco anos, pelos economistas”. Exige,
pois, a simplificação e uniformização dos impostos, há muitos anos defendida pelo
então deputado federal, Flávio Rocha. Foi uma antevisão do futuro, e, que mais
cedo ou mais tarde iria que acontecer.
“Hoje cada transação econômica,
cada compra cada venda, cada entrega na porta pelo mototaxi, ou malote do
mercado eletrônico envolve uma operação e uma representação eletrônica
financeira que é um débito e um crédito, muitas cadeias produtivas estão indo
para as nuvens, estão se desmaterializando. Nesse mundo eletrônico não tem mais
como você conferir quantos livros um caminhão vai levando”.
Considerou ainda que o sistema
tributário foi criado num tempo em que a mercadoria era visível, agora não é
mais. Vivemos num “camelódromo digital”.
É a tecnologia unindo 11 milhões de “camelôs” que não sabe o que é uma nota
fiscal e na outra extremidade 50 milhões de consumidores. No final, são
trilhões de combinações digitais e o governo atônito sem saber rastrear esse
tipo de transação, (o que os economistas chamam de economia pulverizada, micro
partículas, economia atomizada).
“O Brasil tem um sistema bancário de
primeiro mundo, e o próprio governo dispõem de uma plataforma capaz de rastrear
essas operações e já têm uma base eletrônica 500 vezes maior do que a base do
chamado ICMS o imposto mais sonegado no
Brasil”.
Só falta mesmo é vontade política para
que se possa dar esse grande salto. – “ao invés de tributar o andamento da
mercadoria passar a tributar o seu correspondente: o crédito e o débito eletrônico.
Vale a pena ouvir na íntegra a
entrevista que está disponível no canal da Rádio Bandeirantes.
O CENTENÁRIO DE Celso Furtado
Celso Monteiro Furtado nasceu a
26 de julho de 1920 em Pombal, no sertão paraibano, filho de Maria Alice
Monteiro Furtado, de família de proprietários de terra, e Maurício de Medeiros
Furtado, de família de magistrados. Após seus estudos secundários no Liceu
Paraibano e no Ginásio Pernambucano do Recife, chega ao Rio em 1939, entra para
a Faculdade Nacional de Direito e começa a trabalhar como jornalista na Revista
da Semana.
Em 1943, é aprovado no concurso
do DASP para assistente de organização. No ano seguinte, cursa o CPOR, conclui
o curso de Direito e é convocado para a Força Expedicionária Brasileira. Com a
patente de aspirante a oficial, segue para a Itália, servindo, na Toscana, como
oficial de ligação junto ao V Exército norte-americano, e durante a guerra sofre
um acidente em missão durante a ofensiva final dos aliados no Norte da Itália.
Em 1946, ganha o prêmio Franklin D.
Roosevelt, do Instituto Brasil-Estados Unidos, com o ensaio "Trajetória da
democracia na América". Viaja para a França, inscreve-se no curso de
doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, e no Instituto de
Ciências Políticas. Integra uma brigada francesa de reconstrução de uma estrada
na Bósnia, e sua participação no Festival da Juventude em Praga.
Em 1948, é feito doutor em economia pela
Universidade de Paris, com a tese "L'économie coloniale brésilienne",
dirigida por Maurice Byé, obtendo a menção très bien. De volta ao Brasil,
retoma o trabalho no DASP e junta-se ao quadro de economistas da Fundação
Getúlio Vargas, trabalhando na revista Conjuntura econômica. Casa-se com Lucia
Tosi.
Em 1949, instala-se em Santiago do Chile para
integrar a recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão
das Nações Unidas que se transformará na única escola de pensamento econômico
surgida no Terceiro Mundo.
Cumpre missões em diversos países do
continente, como Argentina, México, Venezuela, Equador, Peru e Costa Rica, e
visita universidades norte-americanas onde então se inicia o debate sobre os
aspectos teóricos do desenvolvimento. É de 1950 seu primeiro ensaio de análise
econômica, "Características gerais da economia brasileira". Em 1952,
"Formação de capital e desenvolvimento econômico" é seu primeiro
artigo de circulação internacional, traduzido para o International Economic
Papers, da Associação Internacional de Economia.
Em 1953, preside no Rio o Grupo Misto
CEPAL-BNDE, que elabora um estudo sobre a economia brasileira, com ênfase
especial nas técnicas de planejamento. O relatório do Grupo Misto, editado em
1955, será a base do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. Em
1956, mora na Cidade do México, em missão da CEPAL. Passa o ano letivo de
1957-58 no King's College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, a convite
do professor Nicholas Kaldor. Aí escreve a Formação econômica do Brasil, que
será seu livro mais difundido.
De volta ao Brasil, assume uma diretoria do
BNDE. É nomeado, pelo presidente Kubitschek, interventor no Grupo de Trabalho
para o Desenvolvimento do Nordeste. Elabora para o governo federal o estudo
"Uma política de desenvolvimento para o Nordeste", origem da criação,
em 1959, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), com sede
no Recife.
Em 1961, como seu superintendente, encontra-se
em Washington com o presidente John Kennedy, cujo governo decide apoiar um
programa de cooperação com o órgão, e, semanas depois, com o ministro Ernesto
Che Guevara, chefe da delegação cubana à conferência de Punta del Este, para
discutir o programa da Aliança para o Progresso.
Em 1962 é nomeado, no regime parlamentar, o
primeiro titular do Ministério do Planejamento, quando elabora o Plano Trienal
apresentado ao país pelo presidente João Goulart por ocasião do plebiscito
visando a confirmar o parlamentarismo ou a restabelecer o presidencialismo. No
ano seguinte deixa o Ministério do Planejamento e retorna à Superintendência da
SUDENE, quando concebe e implanta a política de incentivos fiscais para os
investimentos na região.
O Ato Institucional nº 1, publicado três dias
depois do golpe militar de 31 de março de 1964, cassa os seus direitos
políticos por dez anos. Têm início seus anos de exílio. Ainda em abril, aceita
um convite para dar seminários em Santiago do Chile. Meses depois, em New Haven,
Estados Unidos, será pesquisador graduado do Instituto de Estudos do
Desenvolvimento da Universidade de Yale. Faz conferências em diversas
universidades norte-americanas e participa de vários congressos sobre a
problemática do Terceiro Mundo.
Em 1965, muda-se para a França, a convite da
Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris, e assume a
cátedra de professor de Desenvolvimento Econômico. É o primeiro estrangeiro
nomeado para uma universidade francesa, por decreto presidencial do general de
Gaulle. Permanecerá nos quadros da Sorbonne por vinte anos. Em junho de 1968
vem ao Brasil pela primeira vez após sua cassação, a convite da Câmara dos
Deputados. No correr do decênio de 1970, faz diversas viagens a países da
África, Ásia e América Latina, em missão de agências das Nações Unidas.
No mesmo decênio, é professor-visitante da
American University, em Washington, da Columbia University, em Nova York, da
Universidade Católica de São Paulo e da Universidade de Cambridge, onde é o
primeiro ocupante da cátedra Simon Bolívar e é feito Fellow do King's College.
Entre 1978-81, integra o Conselho Acadêmico
da recém-criada Universidade das Nações Unidas, em Tóquio. No mesmo período,
recebe um mandato do Commitee for Developement Planning, da ONU. Entre 1982-85,
como diretor de pesquisas da Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales,
dirige em Paris seminários sobre a economia brasileira e internacional.
A partir de 1979, quando é votada a Lei da
Anistia, retorna com frequência ao Brasil, reinsere-se na vida política e é
eleito membro do Diretório Nacional do PMDB. Casa-se com a jornalista Rosa
Freire d'Aguiar. Em janeiro de 1985 é convidado pelo recém-eleito presidente
Tancredo Neves para participar da Comissão do Plano de Ação do Governo. É
nomeado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia, em
Bruxelas, assumindo o posto em setembro. Integra a Comissão de Estudos
Constitucionais, presidida por Afonso Arinos, para elaborar um projeto de nova
Constituição. Em março de 1986 é nomeado ministro da Cultura do governo do
presidente José Sarney; sob sua iniciativa, é aprovada a primeira lei de
incentivos fiscais à cultura. Em julho de 1988 pede demissão do cargo,
retornando às atividades acadêmicas no Brasil e no exterior.
De 1987-90 integra a South Commission, criada
e presidida pelo presidente Julius Nyerere, e formada por países do Terceiro
Mundo para formular uma política para o Sul. Entre 1993-95 é um dos doze
membros da Comissão Mundial para a Cultura e o Desenvolvimento, da ONU/UNESCO,
presidida por Javier Pérez de Cuéllar.
Entre
1996-98 integra a Comissão Internacional de Bioética da UNESCO. Em 1997 é
organizado em Paris, pela Maison des Sciences de l'Homme e a UNESCO, o
congresso internacional "A contribuição de Celso Furtado para os estudos
do desenvolvimento", reunindo especialistas do Brasil, Estados Unidos,
França, Itália, México, Polônia e Suíça.
No mesmo
ano é criado pela Academia de Ciências do Terceiro Mundo, com sede em Trieste
(Itália), o Prêmio Internacional Celso Furtado, conferido a cada dois anos ao
melhor trabalho de um cientista do Terceiro Mundo no campo da economia
política.
É Doutor Honoris Causa das universidades
Técnica de Lisboa, Estadual de Campinas-UNICAMP, Federal de Brasília, Federal
do Rio Grande do Sul, Federal da Paraíba e da Université Pierre Mendès-France,
de Grenoble, França.
(Em 1978 casou
com sua segunda esposa, a jornalista e tradutora Rosa Freire d'Aguiar, com quem
conviveu até final de sua vida, em 20 de novembro de 2004, aos 84 anos.)
Em 7 de agosto de 1997 é eleito
para a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras, que tem por patrono
Fagundes Varela. Empossado em 31 de
outubro, é saudado pelo Acadêmico Eduardo Portella. Em seu discurso de posse,
registrou:
“O fundador desta Cadeira número 11 foi um antepassado meu, Lúcio
Furtado de Mendonça, de quem possivelmente herdei os pendores memorialísticos,
o gosto malsucedido pela ficção literária e uma irreprimível sensibilidade
social. Este socialista declarado empenhou-se na criação desta Academia e
certamente a ele mais do que a ninguém, evemos a existência desta nobre
instituição”.
Em 25 de setembro de 2009 foi inaugurada
a Biblioteca
Celso Furtado contendo
os 7542 livros que pertenceram ao autor
auxílio emergencial – PAGAMENTOS INDEVIDOS
Controladoria-Geral da União (CGU) identificou e bloqueou o
pagamento do auxílio emergencial a 396.316 servidores públicos estaduais e municipais
que solicitaram o benefício irregularmente durante a pandemia de coronavírus. A
informação é do ministro da CGU, Wagner Rosário, que participou nesta
terça-feira (14) de uma audiência pública da comissão que acompanha as ações do
governo federal no enfrentamento da covid-19.
Os quase 400 mil casos citados pelo ministro representam 0,45%
do total de 65,2 milhões de pessoas que já receberam o auxílio desde abril. Ao
todo, houve R$ 279,6 milhões pagos indevidamente. O benefício de R$ 600 é
destinado a trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos
e desempregados. Ele não pode ser pago a agentes públicos, mesmo que
temporários.
“Realmente, a gente tem encarado uma situação de muita tentativa
de fraude nos recursos do auxílio emergencial. Os cruzamentos identificaram
números relevantes de servidores públicos. Iniciamos um trabalho de busca nas
folhas de pagamentos estaduais e municipais”, disse.
De acordo com o ministro, a CGU
também acompanha os repasses da União para estados, Distrito Federal e
municípios. O Portal da Transparência do governo federal mantém um painel
específico para orientar governadores e prefeitos nas compras relacionadas à
pandemia. O serviço reúne informações sobre despesas realizadas por 280 entes
da Federação. Entre eles, todos os estados, todas as capitais e todos os
municípios com mais de 500 mil habitantes.
Estamos fazendo um trabalho bem braçal de busca
em diários oficiais e em portais de transparência de estados e municípios. São levantamentos
de preços e quantidades de aquisição para oferecer aos gestores uma média de
preços praticados no momento da pandemia. Quando aumenta muito a demanda por
equipamentos de proteção individual e respiradores, o preço sobe.
Precisávamos buscar um preço de referencia para este momento. Não adiantava muito tentar comparar o preço atual com o anterior. Também fizemos uma análise mais detalhada das empresas que estão contratando, para tentar fazer uma análise de risco das aquisições feitas pelos diversos entes federais, inclusive a União — afirmou.
foto Marcelo Camargo / Agência
Brasil
PESSOA DE ALTA RENDA ENVOLVIDOS
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF)
definiram uma estratégia integrada para tratar o grande número de comunicações
de fraudes no recebimento do auxílio emergencial, bem como, responsabilizar
casos graves e a atuação de grupos criminosos e pessoas de alta renda
envolvidos. A decisão sobre as investigações foram tomadas em reunião realizada
no último dia17, divulgada hoje pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Renda, patrimônio pessoal e participação em empresas, além de
indicadores de fraudes sistêmicas, serão considerados na triagem dos supostos
fraudadores.
Todas as comunicações de irregularidades deverão ser enviadas à
Caixa Econômica Federal, que verificará se houve “fraude no pagamento” (casos
em que o auxílio foi entregue a pessoa diversa, por clonagem de cartão, acesso
indevido a sistemas e contas, entre outras hipóteses).
Sempre que a Caixa confirmar que ocorreu fraude
no pagamento, remeterá os dados à PF para que integrem a Base Nacional de
Fraudes no Auxílio Emergencial (BNFAE). A ferramenta será utilizada pela PF
para identificar possível atuação de grupos criminosos.
GAFANHOTOS: ONTEM HOJE E SEMPRE!
Nuvens de gafanhotos estão voltando às manchetes dos meios de comunicação.
Aquele bichinho estranho que mais parece um camarão voador e que ameaça a agricultura de qualquer país já causaram muitos estragos pelo mundo afora. Aliás, em diversos momentos da história.
Fala-se
desse bichinho desde as eras mais remotas, e nos tempos bíblicos – como ainda
hoje – em regiões do oriente, algumas
variedades serve de alimento.
Além de
João, o Mestre Jesus, em sua vida contemplativa no deserto, seus discípulos e naturalmente
o povo judeu, tinham o gafanhoto como parte do cardápio. O pão, o damasco,
figo, o vinho, peixe assado, pistaches, algumas raízes comestíveis. Enfim,
dádivas da fauna e da flora.
Registra o consagrado historiador Henri Daniel-Rops em sua obra “A vida diária
nos tempos de Jesus” , Sociedade Religiosa - Edições Vida Nova, SP, 2008, (op. cit.
Pág. 233): - “ O tratado de Tannith, chega ao ponto de afirmar que
existem 800 espécies de gafanhotos
comestíveis, todos pertencentes a raça
migratória. Um deles era fácil de ser
consumido, bastando remover-lhe a cabeça e a cauda e colocar a parte
carnosa ao sol para secar, tornando-o uma iguaria apetitosa.
Cada povo com os seus usos e
costumes. Causa estranheza para nós ocidentais, os asiáticos comerem
“espetinhos” de escorpião, baratas e similares. Ou, sopa de morcego. E aqui no
interior nordestino quem nunca comeu
“bunda de tanajura”? com farinha,
depois de fritada na manteiga de
garrafa? (nuvens delas depois das trovoadas, saindo dos formigueiros ,
caindo aos montes e a meninada sacudindo a camisa e gritando: (“cai cai tanajura, tua bunda é de
gordura...”) Quem nunca experimentou não sabe o que é bom. Principalmente
coadjuvada com uma “pinga” ou cerveja.
Mas, voltemos
ao ponto de partida. Essa não é a primeira vez que esses bichinhos voadores e
esfomeados ameaça a agricultura. Vejamos alguns dos estragos que já causaram:
Conforme as
Escrituras foi a oitava praga bíblica ocorrida por volta de (1400 a. C.)
no Egito, entre as 10 pragas enviadas por Deus para castigar os egípcios, que
adoravam outros deuses e escravizavam o povo
de Israel. Acabando a colheita, Deus estaria mostrando que só ele tinha
o controle absoluto da natureza. “Eles cobriram a face de toda a terra, de modo
que ela ficou escura e comeram todas as plantas da terra e todo o fruto das
árvores que o granizo havia deixado. Não restou coisa verde, nem árvore nem
planta do campo, por toda a terra do Egito”, diz o Êxodo.
Outro
registro. Nos Estados Unidos no verão de 1874, milhões deles infestaram o céu
de Kansas, no Nebraska, além das Dakotas
e outras áreas do território americano. Segundo os registros da época, as
nuvens eram tantas que chegaram a bloquear o sol por várias horas. Quando se
dissiparam foi observada a completa
destruição. Campos de cultivo, a vegetação, as folhagens das árvores e até a lã
das ovelhas não escaparam. Milhões de dólares de prejuízo.
Os registros mais recentes foram os
seguintes:
No
Egito em 2004, nuvens de gafanhotos assustaram os moradores da capital, Cairo,
Procedente da Líbia depois de provocarem danos no extremo norte da África.
Segundo especialistas afirmaram na ocasião, eles foram varridos por ventos
fortes e de vido às condições climáticas, não causaram grandes problemas
Dois
anos depois, na América do Norte, mais precisamente no México, um dos mais
conhecidos destinos turísticos daquele país, Cancún, recebeu a visita dos
gafanhotos. Milhares de toneladas de inseticidas para combater a praga que já
haviam devastado as plantações de milho. O México ainda estava se recuperando
dos prejuízos provocados furacão Wilma.
Em 2013, os insetos voadores atingiram o sul do
país. Vindos do Egito, os enxames infestaram vilarejos e casas, além de
dizimar plantações. No inicio da invasão houve tentativas de dedetização
por parte das autoridades, porém não adiantou. Os habitantes foram instruídos a
vedar as estufas e as casas até os bichos irem embora.
No ano passado e início deste ano de 2020, vários países do
leste africano provocando grandes prejuízos e atingindo a população de países
como a Etiópia, Somália e o Quênia, já assolados pelo quadro de fome de suas
populações. Nessas ocasiões aparecem
especialistas de todos os matizes, com as mais variadas explicações, embora,
nesse mais recente registro (2019/2020), muitos concordaram que os gafanhotos
tenham aparecido, devido o clima úmido da região, associado a ciclones que
atingiram o leste da África e Penísula
Arábica.
Agora, estão mais perto chegando ao extremo sul americano. Onde vão pousar?
xxxx
A MULHER QUE PREVIU A PRÓPRIA MORTE
O ator Peter Ustinov deveria se encontrar com ela naquela noite, onde tratariam dos pormenores de um documentário que estava realizando sobre
ela, Indira Gandhi Mas, a primeira-ministra da Índia, foi assassinada horas antes, aos 66 anos, naquele 31 de outubro de 1984, no jardim de sua casa em Nova Délhi, capital do país
que governava. Os autores, seus dois guarda-costas: Sikh
Beant Singh e Satwant Singh. Ela morreu minutos depois ao dar entrada no
Hospital de Nova Delhi. Indira, (Não
tinha de parentesco com Mahatma Ghandi)
A tradição do assassinato político,
entretanto, tão frequente no país, e que já vitimara o próprio Mahatma Gandhi,
um apóstolo da não violência, parecia não assustar a 'Mãe Índia' - como era
chamada pelos pobres, por causa de sua luta para impor ao país o lema
"Eliminar a pobreza!". Não cuidava, portanto, da segurança pessoal, a
ponto de manter, como guarda-costas, os dois sikhs que perfurariam o seu corpo
com 30 tiros.
No mesmo dia, disse num
discurso:
- “Não
me importa se perco a vida ao serviço da nação. Se eu morrer hoje, cada gota de
meu sangue revigorará a nação”
Seu
corpo foi cremado em funeral transmitido ao vivo por emissoras de TV do mundo
inteiro. Ela esteve em visita oficial no Brasil, em 1968. Após a sua morte, na
extinta União Soviética foi lançado um selo em sua homenagem.
SEDENTARISMO
Um dos grandes males do nosso tempo é o sedentarismo, - e diante dessa pandemia e isolamento – o quadro deve ser bem maior do que os 83,6% publicados recentemente em conceituada revista The Lancet, entre os jovens brasileiros. Uma das razões para isso é o uso, sem nenhum controle, do tempo em aparelhos eletrônicos.
Sempre conectados, com os olhos vidrados nas telas, sejam celulares, tabletes, computadores ou televisão. Esta é uma realidade na vida de milhares de adolescentes. Consequentemente, a falta de exercícios resulta numa realidade em que os jovens não se movimentam tanto quanto deveriam.
E, acrescento que não é necessário agir como nós fazíamos antigamente; (correndo, brincando, dando e levando tapa, “amorcegando” caminhão, caçando de baleadeira, tomando banho no rio e no açude etc.).
Mas, pelo menos, começar a praticar atividade física logo cedo, na infância e adolescência, incluindo esse hábito na rotina da criança. A médica de João Pessoa, Ivana Soares Toscano afirma que, - “apesar dos índices serem altos, impor limite é um caminho para solucionar esta realidade. “limitar o tempo de uso da tela diária, incentivar a prática de outras atividades como esportes, jogos, que não sejam digitais, estimular o convívio com outros jovens dentro dessas atividades e criar uma rede de apoio para que ele desperta o interesse por outras atividades e não somente o uso das telas”. Na verdade o quadro é preocupante.
Reflexões sobre o Tempo:
"Com o prazer o tempo voa" - Shakespeare
"Como maçãs de ouro em salvas de prata assim é a palavra dita no seu tempo" Prov. 25:11.
O Tempo - Olavo Bilac
Sou o o tempo que passa, que passa
Sem princípio, sem fim, sem medida
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da Vida.
A correr, de segundo em segundo
Vou formando os minutos que correm...
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.
Ninguém pode evitar os meus danos...
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos,
Formo um século e passo adiante.
Trabalhai, porque a vida é pequena
E não há para o tempo demora!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas.
"O vosso tempo sempre está presente" (João 7:6)
Reflexões sobre o tempo II
Além do napalm, o exército norte-americano despejou sobre o Vietnã,
desde 1961 (com a aprovação do presidente John Kennedy) até 1971, cerca de
80 milhões de litros de herbicidas. Entre eles, o mais utilizado, devido à
sua terrível eficácia, foi o agente laranja, que
é uma combinação de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T, sendo que a síntese
deste último gera um subproduto cancerígeno, a Dioxina
tetraclorodibenzodioxina, considerada uma das substâncias mais perigosas do
mundo.
O impacto
ecológico do uso dessas armas químicas foi catastrófico para a cobertura
vegetal e para a população que habitava a região.
Mais de 40
anos depois da guerra, a dioxina produzida pelo agente laranja continuava
biologicamente ativa. E, atualmente, as concentrações encontradas em várias
regiões do Vietnã superam em 400 vezes o limiar de toxicidade, conforme evidenciado pela Canada Hatfield Consultants.
A dioxina
foi culpada pela alta incidência de doenças de pele, malformações genéticas,
câncer, incapacidades mentais e outros problemas que afetam a população
vietnamita (e ex-militares dos EUA). Milhares de crianças nasceram com
problemas de pais que não foram expostos ao herbicida durante a guerra, mas que
comeram alimentos contaminados por ele. A maioria das vítimas pertenciam à
famílias mais pobres.
Em 2005,
a Associação
Vietnamita do Agente Laranja moveu
uma ação judicial contra as companhias químicas norte-americanas produtoras do
Agente Laranja. Mas o juiz federal, Jack Weisntein, não acolheu a queixa,
alegando que não havia, nos autos do processo, "nada que comprovasse
que o Agente Laranja tenha causado as doenças a ele atribuídas, principalmente
pela ausência de uma pesquisa em larga escala".
Curiosamente,
em 1984, uma ação judicial movida por veteranos de guerra norte-americanos
contra as mesmas companhias, pelos mesmo motivos, resultou em um acordo de 93
milhões de dólares em indenizações aos soldados.
Inaugurado
em 1982, o Monumento aos Veteranos do Vietname é uma obra edificada em Washington-DC, durante o governo de Ronald Reagan. Em um muro de mármore negro estão gravados os nomes de
todos os mais de 50 mil soldados estadunidenses mortos na guerra, para que
sejam lembrados pela posteridade.
Os nomes dos cerca de quatro milhões de vietnamitas, civis e militares (em sua maioria camponeses), mortos no conflito, permanecem no anonimato. - (fonte Wikypedia-livre Enciclopédia livre).
Em tempo: a foto da menina Kim Phuc, então com 9 anos, atingida pela Napalm marcou a memória da guerra do Vietnam em todo o mundo. Em setembro de 2018, aos 50 anos, ela esteve no Brasil, para lançar sua biografia.
Tempos “bicudos”
Nesses tempos de tantas dificuldades financeiras me assombrou
o quanto foi desembolsado pelo STF, no ano passado, conforme acabo de ler: “em
2019 o custo anual foi de R$. 698,9 milhões. Foram R$. 58,2 milhões por mês. Ou
R$. 1,94 milhão por dia. Ou R$. 80,8 mil por hora. Ou R$. 1.348,18 por minuto.
Ou, ainda, inacreditáveis R$. 22,40 por segundo”.
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