PERISCÓPIO

 Muuyal viveu pouco no Brasil. Morreu ao contrair uma doença tropical acredita-se que tenha sido febre amarela. Seu corpo foi sepultado num cemitério cristão em Manaus, porque não havia um cemitério judeu na capital do Amazonas. Não demorou muito começaram a surgir placas de agradecimentos por graças alcançadas. Nos anos 40 a comunidade judaica fez um muro em torno da sepultura, como forma de separá-lo do cemitério cristão. O muro acabou virando um espaço a mais para colocarem as mensagens de agradecimentos por milagre alcançados. 

Tipo físico de um judeu sefardita marroquino, que migrou para o Amazonas no séc XIX. 


Por volta de 1978, um ministro do governo israelense e membro do parlamento, sobrinho de Muuyal, enviou uma carta solicitando das autoridades brasileiras o translado dos restos mortais para o Estado de Israel. A própria comunidade judaica se opôs alegando que tal atitude causaria um grande mal-estar com a população da cidade. Ate hoje o túmulo do rabino continua em Manaus cercado de relatos de milagres atribuídos a ele.

Fique sabendo: O Brasil recebeu cinco ondas de imigração judaica. A primeira ocorreu em 1630, quando Pernambuco foi tomado pelos holandeses. Nos 24 anos da dominação holandesa no Nordeste eles fundaram a primeira colônia hebraica e a primeira sinagoga das Américas. (o prédio ainda está lá, pertinho do marco “zero” em frente ao antigo cais do porto). Diante da tolerância religiosa, os judeus chegaram a constituir 50% da população “branca” pernambucana nesse período. Depois da expulsão dos holandeses e com a perda dos seus negócios, migraram para o norte do continente indo ajudar a fundar Nova Amsterdã, a atual Nova York.

As marcas mais profundas no Brasil, estão na região Norte do Brasil de fato. Atraídos pela promessa de liberdade de culto e possibilidade de explorar as riquezas da região, (conforme prometia o governo do Grão- Pará). A grande leva de sefarditas – como são chamados os oriundos do norte da África, chegou por volta de 1880.

 



OS REBOUÇAS

Os irmãos negros enfrentaram desafios de natureza burocrática e preconceituosa, devido a cor da pele. A trajetória acadêmica foi concluída na Europa e ambos se especializaram na construção de estradas. Entre as várias obras, destacam-se: O chafariz na Praça Zacarias em Curitiba, a Estrada da Graciosa, a Ferrovia Paranaguá-Curitiba, e o Parque Nacional do Iguaçu são alguns dos legados deixados pelos Rebouças, na recém-criada Província do Paraná.

O jornalista e pesquisador Jorge Barozniak, autor do livro “Histórias do Paraná”, editado em 2010, cita que o autor do projeto idealizado para ligar o planalto paranaense ao litoral, - a estrada da Graciosa - foi um dos irmãos, Antônio Rebouças, nomeado engenheiro-chefe, que formulou o projeto do empreendimento.

Ainda em Curitiba vieram depois os prédios do Palácio da Liberdade, Palácio do Congresso. André Rebouças, por sua vez, foi responsável por vários obras que lhe projetaram como engenheiro civil, tais como: o Plano de Abastecimento d’água, durante a seca de 1870; A Alfândega das Docas D. Pedro II.

Antônio faleceu em 1874, o irmão ficou muito abalado e também participou ativamente na campanha abolicionista ao lado de Machado de Assis e Olavo Bilac. Foi uma das vozes importantes de ascendência africana em prol da abolição da escravatura. Foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Sociedade Abolicionista, criadas juntamente com os alunos da Escola politécnica.

Com a deposição de D. Pedro pelo movimento militar de 15 de novembro de 1889 e a proclamação da República, fiel que era ao Imperador D. Pedro II, André seguiu junto com a família imperial no paquete  “Alagoas” rumo ao exílio na Europa. Inicialmente ficou em Lisboa, como jornalista e correspondente do The Times de Londres, depois foi para Cannes, na França. Vivendo com dificuldades foi para Luanda na África, depois para a Ilha da Madeira. Jamais retornou aso Brasil ou à Europa. Abatido pela saúde precária, faleceu aos 60 anos.
Fique sabendo:

O Túnel Rebouças, no Rio de Janeiro é uma homenagem aos dois baianos e engenheiros; (próximo à entrada do túnel foram colocados dois bustos para lembra-los)

Em Curitiba o bairro Rebouças é uma das áreas mais valorizadas a capital paranaense; 

Em São Paulo existe a avenida Engenheiros Rebouças;

 

 Fontes:

Especial Consciência Negra – Irmãos Rebouças, publicado pela Universidade Corporativa do Transporte (UCT).

Saga dos Engenheiros Rebouças, publicado por Marcos Nogueira.

Irmãos Rebouças: os incríveis primeiros engenheiros negros do Brasil, publicado por Sam Shiraishi.

Irmãos Rebouças: os engenheiros que fizeram história em Curitiba, publicado pela Câmara Municipal de Curitiba.

O Paraná segundo os Rebouças, publicado pela Gazeta do Povo.

Publicação do Instituto Brasileiro de Educação Continuada - INBEC – Fortaleza.




 Oscar 2021

O favorito da  maioria, é Gary Oldman, em (Mank), por sua enorme capacidade de transformar seu corpo em todos os papéis, abraçando perfeitamente os sotaques, gestos e peculiaridades de seus personagens. Ele se repete em um filme biográfico depois de ganhar o Oscar de Melhor Ator em 2018, por sua atuação como o ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill em The Darkest hour.
Em Mank, ele assume o papel de Herman J. Mankiewicz, o escritor que
escreveu o roteiro do icônico filme Citizen Kane, em 1940, embora soubesse que poderia afundar sua carreira em Hollywood se inspirando no magnata dos jornais William Randolph Hearst. Disfuncional e carismático em partes iguais, o "Mank" de Oldman, tem uma naturalidade que faz você sentir que esse era o verdadeiro personagem de seu personagem, mesmo para quem não estudou a verdadeira vida do famoso roteirista.
No final, a convicção de “Mank” o leva até a lutar contra o próprio Welles, pelo reconhecimento de seus créditos no filme, vencendo contra todas as
probabilidades o Oscar de Melhor Roteiro Original em 1942.

 

 


A Mensagem do Todo Poderoso

- “Através de uma luz radiante que inundou o seu lar e a imagem de um anjo que disse: Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!”

-“.Maria, disse o anjo – ficarás grávida e darás a luz a um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus. Ele será grande e será chamado  Filho do Altíssimo. O Senhor dará a ele o trono do seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim!”. E mais adiante a revelação final: “ O Espírito Santo virá sobre você e a cobrirá com sua sombra, por isso o Santo que irá nascer de você será chamado Filho de Deus”.

Maria baixou o olhar e exclamou: “ – Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim a Sua vontade, seguindo a tua palavra!”. E o anjo a deixou (Lc 1: 28-38).

Conforme os antigos textos,  a gravidez de Maria teve início exatamente no dia 15 do Nisã, que no calendário hebraico, corresponde ao dia 6 de abril. Antes, já estava grávida sua prima Isabel, - esposa de Zacarias e pais de João Batista,  - na aldeia de Ein Karen, a poucos quilômetros a oeste da Cidade Santa. (Lc I: 56).

As revelações aos chamados Reis Magos, na Ásia Meridional.

Eram eles descendentes do polêmico profeta da Mesopotâmia Balaão, filho de Beor, que nas margens do rio Eufrates, fazia premonições sobre a vinda de um Messias dizendo:  - “Vê-lo-ei mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e de Israel subirá um cetro, que ferirá as têmporas de Moabe, e destruirá todos os filhos de Seth” (Nm 24: 17)

Eram esses magos que habitavam a Mesopotâmia (atual Iraque) e a Pérsia (atual Irã), a saber: Melquior, príncipe de Palmirena; Gaspar, rei de Meroé e Baltazar, o rei do Nippur. Eles já conheciam os antigos escritos que revelavam o surgimento da estrela que anunciaria o nascimento do Messias.
Leia mais e aprofunde seu conhecimento sobre o tema lendo, entre outras obras:: 
"Segredos da Bíblia";
"A Vida diária nos tempos de Jesus"
"As revelações do livro que mudou a historia da Humanidade."
Jesus - aproximação histórica, do renomado José Antonio Pagola (Editora Vozes/ Rio de Janeiro/RJ.



A linda história das duas famílias sagradas (II)

- segundo os textos apócrifos –

“Tais meninas ficavam sob os cuidados das profetizas, num recinto exclusivo das respeitadas servas de Deus. Maria foi para lá, enviada aos três anos da idade e lá permaneceu por mais nove anos em total consagração aos preceitos do Pai das Luzes”.

Tempos depois Ana daria a luz a outra menina, também chamada de Maria, que se tornaria posteriormente esposa de Cleofas, irmão de José, (que seria o esposo de Maria e pai adotivo de Jesus). Judas Tadeu, filho de Cleofas, é aquele que se casou nas Bodas de Caná, sendo, portanto, primo-irmão de Jesus.

 - “ Ao atingir os cinco anos, a segunda Maria, perdeu os pais um seguido do outro. Os parentes mais próximos cuidaram de sua infância. Sua irmã, a futura mãe de Jesus, também chorou o desaparecimento de seus amados genitores, guardando luto por eles durante 30 dias”.  

Aos 12 anos, Maria foi orientada pelos sacerdotes ser encaminhada aos parentes para que cuidassem – conforme a tradição – a prepara-la para um futuro casamento. Ela recusou todas as propostas, inclusive, a que propôs o sumo-sacerdote chamado Abiatar, “que a queria como esposa do seu filho”. “A Virgem de Nazaré sabia que Deus tinha-lhe reservado maravilhosas promessas” pelo que ouvira dos seus genitores “e das mensagens diversas que os anjos lhe traziam no Templo”. A pressão dos sacerdotes para Maria aceitar a vida matrimonial fez com que esta deixasse nas mãos de Deus o controle.

(Zacarias, pai de João Batista, que ministrava no Templo de Jerusalém com outros sacerdotes, sabia pelas Escrituras Sagradas que o profeta Isaias, havia predito 700 anos antes, que “Javé daria um sinal: uma jovem daria à luz a um filho, e o chamaria pelo nome de Emanuel, que quer dizer: “Deus conosco” (Is 7: 14; Mt I: 23).

Na próxima postagem: O encontro e a escolha de José para esposo de Maria, ele filho de Jacó II e de Hadbit, de Belém e descendente direto do rei Davi de Israel. Viúvo, de idade avançada, tendo seis filhos de seu casamento com Débora: Judas, Josetos, Tiago, Simeão, Lísia e Lídia.

 


Água: FIQUE SABENDO

Conforme o estudo publicado sob o título “A Revolução das águas subterrâneas no Brasil: Importância do recursos e os riscos pela falta de saneamento básico”, realizado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com o Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas da USP (CEPAS/USP),  traz um diagnóstico da situação desse recursos hídrico. O tema das águas subterrâneas ganha cada vez mais importância, frente às sucessivas crises hídricas pelas quais o Brasil vem passando. Vale destacar alguns itens interessantes desses estudos.

No Brasil, estima-se que haja mais de 2,5 milhões de poços tubulares, cujos custos envolvidos em perfuração e instalação somam mais de R$ 75 bilhões. Esse valor é equivalente a 6,5 anos de todos os investimentos anuais aplicados em saneamento no país em 2016

Anualmente são extraídos mais de 17.580 Mm3 (557 m3/s) de água dos aquíferos através de poços tubulares, volume suficiente para abastecer a cada ano toda a população brasileira ou cerca de 217 milhões de pessoas.

O Estado de Roraima é o mais dependente dos recursos hídricos subterrâneos, com 74% de sua população recebendo água subterrânea em suas casas.

O valor econômico da água subterrânea extraída pode ser estimado em R$ 59 bilhões/ ano, tendo como base a cobrança praticada pelos operadores do serviço de abastecimento de água potável.

São Paulo é o estado que usa mais água subterrânea em volume para o abastecimento público de seus municípios.

A maioria dos 35 milhões de brasileiros sem água encanada dependem das águas subterrâneas 52% dos 5.570 municípios brasileiros dependem total (36%) ou parcialmente (16%) das águas subterrâneas para o abastecimento público.

A existência de rede coletora de esgoto não é garantia de preservação da qualidade da água de aquíferos. O vazamento de redes mal projetadas ou antigas, estimado em 582 Mm3/ano (10% do efluente coletado), tem sido suficiente para contaminar aquíferos em quase todas as cidades brasileiras.

A cada ano 4.329 Mm3 de esgoto são despejados na natureza pela falta de redes coletoras e/ou vazamentos nas redes já existentes, volume suficiente para encher 5 mil piscinas olímpicas por dia. Trata-se de um dos maiores casos de contaminação de aquíferos no Brasil. 1.518 municípios abastecidos por água superficial no país passaram por crise hídrica nos últimos 10 anos, contra 840 abastecidos por água subterrânea. 88% dos poços tubulares existentes no Brasil são desconhecidos pelo poder público, pois não estão incluídos em nenhuma base de dados do governo.







AS CARTAS DO PAI DE HITLER

As correspondências dirigidas para um certo Josef Radlegger, um funcionário da empresa Bridgers and Roads. Ele queria comprar uma fazenda  umas terras na região da Alta Áustria (norte do país) em 1895. Depois seria seu sócio nos negócios.

- “Nota-se que há um clima de muita intimidade entre esses dois”. Explica Sandgruber na biblioteca da universidade de Linz. Nascido fora do casamento, Alois era conhecido por ser um “chefe de família tirânico”, mas pelas revelações que faz nas cartas para haver “uma vida familiar nem sempre desagradável”.

Elas também apresentam um algumas passagens das cartas, uma imagem diferente da mãe Klara, que Adolf Hitler descreveu como uma “dona de casa tranquila”, em seu livro Mein Kampf.

“minha esposa gosta de ser ativa e mostra certo entusiasmo. Bem como um bom conhecimento das coisas econômicas” escreve Alois Hitler a seu sócio. Klara foi uma das poucas pessoas que não sofreu da ira do marido e vez por outra aparece “como uma mulher emancipada, como diríamos hoje”, segundo Roman Sandgruber.

As pegadas deixadas pelo oficial da alfândega também atestam sua mobilidade  ascendente e sua ânsia de ganhar respeito no nível da comunidade local, o que inclui a posse de terras.

O pesquisador tem, o cuidado de comparar Alois com o seu filho, mas ele vê algo em comum: ambos são “autodidatas” convictos.

- “ambos desprezavam aqueles que receberam uma educação formal: acadêmicos, notários, juízes e depois até oficiais militares”.. diz ele, e se consideravam “gênios”.


Roman Sandgruber é cauteloso sobre as raízes do antissemitismo de Adolf Hitler: comentários odiosos do pai para com os judeus foram encontrados mais tarde em sua vida, mas o historiador menciona a influência sobre o futuro ditador nazista, do racismo generalizado na sociedade austríaca naqueles tempos.

Nada disso teria sido descoberto se Annelise Smigielski, - longe de suspeitar do que havia sob o seu teto - não tivesse o interesse em desocupar e limpar o velho sótão.

Ela afirmou que “sabia apenas que o seu tataravô, Josef Radlegger havia negociado com Alois Hitler. Mas não achava que encontraria essas cartas em meio a uma pilha de coisas esquecidas por décadas na velha casa.

Como tinha conhecimento das investigações do prof. Roman Sandgruber, considerou que seria melhor confiar-lhe estes arquivos em 2017. Ele se disse surpreendida com o interesse internacional  que o livro vem despertando de um lado a outro do mundo.

 



VENEZUELA  À BEIRA DA PARALISIA (cont.)

O governo de Nicolás Maduro, aproveitou a crise para desmantelar gradativamente os enormes subsídios que o combustível teve durante décadas. No entanto, o colapso da indústria petrolífera venezuelana alcançou o diesel, derivado do petróleo que o país produz em maior escala do que a gasolina, em parte porque é mais fácil de refinar. Mas sua produção, agora, também é escassa. Em um dos postos mais importantes de Maracay, cidade industrial do centro do país, a 120 quilômetros de Caracas, não há diesel há 15 dias. A principal rodovia do país, a Regional del Centro, é em vários trechos um estacionamento para caminhões, Vans e ônibus que esperam com tanques vazios. “Menos de 5% das unidades de transporte público estão funcionando”, diz José Luis Trocel, dirigente sindical com 20 anos de carreira como transportador.
- “No ano passado a situação da gasolina afetou-nos, mas não tanto como agora com o diesel utilizado pela maioria dos veículos de carga. Passamos dois, três, quatro dias na fila para carregar uma pequena porção”. Daniel Rodríguez, dono de um caminhão e de um ônibus em Bolívar, diz que no sul do país há listas de espera a serem preenchidas. O transporte está praticamente paralisado em 10 estados da Venezuela.
Até o final do ano passado, Caracas havia atenuado o déficit de diesel triangulando as importações de petróleo bruto para combustível refinado, com empresas como Eni, Repsol e Reliance. O governo Donald Trump havia alertado essas empresas sobre possíveis sanções para o comércio de combustível com Nicolás Maduro e isso paralisou as operações com a Venezuela, deixando vulnerável um país que foi por décadas um dos maiores produtores de petróleo do mundo. Orlando Ochoa, economista especializado em macroeconomia e petróleo, recomenda cautela diante dos sinais que a Casa Branca pode enviar.
“O diesel que o país está produzindo é principalmente para movimentar plantas industriais, há um déficit com combustível automotivo. Biden teria apenas que permitir que essas operações [de compra e venda] ocorressem." A Venezuela consumiu 65 mil barris de diesel um dia antes da pandemia e importou cerca de metade, antes das sanções dos Estados Unidos,
explica o economista Francisco Monaldi. O diesel tem um critério estratégico para Maduro, pois é o combustível que também movimenta as unidades militares do país. “Nestes meses, a Venezuela acumulou um estoque significativo de diesel.
A pandemia foi um bom momento para economizar devido à queda no consumo com a quarentena. O governo de Maduro pode estar implantando um racionamento preventivo de diesel e diesel ”, afirma o acadêmico e consultor. “Mas também é possível que haja interesse em criar uma crise para pressionar o governo Biden a autorizar trocas com a Eni, Reliance e Repsol. Até Maduro, em um caso extremo, pode importar diesel do Irã, como fez com a gasolina e não o fez ”. publicado em “La República”, Montevidéu 14/03/21.
 



A ditadura madurista tem se mostrado ou age como se nada tivesse a ver com o assunto, o impacto da maciça migração venezuelana”

A princípio, como se sabe, a migração venezuelana adquiriu um caráter seletivo, representado basicamente por profissionais de saúde (médicos e pessoal de  enfermagem); Mas, como os efeitos da crise nacional se acentuaram, a migração não só se espalhou para os setores majoritários de nossa população, mas também se multiplicou e superlotou até atingir a cifra; Isso não significa que esteja estabilizado ou que este seja o limite máximo que pode atingir.
A verdade é que o fluxo migratório de venezuelanos que continuam a deixar o país não parou, razão pela qual as organizações nacionais e internacionais que vêm monitorando a diáspora venezuelana concordam que até o final do ano em curso, isso terá atingido um máximo. entre sete ou oito milhões de migrantes.


Atualmente, a migração venezuelana está distribuída entre os seguintes países: Colômbia, Peru, Equador, Brasil, Chile, Argentina, Estados Unidos, Panamá, República Dominicana e México, principalmente.
Em relação a essa questão, duas coisas devem ser destacadas que, apesar de sua natureza óbvia, precisam ser registradas e expressamente evidenciadas de sua existência, tanto para o presente como para a memória histórica. Em primeiro lugar, que o êxodo deste crescente número de venezuelanos não foi causado por um conflito armado interno ou internacional, nem por um ato de expulsão por motivos políticos, ou por efeito de um infortúnio natural, mas sim como consequência de uma administração governamental falha, deliberadamente ditatorial, usurpadora e perversa, que colocou a grande maioria da população venezuelana em situação de risco iminente de extermínio”.




O JOÃO GRILO DE JOÃO FERREIRA

João Grilo é uma personagem dos contos populares de Portugal e do Brasil. Presepeiro, astucioso e cínico, reapareceu em vários outros folhetos, e hoje é ainda mais famoso por causa do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, peça de teatro publicada em 1955.

João Grilo figura como protagonista nos contos portugueses, a exemplo de João Ratão (ou Grilo), dos Contos tradicionais do povo português, de Teófilo Braga, e da História de João Grilo, dos Contos populares portugueses, de Consiglieri Pedroso. Outro grande etnógrafo português, Adolfo Coelho, incluiu em seus Contos nacionais para crianças o Doutor Grilo, ao passo que Francisco Xavier de Ataíde Oliveira, na obra Contos tradicionais do Algarve, coligiu o conto O adivinhão. Sem ser nominada, a personagem figura, ainda, nos Contos tradicionais do Brasil, de Luís da Câmara Cascudo, na história Adivinha, adivinhão. (Wikipedia)

(...)
 Porém João Grilo criou-se
pequeno, magro e sambudo
as pernas tortas e finas
e boca grande e beiçudo
no sítio onde morava
dava notícia de tudo./
João perdeu o seu pai
com sete anos de idade
morava perto de um rio
Ia pescar toda tarde
um dia fez uma cena
que admirou a cidade./
O rio estava de nado
vinha um vaqueiro de fora
perguntou: dará passagem?
João Grilo disse: inda agora
o gadinho do meu pai
passou com o lombo de fora./

O vaqueiro bota o cavalo
com uma braça deu nado
foi sair já muito embaixo
quase que morre afogado
voltou e disse ao menino:
você é um desgraçado./
João Grilo foi ver o gado
pra provar aquele ato
veio trazendo na frente
um bom rebanho de pato
os pássaros passaram n'água
João provou que era exato./
Um dia a mãe de João Grilo
foi buscar água à tardinha
deixando João Grilo em casa
e quando deu fé, lá vinha
um padre pedindo água
nessa ocasião não tinha/
João disse: só tem garapa;
disse o padre: donde é?
João Grilo lhe respondeu:
é do engenho Catolé
disse o padre: pois eu quero
João levou uma coité./
O padre bebeu e disse:
oh! que garapa boa!
João Grilo disse: quer mais?
o padre disse: e a patroa
não brigará com você?
João disse: tem uma canoa./
João trouxe uma coité
naquele mesmo momento
disse ao padre: beba mais
não precisa acanhamento
na garapa tinha um rato
tava podre e fedorento./
O padre disse: menino
tenha mais educação
e por que não me disseste?
oh! natureza do cão!
pegou a dita coité
arrebentou-a no chão./
João Grilo disse: danou-se!
misericórdia, São Bento!
com isto mamãe se dana
me pague mil e quinhentos
essa coité, seu vigário,
é de mamãe mijar dentro!/
O padre deu uma popa
disse para o sacristão:
esse menino é o diabo
em figura de cristão!
meteu o dedo na goela
quase vomita um pulmão./
João Grilo ficou sorrindo
pela cilada que fez
dizendo: vou confessar-me
no dia sete do mês
ele nunca confessou-se
foi essa a primeira vez./
João Grilo tinha um costume
pra toda parte que ia
era alegre e satisfeito
no convívio de alegria
João Grilo fazia graça
que todo mundo sorria./
Num dia de sexta-feira
às cinco horas da tarde
João Grilo disse: hoje à noite
eu assombro aquele padre
se ele não perdoar-me
na igreja há novidade./
Pegou uma lagartixa
amarrou pelo gogó
botou-a numa caixinha
no bolso do paletó
foi confessar-se João Grilo
com paciência de Jó./
Às sete horas da noite
foi ao confessionário
fez logo o pelo sinal
posto nos pés do vigário
o padre disse: acuse-se
João disse o necessário./
Eu sou aquele menino
da garapa e do coité
o padre disse: levante-se
que já sei você quem é
João tirou a lagartixa
Soltou-a junto do pé./
A lagartixa subiu
por debaixo da batina
entrou na perna da calça
tornou-se feia a buzina
o padre meteu os pés
arrebentou a cortina./
Jogou a batina fora
naquela grande fadiga
a lagartixa cascuda
arranhando na barriga
João Grilo de lá gritava:
Seu padre, Deus lhe castiga!/
O padre impaciente
naquele turututu
saltava pra todo lado
que parecia um timbu
terminou tirando as calças
ficou o esqueleto nu./
João disse: padre é homem
pensei que fosse mulher
anda vestido de saia
não casa porque não quer
isso é que é ser caviloso
cara de matar bebê./
O padre disse João Grilo
vai-te daqui, infeliz!
João Grilo disse bravo
ao vigário da matriz:
é assim que ele me paga
o benefício que fiz?/
João Grilo foi embora
o padre ficou zangado
João Grilo disse: ora sebo
eu não aliso croado
vou vingar-me duma raiva
que eu tive ano passado./
No subúrbio da cidade
morava um português
vivia de vender ovos
justamente nesse mês
denunciou de João Grilo
pelas artes que ele fez./
João encontrou o português
com a égua carregada
com duas caixas de ovos
João disse-lhe: oh camarada
quero dizer à tua égua
Uma pequena charada./
O português disse: diga
João chegou bem no ouvido
com a ponta do cigarro
soltou-a dentro escondido
a égua meteu os pés
foi temeroso estampido./
Derrubou o português
foi ovos pra todo lado
arrebentou a cangalha
ficou o chão ensopado
o português levantou-se
tristonho e todo melado./
O português perguntou:
o que foi que tu disseste
que causou tanto desgosto
a este animal agreste?
– Eu disse que a mãe morreu;
o português respondeu:
Oh égua besta da peste!




MADRE TERESA

De Darjeeling, Teresa partiu para Calcutá, onde viveu como religiosa e foi professora de história e geografia no Colégio Santa Maria, único colégio católico para meninas ricas da cidade de Calcutá. O contraste com a pobreza à sua volta era muito grande. Em maio de 1937, Teresa fez a profissão perpétua.

A revelação ocorreu em setembro de 1946, durante uma viagem de trem. Madre Teresa ouviu um chamado interior que a incitou a abandonar o convento de Loreto, em Calcutá, e passar a viver entre os pobres. Em 1948, autorizada pelo Papa Pio XII, Teresa foi viver só, fora do claustro, tendo Deus como único protetor e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá. Em dezembro do mesmo ano, conseguiu a nacionalidade indiana.

Teresa passou a usar um traje indiano, um sari branco com debruns azuis e uma pequena cruz no ombro. Pedindo ajuda nas ruas, auxiliava pobres, doentes e famintos. Pouco a pouco, foi angariando adeptas para sua causa entre as antigas alunas. Em 1950, fundou uma congregação de religiosas.

Madre Teresa fundou casas religiosas por toda a Índia e, depois, no exterior. Fundadoras dos Missionários e das Missionárias da Caridade, conseguiu visibilidade para o seu trabalho, tanto que recebeu uma casa, cedida pelo Papa João Paulo II, para recolher os pobres. A casa se chama “Dom de Maria”.

"Ícone do Bom Samaritano, ela ia a toda parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres". Esse é um trecho da homilia do Papa João Paulo II durante o ritual de beatificação de Madre Teresa de Calcutá, em outubro de 2003. Em 2016, foi canonizada pelo Papa Francisco.

Em 1979, Madre Teresa recebeu o prêmio Nobel da Paz, pelos serviços prestados à humanidade. Depois de dedicar toda uma vida aos pobres, Madre Teresa de Calcutá morreu aos 87 anos, de parada cardíaca.

 

IRINEU JOFFILY, O AUSTERO

Baseado em decreto de sua autoria que, datado de 7 de novembro de 1930, revogava dispositivos do Código de Processo Civil do estado, Irineu Joffily aplicou penalidades financeiras a uma grande firma exportadora de algodão, M. F. Fonte, acusada de sonegação fiscal. O assunto envolveu um dos líderes da Revolução de 1930, João Neves da Fontoura, que havia montado no Rio de Janeiro um escritório de advocacia para onde afluíam questões oriundas das punições aplicadas pelos interventores revolucionários contra danos à Fazenda Pública. Com o apoio de João Neves da Fontoura, as pressões contra Joffily aumentaram, levando-o à renúncia no dia 28 de janeiro de 1931. Ainda por indicação de Juarez Távora, foi substituído no cargo pelo tenente Aluísio de Andrade Moura, comandante do 29º Batalhão de Caçadores, sediado em Natal.

Irineu Joffily nasceu em Campina Grande (PB) no dia 14 de setembro de 1886, filho de Irineu Ciciliano Pereira Joffily e de Raquel Olegário de Torres Joffily. Seu pai criou e adotou o último sobrenome em 1864, quando era acadêmico de direito. Posteriormente, foi promotor público, juiz municipal, deputado provincial e geral durante a última legislatura do Império, fundador e diretor da Gazeta do Sertão, jornal que funcionou em Campina Grande entre 1889 e 1891, sendo fechado por ação policial. No ano seguinte, escreveu Notas sobre a Paraíba, editado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, com prefácio de Capistrano de Abreu. Seu irmão, João Irineu Joffily foi bispo de Manaus e arcebispo de Belém.

Irineu Joffily realizou seus primeiros estudos no Colégio Diocesano, na capital paraibana. Cursou o secundário em Natal, nos colégios Santo Antônio e Ateneu, transferindo-se em seguida para Recife, onde freqüentou a Faculdade de Direito e se bacharelou em 1909. De volta a seu estado natal, lecionou no Colégio Pio X até ser nomeado, em 1913, diretor da Instrução Pública e da Escola Normal. Em 1924 foi eleito deputado estadual, sendo convidado quatro anos depois para o cargo de chefe de polícia do governo estadual, chefiado por João Pessoa. Declinando do convite, exerceu o mandato parlamentar até 1930.

No início desse ano, a sucessão presidencial dominou a vida política nacional. João Pessoa era candidato a vice-presidente da República na chapa da Aliança Liberal, coligação oposicionista também apoiada por Irineu Joffily, e a Paraíba experimentava grande efervescência política. Em fevereiro, no auge da campanha eleitoral, eclodiu um movimento separatista em Princesa, hoje Princesa Isabel (PB), ocasião em que o governo federal foi acusado pelos aliancistas de favorecer os revoltosos. A derrota da chapa oposicionista nas eleições de março e o assassinato de João Pessoa, ocorrido em Recife no dia 26 de julho, acirraram ainda mais os ânimos, levando populares a lotarem sistematicamente as dependências do teatro Santa Rosa, onde funcionava então a Câmara estadual, cantando e agitando lenços vermelhos em apoio à Aliança Liberal. Na segunda quinzena de agosto, quando se discutia a mudança do nome da capital paraibana para João Pessoa — o que foi feito em 14 de setembro —, Irineu Joffily pronunciou veemente discurso atribuindo explicitamente ao governo de Washington Luís a responsabilidade pela revolta de Princesa, que, nessa época, já estava bastante enfraquecida. “O que queremos”, afirmou, “é que o governo federal, pública e francamente, condene o levante, efetive a ausência de auxílio aos trabuqueiros e não corte, como tem feito, toda possibilidade da Paraíba se defender.”

Em setembro de 1930, estavam adiantados os preparativos para à deflagração de um levante contra o governo federal, patrocinado por setores da Aliança Liberal e militares ligados ao movimento tenentista. Iniciada no dia 3 de outubro em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, a revolução foi rapidamente vitoriosa nesse estado, de onde se difundiu para todo o Nordeste. No dia seguinte, formou-se o primeiro governo revolucionário na Paraíba, chefiado por José Américo de Almeida e tendo Irineu Joffily no cargo de chefe de polícia. A colaboração de ambos, contudo, foi interrompida poucos dias depois, quando um grave desentendimento levou Joffily à renúncia.

As colunas revolucionárias oriundas da Paraíba entraram em Natal no dia 5 de outubro, depois da fuga do presidente do estado, Juvenal Lamartine, substituído então por uma junta provisória formada pelo coronel Luís Tavares Guerreiro e os tenentes-coronéis Abelardo Torres da Silva Castro e Júlio Perouse Pontes, que governaram o estado durante seis dias. Nesse período, desenvolveram-se as articulações para a formação de um novo governo, principalmente em torno dos nomes de João Café Filho, líder aliancista local, e José Augusto Bezerra de Medeiros, ex-presidente do estado. Com a chegada do capitão Juarez Távora, chefe supremo da revolução no Nordeste, as consultas ganharam caráter conclusivo, recaindo finalmente a escolha sobre Irineu Joffily que, apesar de não morar no estado, ali possuía vínculos familiares através dos parentes de sua esposa. Segundo Café Filho, partiu dele próprio a indicação de Joffily, aceito por Juarez Távora e empossado no cargo de governador revolucionário em 12 de outubro. No dia 24 desse mês, a revolução consolidou seu triunfo com a derrubada, no Rio de Janeiro, do presidente Washington Luís.

Em maio de 1933, elegeu-se pela Paraíba deputado à Assembléia Nacional Constituinte na legenda do Partido Progressista, fundado pouco antes sob orientação de José Américo de Almeida e amplamente vitorioso nesse pleito. Membro da comissão executiva desse partido, Joffily foi o líder da bancada paraibana que integrou o bloco da maioria parlamentar na Constituinte e, nessa condição, participou da escolha do nome do deputado baiano Antônio Garcia Medeiros Neto para o exercício das funções do líder da maioria. Embora normalmente apoiasse o governo federal, Joffily discordou de Osvaldo Aranha, ministro da Fazenda, na questão referente à discriminação de rendas entre o governo federal e os estados, defendendo, nesse particular, junto com as pequenas bancadas, as disposições existentes na Constituição de 1891. Seu ponto de vista foi vencedor, mantendo-se, na Carta de 1934, o imposto de exportação no âmbito estadual

Coube a Irineu Joffily a iniciativa de propor a suspensão dos trabalhos da Constituinte no dia em que João Pessoa completaria 56 anos de idade, obtendo também o registro em ata de um voto de saudade e reconhecimento aos serviços por ele prestados à República. Depois da aprovação pela Assembléia de uma moção de apoio ao decreto de anistia assinado por Vargas em 29 de maio de 1934, Joffily integrou uma comissão parlamentar que foi apresentar pessoalmente os votos de louvor ao chefe do Governo Provisório.

Em 16 de julho de 1934 foi promulgada a nova Constituição e no dia seguinte Vargas foi eleito presidente da República. Em seguida, Joffily renunciou ao seu mandato parlamentar que, como os demais, havia sido prorrogado até a expedição dos diplomas dos novos deputados que seriam eleitos em outubro. Em 1935, foi nomeado juiz federal no território do Acre, onde permaneceu até 1937. A partir da decretação do Estado Novo (10/11/1937), exerceu, durante 20 anos, o cargo de juiz pretor no Rio de Janeiro, aposentando-se em 1957. Retirou-se então da vida pública, vindo a falecer em Brasília no ano de 1964.

Entre seus familiares, destacou-se também José Joffily Bezerra de Melo, constituinte de 1946 pela Paraíba e deputado federal pelo mesmo estado de 1946 a 1963.


TEOTÔNIO - O Menestrel da Alagoas

Ainda em abril de 1964, a junta militar instalada no comando do Brasil assinou o Ato Institucional nº 1, o AI-1.  Com isso, passaram a ter poder para suspender os direitos políticos de qualquer cidadão.

Começaram as cassações. Entre os primeiros, estavam o líder comunista Luís Carlos Prestes; os ex-presidentes João Goulart e Jânio Quadros, os ex-governadores de Pernambuco, Miguel Arraes, e o do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. Também figuravam na lista o antropólogo e educador Darcy Ribeiro e o economista Celso Furtado. Dois anos depois, em 1966, Teotônio Vilela foi eleito senador pela primeira vez. Dois anos antes da edição do Ato Institucional nº 5, o mais duro do regime militar.

O AI-5 concedeu aos generais mais poderes para reprimir a oposição. Podiam, por exemplo, fechar o Congresso e outras casas legislativas, cassar mandatos eletivos e suspender por dez anos os direitos políticos de qualquer pessoa. Também acabava a garantia do habeas corpus. Assim, os opositores presos não tinham a quem recorrer na busca por liberdade.

Houve outra leva de cassações. Em 1969, 333 políticos tiveram direitos políticos suspensos. O Congresso Nacional ficou fechado dez meses e, em protesto, até mesmo um grupo de senadores da Arena assinou um manifesto contra o ato, entre eles, Teotônio Vilela.

No rastro dos atos institucionais estava o exílio. Milhares foram forçados a deixar o país.  Assim o fizeram porque não havia outra saída. Assim o fizeram inclusive para escapar da morte.  O clima era de medo; da repressão, das prisões, da tortura, do assassinato, do desaparecimento.  Os alvos eram políticos contrários ao golpe, mas também cidadãos – na sua grande maioria jovens – que, de maneira desorganizada, ousaram enfrentar a ditadura.

    Geisel

O Brasil vivia os piores momentos da ditadura, quando Teotônio Vilela se reelegeu para o Senado em 1974, ainda filiado à Arena, o que foi um feito. Naquele ano, o partido que apoiava os militares levou uma surra nas urnas. Elegeu seis senadores, enquanto o MDB preencheu 16 cadeiras. Era um momento de renovação. Na leva de novos nomes, chegaram ao Senado Marcos Freire (PE), Paulo Brossard (RS), Itamar Franco (MG) e Orestes Quércia (SP). “Lideranças que teriam um papel decisivo no período de transição”, lembra Marcos Magalhães.

Mas enquanto o Senado recebia novas caras, a ditadura mantinha os generais no Palácio do Planalto. Ernesto Geisel venceu a disputa no Colégio Eleitoral, em escolha indireta, em janeiro de 1974. O opositor, o deputado Ulysses Guimarães, do MDB de São Paulo, anticandidato (uma forma de denunciar a eleição ilegítima), perdeu de lavada. Foram 84% dos votos para o general da Arena. Um retrato da falta de espaço para a oposição no Congresso Nacional.

Cada vez mais incomodado com os rumos do país, Teotônio se reuniu com o presidente Geisel. No livro “Teotônio, guerreiro da paz”, o jornalista e ex-deputado federal cassado pelo AI-5, Márcio Moreira Alves, lembra como se deu a conversa entre o senador e o general.

Geisel me disse que a meta política do seu governo era o restabelecimento da democracia. Não cabia a mim perguntar o que ele entendia por democracia, que limitações ou que salvaguardas queria impor para preservar o regime (…). Expus ao presidente as minhas ideias e lhe disse que podia contar comigo. Ele ouviu e se limitou a fazer dois pedidos: que não me aproximasse do Paulo Brossard (líder do MDB) e que não brigasse com o Petrônio Portela (Arena), que fora escolhido para negociar a abertura com a oposição. À saída, eu disse ao Geisel que seria fiel ao pensamento que ele me revelara e que só voltaria ao Palácio se fosse expressamente chamado por ele. Ele não me chamou e eu nunca mais voltei”.

Embora ainda filiado ao partido dos militares, Teotônio endurecia cada vez mais suas críticas ao regime, a ponto de exasperar outros arenistas, como Jarbas Passarinho. “Se nós temos um correligionário como Teotônio Vilela, não precisamos ter oposição”, afirmou o então senador pelo Pará, que havia sido ministro da Educação.

Distensão lenta

Em agosto de 1974, Ernesto Geisel apresenta seu projeto de abertura "lenta, segura e gradual". Sinalizava assim para uma maior possibilidade de diálogo com a oposição e a sociedade civil. O general-presidente agiu para acabar com a tortura – marca dos anos do presidente Emílio Garrastazu Médici. Mas as ações de Geisel não foram suficientes para acabar com as mortes nos porões da ditadura.

Duas das mais emblemáticas ocorreram quando o processo de abertura já tinha se iniciado, indicando que os carrascos não aceitariam a abertura facilmente. O jornalista Vladimir Herzog e o operário Manoel Fiel Filho foram mortos na sede do DOI-Codi de São Paulo. Nos dois casos, os torturadores simularam suicídios.

Com a Emenda Constitucional nº 11, de 1978, Ernesto Geisel restabeleceu o habeas corpus e revogou todos os atos institucionais em vigor, inclusive o AI-5. Ainda assim, durante os cinco anos do general no Planalto foram registrados 39 desaparecimentos e mais de mil episódios de tortura.

Um dos slogans da ditadura era “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Os militares apelavam para o amor à pátria, tentando passar a ideia de que a oposição ao regime era uma oposição ao Brasil. Os militares insistiam também na tese de que os adversários do regime criticavam, mas não eram capazes de apresentar alternativas concretas para o país. A estratégia dos militares levou Teotônio e seu parceiro na luta pela democracia, Raphael de Almeida Magalhães, a colocarem no papel propostas para a nação. Assim nasceu o Projeto Brasil, em que reivindicavam o retorno da democracia e das liberdades individuais. Entre as solicitações estavam a liberdade de organização sindical e eleições direta para presidente e governadores.

Anistia sem democracia

O ano de 1979 trouxe o último presidente militar, escolhido em mais uma eleição indireta. Com promessas de dar continuidade à abertura, João Batista Figueiredo, apresentou ao Congresso, em junho, seu projeto de anistia. A anistia tem justamente este sentido de conciliação para renovação, dentro da continuidade dos ideais democratizantes de 1964 que hoje reencontram sua melhor e mais grandiosa expressão”, afirmou Figueiredo.

Teotônio ouviu as palavras do presidente já como integrante do MDB. O filho do Menestrel das Alagoas, o também ex-senador, Teotônio Vilela Filho, lembra que o pai estava cada vez mais inconformado com o regime. - Ele começava a discordar dos rumos do processo de abertura democrática. Depois que ele esteve com Geisel, saiu pelo país pregando [pela abertura], mas a linha dura [da ditadura] resolveu pôr uma trava no processo de abertura. Ele ficou muito incomodado com aquilo e mudou [de partido] – relembra o ex-governador de Alagoas.

A cerimônia de filiação ao MDB aconteceu de forma improvisada no gabinete do deputado Ulysses Guimarães. “Eu sou um doido que perdeu o rumo do hospício. O que quero é que me deixem andar pelo Brasil”, disse Teotônio sobre seu desejo de pregar a favor da democracia, conforme relato de Ulysses, recolhido por Marcio Moreira Alves. Já nas fileiras do MDB, Teotônio ocupou a presidência da comissão que analisou o projeto de lei de anistia. Encontrou ali mais uma causa para lutar. Percorreu cadeias em visitas a presos políticos. Disse que em nenhuma delas achou terroristas, “mas jovens na luta pela democracia”. Teotônio via a anistia como a oportunidade de o Brasil se reencontrar como nação.

“Anistia não é uma concessão à divergência; não se faz apesar da divergência, ao contrário, busca-se por causa das divergências”, apelava o líder. O projeto do governo enfim foi a voto em agosto de 1979. O relatório do deputado Ernani Satyro, da Arena, foi aprovado de forma simbólica, mas para Teotônio Vilela, o texto não atendia as necessidades da sociedade brasileira. Ele via no projeto uma tentativa de sobrevivência do regime. “O que está em votação é uma demonstração nítida de poder tutelar, que podendo tudo, resolve fazer do clamor nacional pela anistia uma manobra de reabastecimento de força”, afirmou.

“Tudo nos foi negado. Não precisava de maneira alguma de votação. Bastam os pelotões que lotam essas galerias. Eu peço ao Congresso Nacional que promova a rebelião das consciências, antes que venha a rebelião das massas”, apelou.

Teotônio deixou claro que voltaria a defender a anistia ampla, geral e irrestrita. O projeto de lei de anistia dos militares foi sancionado no dia 28 de agosto de 1979 pelo general João Batista Figueiredo. A interpretação, que causa controvérsia até hoje, é que a anistia teria que ser recíproca, beneficiando tanto os militantes políticos quanto os agentes do estado. Seus críticos dizem que a lei acabou deixando impunes pessoas que cometeram atos bárbaros, inclusive crimes contra a humanidade, sob a proteção do Estado.

Último ato

Com os banidos pela ditadura voltando ao Brasil, Teotônio Vilela passou a brigar com mais afinco pelo direito de o povo brasileiro voltar a eleger seu presidente. Do cartunista Henfil veio a charge em que Teotônio, com bengala na mão, chapéu na cabeça e o bigode peculiar, gritava “Diretas Já!”. No carnaval de 1983, Henfil foi a Alagoas conversar com Teotônio. A entrevista foi parar nas páginas do Pasquim. Falar com a imprensa sobre a luta pela democracia aumentava o vigor do ex-senador, já muito debilitado pelo câncer.

- A última entrevista que ele deu foi ao Henfil e com um entusiasmo extraordinário. Ele estava um pouco sonolento, e o Henfil chegou com um gravador. Logo ele sentou na cama, começou a falar com entusiasmo. O Henfil dizia que “o remédio para ele é pedir para falar sobre o Brasil” – lembra Teotônio Vilela Filho.

Na entrevista histórica, o grande líder da democracia denunciou a tortura e lamentou que o medo estivesse oprimindo o brasileiro. “Foi o que determinou a fase terrível de 68, depois do AI-5, com uma violência brutal e sem limites. Este medo mantém o brasileiro numa posição de muita tolerância para com os abusos cometidos. Nas escolas, universidades, associações profissionais, instituições políticas, instituições militares, o medo faz com que estes organismos não tenham um funcionamento”, disse.

Teotônio morreu de câncer em 27 de novembro de 1983. A doença tornara-se pública no ano anterior. Companheiro de luta, o ex-senador Pedro Simon lembra com carinho que Teotônio percorreu o Brasil com a saúde já abalada. - Ele foi a grande voz, a grande liderança e, durante um tempo, o grande nome da vida pública brasileira. Um herói. Ele teve quatro cânceres, foi operado, andava com duas bengalas e depois de cadeira de rodas, percorrendo o Brasil e fazendo uma campanha fantástica – relata.

Teotônio sempre tinha uma resposta pronta para os que vinham falar sobre o câncer: “O Brasil está mais doente, precisava de mais cuidados”, lembra Teotônio Filho. Defender a democracia naquelas condições criou algo novo no coração dos brasileiros em termos de dignidade e amor à pátria, avalia. No dia em que Teotônio Vilela morreu, era realizado em São Paulo um dos 48 comícios pelas eleições diretas. O alagoano não viveu para ver o Brasil voltar a escolher presidente no final de 1989, mas deixou um legado de luta pelas liberdades democráticas, expresso em seu discurso de despedida do Senado, em novembro de 1982.   Fonte: Agência Senado



Câmara Cascudo, em uma Acta Diurna, para o Diário de Natal, escreveu: Acho muita graça quando anunciam Zé Praxédi aos microfones das estações rádio-emissoras que é um folclorista. Não é folclorista. É o próprio Folk Lore.


CARRO DE BOI 

Carro de boi, priguiçoso . . .
puxado pur Pintadin
e seu pareia: o Mimoso! 
Tenho viva a tua musga
na minha arrescordação .
As risca qui tu dexasse
pelas istrada isquisita
a istória qui tem iscrita
dos teus tempo no Sertão. 

- Macha pra lá. . Mimoso! . .
Puxa o carro! Pintadin... -
U'a subida, u'a baxada,
as duas roda infincada
nas areia dos camin . 
E quato legua pur dia .
Se tira mais, cansa o boi!
Essa macha demorada
papai cortô, já, não quis.
Meu avô foi tão filiz. . .
meu pobe pai já nao foi,
Vovó, tão santa, tão boa, 
mandava tirá a canga
pra Pintadin discansá.
Meu avô tao carinhoso. . .
dava capim ao Mimoso,
era outo boi no oiá! 
Patrão, patroa e carrero,
na sombra do ingazero . 
Agua de chuva im marimba,
banho de cuia im caçimba
no rio do Putengi.
Rapadura, carne-seca,
comprada no Cariri . 
Chego o tempo muderno:
o artomove, o avião.
O trem, essa besta-fera,
tarvez pra fazê fiasco,
toca fogo no panasco
das terra do meu Sertão 
- oi... oi... - 
O carro de boi parô
Pintadin saiu pastando
cum seu pareia: o Mimoso!
Minha avó e meu avô
im seu eterno reposo . 
E lá na fazenda veia,
duas cavera branca
tã infeitando o camin:
de um lado morreu Mimoso!
Do outo lado: Pintadin!




Homens ou personalidades do Ano DA TIME

Como consequência da reação negativa do público pela escolha de Khomeini como Homem do Ano em 1979, desde então a Time tem evitado escolher figuras que são controversas nos Estados Unidos. Um exemplo foi em 2001, quando o prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, (atual destacado assessor jurídico de Trump), foi a Pessoa do Ano após os ataques de 11 de Setembro às torres do World Trade Center. Na mesma edição foi publicado um artigo que mencionava a decisão anterior da Time de selecionar o Aitatolá Khomeini em 1979, e a recusa de escolher Adolf Hitler como a “Pessoa do Século” em 1999. O artigo deixava implícito que o terrorista Osama bin Laden, mentor dos ataques, era um candidato mais forte ao título do que Giuliani, assim como Hitler era um nome mais forte do que Albert Einstein, que foi o escolhido como Pessoa do Século.


Jovita Alves Feitosa, a heroína de brilho fugaz

O presidente da Província do Piauí, Franklin Américo Meneses Dória — viria a ser o Barão de Loreto —, encarregado de fornecer os efetivos para o conflito, era um dos que mais atuava na convocação de soldados, recebendo da imprensa liberal importante contribuição, incentivando a necessidade de unir forças com elevado entusiasmo patriótico para derrotar o inimigo da pátria.

Sua tarefa não era de fácil execução, principalmente porque os homens mais hábeis refugiavam-se nas matas, fugindo da convocação.

Como parte dessa campanha, a imprensa criou uma imagem depreciativa dos paraguaios e particularmente do povo guarani. O objetivo era incitar o ódio e assim colher mais voluntários.

Outro atrativo para o recrutamento foi definido pelo mesmo Decreto (nº 3.371 de 7 de janeiro de 1865) que criou os Voluntários da Pátria.

Estes recrutas recebiam o mesmo soldo dos voluntários do Exército e mais 300 rs diários.

Quando fossem desligados, com o fim da guerra, teriam direito a uma gratificação de 300$000 e um lote de terra de 22.500 braças quadradas em colônias militares ou agrícolas.

O soldado Antonio Alves Feitosa

A partir de março de 1865 foram enviados os primeiros combatentes recrutados no Piauí. Entre eles estava Jesuíno Rodrigues da Silva, irmão mais velho de Jovita.

Em 20 de junho, querendo seguir os passos do irmão e provavelmente buscando também se afastar da miséria em que vivia, Jovita Alves Feitosa resolveu acompanhar os recrutados pelo capitão Cordeiro na sua região, que caminharam até Teresina.

Dias depois, segundo o jornal piauiense Liga e Progresso de 19 de julho de 1865, “um jovem de 17 anos de idade, pouco mais ou menos, estatura regular, vestido simplesmente de camisa e calça, e trazendo na mão um chapéu de couro” apareceu no palácio da presidência da Província pedindo para ser aceito como voluntário da Pátria.

O presidente Franklin Doria, que o recebeu, aceitou o seu pedido e lhe ordenou que no dia seguinte, 9 de julho, se apresentasse para ser aquartelado. 

Segundo o jornal, algumas pessoas notaram naquele inscrito sinais que indicavam ser ele uma mulher e passaram a observá-lo com cuidado.

Às quatro horas da tarde de 9 de julho, horas antes de se apresentar para o seu aquartelamento, o jovem recruta estava na Casa da Feira quando uma mulher percebeu suas orelhas perfuradas para o uso de brincos. Se aproximou e apalpou-lhe os seios contra sua vontade.

Mesmo estando apertados por faixas, foram notados pela curiosa, que concluiu ser o soldado do sexo feminino. Imediatamente avisou ao inspetor de quarteirão, que a prendeu e mandou ser levada por seus agentes até o Chefe de Polícia.

Liga e Progresso publicou que imediatamente formou-se uma “multidão imensa” que acompanhou a detida até a casa do Chefe de Polícia José Manoel de Freitas, onde foi interrogada.


Jovita Alves Feitosa em foto de Leon Chapelin

Ao responder as perguntas informou chamar-se Antônia Alves Feitosa, mas que era conhecida desde menina pelo apelido de Jovita. Tinha 17 anos de idade e era solteira, vivendo de suas costuras. Mal sabia ler e escrever.

Explicou que resolveu usar roupas de homem porque quando falava que tinha a intenção de alistar-se para a Guerra do Paraguai, diziam-lhe que, como mulher, não poderia ser aceita no Exército.

Como era grande o seu desejo de seguir para a guerra, cortou seus cabelos com uma faca e pediu a uma mulher que os aparasse bem rentes. Em seguida vestiu roupas masculinas e foi apresentar-se ao Presidente da Província, rogando-lhe que a mandasse alistar como voluntário da pátria.

Esclareceu que chorou ao ser detida porque se sentiu envergonhada por estar em trajes de homem na presença de muitas pessoas. Chorava também porque imaginava que não seria mais aceita para a guerra.

Perguntada se sabia atirar e se estava preparada para sofrer nos campos de batalha, respondeu que não sabia carregar as armas, mas que sabia atirar. Asseverou que tinha disposição para aprender o que fosse preciso e que suportaria suportar os trabalhos na guerra. Se dizia pronta “até para matar o inimigo”.

Sabendo que ela não seria aceita, o Chefe de Polícia a sondou sobre a possibilidade de Jovita seguir para o sul “a fim de ocupar-se em trabalhos próprios do seu sexo”. Ela respondeu que em último caso aceitaria, porém reafirmou que o seu desejo era “seguir como soldado e tomar parte nos combates, como voluntária da pátria”.

Logo abaixo do espaço onde publicou esse interrogatório, o jornal liberal passou a identificar no gesto de Jovita uma “excepcionalidade da regra”, considerando que no sexo feminino “naturalmente se aninham o medo e o pavor”. Para o jornalista, Jovita encarava “com verdadeiro denodo e coragem aos rigores de uma guerra!”.

E concluiu: “Do interrogatório que se acaba de ver e de diversas interpelações que particularmente se tem feito a esta brava jovem, ainda se não pode coligir que outro desígnio, a não ser o nobre fim de pugnar pela defesa da pátria, a tivesse trazido da vila de Jaicós a 70 léguas distante desta cidade. É um heroísmo a toda prova”.

Ali começava a ser trabalhada a sua imagem. Em poucos dias seria elevada a heroína como forma de estimular novos recrutamentos.

Fardada

Uma versão da história desta heroína informa que ela terminou sendo aceita como 2º sargento. Entretanto, há registros de que isso não ocorreu.

O jornal piauiense A Imprensa, de 7 de setembro de 1869, publicou longa matéria em que o dr. Franklin Américo de Menezes Dória, Barão de Loreto e então presidente da província do Piauí, se contrapõe a Antônio Coelho Rodrigues, proprietário do jornal O Piauí, órgão do Partido Conservador, que o questionou sobre os pagamentos efetivados indevidamente a Jovita Alves Feitosa.

Em sua defesa, o Barão de Loreto esclareceu que “não é exato que Jovita Alves Feitosa tivesse assentado praça no 2º corpo de voluntários do Piauhy. Da minha correspondência oficial com o ministério da guerra em 1865, o que consta expressamente é que permiti que aquela mulher seguisse com o dito corpo, com o fim principal de que seus serviços fossem aproveitados na campanha em algum hospital de sangue”.

E continuou: “Em abono da minha deliberação, citei até o procedimento dos presidentes da Bahia [caso Anna Nery] e das Alagoas, que já haviam aceitado pessoas do sexo feminino para enfermeiras dos soldados na guerra. Tolerei, é verdade, que ela usasse das insígnias de 2º sargento; o que aliás, acendendo o entusiasmo público onde quer que ela se apresentou, contribuiu para facilitar a aquisição de muitos voluntários”.

E concluiu: “E se ela percebeu vencimentos correspondentes àquele posto, é que, até o ato da sua dispensa, alguns vencimentos, talvez até superiores, lhe deviam ser pagos em atenção ao mister para que o governo provincial a contratara”.


Uniformes dos soldados que combateram na Guerra do Paraguai. Desenhos de Hendrik Jacobus Vinkhuijzen Acervo da Fundação Biblioteca Nacional.

Esse depoimento do presidente da Província revela que as autoridades tinham percebido que a divulgação do gesto da jovem seria útil para incentivar o recrutamento de novos soldados.

Outros registros indicam que a imagem dela foi trabalhada para cumprir este papel, sendo atribuída a ela declarações tão bem articuladas que soam estranhas na boca de uma jovem de 17 anos, semialfabetizada do interior do Piauí em 1865.

Ela teria dito, como publicou o Jornal de Recife de 2 de setembro de 1865, que não aceitava servir como enfermeira porque que seu maior desejo era “bater-se com os monstros que tantas ofensas tinham feito às suas irmãs de Mato Grosso e vingar as injúrias ou morrer nas mãos desses tigres sedentos”.

Dificilmente ela teria dito isso.

Heroína por 72 dias

Com o seu feito já conhecido em todo o país graças a divulgação promovida pela imprensa, Jovita e o 2º Corpo de Voluntários da Pátria deixaram Teresina a bordo do vapor Tocantins no dia 11 de agosto de 1865 com destino ao Rio de Janeiro.

Após navegar o trecho final do Rio Parnaíba, o Tocantins subiu um pouco mais a costa brasileira e aportou em São Luiz do Maranhão no dia 23 de agosto para receber mais soldados.

Jovita, que deveria ficar hospedada na residência do juiz de Direito da 2ª Vara, dr. Antônio Francisco de Salles, foi levada para a casa da família do ajudante de ordens do presidente da Província, tenente Campos, que chegou primeiro a bordo.

No dia seguinte foi homenageada com a apresentação de uma peça de teatro contando sua história. No camarote onde ficou foi estendida a bandeira brasileira. Trajava calças brancas, saiote encarnado e a fardeta e boné dos Voluntários da Pátria. O cabelo era cortado à escovinha. No braço a divisa de 2º sargento.

Foi presenteada com um trancelim de ouro que custou 200$000 e com um fardamento, que foi preparado com esmero e os custos pagos pelo negociante português Boaventura José Coimbra.

No dia 25 de agosto, o vapor partiu de São Luiz e dias depois chegou a João Pessoa, onde Jovita também foi recebida com honras e presenteada com um anel de brilhantes.

O Tocantins tocou em Recife no dia 1º de setembro de 1865. Novamente foi recebida com festa e uma peça em sua homenagem foi apresentada no Teatro Santa Isabel. Ficou hospedada no Palácio Provincial, onde lhe foi oferecido um jantar.

Sua passagem por Salvador também mobilizou muita gente para recebê-la. Foi recepcionada como heroína pelo presidente da Província, que a alojou em seu palácio.

A praça em frente à residência oficial ficou repleta de curiosos e fotógrafos.

Jornal do Commercio de 10 de setembro de 1865 publicou uma nota datada de cinco dias antes em que um jornalista em Salvador assim analisa o papel que ela cumpria: “Rodeada sempre de mil admirações, ela será o Noli me tangere [não me toques] do nosso Exército, depois de haver seduzido com seu heroico exemplo centenas de voluntários para a salvação da pátria. Aqui deverá ela ter fortificado o patriotismo dos nossos patrícios, que, ou já se inscreveram ou pretendem fazê-lo, engrossando as fileiras já organizadas das novas expedições”.

Quando chegou ao Rio de Janeiro, no dia 1º de setembro, já era consagrada como heroína e jornais noticiavam amplamente o seu nome que inspirava poetas e cronistas. Era considerada a nossa Joana D’Arc, que também cortou o cabelo e se vestiu de homem para lutar pela França.

Ficou hospedada na casa da família de Fernando Costa Freire, inspetor da tesouraria de Fazenda.

Entretanto, também foi no Rio de Janeiro que surgiram as maiores críticas ao seu engajamento no Corpo de Voluntários da Pátria. Questionava-se o presidente da Província do Piauí por permitir o seu alistamento sabendo que isso não obedecia as regras do Exército.

Não perceberam que o dr. Franklin Américo de Menezes Dória sabia sim, mas a inscreveu simbolicamente para usá-la como propaganda e conquistar novos recrutas.

Como era esperado, no dia 10 de setembro Jovita recebeu um comunicado do governo informando que ela não poderia fazer parte dos efetivos combatente por não haver “disposição alguma nas leis e regulamentos militares que permita a mulheres a terem praça nos corpos do Exército”, dizia o documento emitido pelo Ministério da Guerra.

O que não impedia que ela seguisse com os soldados “como qualquer outra mulher“. Ela poderia “prestar os serviços compatíveis com a natureza do seu sexo” nos campos de batalha. Foi convidada a ser enfermeira, mas recusou.

Seus apoiadores e principalmente os oficiais oriundos do Piauí, ainda tentaram reverter esta decisão levando-a para uma audiência, no dia 18, com o próprio imperador D. Pedro II. Não se conseguiu nada e Jovita foi rapidamente esquecida e descartada.

Fim trágico

Após se negar a cumprir papel alternativo, Jovita resolveu voltar ao Ceará e o governo se encarregou de custear seu retorno a bordo do vapor Paranaguá.

Como aguardava receber o dinheiro arrecadado para ela em um espetáculo em teatro do Rio, ameaçou não embarcar.

Charge publicada na Semana Ilustrada de 17 de março de 1867

O problema chegou ao presidente da Província, que intercedeu junto ao proprietário da empresa de navegação para retardar a partida e assim dar tempo a ela receber seus recursos.

Mas não foi preciso alterar a data da partida. O negociante Antônio Gomes de Campos adiantou o dinheiro e ela pôde viajar.

Quando chegou em Brejo Seco foi recebida friamente por sua família, que não a perdoava por ter abandonado o pai e os irmãos menores. Procurou seu tio em Jaicós, mas também não teve dele uma boa recepção.

Avaliando que ali não teria mais ambiente e sabendo que no Rio de Janeiro era mais provável encontrar uma forma de sobrevivência, resolveu voltar à capital do país, onde desembarcou em 18 de março de 1866.

Em 9 de outubro deixou o Rio no vapor inglês Humboldt em direção ao Rio da Prata no sul do continente. Especulava-se que teria ido para Montevidéu em companhia de um amante piauiense ou que pretendia se aproximar da zona dos combates para localizar seu irmão mais velho.

Três meses depois, em 8 de janeiro de 1867, estava de volta ao Rio de Janeiro em um vapor que tinha partido de Montevidéu.

Os jornais da época, entre eles o Correio Mercantil, publicaram que nesse período, longe da família e sem trabalho, Jovita “arremessou-se no caminho da perdição e da amargura” e se tornou “uma das elegantes do mundo equívoco”, forma velada de dizer que ela estava se prostituindo.

Logo após completar 20 anos de idade, em 1867, Jovita se apaixonou pelo engenheiro galês William Guilherme Noot, que trabalhava na companhia City Improvements, exploradora dos serviços de esgotos do município, e se afastou da prostituição. Planejava casar e ter filhos com ele.

É muito provável que o engenheiro Noot não tivesse esse mesmo intento.

No domingo, 6 de outubro de 1867, ele escreveu um bilhete para Jovita, em inglês, se despedindo e comunicando que partiria no vapor Oneida para a Inglaterra no dia 9 de outubro, por ter encerrado o seu contrato com a firma.

Jovita não dominava a língua inglesa e achando que aquele era mais um bilhete que recebia dele como tantos outros, não procurou imediatamente alguém para traduzi-lo.

Na manhã do dia 9 de outubro (quarta-feira), ela estava em casa na Rua das Mangueiras, nº 36, quando soube que o engenheiro tinha partido para a Inglaterra. O Oneida levantou ancoras às 8h da manhã com destino a Southampton.

A notícia a deixou surpresa e desassossegada, como registrou o Jornal do Commercio. Seu descontrole foi tanto que a mulher com quem dividia a casa, “temendo algum desatino da sua parte, procurou tranquilizá-la, dizendo-lhe que talvez não fosse verdade”.

Praia do Russel, Glória, no Rio de Janeiro em 1865


Um pouco depois das 
duas horas da tarde, Jovita chamou um carro e “vestida com todo o esmero”, disse a sua colega “Adeus até nunca mais” e indicou ao condutor que se dirigisse à Praia do Russel nº 43, onde Noot dividia uma casa com outro engenheiro.

Na residência, confirmou com a escrava a partida do amante.

Entrou no quarto dele, pediu um envelope, colocou alguns papéis dentro e o endereçou a Noot, recomendando à serviçal que o fizesse chegar ao seu destino. Pediu para ficar só e se trancou no quarto.

Às cinco e meia da tarde, percebendo que Jovita estava no quarto há muito tempo sem produzir nenhum ruído a escrava abriu a porta e a encontrou deitada na cama com a mão direita sobre o coração.

Achando que ela tinha desmaiado, tentou reanimá-la levando um vidro de água de colônia ao seu nariz. Mas quando se esforçava levantá-la percebeu que a mão sobre o peito segurava um punhal que estava cravado em seu coração.

A autópsia foi realizada pelo dr. Goulart e no bolso da suicida foi encontrado um bilhete em que declarava: “Não culpem a minha morte a pessoa alguma. Fui eu quem me matei. A causa só Deus sabe“.

Seu corpo ia ser atirada na vala comum do Cemitério do Caju, mas alguém resolveu dar-lhe um enterro mais digno e recolheu entre amigos contribuições para usar uma cova separada.

Quem fez isso foi Francisco Mendes de Araújo, 60 anos, guarda do necrotério da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e um dos bravos e condecorados combatentes do Pirajá, onde foi ferido.

Em 27 de março de 2017, o nome de Jovita Alves Feitosa foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, em virtude da lei n.º 13 423 de 2017. Esta Lei nasceu de um projeto de 2012 apresentado pela deputada potiguar Sandra Rosado (PSDB)".

 











       um espelho de modernidade para o mundo.


    Para o país, alguns segredos fazem o modelo funcionar. Eles

    consideram que a internet é um direito social de todos e todos os   

    estonianos tem que ter o e-ID, já que 99% dos serviços são online e a    

    população confia no sistema.

     É um dos mais belos países do leste europeu e um espelho de modernidade para o mundo. Quem diria! Aquele até pouco tempo inexpressivo em termos de modernidade, hoje é o país mais digital do mundo. Cópia autenticada em cartório? Reconhecimento de firma? Urna eletrônica? Voto em papel?  Parece coisa do outro mundo ou da pré-história mundial, para esse pequeno país, onde 98% por cento de tudo é feito de forma digital, com assinatura digital. Aqui no Brasil estávamos  engatinhando nessa área, mas estamos  começando, a - pelo menos, - dar os primeiros passos. Atualmente  60% dos três mil e setecentos serviços do governo federal  são digitalizados. A meta é digitalizar mil a mais no biênio 2019-2020 e chegar aos 100% até 2022. 
CConforme dados da Agência Brasil e publicado em 06 de setembro passado.  Mais de 900 serviços  do governo federal  podem ser acessados pelo celular, tablet ou computador, mais precisamente, 918 serviços podem ser acessados pelos cidadãos  na Internet. Voltando ao caso da Estônia:

    Em 2007, durante o Bronze Night, o projeto teve uma invasão aos

    sistemas, mas ainda era no começo do programa e não teve

    comprometimento das informações, mas isso fez com que o governo

    também buscasse melhores formas de se proteger.

    Desde 2013, o sistema é baseado em um modelo chamado de X-Road

    e segue algumas premissas:


   Os bancos de dados são únicos para cada tipo de informação, ou seja,

   não tem informação duplicada, e é chamado de once-only;

   Tudo é digital por padrão;

   Verdadeiro por concepção, ou seja, você pode ver todas as informações

   salvas pelo governo sobre você, bem como quem acessou as suas

   informações e autorizações;

   Construído em padrões abertos de internet.

 


Venha Ver

Distante a cerca de 450 km da capital com aproximadamente 4 mil moradores, tem 72 km2, abriga o ponto mais alto do Estado, a Serra do Coqueiro. Desmembrado de São Miguel, na década de1990, instalado oficialmente no dia 1º de janeiro de 1997. Limitga-se com o Ceará e a Paraíba. Os judeus foram seus primeiros habitantes, juntamente com holandeses, que se refugiaram das perseguições do catolicismo, nas distantes serras de clima ameno (eram os cristãos novos). Estive lá na companhia do amigo Almir Macedo para uma publicação na Revista “O Seridoense”. Venha Ver estava nos primeiros anos de emancipação, os seus primeiros passos. Uma verdadeira aventura se chegar até lá.(*)

O Prefeito Expedito Salviano, não tinha nada, não herdou nada, nem  sequer um gabinete, um birô. Seu local de trabalho era uma velha mesa de cozinha, herança da família, que a partir daí passou a fazer parte da história de Venha Ver.  A primeira estante uma tábua de madeira, apoiada sobre tijolos de alvenaria. Expedito inovou, convocou os moradores, e, a população que compartilhou o dia a dia com ele. Passou a fazer a administração, fiscalizou, lutou, enfrentou desafios e foi vencendo, aos poucos.  (cada rua tinha um representante para cuidar exclusivamente dos problemas dela). Ruas limpas, arborizadas, bem cuidadas. Criou uma padaria comunitária, (nela qualificou mão de obra de padeiro pasteleiro, confeiteiro, etc.), a produção era repassada a população a preço de custo. Às donas de  casas eram  oferecidos cursos de qualificação. (corte, costura, crochê, bordados, produção de enxovais) e comercializados em João Pessoa, Natal, Recife. Acompanhei nos anos seguintes, de longe, as diversas conquistas e vitórias de Expedito e do seu povo. Eletrificação rural, acesso asfaltado,  o estádio de futebol, a estátua de Frei Damião, o incentivo  e incremento na produção de abacaxis e ananás, as novas escolas e incentivo ao acesso ao ensino superior, os postos de saúde, É uma longa e bonita história de conquistas onde a força do querer fazer fala mais alto!  Quem quiser saber mais, procure o blog Almir Macedo /Caicó RN.

(*) O jornalista caicoense Orlando Rodrigues, (“Caboré”), que estivera meses antes lá. Confessou  me disse no seu melhor estilo ao saber da minha viagem:

- “Você é doido cara?  Deus me livre daquela serra. Se Venha Ver  quiser me ver que venha aqui” .

 


TRUMP SAI OU NÃO SAI?

Alguém acredita que  Donald Trump  irá participar da cerimônia de posse de Biden? Entregaria essa tarefa ao vice-presidente e este o que fará?  A quem aposte que Trump montaria até um governo paralelo ao lado da Casa Branca. Quem duvida? Lembram do que ocorreu aqui no Brasil? Fernando Henrique foi eleito presidente e o PT (Partido dos Trabalhadores) criou um governo paralelo nomeando até ministros.

Em alguns casos tal comportamento pode até ser justificado (Juan Guaidó na Venezuela), por exemplo, que se intitula presidente do país vizinho e reconhecido como tal pela maioria dos países. Lá, de fato as prisões, cerceamentos de eleitores, ameaças públicas e veladas, uso de forças militar e paramilitar deram a palavra de ordem antes e no dia das eleições e na apuração, fizeram correr  para o aeroporto de Caracas   até observadores internacionais.


FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM

Ontem, em mais uma de suas falas improvisada, ele fez referência a uma das invenções dos chineses - a pólvora. É incrível a sua capacidade  em desviar  as atenções, o clarão dos holofotes, as câmeras  e ganhar  espaço em horário nobre na TV, sem “gastar um tostão”. Não subestimem  a capacidade do presidente-capitão, ele sempre soube usar muito bem  e colocar no  momento certo, desde seus tempos de parlamentar o que se chama de “fragmentos”  de falas.  Não importa todo o conteúdo. Vale a velha e antiga estratégia de Adhemar de Barros, (ex-governador de São Paulo):  “falem mal, mas falem de mim, meu nome tem que ficar nas primeiras páginas do noticiário. No momento em que a imprensa me colocar no ostracismo, me esquecer, estarei perdido”.


Muitas verdades serão reveladas faltam apenas 13 anos.

(Para quem não sabe: No Concílio de Nicéia – o maior Concílio da cristandade) foram selecionados, por inspiração Divina os livros que vieram a constituir  a Bíblia Sagrada, com o nós a conhecemos hoje. O Concílio composto por 318 bispos de várias partes do Império dos Césares, foi convocado pelo Imperador Constantino, o Grande, que pretendia por um fim às querelas religiosas que ameaçavam os alicerces da fé cristã e seus princípios doutrinários. Com Constantino  terminavam as perseguições do Império Romano aos seguidores de Cristo. Constantino era filho do general Constâncio Cloro e de Augusta Helena (Santa Helena na Igreja Católica).

 

Josiane Pica “tem sangue nas veias”

Justificam seus apoiadores aos eleitores de Sagrada Família:

Josiane Pica “mulher de fibra e coragem”


Ela escolheu o PT porque “está sempre na esquerda!”


Pica “só abaixa a cabeça quando não é provocada”


A Pica “está sempre na frente e de boca em boca”


Na Sagrada Família tem uma guerreira que trabalha noite e dia

Josiane Pica 13013.

 

Outros candidatos


       Já raspei!   



        Decidido e sem acordo




           Pensei que era Peruca  



          Chegou mais cedo





         Coitado  


         Melhor que ser Cara de Pau

       
         Esse deve gostar de bola    





          Eu Voltei!!!



       Atenção meninada, o Circo chegou!!



          Passeio e graça!!!



     Bin Laden Voltou!    



      Chegou o Diababão



      Antes da Vacina vote em Cloroquina 



         Fora de Órbita



         Cuidado! Inflamável!   


    A redondinha que não é oca


       Sempre se escondendo?


     Alô! Alô! Planeta Terra estou chegando


   

DELMIRO - FINAL

Delmiro enfrentou inúmeras barreiras, como já dissemos nas postagens anteriores. A inveja de alguns chefes políticos, afeitos ao cangaço e cercados de jagunços, acostumados a governar no escuro as massas analfabetas como garantia da perpetuidade da elite no poder, falava mais alto. Um deles, José Rodrigues, se junta com outros ressentidos e num acordo macabro, titulam Delmiro, inimigo feroz daquelas oligarquias e que deveria ser eliminado por se meter na política local. 

Após despedir-se de amigos que o visitaram, Delmiro vai para o terraço do seu chalé, e como era do seu costume, sob uma lâmpada forte faz a leitura dos jornais. 

Às 9 da noite, naquele 10 de outubro de 1917, três tiros de rifle ecoam no silêncio do sertão alagoano. Tiros mortais. O socorro vem rápido, mas é inútil. Uma das balas  atingira o coração do grande nordestino que morre em instantes nos braços dos empregados tendo junto de si, um dos cachorrinhos de estimação.
Desde então a palavra desenvolvimento ganhou um sinônimo referencial no nordeste: Delmiro Gouveia. Passaram-se alguns anos e os concorrentes conseguiram comprar a fábrica. 
Objetivo longamente perseguido. Questão de honra para eles!
Depois de sua morte, a Machine Cotton exerceu um dumping criminoso vendendo suas linhas pela metade do preço de produção, sob as vistas passivas do governo brasileiro, durante tempo suficiente para serem liquidadas as fábricas instaladas no país.
Sob a complacência do governo Washington Luis, o complexo fabril de Pedra acabou sendo vendido  em meados de 1929 em Paislay, Escócia, na sede da Machine Cotton, por 27 mil libras, seguindo-se sua destruição a marretadas por uma equipe de demolidores especialmente contratados.

Agora, aliviados com a morte do sertanejo. Por muitos anos depois muito se falou daquela noite de 1930. Os escoceses quebraram as máquinas e as jogaram dos penhascos na margem do rio São Francisco junto a tudo o que insistisse em ter valor na antiga fábrica Estrela.

 

         Penhascos  das margens do rio São Francisco

Matá-lo, não teria sido o suficiente? Não! Achavam, talvez, fosse preciso e a todo o custo, o quanto antes, apagar da lembrança dos sertanejos a imagem do pioneiro da industrialização e da redenção do Nordeste. Pena que este homem, - nordestino, cearense, sertanejo natural de Ipu, seja tão pouco lembrado e tão desconhecido pelas novas gerações. Morte até hoje não devidamente esclarecida.

A importância de Delmiro Gouveia  pode ser sintetizada  numa frase do economista  Celso Furtado: “ a sua morte provocou um atraso de 40 anos no desenvolvimento do Nordeste”.

Foto cedido (Amigos de Delmiro) marco da memória na atual 
cidade que leva o seu nome - Delmiro Gouveia. 

DELMIRO (II)

Quando ele conheceu a cachoeira de Paulo Afonso, viu a oportunidade de realizar ali um grande projeto. Fez a hora - e não esperou acontecer – como na canção de Vandré.  e trouxe um grupo de engenheiros e investidores estadunidenses (1909-1910), para o projeto e a construção de uma grande hidrelétrica, que geraria energia suficiente para iluminar e abastecer o Recife e um grande  empreendimento agro-industrial nas terras em torno da cachoeira, em áreas da Bahia, Alagoas e Pernambuco a serem adquiridas pela empresa. Porém, Dantas Barreto, (governador de Pernambuco), desconfiou da enormidade do projeto e ele foi forçado a reduzir as dimensões do projeto.

Com o apoio dos irmãos Rossbach, ele organizou a Cia. Agro-Fabril Mercantil e com turbinas e geradores alemães e suíços, instalou, (num dos saltos da cachoeira de Paulo Afonso, o de Angiquinho), - foto -  no lado alagoano do rio, uma usina hidrelétrica que gerava 1.500 HP, com uma voltagem de 3 KV.


  Usina de Angiquinho restaurada pela CHESF

Pessoalmente, escolheu, na Inglaterra, máquinas da indústria Dobson & Barlow, para uma fábrica, a Cia Agro-Fabril, que iniciou (1914), a produção de linhas de coser, para rendas e bordados, fios e cordões de algodão cru em novelos, fios encerados e fitas gomadas para embrulhos. A Vila da Pedra ao lado da Fábrica recém instalada. Ela tinha características revolucionárias, no campo social:

      Um dos geradores de energia 

Quando nem se pensava em garantias e direitos trabalhistas, na primeira década do século, Delmiro já fazia experiências exitosas com os seus operários; (jornada de trabalho de 8 horas, intervalo para almoço (2 horas), com fim de semana remunerado), para os seus dois mil empregados na fábrica da Pedra;

Educação gratuita para todos e obrigatória para os menores de idade, além de sala de aula opcional para alfabetizar os adultos, construiu moradias para residência dos seus funcionários - uma vila operária - (foto) uma sala de projeção de cinema e posto de assistência médica; (coisa muito rara naquelas paragens sertanejas);


Vila Operária - foto do acervo do Museu Delmiro Gouveia

Numa região marcada pelas mortes violentas tão comuns e do cangaço, não havia delegacia na comunidade e nenhum assassinato foi verificado entre os mais de 2 mil operários de sua fábrica;

Vale lembrar que enquanto alemães, italianos, franceses e belgas lutavam entre na I Guerra Mundial, na Pedra, os técnicos e engenheiros contratados, desses países, ali conviviam em harmonia;

Fugitivos da polícia não tinham guarida com Delmiro, - só encontravam abrigo se fosse para trabalhar - e se tornarem pessoas decentes. Futuros capitães do cangaço  como Sinhô Pereira, e seu primo Luís Padre e o próprio Virgulino Ferreira, seu pai e seus dois irmãos mais velhos, ali trabalharam por vários meses na almocrevando à frente de tropa de burros, transportando as mercadorias para as pontas dos trilhos antes da chegada do caminhão. (Se Delmiro não tivesse tombado sob as balas assassinas quem sabe, o destino deles não teriam sido diferente nos anos seguintes?

Impôs a proteção da flora e da fauna num raio de 20 km em torno de sua fábrica, a caça de animais era proibida; (disse a Assis Chateaubriand:

-“Aqui na Pedra homens e animais – exceto bois, porcos e galinhas, só quem mata é Deus, com isso, obtenho dois resultados: ensino-os a serem dóceis com os animais e combato a vagabundagem. O caçador aqui é um preguiçoso “.

Inaugurou as primeiras experiências de agricultura irrigada, utilizando as águas do rio São Francisco e já despertava interesse pelo plantio da palma forrageira que no futuro – dizia – seria a salvação para o sertanejo. E Questionava: Se ela dá certo nos desertos mexicanos de onde veio, por que não dá em nosso sertão? Sua visão viria a ser confirmada e poucos anos depois já era utilizada pelos sertanejos.

(A palma forrageira é um recurso alimentar estratégico - considerado um excelente alimento energético -  para as regiões áridas e semiáridas do Nordeste brasileiro, já que é uma cultura que apresenta aspecto fisiológico especial, suportando prolongados períodos de estiagem).

 Quando nem se sonhava com problemas ambientes disse:

Vamos dar um fim na queima de vegetais como matriz para produzir energia. A natureza e a força da cachoeira de Paulo Afonso são o suficiente, até para eletrificar as nossas capitais. Pena que os nossos governos não enxergam isso.”.

Conforme ouviu dele, João Santos, empresário industrial do ramo do cimento - quando garoto - trabalhou como office-boy nos escritórios da fábrica da Pedra. Com sua riqueza, filantropia e coragem desafiou o poder econômico dos ingleses no Nordeste.

 

 



DELMIRO

Rico, jovem, e com muita garra partiu para novos empreendimentos. Urbanizou com recursos próprios uma grande área na margem do rio Capibaribe, bairro do Derby, no Recife. Ali construiu um Mercado muito espaçoso, com vários tipos de lojas, frutas, verduras e objetos pessoais, em estilo europeu sem similar no Brasil. (poderia ser o embrião do que no início dos anos 50 passou a ser conhecido até hoje  como Shopping Center?) Enquanto as famílias faziam suas compras, na área externa do mercado os filhos se divertiam em brinquedos dos parques de diversões, área de patinação e outros atrativos; nas águas do rio, como as competições náuticas que atraíam público cada vez maior. Bem próximo dali, construiu um Hotel. Trouxe da Europa o que havia de mais requintado e moderno no mundo. Nem a Capital da República, o Rio de Janeiro tinha algo parecido. O Grande Hotel Internacional do Recife (depois transformado no tradicional Clube Internacional do Recife perto do estádio da Ilha do Retiro.









Os empreendimentos enchiam os olhos dos recifenses e visitantes que chegavam a capital pernambucana, naquele final do século XIX. Um ano depois, o mercado seria incendiado criminosamente, (soube-se depois, a mando de comerciantes do centro da cidade enciumados provavelmente com o sucesso do empreendimento) somente duas décadas depois o prédio do Mercado “Coelho Cintra” seria recuperado e transformado no quartel da Polícia Militar de Pernambuco até os dias atuais.

Construiu em seguida a maior refinaria de açúcar da América do Sul, a fábrica Tacaruna (atualmente funciona o Centro de Convenções) entre Olinda e Recife. Delmiro enfrentou inúmeras barreiras, como é próprio no destino desses pioneiros colecionar incompreensões.

Temas para as próximas postagens:

A Fuga para Alagoas e os novos empreendimentos





Memoráveis músicas de campanhas eleitorais que marcaram as diversas eleições.

Mário Covas foi outro que se lançou para presidente, mas a lentidão do jingle não empolgou as massas, apesar de muito boa mensagem. João Goulart (1960) – candidato a vice-presidente votava-se em separado do candidato a presidente;

Tancredo Neves (1985) – Na eleição indireta veio a mensagem do “Muda Brasil” para a primeira depois da abertura política, embora indireta; 






ALUISIO ALVES

Projetou-se com o  projeto — posteriormente transformado em lei — que transferia a responsabilidade dos acidentes de trabalho, das companhias particulares, para a órbita da previdência social.

Em maio de 1948, tornou-se membro da Comissão Permanente de Legislação Social da Câmara dos Deputados, tendo integrado também a Comissão de Inquérito sobre Arrecadação e Aplicação das Rendas dos Institutos de Previdência. Durante seu primeiro mandato ocupou ainda a secretaria geral da UDN de seu estado.

Em 1949, assumiu o cargo de redator-chefe da Tribuna da Imprensa, jornal carioca de propriedade do udenista Carlos Lacerda. Em Natal, a partir de 1950, dirigiu a Tribuna do Norte, órgão de que se tornaria proprietário posteriormente. Ainda na capital do estado, dirigiu a Rádio Nordeste.

Simultaneamente à sua participação política, realizou sua formação universitária, bacharelando-se pela Faculdade de Direito de Maceió em 1950.

Em outubro desse ano reelegeu-se deputado federal, sempre na legenda da UDN, pelo seu estado. Durante essa nova legislatura (1951-1955) fez parte das comissões de Legislação Social, Finanças e Orçamento e do Polígono das Secas. Licenciando-se do mandato entre 23 de outubro de 1951 e 17 de fevereiro de 1952, sua cadeira foi ocupada pelo suplente Djalma Marinho. Sempre pela UDN, voltou a se reeleger deputado federal pelo Rio Grande do Norte em outubro de 1954, recebendo a maior votação em sua legenda, alcançando mais de 18 mil votos.

Em 1956 foi enviado a Genebra, na Suíça, como observador parlamentar à Conferência Internacional do Trabalho. Em janeiro de 1958, tornou-se vice-líder da UDN e da minoria na Câmara dos Deputados. Ainda nesse ano, foi contrário à criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O projeto de instalação desse órgão — sancionado em dezembro de 1959 —, a cargo de José Sete Câmara e Celso Furtado, tinha como principal objetivo promover a infra-estrutura adequada à implantação, no Nordeste, do binômio industrialização-agricultura irrigada.

Candidato a mais uma reeleição pela UDN, Aluísio Alves obteve a maior votação do estado no pleito de outubro de 1958, conseguindo mais de 23 mil votos. Desde junho desse ano, quando já se haviam iniciado as articulações para a campanha sucessória às eleições presidenciais que se realizariam em outubro de 1960, a UDN apresentava-se dividida quanto à escolha do seu candidato. Uma ala, liderada por Carlos Lacerda, apoiava o nome do ex-governador paulista Jânio Quadros; outra, à qual Aluísio Alves era ligado, indicava o nome do governador da Bahia, Juraci Magalhães.

Durante as negociações entre os dois grupos, Aluísio seguiu, juntamente com Carlos Lacerda, em agosto de 1959, para Londres, onde se encontraram com Jânio, para discutir as possibilidades de unificação do partido. Como secretário do diretório nacional da UDN (1959-1961), participou, em novembro de 1959, da mesa diretora que homologou o nome de Jânio Quadros para presidente.

No ano seguinte, lançou sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte com o apoio da coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Esta eleição marcou seu rompimento com o deputado Dinarte Mariz, uma das maiores lideranças políticas do estado. 



GETÚLIO  OCUPOU O PRIMEIRO LUGAR

Getúlio foi inspirador para muitos compositores, claro, que na maioria dos casos, por encomenda da própria máquina de governo, ou, por interesses  pessoais dos artistas.

E AGORA? - Teixeirinha homenageou seu conterrâneo Getúlio que ele chamava de o Pai dos pobres, e principalmente dos Trabalhadores (CLT Lei 5452 de 1 de maio de 1943),: como diz as ultimas palavras dele - "Saio da vida para entrar na História".

 

















Foto: Getúlio Vargas assina a Lei 2004 no dia 3 de outubro de 1953 
e cria a Petrobras.


JINGLE POLITICOS

Em terceiro lugar Enéas com 7,38% Quase disputava o segundo turno. O quarto colocado foi Orestes Quércia 4,38%   com 3,19% dos votos, a chapa encabeçada por Leonel Brizola tendo como vice Darcy Ribeiro, foi o quinto colocado. Com 2,75% dos votos o careca Espiridião Amin de Santa Catarina, chegou ao sexto lugar na disputa eleitoral.

A votação de Enéas foi surpreendente. Ganhou de um ex-todo poderoso governador de São Paulo, ganhou de Brizola, e, passando a frente de outra velha raposa,  Espiridião Amin.


 

Eleições 2020

Novamente estamos vivendo um período de campanha eleitoral que culminará com a eleições de novos prefeitos e vereadores nas capitais e interior brasileiro. Com a emenda da reforma política que alterou a legislação, em 2017, aumentou consideravelmente o número de candidatos ao legislativo com o fim da coligações que antes existiam (vereador, deputado federal, estadual e deputado federal). Essas coligações, contudo, ainda permanecem no caso de prefeito, presidente, governador, senador.

Mas, o que queremos mostrar não é propriamente a importância do momento eleitoral. Essa é uma tarefa a que estamos a costumados e ver, a ler e ouvir, seja nas Tvs, no rádio ou no jornal, e, nas mídias eletrônicas ultimamente bastante exploradas pelos candidatos. Voltamos a ser bombardeados diuturnamente pelos mesmos “chavões”, as mesmas promessas, a mesma retórica, - ainda bem que o prazo encurtou – para alívio de nossas mentes e corações.

Candidatos de todos os matizes prometem enfrentar os problemas sociais, melhorar a  vida dos seus concidadãos. São poucos mesmo, os que, uma vez eleitos, mantem seus compromissos de campanha. Não é de se estranhar, portanto, que na cabeça de todo brasileiro ele reconheça que cada eleição não é nada mais nada menos, do que uma nova oportunidade de ser ludibriado. É o que se pode chamar de crise de representação política. Nossa democracia, não conseguiu até hoje se instrumentalizar de mecanismos de controle dos cidadãos sobre os mandatos daqueles que elegeram.

Ou que se elegerão nesse próximo pleito. Não há formas eficazes de cobrança sobre as promessas não cumpridas, não há forma de cobrança instituída. Em nossa democracia a política se restringe cada vez mais a um jogo de “faz de conta” nas relações entre os poderes, o Executivo, Legislativo e o Judiciário, deixando de lado a sociedade civil, que só será chamada na próxima eleição, daqui a dois anos, ou seja, na próxima eleição para escolher novos “representantes”.

Com raras e honrosas exceções, alguns presidentes de Câmaras Municipais prestaram contas dos recursos recebidos, onde e de que foram utilizados esses recursos. Alguns chegaram inclusive  a restituir ao Executivo, recursos não totalmente utilizados em suas necessidades. Aliás, para quem não sabe fica sabendo:

O valor do orçamento do Legislativo em todas as Câmaras no Brasil – é estabelecido pela Constituição Federal e corresponde  4,5% sobre a receita tributária ampliada do município (menos a despesa com inativos). Como as verbas de órgãos públicos vêm de impostos e estes são centralizados na conta da prefeitura, o que o Executivo faz é repassar o valor que é da Câmara, conforme rege a Constituição em seu artigo 168.  Outro ponto importante é que o sistema de duodécimo, como é conhecido esse repasse, se repete nas esferas estadual e federal, ou seja, 1/12 avos das receitas tributárias no orçamento do estado e da união têm de ser destinados aos legislativos estadual e federal. Aliás, não só a eles:  as verbas do Judiciário e do próprio Ministério Público também seguem este modelo e os Executivos têm de fazer os repasses na forma do art.168: “Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês.”


Assis Chateaubriand comprou material da RCA para a TV Tupi-Difusora de São Paulo, mas comprou da GE a aparelhagem para a Tupi, a emissora que foi instalada no Rio, no mês de janeiro de 1951. Outros testes foram realizados pelas Emissoras Associadas. As imagens eram sempre experimentais. A princípio as transmissões eram realizadas em um estúdio improvisado, na Rua 7 de Abril, Edifício dos Diários Associados. Era ali que funcionava o Museu de Artes Assis Chateaubriand. Lá é que aconteciam as experimentações. 

Em março de 1950 chegou o material da RCA ao Brasil. Foi feita a instalação da torre no alto do Edifício do Banco do Estado de São Paulo. E os estúdios, no bairro do Sumaré. A equipe artística estava se preparando para a inauguração da programação.

Em 15 de junho de 1950 foram realizados cinco shows experimentais de televisão, consecutivamente. Estava tudo pronto: os cenógrafos, os maquinistas, os iluminadores, os técnicos, o telecine, o elenco de radio-teatro associado, as bailarinas os diretores. 

O primeiro e mais importante dos testes foi em julho de 1950, e contou com a presença do frei-cantor José Mojica, que fazia sucesso internacional. Foi uma verdadeira festa.E ia começar a reunião para a primeira programação.












Frei José Mojica se apresentou em transmissão em circuito-fechado, pela PRF-3 TV Tupi-Difusora, no auditório do Museu de Arte de São Paulo, nos dias 04 e 07 de julho de 1950. Sob o patrocínio das Goiabadas Peixe, primeiro anunciante da televisão brasileira.
De repente, veio a pergunta: O Brasil não tem televisores. Quem vai assistir ao nosso programa?
Conta Lima Duarte:
“- Rapidamente alguém avisou o Chateaubriand, que pegou um avião Constellation da Panair e foi imediatamente para os Estados Unidos, comprou 20 televisores e trouxe para o Brasil. Conseguiu também autorização do governo, que permitiu a importação de 200 aparelhos de televisão, para que fossem colocados em lugares estratégicos e, dessa maneira, pudessem inaugurar a PRF-3 TV Tupi Difusora de São Paulo, a primeira Emissora de Televisão da América Latina.

Dia 18 de setembro de 1950. Nascia, enfim, o fruto dessa linda história de amor. Desde as 16 horas os sinais de ajuste e o padrão da emissora estavam no ar. Por isso havia muita aglomeração de gente, em todas as lojas e cantos que receberam os televisores.

Foram os primeiros patrocinadores: Indústrias Alimentícias Carlos de Brito (Goiabada Peixe), Antarctica Paulista, Sul América Seguros, Moinho Santista e Organização Francisco Pignatari.

Chateaubriand disse: Ao sentirmos madura a televisão nos Estados Unidos e na Inglaterra, pedimos àqueles quatro anunciantes nossos que, em vez de nos entregarem uma autorização de publicidade, demonstrassem um pouco mais de confiança em nossa estabilidade. E eles nos deram suas ordens de inserção de anúncio por 12 ou 18 meses . Fomos aos bancos que trabalham conosco, descontamos as autorizações por antecipação. E assim estou cumprindo o compromisso assumi do: a TV Tupi está entregue ao povo paulista.
Houve grande salva de palmas, coquetel e os convidados foram visitar os estúdios, as dependências da emissora, ouviram explicações dos técnicos sobre a televisão. Depois o padrão da imagem ficou no ar, com música de fundo, sendo anunciado que às 21 horas seria dado início à programação artística. Assis Chateaubriand levou seus convidados ao jantar festivo no Jockey Clube. Em seguida, os convidados iriam acompanhar o primeiro programa da TV Tupi de São Paulo.

A música Acalanto de Dorival Caymmi foi executada para se despedir e encerrar a programação inaugural TV TUPI em 18 de setembro de 1950;

O Hino da Televisão Brasileira foi escrito pelo poeta paulista Guilherme de Almeida, com música do grande maestro Marcelo Tupinambá. Quem cantou foi Lolita Rodrigues substituindo Hebe Camargo que deixou de comparecer no horário previsto.  E a letra era assim:

Vingou, como tudo vinga
No teu chão Piratininga,
A cruz que Anchieta plantou;
Pois dir-se-á que ela hoje
Acena por uma altíssima
Antena,
Em que o cruzeiro
Pousou e te deu num amuleto
O vermelho, branco e preto
Das contas do teu colar,
E te mostra num espelho
O preto branco e vermelho
Das penas do teu colar.
(A TV era em preto e branco,  mas, os últimos versos já preconizavam a TV em cores que viria tempos depois).
Acrescenta Lima Duarte: “O doutor Assis Chateaubriand, que foi o grande visionário e que viu o poder e a grandeza dessa arma fantástica, que é a televisão e o mundo maravilhoso que se descortina atrás do entretenimento, que é a grande indústria do momento, que é o grande movimentador de dinheiro, de emprego , de trabalho no mundo de hoje; é o entretenimento. O Chateaubriand era um delirante, um louco (... )
Fomos todos jantar e comemorar, uma maravilha! Aí no meio da festa o Cassiano virou pra mim e disse: Ó Lima, e amanhã, hein?

 - Não temos nada para colocar no ar amanhã.

Ninguém tinha pensado na programação do dia seguinte.


Chatô, o Rei do Brasil - continuação

A Revista Bula publicou: “O que Fernando Morais mostra, sem fazer discurso, é que, apesar de ser (quase?) um gangster, ele de fato contribuiu para a modernização da imprensa patropi, investindo a sério na melhoria dos seus veículos, sobretudo com a contratação de grandes profissionais, como Joel Silveira e David Nasser. Hoje, fala-se mais de Roberto Marinho, construtor do império Globo, e é justo que se fale do empresário que tornou “O Globo” um grande jornal e criou a TV Globo, a mais importante do país, claro, mas, com os dólares grupo Time-Life.

No caso de Chatô  teve que enfrentar  tempos mais difíceis, com um mercado privado ainda incipiente, o que criava uma relação promíscua entre empresários e governantes (e também empresários). Não satisfeito em ser um cidadão Kane do país, inclusive influenciando políticos — ele próprio era político —, decidiu criar o Museu de Arte de São Paulo o Masp.

Aproveitando-se da crise na Europa, depois da Segunda Guerra Mundial o continente estava arrasado, Assis Chateaubriand criou e comprou quadros de pintores importantes por preços mais baixos. Ele pressionou empresários para que lhe dessem dinheiro para adquirir trabalhos de alguns dos maiores pintores da história. Vale observar que Fernando Morais, biógrafo de primeira linha, poderia ter contado apenas a história de um bandido da imprensa. Porém, ao nuançá-lo, mostra que, por trás do pequeno homem, quiçá um semigangster, havia um grande homem. Uma de suas lições, se  é uma lição, é que se deve verificar de maneira mais ampla quem são as pessoas, limando preconceitos e julgamentos apressados".

Ainda vamos contar muita coisa protagonizada pela controversa figura de Chatô.


1906  O norte-americano, H. H. C. Dunwoody patenteou um detector de cristal, a galena (sulfeto de chumbo natural), que está na base deste tipo de receptor radiofônico. A galena era ligada a uma antena por um arame fino, e o som transmitido era captado pela antena, passava pelo cristal e era ouvido através de fones de ouvido. No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, esse rádio de fabricação artesanal foi bastante usado.

1920, uma estação montada pela Westinghouse, nos EUA, iniciou o broadcast (transmissão de um emissor para múltiplos receptores, como se dá hoje mais usualmente) no rádio, veiculando informes sobre a eleição para presidente. O número de emissoras, em vários países, e de ouvintes começa a crescer - é o início da "Era do Rádio". Alguns países adotaram o monopólio estatal (principalmente na Europa), enquanto o modelo comercial privado se consolida nos EUA e, depois, no Brasil. Já em 1925, os problemas criados pelo crescimento das estações levaram à criação da "União Internacional de Radiodifusão".  O rádio foi utilizado na Revolução de 1932, como meio de comunicação entre as tropas. E também como instrumento de divulgação do movimento entre a população, nas emissoras normais. Por isso, Getúlio Vargas procurou controlar essas transmissões, na época.

1936  A primeira emissora brasileira, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada em 1923 por Roquette Pinto, possuía preocupação educativa e cultural. Ela existe até hoje, tendo se transformado, em 1936, na Rádio MEC (http://www.radiomec.com.br/), conforme a vontade do fundador. Na trajetória de Roquette Pinto, a preocupação em fazer com que os meios de comunicação estivessem a serviço da educação foi constante. E estimulou muitas iniciativas nesse sentido.

1938  Getúlio Vargas compreendeu a importância da comunicação, e criou, em 1938, a Hora do Brasil (depois, Voz do Brasil). No mesmo ano, 1938, a adaptação radiofônica de A Guerra dos Mundos, feita por Orson Welles, criou pânico nos EUA.

1939  É criado o Departamento de Imprensa Propaganda DIP pelo governo brasileiro. Esse órgão controlava o rádio no país e difundia o pensamento do regime. Após estatizar a Rádio Nacional, em 1940, Vargas deu condições para que ela adquirisse a liderança de audiência

No mundo todo, como no caso do Brasil, o rádio passou a ser um instrumento de mobilização popular. Hitler, Mussolini, De Gaulle (exilado na Inglaterra) usou o rádio para mobilizar a Resistência  Francesa, Churchill, primeiro ministro inglês para convocar os ingleses. O Imperador Hiroito usou o rádio para anunciar a rendição do Japão, após as bombas despejadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Exemplos similares ocorreram ao longo da história mundial. Outro exemplo foi visto aqui no Brasil, com Brizola em 1961, quando governador do Rio Grande do Sul na campanha pela legalidade garantindo a posse do vice-presidente João Goulart, após a renúncia de Jânio Quadros.

1967, durante o regime militar, foi criado o Ministério das Comunicações. Os presidentes desse período investiram bastante no setor com o objetivo de "integrar o país" através de um sistema nacional de comunicação. O Ministério das Comunicações é ainda hoje o principal responsável pelas políticas públicas no setor. O governo federal conta ainda com a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL

1990  A  Rádio Bandeirantes formou a primeira rede nacional via satélite. E essa década foi marcada ainda pelo início da propagação da internet e experiências, no exterior, do rádio no padrão digital.

Clubes de amigos e AS primeiras “PR” no rádio brasileiro (a respeito, José de Almeida Castro, fundador e ex-presidente da ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão ), escreveu: “O rádio nasceu no Brasil oficialmente no dia 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da independência do país, com a transmissão,  à distância e sem fios, da fala do presidente Epitácio Pessoa, na inauguração da radiotelefonia brasileira; Roquette Pinto, um médico  que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos. Acompanhava tudo e, entusiasmado com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências  a patrocinar a crtiaç~]ao da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2.

A rádio só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923, com um transmissor doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires, instalado na Escola Policlínica, na então Capital Federal”.  Explica ainda José de Almeida Castro:  - “as primeira rádios chamadas de Sociedade ou Clubes de amigos, em geral, e com o prefixo PR encantados com a sensacional novidade. É o caso da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro a PRA-2. Contudo isto não impedia que Oscar Moreira Pinto e um grupo de amigos fizessem transmissões de sons e palavras em Recife, antes do Rio de Janeiro e proclamassem a sua Rádio Clube de Pernambuco como pioneira. Oficialmente registrada depois como PRA-8

Os famosos rádios “galenas” eram pequenos e artesanais receptores de sulfeto de chumbo ao natural, que com uma antena de arame fino captavam vozes e sons vindos pelo ar.

Em 1906, o norte-americano, H. H. C. Dunwoody patenteou um detector de cristal, a galena (sulfeto de chumbo natural), que está na base deste tipo de receptor radiofônico. A galena era ligada a uma antena por um arame fino, e o som transmitido era captado pela antena, passava pelo cristal e era ouvido através de fones de ouvido. No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, esse rádio de fabricação artesanal foi bastante usado.

Sobre o pioneirismo do rádio disse J Almeida Castro:  “Nos meus oitenta anos de trabalho, muitas vezes me perguntaram sobre o início da radiodifusão e onde operou a primeira emissora. A resposta padrão passou a ser: nosso país não tem tradição de preservar a memória nacional. Por isso, as controvérsias vão sempre existir”.

 

A pré-História da TV 
Era uma vez um menino que amava fazer experiências. Seu nome, Philo Farnsworth. Ele vivia na pequena  Beaner City, em Utah, Estados Unidos, nasceu em 1906. Morava numa cabana de madeira, ia à escola a cavalo, mas adorava estudar, pesquisar. Aos 12 anos, já morando com a família em Idaho, além de trabalhar no campo, prestava atenção aos fenômenos elétricos. Com 16 anos, e tendo conseguido um professor particular de química, foi aceito, a muito custo, pelos mórmons, em Provo, Utah, na Universidade Brigham Young, onde havia um centro de pesquisas. Philo falava a todos sobre suas ideias e sua teoria sobre a transmissão de imagens, mas não o ouviam. Um imigrante russo, de nome Wladimir Zworykin, engenheiro, o ouviu e acreditou no garoto. Zworykin trabalhava na Westinghouse  e também pensava sobre aquele assunto, embora não o tenha revelado ao garoto. O tempo passou. Em 1927.  Philo estava já com 22 anos, casado, sempre apaixonado por suas experiências, quando conseguiu num laboratório particular fazer a primeira transmissão de imagem eletrônica. 


Foi registrar seu invento. Não conseguiu. Zworykin já o havia registrado em 1923. A história foi para todos os tribunais. Sete anos depois, Philo Farnsworth ganhou a causa. Zworykin então trabalhava na RCA, e teve de pagar a ele uma indenização por muito tempo. Mas veio a guerra e tudo silenciou. Dizem que Philo Farnsworth teve um grande colapso nervoso. Foi internado e esquecido. Morreu em 1971, aos 65 anos. Para a grande maioria, seu nome nem consta do episódio da invenção da televisão.

 

OS MALES DO BRASIL

Observamos a cada dia um total desprezo pelo sentimento de brasilidade, há um distanciamento cada vez maior de convivência coletiva, de formação cidadã e senso de amor a nação. Como reverter esse cenário? Até a algum tempo falar mal do Brasil era moda, mas não passava disso. Agora, o que vemos é um sentimento de descrença e indiferença às coisas que dizem respeito ao Brasil. O brasileiro assistiu e sentiu e na pele ao longo dos últimos anos a corrupção desenfreada público/privada, em todos os seus níveis, resultando no maior escândalo jamais visto na nossa história. Mais de setenta operações investigadas somente no âmbito da tal Lava Jato.

Nas esferas estaduais são incontáveis outras ladroagens resultantes do convívio promíscuo entre as igrejas, imprensa e o poder político, da venda de sentença e negociatas envolvendo as esferas do Executivo, Legislativo e do Judiciário. Uma nação que se diz cristã mas, que tira de quem não tem nada para dar a quem já tem. não pode ser um país cristão. Que gasta milhões para tratar de enfermidades provocadas pelo uso do fumo, e financia pelos seus bancos oficiais o plantio do fumo. Um país injusto, até em sua política fiscal, onde o cidadão assalariado paga do seu minguado salário até 40% de imposto nos produtos da cesta básica e um milionário paga somente 12% na compra de um colar de pedras preciosas. Um professor que finge ensinar e um aluno que finge aprender. Um médico que faz da missão de salvar vidas e se transforma em “comerciante/empresário da medicina” – como já dizia há mais de 100 anos, Bezerra de Menezes.

Um Estado que é dono ou é sócio em empresas falidas - mais de 600 delas - aqui dentro e no Exterior, não consegue desvencilhar-se delas. Olhamos ao redor e vemos uma massa de jovens sem referência, ao bem mais caro de qualquer País, que é o respeito aos valores cívicos e aos seus símbolos nacionais. Que estabelece um Estatuto da Criança e da Juventude tratando em pé de igualdade a vítima de maltratos e aquele que as pratica.

Que permite uma pessoa votar aos 15 anos e possa matar até os 18 anos. Desgraças e tragédias são tratadas como shows de televisão para se ganhar audiência. Viu-se um menino que tinha sido morto, e o outro que foi preso dizendo, como as televisões registraram: “Eu conheço os meus direitos.” Quer dizer, qual é o direito dele? O direito de matar, de matar até os 18 anos. Isso cria uma escola do crime, cria a convicção na consciência delas da falta de respeito pela vida humana, que como criança é coisa natural que elas possam dispor dessa irresponsabilidade.

Os criminosos têm seus direitos declarados em muitos artigos da Constituição; as vítimas, só num. Os criminosos recebem apoio financeiro do Estado, o auxílio-reclusão previsto no artigo 201, E as vítimas? Nada! Nada, nenhum apoio, financeiro ou de outra natureza. São pessoas que sofreram ou que perderam a vida, que desapareceram, que tiveram seu destino cortado, o que se estende a famílias inteiras.

O Estado brasileiro ao longo dos anos, não tem defendido as pessoas da morte e ainda por cima não apoia a família dos assassinados. Há uma coisa no Brasil que é terrível: o criminoso de homicídio pode se defender mesmo estando solto. Somos um dos poucos países do mundo onde o homicídio ainda não é crime hediondo e se aplica a suavidade das penas por este tipo de crime. Muitos são os crimes hediondos, mas tirar a vida – e o bem maior que Deus nos deu é a graça da vida – entre nós não é crime hediondo. Quer mais?

Uma pessoa pode cometer vários crimes – vemos na mídia pessoas condenadas a 70 anos ou a mais de cem anos –, mas o Código Penal manda que as penas sejam consideradas em conjunto e reduzidas a trinta anos de prisão. E, nesses 30 anos, há a progressão, com a qual, na realidade, cumprem-se cinco anos.

Jovens sem noção do que venha a ser uma convivência civilizada, ou uma instituição chamada família. 

Pergunte a qualquer jovem o que significa Família e 99,% lhe dirá – O que é isso? - Um país guiado pela permissividade sem limites, agressividade moral e às vezes até física. Preconceitos e intolerância política instrumentalizada, massificada diuturnamente pelos meios de comunicação, que - embora concessionário de um serviço público - está a serviço de grupos internacionais ou interesses escusos.  Este ou aquele que pensa ao contrário? Então é meu inimigo. Este ou aquele governante adversário procura fazer a coisa certa? Não pode! Temos que conspirar para tudo dar errado. Essa é a nossa triste realidade, infelizmente. Urge que essas mazelas sejam corrigidas, enquanto é tempo.

 



O SEVERO José Varela

Talvez ninguém tenha retratado tão bem e em tão poucas linhas o exemplo de homem público e cidadão chamado José Varela, que o nosso admirado e sempre respeitado jornalista assuense João Batista Machado, nosso querido “Machadinho”. Reproduzimos abaixo, trechos do que escreveu Machado em 29 de dezembro de 1991, em um dos seus inúmeros perfis de políticos do RN e publicados aos domingos em O POTI. 

“José Varela um exemplo de homem público

Nestes tempos denúncias, corrupção, escândalos, superfaturamento, onde o Poder Público está na berlinda e a opinião pública de olho nas compras e nos gastos do Governo, é bom lembrar, até para servir de exemplo às novas gerações, o nome do ex-governador José Varela, eleito após a redemocratização do País em 1946. Seu governo foi marcado pela austeridade, honestidade e zelo no trato do dinheiro público”. Continua JB Machado em sua narrativa:

“José Augusto Varela ou simplesmente Zé Varela, governou o Rio Grande do Norte como se administrasse os recursos de sua própria casa. Na sua gestão, ninguém ousava esbanjar dinheiro ou gastar mais do que o necessário. Seus adversários e até alguns amigos não toleravam o seu zelo excessivo com o dinheiro público. Mas, ele manteve-se assim até o último dia do seu mandato, foi um dos mais severos governos do Estado.

Quando governou o Rio Grande do Norte nunca permitia que os seus filhos andassem de carro oficial. Usavam o seu carro particular. E nenhum deles ousava desobedecer à ordem paterna. Mordomia nem falar. Em sua casa, as refeições eram de uma família de classe média. Sem luxo ou ostentação. Um homem simples gostava da comida caseira do sertão. Outros trechos que enriquecem essa personalidade potiguar são descritos por Machado e colhidos em uma longa entrevista concedida ao jornalista. 

“Quando governador, convidou o presidente Eurico Gaspar Dutra a vir ao Rio Grande do Norte. O senador Georgino Avelino, homem requintado e de bom gosto, comprou uma caixa de vinho francês para o almoço que seria realizado no Grande Hotel. Ao ser informado do alto custo das tal caixa de vinho, tomou uma atitude drástica:

 - Ele vai almoçar na minha casa, um carneiro assado que vou trazer da minha fazenda.  O Estado não pode fazer este tipo de gasto  supérfluo. Ele vai comer o que eu como todo o dia. E o senador Georgino Avelino que comprou o vinho que pague a conta. Disse então a Machado:  - “o presidente Dutra achou ótimo o almoço e não se cansava de elogiar o carneiro que comeu. Apenas Georgino passou uns meses sem falar comigo. Eu ainda disse ao presidente, num Estado pobre como o nosso, ninguém tem o direito de fingir que é rico. O senhor comeu hoje o que eu como todos os dias”.

Quando José Varela terminou o seu mandato, no outro dia voltou para o interior, para a cidade de Macau, “onde iniciou sua vida pública e profissional  instalando seu consultório médico. Era ´único meio de vida que tinha para sustentar a família. Lá era simplesmente Dr. Varela o amigo de todos, que conhecia as ruas e os becos da cidade como a palma da mão.

Seus amigos do velho PSD (Partido Social Democrático) de Mossoró, se reuniram e deram-lhe de presente um visto automóvel “Plymouth” americano. ...”seis meses depois José Varela  - vivendo em dificuldades financeiras, - reúne os amigos e diz: não posso manter o carro que vocês me deram. Por isso vim devolver o presente”. O carro foi comprado pelo Dr. Duarte Filho.

Conclui Machado:

“apesar do seu jeitão ríspido e do rigor com o dinheiro público, José Varela foi deputado estadual, prefeito de Macau, deputado federal à Constituinte, governador, vice-governador, encerrou sua vida pública como Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Exerceu esses cargos importantes como se cumprisse uma missão. Um exemplo de homem público para as novas gerações. Um homem público que morreu com as mãos limpas”.


O LIBANÊS NASSYM

Nesses últimos dias, ouvi nos meus arquivos uma regravação do baião “Recordando o Líbano”, com solo de acordeon do falecido Noca, criação dos compositores Pedro Santos (Pedro Sorongo) e Ayrton Amorim. lembrei-me de um velho conhecido chamado Nassym, cuja família possui loja de confecções - de pai para filho - (claro), são libaneses. Essa explosão no porto de Beirute, no início deste mês (terça, dia 4) trouxe imagens de forte impacto para o mundo inteiro e em especial para os libaneses, a maior colônia deles está no Brasil. Um povo sofrido se não bastasse as guerras e outros conflitos que parecem nunca acabar, mas, é um povo que gosta de rir e de dançar.

Lembrar essa velha amizade é fazer uma viagem no tempo: meados dos anos 70, do almoço no sábado, - onde tudo começou - no restaurante “sujinho” batizado pelo pessoal da redação da Folha. (feijão preto, arroz branco refogado, fumegante, temperado com alho como só se vê em São Paulo). Depois era uma longa e estúpida caminhada regada a conversa mole da Av. Barão de Limeira até o Braz, - para fazer a digestão, dizia - passando pelo parque Dom Pedro, Largo da Concórdia, Av. Celso Garcia, ele ficava antes. Eu morava mais adiante, cruzamento com a rua Bresser. Recordo de sua irmã, Séfora, uma jovem linda e extremamente educada, de sobrancelhas grossas, belos e longos cílios que ornavam  seus olhos castanhos, característicos das mulheres do Oriente e aquele seu inseparável hijab (uma espécie de véu) ocultando o pescoço, as orelhas e os cabelos dos curiosos, como eu.

A escolha do nome seria para lembrar a donzela Séfora das escrituras?  aquela - conforme vim saber depois -  a jovem que Jesus deixou encarregada de cuidar de Maria, sua mãe, quando Ele começou a proclamação do Reino de Deus entre os homens. Séfora cuidou carinhosamente de Maria até o término dos seus dias, no ano 54 da Era Cristã. Lembranças que o liquidificador do tempo não consegue diluir.




desculpas inúteis

Diz filho de vítima de Cesare Battisti, se referido a Lula.

Ex-presidente da República afirma que foi induzido por outro petista a acreditar na inocência do terrorista italiano. Jura que não sabia!

Responsável por deixar Cesare Battisti viver anos no Brasil como cidadão comum e inocente, Lula pediu desculpas aos familiares das vítimas do terrorista italiano. Afirmou, contudo, que foi induzido ao “erro” por outro petista, o então ministro da Justiça Tarso Genro.

“O Tarso Genro tomou a decisão porque achava que ele era inocente. O Tarso Genro me disse o seguinte: ‘não dá para mandar ele embora porque ele pode ser detonado na Itália e ele é inocente'”, disse Lula ao ser entrevistado pelo canal do jornalista Fabio Pannunzio no YouTube.

Nesse sentido, Lula enfatizou que o seu aliado não foi o único a pedir pela não extradição de Cesare Battisti — que era condenado pela Justiça italiana a prisão perpétua por envolvimento em quatro assassinatos. “Toda a esquerda brasileira, todo mundo [da esquerda] defendia que o Battisti ficasse aqui”, complementou Lula, que tomou a decisão em favor do terrorista em seu último dia de mandato como presidente, 31 de dezembro de 2010.

mea culpa de Lula não comoveu um dos filhos das vítimas de Cesare Battisti. Afinal, o condenado só voltou à Itália em 2018, quando o então presidente Michel Temer decidiu por sua extradição. Dessa forma, Alberto Torregiani ironizou a postura adotada agora pelo líder petista.


Em julho de 2009 foi saudado e amparado por parlamentares, recebendo status de refugiado. Créditos/Congresso em foco

“As desculpas de Lula? Melhor tarde do que nunca, mas são inúteis. Quero ver o que diz quem havia apoiado a sua decisão. Por que falar isso hoje? Para ser notícia? Deve ter suas motivações”, disse Torregiani em entrevista à agência de notícias italiana, AnsaProsseguiu o homem que é filho de uma das vítimas, o joalheiro assassinado pelo terrorista. Battisti confessou seus crimes ao voltar à Itália e está cumprindo a pena imposta pela Justiça italiana no presídio de Rebíbbia.




















Em Roma sendo conduzido por policiais italianos.

Créditos Gregório Borgia /AP/AE





Pacientes intencionalmente infectados

Em um estudo relacionado, na década de 1940, médicos americanos infectaram intencionalmente pacientes desavisados com doenças sexualmente transmissíveis para estuda-las conscientes do problema público que isso poderia gerar, os experimentos

 foram realizados na Guatemala. Diz mais ainda o texto consultado:

“De 1955 a 1976, no que ficou conhecido como The Unfortunate Experiment (O experimento infeliz, em tradução livre), centenas de mulheres com lesões pré-cancerosas foram deixadas  sem tratamento para se observar se desenvolveriam câncer cervical. Detalhes do estudo só vieram à tona após denúncias de duas ativistas, Sandra Coney e Philida Buinkle”.

A vacina contra pólio e muitos outros avanços médicos devem sua existência a células humans que foram retiradas de Henrietta Lacks, sem o seu conhecimento ou consentimento. Ela tampouyco recebeu indenização. A linga celular cultivada a partir dessas amostras iniciais tem sido usadas em inúmeras pesquisas sobre drogas, toxinas, vírus e o genoma humano.

Fui mais a fundo no tema e descobri outro texto quando pesquisava sobre uma enfermidade muito em voga e que levou a óbito a esposa de um amigo, o mal de Parkinson. Vejam como uma coisa se ligou a outra:

Na década de 1950, o médico Robert G. Heath foi pioneiro no uso de eletrodos implantados no cérebro. O que pretendia ele com seus estudos? Um dos objetivos era alterar a orientação sexual de uma pessoa. Mas, a tecnologia similar é usada no tratamento para epilepsia e Parkinson no implante neural recentemente anunciado.

Seria até confortável, hoje, se pensar que essas práticas são coisas do passado e que essa intimidade da medicina com a imoralidade pertence ao século 20.

Mas, infelizmente, não é. Outra questão pode ser levantada é quanto a escolha desses países onde são feitos os testes.

De acordo com uma das denunciantes ativistas Sandra Coney, “sem dúvida, por dois motivos principais, - nesses países em desenvolvimento a legislação é mais permissiva e o risco de divulgação de resultados negativos é menor”.

Para concluir o nosso assunto:

De acordo com um relatório publicado sobre empresas Multinacionais, revelou detalhes de muitos desses ensaios antiéticos realizados na Índia, Nigéria, Rússia, Argentina e Nepal, entre outros. O relatório revelou, as mortes não registradas de 14 mulheres em Uganda após testes com Nevirapine uma droga contra a HIV. Nas Índia, em Hyperabad, morreram oito pacientes em um teste com a droga anticoagulante estreptoquinase e nenhum deles estava ciente de que participava de um experimento.

Na Escóssia existe uma coleção de amostras de sangue de mais de três milhões de escoceses que atualmente está sob a guarda de órgãos governamentais e saúde. As amostras foram coletadas colmo parte de um teste de rotina realizados em todos os recém-nascidos para verificar uma série de condições genéticas. De 1965 até 2003 a permissão dos pais nunca foi solicitada o que significa que o banco de dados inteiro é legalmente questionável, - por conta da forma como coletado - mesmo que esse banco de dados represente um recursos precioso para os pesquisadores.



MARIA MADALENA

Pecadora?
É muito provável que você conheça Maria Madalena como uma prostituta ou uma mulher pecadora, até porque foi assim que ela foi retratada pela Igreja Católica entre os anos de 591 até 1969. Essa foi uma escolha tomada pelo padre Gregório I, que utilizava o seguinte trecho bíblico para falar dela:

“E eis que uma mulher da cidade, que era uma pecadora, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo e colocou-se a seus pés por trás dele, chorando, e começou a lançar seus pés com lágrimas, e os enxugava com os cabelos de sua cabeça, e beijou seus pés, e os ungiu com o unguento... E ele disse a ela: ‘Os teus pecados estão perdoados’.”

Por todo esse tempo, Maria Madalena foi essa mulher para a Igreja – e também para as reproduções artísticas da narrativa bíblica, tais como nos filmes A Última Tentação de Cristo (1988) e A Paixão de Cristo (2004), em que é representada como uma adúltera.

Santa?
Apesar dessa roupagem negativa, Maria Madalena não foi vista como uma pecadora por todos. Em algumas outras vertentes religiosas cristãs, a mulher seria a esposa de Jesus e até a mãe de seu filho. Quem nutria esse pensamento eram os cátaros, povo que vivia no sul da França durante a Idade Média.

Essa hipótese foi pano de fundo do escritor Dan Brown ao escrever o livro O Código da Vinci, em que narra um secreto relacionamento entre Jesus e Maria Madalena retratado secretamente em obras do artista renascentista Leonardo da Vinci.

Essa teoria ganhou mais força em 2012, quando a historiadora Karen King, professora da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, encontrou um pergaminho com inscrições em copta, antiga língua falada no Egito, que trazia inscrições que indicam que Jesus teria uma esposa. Após ir ao público e causar furor, porém, a pesquisadora foi confrontada com a alegação de que o conteúdo era falsificado.
'A Madalena'
A formação do nome dessa mulher é um tanto quanto polêmica. No grego original dos evangelhos, ela nunca é 'Maria Madalena'. Na verdade, ela é descrita como 'Maria, chamada Madalena', ou 'Maria, a Madalena', como se o segundo nome fosse dado a ela como um título.

A suposição que muitos pesquisadores fazem é que esse título seja referente à sua origem, embora essa informação não conste no Novo Testamento. A hipótese é que ela seja Maria, de Magdala, uma aldeia frequentemente descrita por viajantes como um local insalubre, miserável e pobre.

A aldeia de Magdala (Mejdal, em árabe), estava situada onde hoje é o Iraque, ao noroeste das margem do mar da Galileia. O espaço existe até hoje e há de se dizer que ele continua com as mesmas condições difíceis de outrora.

Porém, mesmo precária, é possível que Magdala tenha sido uma cidade que floresceu e prosperou durante a época de Jesus. Expedições e pesquisas arqueológicas que estão acontecendo por lá atualmente dão indícios disso.

Hoje, acredita-se que Magdala foi uma cidade helenística, fundada em 2 a.C por uma dinastia judaica independente chamada hasmoneus.

Ao lado de Jesus
Pode ser até que haja discordâncias sobre Maria Madalena ter sido esposa ou não de Jesus, mas é unânime que ela foi, ao menos, uma grande companheira do profeta. Conforme relata Haag em sua obra, a mulher esteve com Jesus na Galileia, enquanto ele anunciava o reino de Deus aos seus discípulos.

Ela também o acompanhou quando ele e seus discípulos viajaram para Jerusalém e ingressaram na cidade santa; e até quando os romanos pregaram o corpo de Jesus na cruz.

Maria Madalena também acompanhou o transporte do corpo para a tumba e foi ela quem avistou, no terceiro dia, que o túmulo estava vazio. De acordo com a tradição cristã, foi Maria Madalena quem testemunhou a ressurreição e recebeu a primeira aparição de Jesus.

Apesar de toda essa importância, ela é mencionada pelo seu nome apenas 14 vezes na Bíblia. 

“Como mulher e companheira de Jesus, ela é a única pessoa perto dele nos momentos críticos que definem seu propósito, que descrevem seu destino e que darão origem a uma nova religião; ela ajuda a apoiar Jesus em suas obras, é totalmente destemida e é uma mulher de visão. Sua personagem detém o segredo de seu nome. No início há Jesus e Maria, chamada Madalena”, escreve Haag.

A cura dos enfermos
A primeira vez que Maria Madalena é citada nas escrituras bíblicas é quando Jesus está empreendendo sua viagem pela Galileia e algumas mulheres chegam até ele para serem curadas. Uma delas é Maria Madalena, de que saem sete demônios, como escreve o discípulo Lucas.

É por conta desses 'sete demônios' - (olha o “sete” de novo na história, já citado nas nossas “ Curiosidades no blog) - que saem de dentro de si que Maria Madalena passou a ser associada como uma mulher impura e atormentada. No entanto, conforme explica Haag, esse termo 'demônio' é utilizado ao longo de toda a escritura bíblica para narrar episódios em que Jesus trata de enfermos. Os demônios saiam e a pessoa ficava saudável de novo.

Participação de mulheres
Após ser tratada, Maria Madalena decide acompanhar Jesus e seus apóstolos ajudando-os com cuidados e alimentação necessários para dar prosseguimento à jornada. Junto a ela ia também outros indivíduos do sexo feminino, como Joana, Suzana e outras mulheres, conforme descreve Lucas em seu Evangelho.

Ao integrar o grupo, Maria Madalena é citada em alguns poucos episódios, porém, mesmo que curtos e breves, eles trazem dicas que indicam um pouco sobre sua vida, seu caráter e seu relacionamento com Jesus.
Exemplo disso é o episódio durante a semana da Páscoa, em que Jesus e seus discípulos estão em alojamentos em Betânia e uma mulher entra com um vaso de alabastro e unguento de grande valor e derrama sobre a cabeça do messias. Diversos Evangelhos descrevem a situação, mas nunca citam o nome da mulher misteriosa, que é Maria Madalena.

Outro caso é durante a Última Ceia, quando Jesus e seus apóstolos estão realizando o banquete final. De acordo com Haarg, não há nenhuma razão para não crer que as mulheres que empreendiam a viagem para o reino de Deus também não estivessem ali participando do jantar.

À frente do tempo
Como citado anteriormente, Maria Madalena e outras mulheres acompanharam Jesus e seus discípulos ao longo das viagens pela Galileia.

No entanto, para que Maria Madalena e essas outras personagens femininas pudessem empreender a trajetória para a criação do reino de Deus, elas teriam que ser radicas e burlar as regras estabelecidas para mulheres durante aquela época, pois não havia condições para que elas pudessem participar daquele movimento, exceto se pudessem viver de forma independente de seus laços familiares.

"As restrições sobre as mulheres judias na Palestina eram bastante severas na época de Maria Madalena, momento em que o judaísmo esteve mais ferozmente empenhado na luta para preservar sua identidade contra as influências da cultura helenística [...]. As mulheres judaicas da Judeia e da Galileia estavam sujeitas a interpretações cada vez mais rigorosas da Torá e a regras ainda mais elaboradas", descreve Haag.

A sociedade da Palestina durante o século primeiro era uma das mais patriarcais e conservadoras de todas, de forma que era muito difícil para uma mulher ter uma vida independente.

Em grande parte, as mulheres judias estavam restritas às tarefas domésticas e legalmente, propriedade dos homens: de seus pais enquanto não eram casadas, depois passavam a ser de seus maridos. Elas não tinham autorização para receber educação e caso precisassem de alguma renda para complementar os recursos do lar, elas deveriam realizar atividades domésticas.

explicação do historiador judaico-romano Josefo, do século primeiro, diz muito bem sobre isso: “A mulher, diz a lei, é em todas as coisas e inferior ao homem. Deixem-na, portanto, ser submissa, não para sua humilhação, mas para que ela possa ser dirigida; porque autoridade foi dada por Deus para o homem".
Assim, uma das únicas formas prováveis para uma mulher ser independente financeiramente naquela época seria o divórcio (por parte do homem) ou a viuvez, principalmente se a mulher pertencesse ae uma família de classe alta.
Visto isso, para que Maria Madalena e essas outras mulheres participassem desse movimento, elas eram independentes financeira e socialmente. Haag também acrescenta e diz que foram elas quem sustentaram a viagem de Jesus e dos discípulos com seus próprios recursos financeiros. Eram elas que providenciaram a alimentação do grupo, as roupas e tudo o que fosse necessário para a manutenção das viagens. Para isso ser possível, muitos historiadores acreditam que Maria Madalena advinha de uma família abastada.

Casamento de Maria Madalena?
Foi em uma festa de casamento em Caná, na Galileia, em que Jesus realizou seu primeiro milagre: transformou água em vinho.

Não é mencionado nas escrituras quem é casal que estava realizando a comunhão, mas alguns comentaristas bíblicos, historiadores e o teólogo São Jerônimo, do século 9, acreditam que o casamento é de Maria Madalena e João Evangelista, o autor do quarto evangelho.

Segundo é contato nas escrituras, João Evangelista é conhecido por ter abandonado sua noiva para unir-se à Jesus e anunciar o reino de Deus, tornando-se um dos 12 discípulos do messias.

Mas há também indícios no Evangelho de João de que o casamento era do próprio Jesus com Maria Madalena.

De acordo com Haag, não seria incomum imaginar que Jesus fosse casado, até porque era difícil um homem da idade dele não ter uma companheira naquela época.

"Jesus era descontraído em relação a abluções rituais e dieta; [...] gostava de comida, bebida e boa conversa; era espirituoso e afiado; sentia-se à vontade com as mulheres e se autodepreciava; mas tinha uma intensidade e uma aura que o faziam muito atraente. Fossem Jesus e Maria Madalena casados, isso explicaria a intimidade entre eles, sua companhia constante, sua presença na crucificação e, sobretudo, a sua visita à tumba no terceiro dia levando especiarias para ungir seu corpo nu, uma tarefa assumida por uma esposa", escreve Haag.
Após a ressurreição
Um dos episódios mais emblemáticos e que indica uma relação próxima entre Maria Madalena e Jesus acontece após a crucificação.

Após presenciar o ato, é Maria Madalena quem vai visitar a tumba  passados três dias do episódio.

Seu retorno ao túmulo de Jesus faz parte de uma antiga tradição judaica de se conferir se o morto estava realmente morto. Porém, além de fazê-lo, seu outro propósito da visitar era ungir o corpo de Jesus.

“No terceiro dia, ela foi à tumba para ungir o corpo de um homem nu, algo que nenhuma mulher poderia fazer a não ser que fosse um parente muito próximo. Jesus tinha uma mãe, ele tinha irmãs, tinha outros parentes, qualquer um dos quais poderia ter realizado esses deveres familiares. No entanto, foi Maria Madalena quem foi até a tumba no terceiro dia”, escreve o historiador.

Logo após ir de encontro à tumba de Jesus e não encontrar seu corpo, Maria Madalena se depara com um jardineiro que na verdade é Jesus reencarnado.

Esse é o último momento em que ela aparece nas narrativas bíblicas e é a última vez em que se ouve falar de Maria Madalena. Ela não aparece mais na Bíblia, nas epístolas de Paulo e no Livro dos Atos dos Apóstolos Só se tem outros sinais do paradeiros e da vida de Maria Madalena em Evangelhos posteriores.

Versão oficial
No ano de 591 d.C, o padre Gregório pronunciou na Basílica de São Clemente, em Roma, a identidade que Maria Madalena iria assumir na visão da Igreja e que perduraria por muito tempo: a de uma prostituta, uma mulher pecadora, uma figura submissa e cheia de arrependimento. Ela seria o oposto da mãe de Jesus, Maria, virgem e pura.

No entanto, para correntes gnósticas, Maria Madalena foi retratada como uma mulher visionária e herdeira de luz. Em alguns dos evangelhos gnósticos, ela assume um papel de líder diante dos outros apóstolos; ela é o discípulo que Jesus mais ama o único que compreende a verdadeira natureza e ensinamentos do mestre.

Em particular para os gnósticos cátaros, Maria Madalena era uma figura pecadora, mas que é perdoada por Jesus e adorada por ele. Isso é descrito no manuscrito  A Legenda Áurea, escrito em 1275 pelo bispo Jacobus de Voragine, de Gênova.

Voragine a descreve exatamente como aquilo que foi estabelecido pelo papa Gregório: ela é pecadora, e sua vida é baseada em culpa e arrependimento. Mas, ele se baseia em outra tradição. A Maria Madalena de Voragine era de origem nobre e seus pais eram descendentes de reis, de forma que a mulher seria herdeira de uma parte considerável de Jerusalém. Mas Maria Madalena se entregou “totalmente aos prazeres da carne” e seu nome foi esquecido, passando a ser chamada de ‘a pecadora’. Porém, isso muda após conhecer Jesus.

“O que Voragine diz  é que depois que Maria Madalena se jogou aos pés de Jesus na casa de Simão, o fariseu, e depois que perdoou seus pecados e expulsou dela os setes demônios, Jesus a inflamou de amor por ele. Ela viajou ao seu lado e cuidou de suas necessidades em todos os momentos. Parou junto dele ao pé da cruz, e na sua ressurreição ele apareceu a ela e fez dela o “apóstolo dos apóstolos”, escreve o historiador Haag.

Nessa tradição cristã francesa, após a crucificação de Jesus, Maria Madalena navegou até Marselha, onde convenceu o governador da província a destruir templos pagãos e construir igrejas.

Porém, para o Vaticano, Maria Madalena foi retratada como pecadora até 1969, ano em que a Igreja Católica Romana deixou de reconhecê-la como uma mulher impura e decretou que ela seria venerada como um discípulo. No entanto, sem nenhum pedido de desculpas ou lhe garantir o devido destaque histórico que merecia. 

 À respeito desse assunto vou tentar resgatar o velho amigo Yassim, amizade de quase 50 anos, - um paulistano filho de libaneses, - pela Internet. Há cerca de 6 a 8 anos perdemos contatos pelos e-mails. Ele residia na Cisjordânia ou (ainda reside?). É um estudioso de escritos antigos do seu povo. 

 




O DIA EM QUE RECIFE QUASE SE ACABA

Era 1h30 quando um dos três tanques com gás CLT a bordo explodiu e a embarcação pegou fogo. As chamas chegaram a 20 metros de altura e o Corpo de Bombeiros não conseguiu conter o incêndio. O maior temor era que o Parque de Tancagem  fosse atingido. Caso isso acontecesse, a explosão destruiria tudo em um raio de cinco quilômetros, atingindo os bairros do Recife, Santo Antônio, Boa Vista, Brasília Teimosa e Pina.

O comandante do navio avisou que a explosão era inevitável em seguida abandou o navio junto com todos os tripulantes e a partir daí o centro histórico área boêmia com dezenas de bares, boates etc. começou a ser evacuado prestes de ser varrido do mapa. Depois de afastar outros petroleiros que estavam à frente do “Jatobá”, Nelcy prendeu um rebocador à frente do navio sinistrado e o conduziu, em chamas, até o mar, numa distância de seis quilômetros da costa. O incêndio no “Jatobá” ainda durou 15 horas, em alto mar. Passados exatos 35 anos, a história do salvador da cidade ainda é pouco conhecida dos pernambucanos. O então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, foi acordado na madrugada para deixar o Palácio do Campo das Princesas, situado a mil metros em linha reta do cais. Acionados, os bombeiros só dispunham de duas viaturas pequenas e sem água suficiente para combater as chamas.

Anos depois ele recordou do episódio:

“O comandante do corpo de bombeiros me disse que um dos tanques do Jatobá explodiu. A potência havia sido tão grande que arrombou o portão de ferro do armazém A-1, onde estava atracado. A questão era arranjar um rebocador. Nelcy se prontificou” - relatou.

“O prático chegou ao porto e primeiramente, ele afastou um navio norueguês que estava a 200 metros do Jatobá e que também carregava produtos inflamáveis. Depois, cortou duas das nove cordas que prendiam o petroleiro ao armazém. Então, levou a embarcação para quatro milhas (cerca de seis quilômetros) da costa.”

Quando voltou à terra, recebeu uma medalha. Em 2003, foi colocado um busto no Parque do Marco Zero, mas, depois, a imagem foi guardada por causa da reforma do porto e esquecida. Em, 2004, a Câmara Municipal deu o nome de Nelcy ao terminal marítimo de passageiros. Nelcy morreu cinco anos após o grande incêndio.

O busto foi recolocado no Terminal Marítimo de Passageiros e tem 80 centímetros e 25 quilos. A peça passou por uma reforma e a esperança é de que ajude a lembrar o grande ato de coragem.


O REINCIDENTE SIQUEIRA

Quando o assunto é corporativismo, o Brasil é outro campeão, infelizmente. Depois de cometer 43 ações condenáveis e em desacordo com a função pública, todas elas devidamente caracterizadas apuradas e julgadas, não resultaram em nenhuma condenação e ao recordista infrator, que saiu ileso de todas.

Nesse caso atual, que se encaixa como o 44º em que se viu envolvido o desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, alguém acredita que resultará em alguma sentença diferente?

Vamos esperar chegar o dia 25 próximo, data marcada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quando se dará a sessão de julgamento do caso amplamente divulgado pelos meios de comunicação, quando o tal desembargador se recusou a usar máscara, quando caminhava pela orla de Santos, em SP e, aproveitou o embalo para humilhar o guarda civil que o abordou.

Esse silêncio do Tribunal de Justiça de SP (TJSP) é de desconfiar. Siqueira foi denunciado também pelo Ministério Público daquele Estado. Há quem aposte que desta vez se dará o afastamento imediato do desembargador de suas atividades naquele colegiado. Com todos os salários e outros benefícios assegurados por lei, e, que não são poucos. Foi ou não foi crime de “carteirada” previsto na Lei de Abuso de Autoridade?

 

A MAIS ANTIGA REPÓRTER DO MUNDO 

MANUELA AZEVEDo  Um nome se destacou no jornalismo mundial no século XX, dentre tantos outros de renome. Faleceu em 2017, aos 105 anos. A portuguesa Manuela de Azevedo, foi pioneira na sua profissão, em seu país e a mais antiga repórter do mundo, de acordo c om o Museu da Imprensa. Foi jornalista do “Diário de Lisboa” e disfarçou-se de criada para entrar na intimidade do rei Humberto, da Itália, quando este estava exilado em Sintra, Portugal. O resultado foi uma reportagem que ultrapassou as fronteiras do país repercutindo em toda a Europa.

Outro nome de destaque no jornalismo feminino do país-irmão. Fernanda Reis (foto abaixo). Atuou na imprensa brasileira, no jornal “O Globo”, sendo enviada em 1952, para fazer a cobertura da guerra da Coréia, durante a guerra com o avião em chamas, teve que pular de paraquedas para escapar da morte. Cursou medicina até o segundo ano, mas, preferiu a vida de aventuras e desafios como repórter de campo. Saiu de Portugal para o Brasil em circunstâncias conflituosas com o governo do ditador Salazar e sob ameaça da PIDE – (Polícia Internacional de Defesa do Estado), órgão responsável pela repressão de todas as formas de oposição ao regime então vigente. A PIDE estendeu suas atividades também na fiscalização de estrangeiros e de fronteiras.



A vida e a trajetória desses nomes de peso da imprensa portuguesa e mundial são contadas no livro do jornalista Gonçalo Pereira Rosa,  “O Inpector da PIDE que Morreu Duas Vezes” . O livro resgata em suas 300 páginas, 26 histórias vividas pelos profissionais de imprensa naquele país. 





O conhecimento serve para encantar pessoas, não para humilhá-las”.

A frase é de Mario Sergio Cortella, - aquele de fala diferente - um dos pensadores contemporâneos mais celebrados do Brasil. Conhecido por sua capacidade em transformar ideias filosóficas em coisas simples. Substituiu na condição de secretário-adjunto, o advogado Paulo Freire, na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, no governo de Luíza Erundina, com muita competência.

 

Paulo Freire  NO 14º Ri  

Sobre o celebrado Paulo Freire, um fato interessante ocorreu nas dependências do histórico 14º Regimento de Infantaria, em Socorro, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, onde estava preso após o movimento militar de 1964.

Uma tarde conversava com um capitão, quando este lhe fez um pedido:

— Professor, o senhor não podia aplicar seu método de alfabetização com os nossos recrutas? Há muitos deles analfabetos e era um grande serviço que o senhor prestaria a eles e ao país enquanto estivesse aqui.

 

— Mas, meu caro, é exatamente por causa do meu método que estou preso!

Setenta dias depois de preso, Paulo Freire foi exilado para a Bolívia, depois para o Chile em seguida abraçado pelo mundo.

 

Seu primeiro livro Educação como prática da Liberdade, foi publicado no Brasil em 1976, com ele ainda no exílio, e ainda durante o regime militar no período da abertura lenta e gradual, do general Ernesto Geisel.


Em nome da Ciência

Das missões Apollo a novos medicamentos para HIV, alguns avanços científicos foram obtidos em meio a condições antiéticas e até ilegais.

Devemos fazer as pazes com o uso destas descobertas?

Para os cientistas de Hitler, campos de concentração eram fábricas de cobaias humanas, tudo em nome da ciência.  O comportamento antiético e imoral sempre contaminou o ambiente científico, ontem hoje e sempre. A física, a biologia, medicina, zoologia, imunologia, antropologia, genética, nutrição, engenharia. Queiram ou não, todos esses campos convivem com descobertas que podem ser encaradas como ilegais, desumanas ou no mínimo antiéticas.

E quando esses dados têm valor ou grande utilidade para salvar vidas? O que fazer?

Várias descobertas na Alemanha nazista foram aproveitadas  pela forças aliadas, por exemplo, armas químicas como o tabun e o gás sarin, a cloroquina antimalárica, a metadona e as metanfetaminas.

As pesquisas médicas relacionadas em hipotermia, hipóxia, desidratação e outros experimentos em seres humanos em campos de concentração.

Na Alemanha, antes da guerra, nenhum país se igualava a ela quanto ao  avanço da química. O país que inventou a aspirina e a novocaína (anestésico usado por dentistas)  desenvolveu fertilizantes além de corantes artificiais.


Cigano vítima das experiências médicas nazistas para transformar água marinha em água potável. Campo de concentração de Dachau, Alemanha, 1944 Vítima de uma experiência "médica" nazista sendo forçada dentro de um recipiente com água quase congelada no campo de concentração de Dachau. O monstruoso "médico" das SS, Sigmund Rascher, supervisionava pessoalmente o experimento. A partir de 1942.

Os prisioneiros eram infectados e inoculados com doenças contagiosas como a malária, tuberculose, febre amarela, febre tifoide, hepatite infecciosa. O campo de Ravensbrueck foi um dos locais de experiências cruéis, - acrescente-se ainda,  os perigosos gases fosgênio e o efeito mostarda, muitas vidas foram sacrificadas para testar a eficácia de um novo medicamento - a sulfa (sulfanilamida)   em infecções  provocadas.

Avanços tecnológicos durante o domínio nazista, foram amplamente aproveitados  no após guerra., é o caso de aglomerados de madeira, formas de borracha sintética e o refrigerante Fanta.

- “Eu não queria ter de usar os dados nazistas. Mas, não existem outras opções, nem existirão jamais num mundo ético” – essa afirmação do médico John Hayward da Universidade canadense de Victória.


O dr. Sigmund Rascher, supervisiona o experimento. 1942

Foram em seis campos de concentração onde mais se praticou esses experimentos. Vamos citar apenas dois deles:

Vítima de uma experiência "médica" nazista sendo forçada dentro de um recipiente com água quase congelada no campo de concentração de Dachau. O monstruoso "médico" das SS, Sigmund Rascher, supervisiona o experimento. 1942. 

Auschwitz-Birkenau (abril de 1940 a janeiro de 1945) Número de mortos – 1milhão e 100 mil pessoas a 1,5 milhão. Experiências – Inalação e ingestão de gás de mostarda; infecção forçada pelo vírus da hepatite; fuzilamento com munição envenenada.

No campo de concentração de Natzweiller-Struthof  (maio de 1941 a setembro de 1944) Número de mortos – 25 mil. Experiências – Utilização de prisioneiros como “viveiros” de bactérias e vírus como os de tifo, varíola, febre amarela. Número de mortos confirmados 25 mil


No campo de concentração de Natzweiller-Struthof  (maio de 1941 a setembro de 1944) Número de mortos – 25 mil. Experiências – Utilização de prisioneiros como “viveiros” de bactérias e vírus como os de tifo, varíola, febre amarela. Número de mortos confirmados 25 mil.

Breve vamos conhecer algumas das recentes pesquisas antiéticas no mundo. (deixando de lado o Covid).

 

Operação Paperclip 

Originalmente chamada de Operação Overcast, a Operação Paperclip foi o nome de código da operação realizada pelo serviço de inteligência militar dos Estados Unidos para cooptar e levar aos Estados Unidos cientistas especializados em foguetes (V-1V-2), eletro-gravitação, armas químicas, e medicina da Alemanha com o colapso do nazismo após a Segunda Guerra Mundial. Os russos também não perderam tempo, mas ao americanos tomaram a iniciativa primeiro mesmo durante o curso da guerra.

Apesar de não se qualificarem para um visto de entrada nos EUA, em vista de muitos deles terem haviam servido a causa nazista durante a Segunda Guerra Mundial, esses cientistas dentre eles Wernher von Braun (o pai dos foguetes Saturno o mais potente já a humanidade já viu, criado especialmente para o programa lunar norte-americano. que aparece em pé, na primeira fila, é o 11º da esquerda para a direita na foto foi o criador também dos mísseis V-2 alemães usados na Segunda Guerra Mundial) e suas famílias foram secretamente levados para os Estados Unidos, com o conhecimento e aprovação do Departamento de Estado norte-americano.

foto em Fort Bills, Texas, do grupo de 104 cientistas alemães levados para morar nos Estados Unidos, muitos dos que aparecem na foto, sorridentes e alegres eram nazistas de carteirinha, que não sentaram no banco dos réus durante o julgamento em Nuremberg.

 Da mesma forma, muitos deles, beneficiados, nem foram citados ou denunciados  nos doze julgamentos posteriores de crimes de guerra, um deles chamado de “O Caso Médico”, ocorridos também em Nuremberg.

O objetivo desses  julgamentos posteriores de médicos e enfermeiros apontaram aqueles que realizaram experiências as mais terríveis que se possa imaginar em seres humanos – crianças e adultos. Assassinato de deficientes físicos e mentais alemães além de outros milhares de prisioneiros de diferentes  nacionalidades. Dezesseis foram julgados culpados, dos quais sete foram sentenciados à morte.  Breve vamos abordar esse tema. (a questão ética quanto ao uso desse legado nazista para o conhecimento  médico científico). 


Foto do Saturno – um brutamontes de 111 metros de altura responsável pelo 13 lançamentos entre 1967 a 1973. O Saturno V podia levar 118 toneladas para órbitas “baixas”, identificadas pela sigla  LEO (Low Earth Orbit). Estas órbitas se encontram entre 350 e 1400 km acima da superfície da terrestre.

Em julho de 1969, dois astronautas conseguiram, pela primeira vez, pisar em um corpo celeste fora da Terra, a Lua. A viagem à Lua é considerada como a maior aventura do Século XX, e custou nada menos que 25 bilhões de dólares em 1969, o que corresponde, em valores atualizados, superiores a US$ 100 bilhões.




RAQUEL DE QUEIROZ


A coluna Ultima Página  - Era a última página mesmo da histórica revista semanal, O Cruzeiro – dos Diários Associados,  o maior fenômeno editorial  brasileiro em todos os tempos - aguardada com ansiedade pelos milhares de leitores. Do mesmo modo que as páginas centrais de David Nasser, da charge “O amigo da Onça”, do cartunista Péricles, o “Pif Paf”,  de Millor Fernandes, com suas críticas e ironias irreverentes.

Na Última página edição de 3 de outubro de 1959, escrevia Raquel de Queiroz (mantida a ortografia original)


O cego Aderaldo

Às três horas da tarde, no pátio da fazenda, o sol é tão forte que encandeia; por sôbre o mato zarolho sobe para o céu um brilho trêmulo, feito da luz devolvida que bate no chão e volta para onde veio, como se a terra fôsse um espelho.

O jipe freou defronte à cancela, espantando uns pintos e a cachorra Baleia com o seu filho Trairi. E do banco da frente do carrinho se levantou um velho alto, de peito largo, chapéu desabado sôbre os óculos escuros. Segurando-o pela mão, um môço moreno, de bigodinho, foi-lhe dirigindo os passos, como quem traz um menino.

Saltaram tôdos das rêdes onde cochilavam ao mormaço e, com emoção e alvoroço, correram a receber aquêle que chegava. Pois o homem que atravessava o terreiro, sorrindo e saudando com sua grande voz de peito, era uma espécie de príncipe, talvez o último sobrevivente dos grandes cantadores - o cego Aderaldo.

Pelas casas dos moradores a notícia da visita se espalhou com incrível rapidez, - parecia até, Deus me perdoe, que pousara em cima do meu alpendre uma estrêla de Natal. Os homens largavam a enxada nos roçados, as mulheres deixavam o milho no pilão, esquecendo o pão e a hora da janta. E foram-se chegando de mansinho, homens e velhas, môças e meninos, e quando se deu fé, o terreiro e o alpendre estavam cheios de gente, e Aderaldo, sentado na cadeira de lona, dava a sua grande risada e contava causos e desfiava motes e depois pegava no grande violão e cantava e rememorava desafios, e fazia, como é de praxe, a louvação dos presentes. Foi aí que êle comprou para sempre o coração da dona da casa, porque enxergando-a apenas com os espirituais olhos de cego, disse, num remate de sextilha, que ela era “maneira como uma abelha...

”O povo da cidade grande não pode fazer idéia do que é o renome e a grandeza de um cantador. Êle é a voz cantadeira de tôda uma gente que não tem outra forma de expressão própria, que não lê nem escreve e, na sua necessidade de poesia e comunicação, fala e se entende pela bôca do cantador. Êle é o lírico, o épico, o noticioso, o cômico. Não são o jornal nem o rádio que informam o povo da morte de Lampião, da guerra na Europa, do suicídio de Getúlio, da subida ao céu do Padre Cícero. Ou antes, o rádio e o jornal informam, mas as gentes só dão crédito e importância depois que o cantador confirma. Ano passado os poetas populares já estavam explicando nas feiras as proezas do sputinik, e agora já estarão pondo em versos o bombardeio da Lua, para o povo acreditar.


O povo lhe dá crédito, como lhe dá amor, porque o cantador é um dêles, é a sua testemunha, ao mesmo tempo que o seu poeta - a sua consciência lírica, a sua voz de protesto ou de queixa. As mulheres choram quando o escutam, os homens ficam pensativos. E só se entende que o cantador viva pobre e morra pobre porque a sua gente só tem para repartir com êle a mesma pobreza, também. Sendo que o pouco que podem dar lhe permite viver vestido e calçado, - e para êles isso já é abastança.

Aderaldo canta de si e dos outros, conta a infância, a mocidade, a cegueira. Perdeu a luz dos olhos aos dezoito anos de idade, a trabalhar numa máquina que de repente lhe lançou no rosto uma lufada de vapor quente. Depois de cego, recusando-se a pedir esmola, como outros cegos fazem, lembrou-se de que carregava um poeta dentro do peito, arranjou uma viola e se fêz cantador. E cantando continua até agora, desde aquêles fatais dezoito anos até os oitenta e um de hoje em dia. Vive ambulante, igual a Homero, também como êle cego, poeta e cantor. Não tem mulher, - diz que mulher e cego não são boa combinação. Já criou mais de vinte filhos alheios, transformando as velhas relações do cego com o seu guia numa paternidade adotiva que lhe vai preenchendo os vazios do coração. Agora os guias já são “netos”, filhos dos guias primeiros. Faz algum tempo um político lhe deu uma maquininha de cinema, que o cantador levava pelos povoados do interior, completando a exibição dos filmes com explicações e cantigas. Viajava com uns burros, - mas com o tempo os burros foram morrendo, e alguns amigos jornalistas se lembraram de iniciar uma subscrição para lhe comprarem um jipe. 

Aí, porém aconteceu uma tragédia: a pequena casa onde o Aderaldo morava em Quixadá, “coberta de Jitirana, cheia de flor em botão”, pegou fogo, foi-se embora. E o incêndio comeu também o projetor de cinema, os filmes, tudo. Desolado, sem teto, o poeta desistiu da subscrição, que já não tinha sentido. Os pouco contos de reis obtidos, deixou-os no banco onde estavam - “ficam para o meu entêrro...”. Um deputado, seu admirador, doído daquela má sorte, obteve para o cantador uma casa da Fundação da Casa Popular, em Fortaleza. Mas aí apareceu um “algoz” - e denunciou o cego como proprietário em Quixadá “de uma casa e de um cinema” - aquilo que o fogo levara...

Tudo isso êle contou e cantou, mais rindo do que chorado, porque tem a tristeza alegre. Quando partiu - o jipe fôra emprestado por um amigo, precisava chegar ao Quixadá antes da noite - nos deixou comovidos e tontos, como se a gente houvesse podido entrever, na sua profundidade natural, o escondido e singelo mistério do mundo. E se o corpo, o triste corpo de carne, nos continuava pesado e pregado ao chão, o coração aligeirado, contente, cantante, estava, êle sim, leve e inocente - “maneiro como uma abelha”...

FLAVIO ROCHA:  “vivemos num camelódromo digital”

Após essa acelerada digitalização que o mundo está experimentando agora nesta fase e na próxima, a chamada pós-pandemia não teremos outro caminho senão a modernização na cobrança de imposto. Muitas empresas que adotaram o sistema de Delivery para escapar ou, melhor, para sobreviver dificilmente deixarão de fazê-lo. Veio para ficar. Diante dessa nova realidade a de se modernizar o sistema tributário.

A esse respeito transcrevo algumas colocações feitas pelo empresário Flávio Rocha, presidente da Riachuelo em recente entrevista ao  programa “Jornal Gente” da Rádio Bandeirantes de São Paulo :

 

“Esse sistema antiquado de o Estado rastrear o deslocamento físico de cada mercadoria conferindo nota fiscal, com barreira fiscal na beira da estrada não tem mais espaço. O que está acontecendo no mundo nas últimas oito semanas é uma transformação prevista para ocorrer em cinco anos, pelos economistas”. Exige, pois, a simplificação e uniformização dos impostos, há muitos anos defendida pelo então deputado federal, Flávio Rocha. Foi uma antevisão do futuro, e, que mais cedo ou mais tarde iria que acontecer.

 

“Hoje cada transação econômica, cada  compra cada venda, cada  entrega na porta pelo mototaxi, ou malote do mercado eletrônico envolve uma operação e uma representação eletrônica financeira que é um débito e um crédito, muitas cadeias produtivas estão indo para as nuvens, estão se desmaterializando. Nesse mundo eletrônico não tem mais como você conferir quantos livros um caminhão vai levando”.

Considerou ainda que o sistema tributário foi criado num tempo em que a mercadoria era visível, agora não é mais. Vivemos num “camelódromo digital”. É a tecnologia unindo 11 milhões de “camelôs” que não sabe o que é uma nota fiscal e na outra extremidade 50 milhões de consumidores. No final, são trilhões de combinações digitais e o governo atônito sem saber rastrear esse tipo de transação, (o que os economistas chamam de economia pulverizada, micro partículas, economia  atomizada).

“O Brasil tem um sistema bancário de primeiro mundo, e o próprio governo dispõem de uma plataforma capaz de rastrear essas operações e já têm uma base eletrônica 500 vezes maior do que a base do chamado ICMS o imposto mais sonegado  no Brasil”.

Só falta mesmo é vontade política para que se possa dar esse grande salto. – “ao invés de tributar o andamento da mercadoria passar a tributar o seu correspondente:  o crédito e o débito eletrônico.

Vale a pena ouvir na íntegra a entrevista que está disponível no canal da Rádio Bandeirantes.

 



O CENTENÁRIO DE Celso Furtado

Celso Monteiro Furtado nasceu a 26 de julho de 1920 em Pombal, no sertão paraibano, filho de Maria Alice Monteiro Furtado, de família de proprietários de terra, e Maurício de Medeiros Furtado, de família de magistrados. Após seus estudos secundários no Liceu Paraibano e no Ginásio Pernambucano do Recife, chega ao Rio em 1939, entra para a Faculdade Nacional de Direito e começa a trabalhar como jornalista na Revista da Semana.

 

Em 1943, é aprovado no concurso do DASP para assistente de organização. No ano seguinte, cursa o CPOR, conclui o curso de Direito e é convocado para a Força Expedicionária Brasileira. Com a patente de aspirante a oficial, segue para a Itália, servindo, na Toscana, como oficial de ligação junto ao V Exército norte-americano, e durante a guerra sofre um acidente em missão durante a ofensiva final dos aliados no Norte da Itália.

 

Em 1946, ganha o prêmio Franklin D. Roosevelt, do Instituto Brasil-Estados Unidos, com o ensaio "Trajetória da democracia na América". Viaja para a França, inscreve-se no curso de doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, e no Instituto de Ciências Políticas. Integra uma brigada francesa de reconstrução de uma estrada na Bósnia, e sua participação no Festival da Juventude em Praga.

Em 1948, é feito doutor em economia pela Universidade de Paris, com a tese "L'économie coloniale brésilienne", dirigida por Maurice Byé, obtendo a menção très bien. De volta ao Brasil, retoma o trabalho no DASP e junta-se ao quadro de economistas da Fundação Getúlio Vargas, trabalhando na revista Conjuntura econômica. Casa-se com Lucia Tosi.

Em 1949, instala-se em Santiago do Chile para integrar a recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas que se transformará na única escola de pensamento econômico surgida no Terceiro Mundo.

Cumpre missões em diversos países do continente, como Argentina, México, Venezuela, Equador, Peru e Costa Rica, e visita universidades norte-americanas onde então se inicia o debate sobre os aspectos teóricos do desenvolvimento. É de 1950 seu primeiro ensaio de análise econômica, "Características gerais da economia brasileira". Em 1952, "Formação de capital e desenvolvimento econômico" é seu primeiro artigo de circulação internacional, traduzido para o International Economic Papers, da Associação Internacional de Economia.

Em 1953, preside no Rio o Grupo Misto CEPAL-BNDE, que elabora um estudo sobre a economia brasileira, com ênfase especial nas técnicas de planejamento. O relatório do Grupo Misto, editado em 1955, será a base do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. Em 1956, mora na Cidade do México, em missão da CEPAL. Passa o ano letivo de 1957-58 no King's College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, a convite do professor Nicholas Kaldor. Aí escreve a Formação econômica do Brasil, que será seu livro mais difundido.

De volta ao Brasil, assume uma diretoria do BNDE. É nomeado, pelo presidente Kubitschek, interventor no Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste. Elabora para o governo federal o estudo "Uma política de desenvolvimento para o Nordeste", origem da criação, em 1959, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), com sede no Recife.

Em 1961, como seu superintendente, encontra-se em Washington com o presidente John Kennedy, cujo governo decide apoiar um programa de cooperação com o órgão, e, semanas depois, com o ministro Ernesto Che Guevara, chefe da delegação cubana à conferência de Punta del Este, para discutir o programa da Aliança para o Progresso.

Em 1962 é nomeado, no regime parlamentar, o primeiro titular do Ministério do Planejamento, quando elabora o Plano Trienal apresentado ao país pelo presidente João Goulart por ocasião do plebiscito visando a confirmar o parlamentarismo ou a restabelecer o presidencialismo. No ano seguinte deixa o Ministério do Planejamento e retorna à Superintendência da SUDENE, quando concebe e implanta a política de incentivos fiscais para os investimentos na região.

O Ato Institucional nº 1, publicado três dias depois do golpe militar de 31 de março de 1964, cassa os seus direitos políticos por dez anos. Têm início seus anos de exílio. Ainda em abril, aceita um convite para dar seminários em Santiago do Chile. Meses depois, em New Haven, Estados Unidos, será pesquisador graduado do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. Faz conferências em diversas universidades norte-americanas e participa de vários congressos sobre a problemática do Terceiro Mundo.

Em 1965, muda-se para a França, a convite da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris, e assume a cátedra de professor de Desenvolvimento Econômico. É o primeiro estrangeiro nomeado para uma universidade francesa, por decreto presidencial do general de Gaulle. Permanecerá nos quadros da Sorbonne por vinte anos. Em junho de 1968 vem ao Brasil pela primeira vez após sua cassação, a convite da Câmara dos Deputados. No correr do decênio de 1970, faz diversas viagens a países da África, Ásia e América Latina, em missão de agências das Nações Unidas.

No mesmo decênio, é professor-visitante da American University, em Washington, da Columbia University, em Nova York, da Universidade Católica de São Paulo e da Universidade de Cambridge, onde é o primeiro ocupante da cátedra Simon Bolívar e é feito Fellow do King's College.

Entre 1978-81, integra o Conselho Acadêmico da recém-criada Universidade das Nações Unidas, em Tóquio. No mesmo período, recebe um mandato do Commitee for Developement Planning, da ONU. Entre 1982-85, como diretor de pesquisas da Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, dirige em Paris seminários sobre a economia brasileira e internacional.

A partir de 1979, quando é votada a Lei da Anistia, retorna com frequência ao Brasil, reinsere-se na vida política e é eleito membro do Diretório Nacional do PMDB. Casa-se com a jornalista Rosa Freire d'Aguiar. Em janeiro de 1985 é convidado pelo recém-eleito presidente Tancredo Neves para participar da Comissão do Plano de Ação do Governo. É nomeado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia, em Bruxelas, assumindo o posto em setembro. Integra a Comissão de Estudos Constitucionais, presidida por Afonso Arinos, para elaborar um projeto de nova Constituição. Em março de 1986 é nomeado ministro da Cultura do governo do presidente José Sarney; sob sua iniciativa, é aprovada a primeira lei de incentivos fiscais à cultura. Em julho de 1988 pede demissão do cargo, retornando às atividades acadêmicas no Brasil e no exterior.

De 1987-90 integra a South Commission, criada e presidida pelo presidente Julius Nyerere, e formada por países do Terceiro Mundo para formular uma política para o Sul. Entre 1993-95 é um dos doze membros da Comissão Mundial para a Cultura e o Desenvolvimento, da ONU/UNESCO, presidida por Javier Pérez de Cuéllar.

Entre 1996-98 integra a Comissão Internacional de Bioética da UNESCO. Em 1997 é organizado em Paris, pela Maison des Sciences de l'Homme e a UNESCO, o congresso internacional "A contribuição de Celso Furtado para os estudos do desenvolvimento", reunindo especialistas do Brasil, Estados Unidos, França, Itália, México, Polônia e Suíça.

No mesmo ano é criado pela Academia de Ciências do Terceiro Mundo, com sede em Trieste (Itália), o Prêmio Internacional Celso Furtado, conferido a cada dois anos ao melhor trabalho de um cientista do Terceiro Mundo no campo da economia política.

 É Doutor Honoris Causa das universidades Técnica de Lisboa, Estadual de Campinas-UNICAMP, Federal de Brasília, Federal do Rio Grande do Sul, Federal da Paraíba e da Université Pierre Mendès-France, de Grenoble, França.

 

(Em 1978 casou com sua segunda esposa, a jornalista e tradutora Rosa Freire d'Aguiar, com quem conviveu até final de sua vida, em 20 de novembro de 2004, aos 84 anos.)


Em 7 de agosto de 1997 é eleito para a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras, que tem por patrono Fagundes Varela.  Empossado em 31 de outubro, é saudado pelo Acadêmico Eduardo Portella. Em seu discurso de posse, registrou: 


O fundador desta Cadeira número 11 foi um antepassado meu, Lúcio Furtado de Mendonça, de quem possivelmente herdei os pendores memorialísticos, o gosto malsucedido pela ficção literária e uma irreprimível sensibilidade social. Este socialista declarado empenhou-se na criação desta Academia e certamente a ele mais do que a ninguém, evemos a existência desta nobre instituição”.

 

Em 25 de setembro de 2009 foi inaugurada a Biblioteca Celso Furtado contendo os 7542 livros que pertenceram ao autor



auxílio emergencial – PAGAMENTOS INDEVIDOS

Controladoria-Geral da União (CGU) identificou e bloqueou o pagamento do auxílio emergencial a 396.316 servidores públicos estaduais e municipais que solicitaram o benefício irregularmente durante a pandemia de coronavírus. A informação é do ministro da CGU, Wagner Rosário, que participou nesta terça-feira (14) de uma audiência pública da comissão que acompanha as ações do governo federal no enfrentamento da covid-19.

Os quase 400 mil casos citados pelo ministro representam 0,45% do total de 65,2 milhões de pessoas que já receberam o auxílio desde abril. Ao todo, houve R$ 279,6 milhões pagos indevidamente. O benefício de R$ 600 é destinado a trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados. Ele não pode ser pago a agentes públicos, mesmo que temporários.

“Realmente, a gente tem encarado uma situação de muita tentativa de fraude nos recursos do auxílio emergencial. Os cruzamentos identificaram números relevantes de servidores públicos. Iniciamos um trabalho de busca nas folhas de pagamentos estaduais e municipais”, disse.

De acordo com o ministro, a CGU também acompanha os repasses da União para estados, Distrito Federal e municípios. O Portal da Transparência do governo federal mantém um painel específico para orientar governadores e prefeitos nas compras relacionadas à pandemia. O serviço reúne informações sobre despesas realizadas por 280 entes da Federação. Entre eles, todos os estados, todas as capitais e todos os municípios com mais de 500 mil habitantes.

Estamos fazendo um trabalho bem braçal de busca em diários oficiais e em portais de transparência de estados e municípios. São levantamentos de preços e quantidades de aquisição para oferecer aos gestores uma média de preços praticados no momento da pandemia. Quando aumenta muito a demanda por equipamentos de proteção individual e respiradores, o preço sobe.

Precisávamos buscar um preço de referencia para este momento. Não adiantava muito tentar comparar o preço atual com o anterior. Também fizemos uma análise mais detalhada das empresas que estão contratando, para tentar fazer uma análise de risco das aquisições feitas pelos diversos entes federais, inclusive a União — afirmou.

    foto Marcelo Camargo / Agência Brasil

PESSOA DE ALTA RENDA ENVOLVIDOS

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) definiram uma estratégia integrada para tratar o grande número de comunicações de fraudes no recebimento do auxílio emergencial, bem como, responsabilizar casos graves e a atuação de grupos criminosos e pessoas de alta renda envolvidos. A decisão sobre as investigações foram tomadas em reunião realizada no último dia17, divulgada hoje pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Renda, patrimônio pessoal e participação em empresas, além de indicadores de fraudes sistêmicas, serão considerados na triagem dos supostos fraudadores.

Todas as comunicações de irregularidades deverão ser enviadas à Caixa Econômica Federal, que verificará se houve “fraude no pagamento” (casos em que o auxílio foi entregue a pessoa diversa, por clonagem de cartão, acesso indevido a sistemas e contas, entre outras hipóteses).

Sempre que a Caixa confirmar que ocorreu fraude no pagamento, remeterá os dados à PF para que integrem a Base Nacional de Fraudes no Auxílio Emergencial (BNFAE). A ferramenta será utilizada pela PF para identificar possível atuação de grupos criminosos.

 

GAFANHOTOS:  ONTEM HOJE E SEMPRE!

Nuvens de gafanhotos  estão voltando às manchetes dos meios de comunicação.

Aquele bichinho estranho que mais parece um camarão  voador e que ameaça a agricultura de qualquer país já causaram muitos estragos pelo mundo afora. Aliás, em diversos momentos da história.

Fala-se desse bichinho desde as eras mais remotas, e nos tempos bíblicos – como ainda hoje – em  regiões do oriente, algumas variedades serve de alimento.

Além de João, o Mestre Jesus, em sua vida contemplativa no deserto, seus discípulos e naturalmente o povo judeu, tinham o gafanhoto como parte do cardápio. O pão, o damasco, figo, o vinho, peixe assado, pistaches, algumas raízes comestíveis. Enfim, dádivas da fauna  e da flora.

 

Registra o consagrado historiador  Henri Daniel-Rops em sua obra “A vida diária nos tempos de Jesus” , Sociedade Religiosa - Edições Vida Nova, SP, 2008, (op. cit.  Pág. 233): - “ O tratado de Tannith, chega ao ponto de afirmar que existem  800 espécies de gafanhotos comestíveis, todos pertencentes  a raça migratória. Um deles era fácil de ser  consumido, bastando remover-lhe a cabeça e a cauda e colocar a parte carnosa ao sol para secar, tornando-o uma iguaria apetitosa.

Cada povo com os seus usos e costumes. Causa estranheza para nós ocidentais, os asiáticos comerem “espetinhos” de escorpião, baratas e similares. Ou, sopa de morcego. E aqui no interior nordestino quem nunca comeu  “bunda de tanajura”?  com farinha, depois de fritada na manteiga de  garrafa? (nuvens delas depois das trovoadas, saindo dos formigueiros , caindo aos montes e a meninada sacudindo a camisa e gritando: (“cai cai tanajura, tua bunda é de gordura...”) Quem nunca experimentou não sabe o que é bom. Principalmente coadjuvada com uma “pinga” ou cerveja.

Mas, voltemos ao ponto de partida. Essa não é a primeira vez que esses bichinhos voadores e esfomeados ameaça a agricultura. Vejamos alguns dos estragos que já causaram:

Conforme  as  Escrituras foi a oitava praga bíblica ocorrida por volta de (1400 a. C.) no Egito, entre as 10 pragas enviadas por Deus para castigar os egípcios, que adoravam outros deuses e escravizavam o povo  de Israel. Acabando a colheita, Deus estaria mostrando que só ele tinha o controle absoluto da natureza. “Eles cobriram a face de toda a terra, de modo que ela ficou escura e comeram todas as plantas da terra e todo o fruto das árvores que o granizo havia deixado. Não restou coisa verde, nem árvore nem planta do campo, por toda a terra do Egito”, diz o Êxodo.

Outro registro. Nos Estados Unidos no verão de 1874, milhões deles infestaram o céu de Kansas, no Nebraska, além  das Dakotas e outras áreas do território americano. Segundo os registros da época, as nuvens eram tantas que chegaram a bloquear o sol por várias horas. Quando se dissiparam  foi observada a completa destruição. Campos de cultivo, a vegetação, as folhagens das árvores e até a lã das ovelhas não escaparam. Milhões de dólares de prejuízo.

 

Os registros mais recentes foram os seguintes:

No Egito em 2004, nuvens de gafanhotos assustaram os moradores da capital, Cairo, Procedente da Líbia depois de provocarem danos no extremo norte da África. Segundo especialistas afirmaram na ocasião, eles foram varridos por ventos fortes e de vido às condições climáticas, não causaram grandes problemas

Dois anos depois, na América do Norte, mais precisamente no México, um dos mais conhecidos destinos turísticos daquele país, Cancún, recebeu a visita dos gafanhotos. Milhares de toneladas de inseticidas para combater a praga que já haviam devastado as plantações de milho. O México ainda estava se recuperando dos prejuízos provocados  furacão Wilma.
Em 2013, os insetos voadores atingiram o sul do país. Vindos do Egito, os enxames infestaram vilarejos e casas, além de dizimar plantações. No inicio da invasão houve tentativas de dedetização por parte das autoridades, porém não adiantou. Os habitantes foram instruídos a vedar as estufas e as casas até os bichos irem embora.

No ano passado e início deste ano de 2020, vários países do leste africano provocando grandes prejuízos e atingindo a população de países como a Etiópia, Somália e o Quênia, já assolados pelo quadro de fome de suas populações.  Nessas ocasiões aparecem especialistas de todos os matizes, com as mais variadas explicações, embora, nesse mais recente registro (2019/2020), muitos concordaram que os gafanhotos tenham aparecido, devido o clima úmido da região, associado a ciclones que atingiram o leste da África e Penísula  Arábica.

Agora, estão mais perto chegando ao extremo sul americano. Onde vão pousar?

 

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A MULHER QUE PREVIU A PRÓPRIA MORTE

O ator Peter Ustinov deveria se encontrar com ela naquela noite, onde tratariam dos pormenores de um documentário que estava realizando sobre ela, Indira Gandhi Mas, a primeira-ministra da Índia, foi assassinada horas antes, aos 66 anos, naquele  31 de outubro de 1984, no jardim de sua casa em Nova Délhi, capital do país que governava. Os autores, seus dois guarda-costas: Sikh Beant Singh e Satwant Singh. Ela morreu minutos depois ao dar entrada no Hospital  de Nova Delhi. Indira, (Não tinha de parentesco com Mahatma Ghandi)

A tradição do assassinato político, entretanto, tão frequente no país, e que já vitimara o próprio Mahatma Gandhi, um apóstolo da não violência, parecia não assustar a 'Mãe Índia' - como era chamada pelos pobres, por causa de sua luta para impor ao país o lema "Eliminar a pobreza!". Não cuidava, portanto, da segurança pessoal, a ponto de manter, como guarda-costas, os dois sikhs que perfurariam o seu corpo com 30 tiros.

No mesmo dia, disse num discurso:

  - “Não me importa se perco a vida ao serviço da nação. Se eu morrer hoje, cada gota de meu sangue revigorará a nação”

Seu corpo foi cremado em funeral transmitido ao vivo por emissoras de TV do mundo inteiro. Ela esteve em visita oficial no Brasil, em 1968. Após a sua morte, na extinta União Soviética foi lançado um selo em sua homenagem.



SEDENTARISMO

Um dos grandes males do nosso tempo é o sedentarismo, - e diante dessa pandemia e isolamento – o quadro deve ser bem maior do que os 83,6% publicados recentemente em conceituada revista The Lancet, entre os jovens brasileiros. Uma das razões para isso é o uso, sem nenhum controle, do tempo em aparelhos eletrônicos.

Sempre conectados, com os olhos vidrados nas telas, sejam celulares, tabletes, computadores ou televisão. Esta é uma realidade na vida de milhares de adolescentes. Consequentemente, a falta de exercícios resulta numa realidade em que os jovens não se movimentam tanto quanto deveriam.

E,  acrescento  que não é necessário agir como nós fazíamos antigamente; (correndo, brincando, dando e levando tapa, “amorcegando”  caminhão, caçando de baleadeira, tomando banho no rio e no açude etc.).

Mas, pelo menos, começar a praticar atividade física logo cedo, na infância e  adolescência, incluindo esse hábito na rotina da criança. A médica de João Pessoa, Ivana Soares Toscano afirma que, -  “apesar dos índices serem altos, impor limite é um caminho para solucionar esta realidade. “limitar o tempo de uso da tela diária, incentivar a prática de outras atividades como esportes, jogos, que não sejam digitais, estimular o convívio com outros jovens dentro dessas atividades e criar uma rede de apoio para que ele desperta o interesse por outras atividades e não somente o uso das telas”. Na verdade o quadro é preocupante.  

 

Reflexões sobre o Tempo:


"Com o prazer o tempo voa" - Shakespeare


"Como maçãs de ouro em salvas de prata assim é a palavra dita no seu tempo" Prov. 25:11.

  

O Tempo - Olavo Bilac

Sou o o tempo que passa, que passa

Sem princípio, sem fim, sem medida

Vou levando a Ventura e a Desgraça,

Vou levando as vaidades da Vida.


   A correr, de segundo em segundo

   Vou formando os minutos que correm...

   Formo as horas que passam no mundo,

   Formo  os anos que nascem e morrem.


Ninguém pode evitar os meus danos...

Vou correndo sereno e constante:

Desse modo, de cem em cem anos,

Formo um século e passo adiante.


   Trabalhai, porque a vida é pequena

   E não há para o tempo demora!

   Não gasteis os minutos sem pena!

   Não façais pouco caso das horas.



"O vosso tempo sempre está presente" (João 7:6)


O Tempo - Laurindo Rebelo
Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso desse tempo já dar conta,
Mas, Oh! como dar em tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo.

Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi bom tempo e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje quero fazer conta e falta tempo.

Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis o vosso tempo em passatempo,
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.

Mas, se os que contam com esse tempo
Fizessem deste tempo alguma conta,
Não chorariam sem conta o não ter tempo.

Reflexões sobre o tempo II

Continuando nossa postagem anterior, continuemos falando sobre as perdas e ganhos que são gerados pela idade. A pedido, vou tentar ser mais explícito, quando disse que... "esqueço para não sofrer outra vez. E lembro para ser novamente feliz". É que me parece ser o tempo gostoso muito curto, enquanto atual. 
A compensação é que as coisas ruins (ou o tempo ruim), esse não tem memória, dá-nos a impressão que passou veloz, sem deixar rastros, sem deixar saudades.
Mas, enquanto acontecem parecem durar uma eternidade os instantes de tédio, de angústia e de dor. 
À proporção que envelhecemos chegamos à conclusão que Recordar não é nada mais, do que a armadilha dos velhos para apanhar o tempo aparentemente recolhido pelo passado.


Armas Químicas         
Apesar de proscritas pelas  Convenções Internacionais as armas químicas foram fartamente usadas pelos EUA, durante a Guerra do Vietnã. A mais conhecida delas foi o napalm, uma mistura de gasolina com uma resina espessa da palmeira que lhe deu o nome e que, em combustão, gera temperaturas a 1.000 °C. Se adere à pele, queima músculos e funde os ossos, além de liberar monóxido de carbono, fazendo vítimas por asfixia.

Além do napalm, o exército norte-americano despejou sobre o Vietnã, desde 1961 (com a aprovação do presidente John Kennedy) até 1971, cerca de 80 milhões de litros de herbicidas. Entre eles, o mais utilizado, devido à sua terrível eficácia, foi o agente laranja, que é uma combinação de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T, sendo que a síntese deste último gera um subproduto cancerígeno, a Dioxina tetraclorodibenzodioxina, considerada uma das substâncias mais perigosas do mundo.

O impacto ecológico do uso dessas armas químicas foi catastrófico para a cobertura vegetal e para a população que habitava a região.

Mais de 40 anos depois da guerra, a dioxina produzida pelo agente laranja continuava biologicamente ativa. E, atualmente, as concentrações encontradas em várias regiões do Vietnã superam em 400 vezes o limiar de toxicidade, conforme evidenciado pela Canada Hatfield Consultants.

A dioxina foi culpada pela alta incidência de doenças de pele, malformações genéticas, câncer, incapacidades mentais e outros problemas que afetam a população vietnamita (e ex-militares dos EUA). Milhares de crianças nasceram com problemas de pais que não foram expostos ao herbicida durante a guerra, mas que comeram alimentos contaminados por ele. A maioria das vítimas pertenciam à famílias mais pobres.

Em 2005, a Associação Vietnamita do Agente Laranja moveu uma ação judicial contra as companhias químicas norte-americanas produtoras do Agente Laranja. Mas o juiz federal, Jack Weisntein, não acolheu a queixa, alegando que não havia, nos autos do processo, "nada que comprovasse que o Agente Laranja tenha causado as doenças a ele atribuídas, principalmente pela ausência de uma pesquisa em larga escala".

Curiosamente, em 1984, uma ação judicial movida por veteranos de guerra norte-americanos contra as mesmas companhias, pelos mesmo motivos, resultou em um acordo de 93 milhões de dólares em indenizações aos soldados.

Inaugurado em 1982, o Monumento aos Veteranos do Vietname é uma obra edificada em Washington-DC, durante o governo de Ronald Reagan. Em um muro de mármore negro estão gravados os nomes de todos os mais de 50 mil soldados estadunidenses mortos na guerra, para que sejam lembrados pela posteridade.

Os nomes dos cerca de quatro milhões de vietnamitas, civis e militares (em sua maioria camponeses), mortos no conflito, permanecem no anonimato.  -  (fonte Wikypedia-livre Enciclopédia livre).

Em tempo: a foto da menina Kim Phuc, então com 9 anos, atingida pela Napalm marcou a memória da guerra do Vietnam em todo o mundo. Em setembro de 2018, aos 50 anos, ela esteve no Brasil, para lançar sua biografia.








Tempos “bicudos”

Nesses tempos de tantas dificuldades financeiras me assombrou o quanto foi desembolsado pelo STF, no ano passado, conforme acabo de ler: “em 2019 o custo anual foi de R$. 698,9 milhões. Foram R$. 58,2 milhões por mês. Ou R$. 1,94 milhão por dia. Ou R$. 80,8 mil por hora. Ou R$. 1.348,18 por minuto. Ou, ainda, inacreditáveis R$. 22,40 por segundo”.

 

 

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