domingo, 31 de janeiro de 2021

EPIDEMIAS E SOCIEDADE

 Em Dezembro de 2013 – há precisamente oito anos, portanto –, uma criança de quatro anos brincava num jardim perto de sua casa, na Guiné. Como é próprio das crianças, foi espreitar o tronco oco de uma árvore que estava por perto, ali à mão, convidativa e apetecível. Em resultado da deflorestação, os morcegos da fruta tinham agora poucas árvores para se agruparem. O menino teve a infelicidade de inalar vírus dos dejetos dos morcegos – morcegos que tiveram de se deslocar devido à escassez de árvores, árvores que agora tinham de abrigar morcegos numa quantidade tal que os seus dejetos passaram a ser perigosos.

É hoje perfeitamente sabido que foi assim, através daquela criança, que o terrível vírus do Ebola se transmitiu aos humanos.

Já em 2008, os investigadores tinham identificado 335 doenças humanas surgidas entre 1960 e 2004, a maioria das quais de origem animal. Mais de 300 doenças surgidas em quatro décadas.

Em 2019, a OMS produziu um relatório a chamar a atenção para os perigos. Chamava-se, expressivamente, Um Mundo em Perigo.

Alguém se interessou? Ninguém ligou.

No mesmo ano, no Brasil, morreram cerca de 180 mil pessoas vitimadas por várias enfermidades no sistema respiratório.

Alguém se interessou? Ninguém ligou.

Pior ainda, desde há muito e não é de agora, que os governantes subestimavam o perigo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou, no dia 1º de junho, (2020) que a República Democrática do Congo apresentou um novo surto de ebola em uma região da cidade de Mbandaka. Os novos casos dessa doença grave chegam em paralelo à pandemia de coronavírus (Sars-CoV-2) e a uma disseminação exponencial do sarampo naquele país.

Esse vírus do novo surto pode se espalhar pelo mundo?

Seis casos de ebola foram reportados na cidade de Mbandaka no dia 1º de junho — quatro morreram. De acordo com a OMS, é provável que mais pessoas recebam o diagnóstico com o reforço no sistema de vigilância que foi incorporado em decorrência do novo surto.

Como surgiu o ebola?

O surto atual de ebola é o 11º a atingir a República Democrática do Congo, de acordo com a OMS. O vírus foi descoberto nesse mesmo país, em 1976, próximo ao rio Ebola. Daí seu nome.

Em tempo: Existem cinco espécies do vírus Ebola: Bundibugyo, Costa do Marfim, Reston, Sudão e Zaire. Nomes dados a partir dos locais de origem. Quatro dessas cepas causaram a doença em humanos. Desses, apenas o vírus Reston, - mesmo que possa infectar humanos, - nenhuma enfermidade ou morte foi relatada até o presente.

Morcegos frutívoros são considerados os hospedeiros naturais do vírus Ebola. A taxa de fatalidade do vírus varia entre 25 a 90%, dependendo da cepa.

sábado, 30 de janeiro de 2021

DIA NACIONAL DOS QUADRINHOS

 Neste sábado, 30, comemora-se o Dia Nacional dos Quadrinhos. Nada mais próximo da nossa infância do que as revistas e as historinhas em quadrinhos, povoando a imaginação da criançada. Os Estados Unidos lideram também nessa área, há muito tempo. Mas poucas pessoas sabem que os primórdios dos quadrinhos começaram aqui, no Brasil, no século 19 (entre 1869 a1882) e narra as aventuras de dois personagens Zé Caipora e Nhô Quim, nos traços de Ângelo Agostini, um dos precursores desse gênero no mundo.

No século 20 (1931), os EUA já eram líderes nesse gênero. No Brasil outro nome que deve ser lembrado é o de Luiz Sá, ao criar os personagens Reco-Reco, Bolão, e Azeitona, cujas aventuras eram publicadas numa revista infantil chamada Tico-Tico.

 

A Tico-Tico foi homenageada em 2005, com um livro pela Editora Via Lettera, sob o título “O Tico-Tico – Cem anos de revista” , para registrar os 100 anos desde sua primeira tiragem, ocorrida em  11 de outubro de 1905, com o preço de 200 réis, preço que se manteve até o ano de 1920. A Tico-Tico tem uma história linda, justamente por ser voltada exclusivamente para crianças e ter encantado e contribuído para formação de várias gerações. Vale a pena pesquisar.  


HÉGIRA

E neste domingo, dia 31, comemora-se o Ano Novo Islâmico. O dia da Hégira, a palavra vem do árabe “el hedjara” e significa fuga, no caso a fuga do profeta Maomé de Meca, sua cidade natal para Medina.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

BOCA DE PRAGA

 Ernani do Amaral Peixoto, já aos 74 anos, passou três horas em reunião, trancado, em Brasília com o  ministro Petrônio Portela, 54 anos,final de 1979. 

   ministro Petrônio Portela,

Em pauta o destino político de Amaral no Rio de Janeiro, e sua possível ida para o partido do presidente Figueiredo, o PDS - Partido Democrático Social, fundado em 31 de janeiro de 1980. O partido surgiu com o fim do bipartidarismo (Arena/MDB) implantado pelo regime militar após 1964 e a reforma ocorrida no governo de João Figueiredo.

    Ernani do Amaral Peixoto

- Como é senador o senhor vem mesmo para o nosso partido?

- Vou, ministro, mas com uma condição inarredável. Preciso do aval do Presidente.

- Não há problema o presidente o convocará.

Amaral pega o avião, volta para o Rio. No dia seguinte chega o deputado Zeca Torres, fiel escudeiro, vai visita-lo:

E aí, companheiro? Já decidiu? Os jornais estão dizendo que passou horas em reunião com Portela, que já está acertada a sua ida para o partido governista...

Conversamos muito, sim, de fato, mas ainda não me acertei em definitivo com o governo. Só vamos com o aval do presidente.

-Mas, por que a dúvida comandante?

- Ora, meu filho, não basta apenas fazer acerto com o Petrônio. Ele pode sair do Ministério, pode morrer, quem é que vai continuar a cumprir o acordo?

- Mas, comandante o Petrônio está forte no Ministério, é saudável, tem muita disposição.

- Sei tudo isso. Mas tudo pode acontecer, ele pode cair, sofrer um acidente, um derrame, morrer. Quem  garante?

Uma semana depois, dia 6 de janeiro de 1980, Petrônio Portela morria. Ataque cardíaco. Uma de suas frases de efeito já foi repetida à exaustão: “ contra fatos, não existem argumentos”.


O DEPUTADO VOADOR

          Rodrigo Maia - foto Paulo Lopes/Futura press

Ninguém adora viajar de avião mais do que o deputado federal Rodrigo Maia. Mais do que ele, ninguém. Pode ser que de agora em diante, quando deixar a presidência da Câmara ele venha a reduzir os gastos com esse meio de transporte. Os dados mais recentes não foram contabilizados,  Apenas para se ter uma ideia o que representou  para os cofres públicos, em 2017  - de janeiro a dezembro daquele ano, foram 250 viagens em avião da FAB. 130 delas somente para o Rio de Janeiro sua terra natal, sendo que 40 viagens foram no mês de (janeiro de 2017 e janeiro de 2018), quando ocorre o recesso parlamentar. Questionado na época, alegou que estava a serviço nessa ponte aérea Rio/Brasília ou Brasília/Rio. Conta paga por nós contribuintes, claro!

Esqueceu de verificar a data de embarque em alguns casos, dia de sábado e domingo.

Uma matéria publicada na conceituada revista de circulação nacional,  “Isto é”, edição de 7/3/2018, texto de Ary Filgueiras, sob o título: O Deputado Voador,  diz:“ ...o presidente da Câmara tem evitado passar pelo mesmo constrangimento de outros parlamentares, hostilizados em voos comerciais. A solução encontrada pelo democrata  para driblar eventuais insultos, foi usar e abusar dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Apesar dos discursos como defensor de austeridade nas contas públicas, o parlamentar parece esquecer a sua bandeira quando o beneficiado é ele mesmo.

Numa mesma semana de março – diz a matéria – o presidente da Câmara chegou a viajar seis vezes, cuja comitiva é composta, em geral, por nove pessoas. As idas e vindas de Maia, custaram aos cofres públicos mais de R$ 1,3 milhão”.

Em tempo: A FAB, por medida de segurança, não divulga os dados contendo os gastos. Uma observação: o codinome de Maia no esquema de propinas conforme a planilha da Odebrecht era “Botafogo”, o mais apropriado seria “Bate asas”.


Quando analfabeto não votava a coisa era diferente!

Adão Pereira Nunes era médico ginecologista, trabalhava no Hospital Miguel Couto, zona sul do Rio.(sobrinho do maior chefe político do norte fluminense, há décadas, Benedito Pereira Nunes cujo centro de liderança era a cidade de Campos). Dona Santinha era de lá, sua conterrânea. Sempre solicitava os serviços do seu amigo enviando as parturientes aos seus cuidados. E Adão, tal qual um São Francisco parteiro,  cuidava, fazia o parto e dava toda a assistência necessária.

Chegam as eleições. O filho de dona Santinha, Paiva Muniz, candidatou-se a deputado federal, pelo PTB. Adão também era candidato, pelo (PSP).

E as  mulheres grávidas chegando e Adão atendendo como sempre. E haja menino nascendo.

Um dia, encontrou dona Santinha.

- Continuo atendendo as pessoas às suas recomendações. Mas, a senhora sabe que eu estou disputando as eleições com os seu filho?

- Sei, sim, mas não tem importância. Só mando para você as analfabetas. As eleitoras eu mando para o Paiva meu filho.

Os dois elegeram-se.  E foram cassados.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Ciência não é para qualquer um

 Recado de Vladmir Lênin: -“aí do partido que ocultar do povo os seus erros”.

Nunca vi tanto especialista, apresentadores de tv travestidos de infectologista, pneumologistas, epidemiologistas, desde o início dessa pandemia, circulando em quase todos os canais de televisão. A maioria dos jornalistas parece-nos entender de tudo, Economia, Biologia, Medicina, Física Nuclear, Engenharia Genética, Logística Militar e até um pouco de “ciências ocultas”, opinam e comentam, o que menos fazem é transmitir a notícia, o fato em si. Tornamo-nos cada vez mais acuados mediante tantas informações truncadas, isso é o passaporte para a prisão de nossa liberdade. Onde vamos chegar, não sabemos.

Raramente se viu ou ouviu médicos que demonstram a gravidade dessa pandemia, e que seguem a ciência, juntamente com as recomendações de proteção e procura de assistência médica. Estes são considerados pelos notáveis da mídia como inimigos da ciência como se fossem charlatões. É isso que temos.

Está proibido pensar, questionar e duvidar, quem se dispuser a isso pode ser chamado de “negacionista”, “herege”. Mais parece uma horda e talibãs, jihadistas, patrulhando a nossa vida diária. A lavagem cerebral veio acompanhada de uma visão pronta, inquestionável, verdadeira, absoluta. É preciso repetir o que a história já experimentou: espalhar o pânico, para diminuir as resistências. É um novo tribunal da Inquisição. E o que é a ciência senão resultado da dúvida? É ela que deu margem às descobertas em todos os campos da ciência através dos experimentos, testagens, erros e acertos.

Onde há dúvida é preciso que haja debate, pesquisa e saber ouvir, questionar, comprovar a eficiência do que é descoberto seguir a legislação e a ética. Quando alguém defende que o zelo, a paciência e a perseverança é totalmente científico, pode crer que é verdade.

Quando alguém defende uma pesquisa sem cumprir todas as suas fases que comprovam os objetivos, isso não é científico.

Nunca Nelson Rodrigues foi tão atual: “os idiotas dominarão o mundo. Não porque são melhores, mas porque são muitos”.

 

 

 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

A MISSÃO HUMANITÁRIA DE ZILDA ARNS

 Mesmo conservadora e antifeminista, Zilda era empoderada” -

Janeiro está terminando e vem a nossa lembrança a imagem carismática da doutora Zilda Arns, a médica que encantou o mundo como gestora de políticas de saúde e fundadora da Pastoral da Criança. Lutou como ninguém para impor sua agenda mística salvando menores e desamparados. Morreu justamente num mês de janeiro, em 2010, dia 12. Estava no Haiti, arrasado por uma onda de terremotos. Estava em missão humanitária com o objetivo de instalar ali a Pastoral da Criança. Outro terremoto naquele fatídico dia, sacudiu a capital, Porto Príncipe, matando 316 mil pessoas. Zilda Arns foi uma das vítimas.



Só relaxava e abria o sorriso se estivesse entre as crianças;


Apoiada por seu irmão, dom Paulo Evaristo Arns (que faleceu em 2016), seguiu fielmente os passos da Teologia da Libertação. Fundou a Pastoral em 1983, ao lado do então presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geraldo Magella.

Zilda, quando menina era apelidada de “Tipsi” ou bonequinha, em alemão. Essa descendente de  alemães nasceu em 1934. Os 13 filhos do pai, Gabriel, trabalhavam na olaria da família em Forquilhinhas, no sul de Santa Catarina. A mãe, Helena, era parteira e a inspirou seguir carreira de médica, formando-se em Pediatria.  Brigou com Deus e o mundo, melhor dizendo, com alguns dos seus supostos representantes na terra. Insistia pela obtenção de recursos para desenvolver e atender os mais necessitados de sua Pastoral da Criança e Pastoral da Pessoa Idosa. A força de vontade, e o senso administrativo eram fortes em sua personalidade. 



Ao lado do irmão, dom Evaristo: uma mistura de autocracia e ternura, 

missão e martírio;


Fez campanhas pelo soro caseiro, foi contra o uso da camisinha como contraceptivo. Foi a única voz discordante na votação da lei que permite o aborto de anencéfalos.  Morreu fazendo o que mais amava – o bem. 




quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

VITORINO FREIRE - o filósofo do Maranhão!

 - “Quando o pasto pega fogo o preá corre pro brejo”;

- “O risco que corre o pau corre o machado”;

- “Não quero que ajudem o meu roçado, só quero que os bois do vizinho não

   entrem nele”


- “Sarney não conhece o tamanho do meu roçado. De um lado do acero eu grito e ele não ouve do outro lado, ele que tente”;


- “ Não sou como Zagalo (treinador) não jogo para empate”


- “ Política no Maranhão é como bumba-meu-boi, não sai na rua sem mim”.

 

Nem urubu aguenta

Vitorino foi a Bolívia chefiando uma delegação do Senado que ia discutir os Acordos do Roboré  (petróleo). Ia ficar oito dias. Dois dias depois deixou a delegação e voltou. Os repórteres de plantão:

- O que houve senador? Já terminaram as negociações?

- “Não. Mas eu vou ficar num lugar que tem 4.800 metros de altura e onde urubu tem dispneia?


Acordo não cumprido

Fez acordo com o governador Urbano Santos. Acordo não foi cumprido. Mandou-lhe uma carta.

- “Senhor governador, diz o povo que o homem se pega pela palavra, o boi pelo chifre e a vaca pelo rabo. Supondo que V. Exa. Não tem nenhum desses acessórios, não sei por onde começar”.


A Força Oculta de Vitorino

José Sarney deveria ser ministro nomeado por Jango, representando a jovem ala da UDN (União Democrática Nacional), a chamada de Bossa Nova da UDN. Tudo combinado, e reunião para o sinal verde. O sábio potiguar Djalma Marinho, não concordou:

- Só se ele deixar a UDN.

Na sua coluna o mais experiente dos jornalistas, Carlos Castelo Branco, informava em sua coluna. “Só tem uma pessoa que pode vetar o nome de Sarney, Vitorino Freire”.

- Vitorino lê a matéria e liga para Castelo.

- Olhe, Castelo, eu faço política em cima de fivela. Não sou do PTB nem da UDN. Se o galho não é meu, não tenho nada com o macaco, ele pode pular pra onde quiser. O doutor. Sarney pode ser até ministro da Guerra do doutor Jango.

A UDN  recuou e Jango também. (conforme S. Nery)


O cordão “Puxa-Saco” do Maranhão

Guararé era cabo eleitoral do governador Sebastião Archer. Na convenção do PSD, alguém acusou Guararé de puxa-saco. Guararé argumentou:

-“ Cada um puxa o saco de quem pode. Eu puxo o senhor governador Archer - apontando para Sebastião Archer – o senhor já puxa o saco do senador Vitorino e o senador puxa o saco do general Dutra.É a lei da fidelidade partidária.

 


Vitorino de Brito Freire nasceu na fazenda Laje da Raposa, em Pedra (PE), - por muito tempo era conhecida como “Pedra de Buíque” em referência ao vizinho município ou porque o território pertencera a este – a área urbana é formada no entorno de uma enorme pedra. Está no agreste pernambucano a poucos km de Arcoverde.

Freire veio ao mundo no dia 28 de novembro de 1908, filho de Vitorino José Freire, proprietário rural e pecuarista, e de Ana de Brito Freire. Seus pais descendiam de tradicionais famílias rivais que disputavam o comando político no interior do estado.

Após fazer o curso primário do Colégio Gastão Resende, em Arcoverde (PE), interessando-se em seguir a carreira militar, mudou-se em 1919 para o Rio de Janeiro, onde foi morar com um parente, o general Antônio Inácio de Albuquerque Xavier, que assumiu os custos de sua educação. Como não havia vaga no Colégio Militar, matriculou-se no Colégio Santo Alberto e, no fim do mesmo ano, no Colégio Pedro II. Ainda estudante, trabalhou no escritório do engenheiro João Proença. Nessa época, tornou-se amigo da família do então coronel Eurico Dutra, amizade que se consolidou ao longo dos anos. Conheceu também oficiais que viriam a ocupar cargos de grande importância, como Alfredo Ribeiro da Costa, Augusto Tasso Fragoso, Hastínfilo de Moura, Antenor Santa Cruz, além do ex-ministro da Guerra (1914-1918) José Caetano de Faria.

              vista aérea da cidade de Pedra

Antes de terminar o ginásio, Vitorino Freire voltou a Pernambuco, matriculando-se no Internato Rio Branco e em seguida no Ginásio Pernambucano, em Recife. Ingressou em 1928 na Faculdade de Direito de Recife sendo nomeado no mesmo ano, por solicitação do presidente estadual Estácio Coimbra (1926-1930), oficial-de-gabinete do secretário de Agricultura Samuel Hardmann.

Veio a Revolução de 1930 aderindo ao movimento chefiado em Pernambuco pelos irmãos Carlos e Caio de Lima Cavalcanti. Participou junto com mais 17 companheiros da ocupação do quartel da Soledade, depósito de armas e munições da 7ª Região Militar. À frente, o capitão - seridoense da gema - Antonio Muniz de Faria. Ação decisiva para a vitória, com a distribuição de armamentos aos voluntários civis e militares. Voltou para o Rio de Janeiro, já comissionado no posto de primeiro-tenente indo fazer parte do gabinete do ministro da Viação e Obras Públicas, José Américo de Almeida.


Em 1932, Vitorino Freire passou a servir na Diretoria de Meteorologia do Ministério da Agricultura, cujo titular era Juarez Távora. Ao eclodir em São Paulo a Revolução Constitucionalista, em julho do mesmo ano, 1932, lutou ao lado das forças legalistas sob o comando do general Valdomiro Lima até a rendição dos revoltosos em 2 de outubro. Em 1934, quando Gustavo Capanema assumiu a pasta da Educação e Saúde, (naquele tempo os ministérios eram um só), foi nomeado segundo-oficial do Departamento Nacional de Saúde Pública.

Vitorino Freire exercia esse cargo quando, em 18 de julho de 1934, foi nomeado secretário do interventor federal no Maranhão, o capitão Antônio Martins de Almeida, que havia conhecido durante a Revolução Constitucionalista. Em abril de 1937, casou-se com a maranhense Maria Helena de Oliveira, com quem teve um filho, Luís Fernando Freire.

Integrou, a partir de 1939, o gabinete do ministro da Viação e Obras Públicas, João de Mendonça Lima. É longa a trajetória de Vitorino. Só para  ter uma ideia de sua influência, Vitorino Freire conquistou o poder político no Estado do Maranhão, iniciando então uma política de características mandonistas — que denominou vitorinismo —, que cobriu todo o período 1947-1964Significativamente, todos os governadores eleitos nesse período seriam correligionários de Vitorino ou indicados por ele.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

GESTO DE GRANDEZA (Dinarte)

No exílio, saudoso e triste, escrevia aos amigos e revelava a saudade de Natal e do seu Rio Grande do Norte.

“-Tinha a cara e a alma do seu povo”, conhecia seus hábitos, costumes, cultura, folclore, sem demagogia, porque tudo nele era natural. Escreveu com propriedade o assuense, João Batista Machado. Trata-se de Djalma Maranhão, ex-prefeito de Natal. Apeado do poder pelo movimento militar de 1964, preso, exilado e depois a morte no desterro. Montevideu, Uruguai.

Vendo-se doente e sentindo  proximidade da morte, pede ao dono da pensão onde morava, que se acontecesse algo com ele, ligasse para o senador Dinarte Mariz, em Brasília ou no Rio de Janeiro e transmitisse a ele que seu último desejo era ser sepultado no Rio Grande do Norte.


- “Numa madrugada, - escreveu Machado em “O Poti” em 17/05/1992 – o velho senador Dinarte, recebe um telefonema, no dia seguinte estava no Ministério do Exercito, solicitando ao ministro Orlando Geisel, um avião da FAB para ir buscar o corpo de Djalma e transportá-lo para Natal.

- Ministro, vim lhe pedir autorização e um avião para fazer esta viagem. Djalma quer ser enterrado na sua terra e vou cumprir o seu desejo. Se o senhor não me conseguir o avião, vou alugar um jatinho da Líder e desço com o corpo dele em Natal, nem que seja aos pedaços.

 - Não precisa disso, Dinarte, você vai buscar o corpo do seu amigo para ser sepultado na sua terra respondeu o ministro Orlando Geisel.

Dinarte contou esta história com os olhos marejados de lágrimas e com a voz embargada pela emoção, conclui JB “.

Era mais um gesto do homem que era amigo dos seus amigos, mesmo aqueles que estavam em campos opostos na política.

 


GESTO DE GRANDEZA ( Aluísio Alves)

Abril de 1964, começaram a sair as listas der cassações de mandatos. Aluísio governador pela UDN estava à tarde no escritório da representação do Rio Grande do Norte no Rio de Janeiro. Ouviu uma notícia dando conta da cassação do conterrâneo Clóvis Mota, deputado federal e presidente do PTB no RN. Aluísio foi ao Ministério da Guerra, procurou o coronel Sizeno Sarmento, chefe de gabinete de Costa e Silva, do Comando Supremo da revolução.

- Coronel, acabo de ouvir a notícia da cassação do deputado Clóvis Mota, lá do meu Estado. É um homem sério, honesto, correto, equilibrado, um empresário, não tem nada de subversivo nem de corrupção. É presidente do PTB, mas nunca ninguém o acusou de nada. É um velho amigo meu e essa cassação não tem sentido algum.

- Governador vou confiar em sua informação. Sargento, traga a lista de hoje.

Pegou um lápis vermelho, riscou o nome de Clóvis Mota.

- Sargento, bata de novo.


À noite, na “A Voz do Brasil”, saiu no vãmente o listão com os nomes dos cassados do dia. Clóvis Mota não estava na lista e nunca foi cassado.


IRINEU JOFFILY, O AUSTERO INTERVENTOR 

Em 23 de novembro de 1930, o Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas confirmou a indicação de Joffily para o governo potiguar, nomeando-o interventor federal no estado. Entretanto, a escolha de Café Filho para a chefia de polícia e a promoção de seus correligionários provocaram a hostilidade dos políticos tradicionais do estado contra o interventor. Descrito por José Maria Furtado, em suas “Memórias Vertentes”, como “homem de caráter íntegro”, dotado de uma espécie provinciana de temperamento incorruptível, suas intenções moralizadoras acirraram esses atritos.

Uma das suas primeiras providências como interventor foi “ativar a revisão de todos os atos dos poderes Legislativo e Executivo estaduais e municipais, a fim de serem declarados insubsistentes os que forem nulos por falta de preenchimento de formalidades legais, ou por serem evidentemente prejudiciais aos interesses do estado e dos municípios”.



Prova de sua austeridade de juiz que não fazia concessões com ninguém:

- Uma noite uma patrulha do Exército provocou tiroteio na zona boêmia de Natal. O Interventor chamou o secretário, Confúcio Carvalho, ditou um ofício indignado, ao Comando do Regimento. O comando ficou melindrado, reuniu-se e mandou uma comissão ao Palácio. Devolvia o ofício e pedia outro em termos mais corteses.

Irineu os recebeu e mandou sentar e chamou o secretário:

- Confúcio, vem cá. Lê aí, em voz alta, esse ofício que eu mandei para o comando do Regimento. Confúcio leu. O injterventor pôs os óculos, olhou um a um bem devagar e disse apenas:

- Corta o Cordiais Saudações.

Outra:

Numa visita que fez ao Colégio Estadual, o diretor  pôs a garotada de bandeirinhas na mão gritando:

“Viva doutor Irineu! “Viva doutor Irineu!

Irineu Joffily percorreu as dependências do colégio, terminou a visita, despediu-se do diretor, foi para o Palácio Potengi, chamou o secretário:

- Confúcio, prepara um ato demitindo o diretor do Colégio Estadual. Ele está ensinando muito cedo as crianças a bajularem autoridade.

(Leia mais sobre o paraibano Irineu Joffly, na página PERISCÓPIO)

A ACLAMADA ELIS REGINA


Já se foram trinta e nove anos desde sua partida. 19 de janeiro de 1982, morreu jovem aos 36 anos, no auge da carreira. Perdeu a guerra para uma mistura cavalar de cocaína e bebida, provocando uma parada cardíaca.  Um dos maiores talentos da nossa música popular, partiu provocando grande comoção no país. A gaúcha de Porto Alegre que nasceu em 17 de março e 1945, encantou o Brasil e o mundo por sua voz, musicalidade e presença nos palcos. Grandes cantoras internacionais estavam no mesmo patamar: Ella Fitzgerald, Bille Holiday, Sarah Vaughan. Foi casada com Ronald Bôscoli, de cuja união nasceu João Marcello Bôscoli em 1970. Separou-se para casar depois com o pianista César Camargo Mariano em 1973, nascendo daí mais dois filhos Pedro Camargo e Maria Rita. No início da carreira, como acontece com a maioria dos artistas cantores(a) foi influenciada por grandes nomes da época, como Ângela Maria em especial. Dessa fase inicial, gravou a “Virgem de Macarena” (La Virgem de Macareña) de 1963. aos 18 anos, já revelando sua extensão vocal extraordinária. Foi a primeira cantora a surgir dos grandes festivais

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

TEOTÔNIO - O Menestrel da Alagoas

“A vida política continua comigo, continuarei lutando lá fora, só não terei o privilégio de usar esta ou aquela tribuna. Quanto ao mais, prosseguirei na minha vida de velho menestrel, cantando aqui, cantando ali, cantando acolá, as minhas pequeninas toadas políticas”.


Os dicionários definem democracia como o sistema político em que o poder é exercido pelo povo através do voto universal. Outro significado poderia ser “Teotônio Vilela”. O Menestrel da Alagoas nasceu há mais de cem anos, no dia 28 de maio de 1917.

Ainda em Alagoas, casou-se com Helena. Aos poucos, foi tomando gosto pela política. Filiou-se à União Democrática Nacional (UDN), partido de orientação conservadora que fazia feroz oposição ao presidente Getúlio Vargas.

A porta de entrada no mundo da política formal foi a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, em 1954. Lá, juntou-se à chamada bancada do açúcar, que reunia representantes dos usineiros. Seis anos depois tornou-se vice-governador na chapa do general udenista Luiz de Souza Cavalcante.

Estava em Alagoas quando os militares derrubaram o presidente João Goulart e tomaram o poder, em 1º de abril de 1964. O golpe contou com o apoio de Teotônio.

O homem da democracia entrou na carreira política como um político conservador. Umas das primeiras resoluções da ditadura iniciada em 1964 foi a extinção dos partidos que atuavam até então. Aos políticos, duas alternativas: a Aliança Renovadora Nacional (Arena) – que apoiava o regime militar – ou o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que representava a oposição consentida. Teotônio tomou o rumo da Arena, como explica o consultor do Senado Marcos Magalhães.

(Continua na página PERISCÓPIO)

domingo, 17 de janeiro de 2021

LAMENTO DE EXILADO

Vitoriosa a Revolução de 1930, Júlio Prestes e o alagoano Costa Rego, foram exilados para a França. Numa tarde fria, acinzentada, conversavam na beira do rio Sena. Costa Rego estava i consolável.

- Olhe, Júlio, eu entendo que você esteja aqui. Afinal, você foi o candidato a presidência da República. Eles não iam querer deixa-lo lá. Mas, eu, pobre político de Alagoas, não era ameaça nenhuma. Não me conformo.

- Não se conforma por que? todo mundo dizia que você ia ser meu ministro da Justiça. É verdade que eu nunca tinha pensado nisso…

- Ora, Júlio, por que você está dizendo isto, justamente numa tarde tão fria e tão triste? Não custava nada ser amável agora.


CADÊ O DINHEIRO?

Na campanha eleitoral de 1950, Getúlio passou por Penedo-Al. Dormiu no hotel do “seu” Calazans, o homem mais rico da cidade. Depois do comício o povo queria falar com Getúlio, pedir dinheiro. O senador Hidelbrando Falcão, chefe político de Penedo, resolveu afastar o povo dali, para Getúlio poder repousar e dormir tranquilo.

- Minha gente, o doutor Getúlio está muito cansado, e não é direito vocês irem incomodá-lo. Amanhã, logo que ele viajar, seu Calazans ficará encarregado de distribuir um dinheiro que ele vai deixar para vocês.

Acabou o sossego na vida de Seu Calazans.  Uma semana depois teve que passar uma  temporada em Maceió. Ninguém conseguiu convencer o povo que ele não tinha ficado com dinheiro algum de Getúlio.


De Teotônio Vilela o “frei Damião” da Anistia

Discutia-se: O Brasil vivia numa ditadura, ou numa democracia relativa, uma democradura? A abertura deveria ocorrer de forma gradativa ou de uma só vez?

- “Democracia relativa é como farinha: enche a boca, mas não mata a fome". (disse num momento tenso do histórico encontro de Teotônio, ainda no partido do governo militar, a Arena, com o presidente Geisel. - Leia a respeito nas próximas postagens).

 


   O Apóstolo Teotônio

Não era apenas o apóstolo da redemocratização. Aplicado discípulo de Cristo, e tal qual o Mestre, gostava de falar através de parábolas. No Clube dos Repórteres Políticos do Rio, perguntaram-lhe por que o governo e a Arena tinham tanto medo de eleições diretas. Ele sorriu e contou:

- “A vaca do compadre pobre apareceu no pasto do compadre rico. O compadre pobre pediu ao compadre rico uma corda para tirar a vaca de lá. O compadre rico desconversou:

- Agora não posso, estou indo para a missa.

Mas, compadre, o que tem a minha vaca com a sua missa?

- Compadre, quando a gente não quer, qualquer desculpa serve”.

 

NEGO "FARSO" OU SINCERO?

O negro Fidelis era cabo eleitoral respeitado do coronel Juca Sampaio, em Palmeira dos Índios. Chegou aos ouvidos que o seu adversário Robson Mendes, tinha comprado Fidelis e os votos. Mandou chamar Fidelis para uma conversa séria, queria saber se era mesmo verdade.

- É verdade sim “coroné”. Recebi 50 contos. Eu sou mesmo um nego farso!

 

sábado, 16 de janeiro de 2021

POLÍTICOS DE GRANDEZA

 Outro gesto de grandeza humana do mineiro Juscelino Kubistchek de Oliveira. O então presidente, certo dia, conversava com o seu ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, o paraibano  Fernando Nóbrega. Fernando  ocupou também o Ministério da Agricultura,  num curto período em 1960.  Ainda em junho do mesmo ano foi nomeado como ministro do Tribunal Superior do Trabalho, tornando-se corregedor-geral da Justiça do Trabalho, de 1968 até 1971. (Fernando Carneiro da Cunha Nóbrega, nasceu em João Pessoa, cidade onde foi prefeito de 1938-1940.). Ele testemunhou  o fato.

- Fernando tomou conhecimento e contou ao presidente que um filho do senador Nestor Duarte, havia se formado em medicina mas por problema de saúde só podia trabalhar sentado. (Nestor era vice-líder da UDN e fazia oposição cerrada a Juscelino),

JK disse a Fernando que procurasse um lugar para o rapaz porque ele queria ajuda-lo, apesar do pai ser um ferrenho e agressivo adversário, mas não dissesse nada ao pai.

No primeiro despacho com o seu ministro o presidente cobrou:

- E então já descobriu onde podemos colocar o filho do senador  Duarte?

- Tudo certo presidente, já descobri um lugar ideal para ele, inclusive já trouxe a minuta do decreto de nomeação. Será no IPASE, ideal para ele, que é um rapaz culto, capaz, mas só pode trabalhar sentado.


- Transmita ao Nestor que quem nomeou ele não fui eu, foi o pai. Ele nada me deve.

Tempos depois Nestor escreve a Juscelino:

“ Sem poder pedir, mas desejando vivamente, sem poder retribuir, mas profundamente grato, recebo a nomeação do meu filho como um pai, nas minhas circunstância, sabe fazê-lo. O gesto de V. Exa., torna essa nomeação uma dívida de gratidão que com sincero contentamento fazemos questão, eu e meu filho, de contrair e proclamar. Saudações respeitosas. Nestor Duarte. Rio, 14 de junho de 1959”. Dois grandes.

(adaptação do fato narrado pelo jornalista, escritor, e ex-deputado, Sebastião Nery (Sebastião Augusto de Souza Nery, o baiano/mineiro/brasileiro e cidadão do mundo).

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

DIÁLOGO PRODUTIVO

 Está mais do que provado. Uma boa política de comunicação  estimula os cidadãos a apoiar seus governos, ou, pelo menos, suas ações. Mas,  poucos governantes entendem que a comunicação por si só não faz ou produz milagres. Muitos prefeitos, principalmente nesse nível de governança, infelizmente, só vêm entender isso após  o fim dos mandatos ou nos seus dias finais. Não basta só o “lero-lero” costumeiro que fará mudanças, aliás, nunca fez.

Não basta montar uma boa equipe de comunicação em seus quadros auxiliares, embora importantes e necessários esses profissionais, para se construir o que se denomina chamar de “unidade de imagem do governo”.

Além deles e muito mais que eles, o importante é estabelecer um diálogo produtivo, uma relação de confiança, imprimir transparência nas decisões do governo e governados. É a partir daí que o prefeito e seus auxiliares mais imediatos e diretos construirão os caminhos  que favorecem o reconhecimento público, de suas ações, possibilidades e limitações.

Esse deve ser o papel principal do chamado  “grupos de transição de governo”,  cuja tarefa é dar ao futuro governante a radiografia da realidade local, do que ele encontrará pela frente, em termos de desafios, obrigações  e comprometimentos contratuais, dos recursos que disponibilizará nas áreas da educação, saúde, habitação, cultura, etc. Lamentável é que essas informações, - na maior parte das vezes -  chegam às mãos do novo prefeito tardiamente, atrofiadas, incompletas, carentes de dados, sem refletir a real situação financeira da administração municipal. Antigos vícios que, pelo visto, ainda continuam.

Em determinado município, categorias de servidores  prejudicados pelo não recebimento dos seus salários, em atraso, e sem previsão do pagamento, se nivelam com o mesmo drama do prefeito que tenta, por todos os meios  resolver o problema a curto prazo, embora, sem os meios para isso.

As negociações em busca de solução ficam mais difíceis,intransigentes e complexas. Com certeza se esse diálogo tivesse ocorrido antes mesmo da posse  estaria num patamar e espaço  mais privilegiado para as negociações.

 

LUIZ GONZAGA E OUTRAS POESIAS

 Quando nos referimos anteriormente sobre a biografia de Gonzagão, - a sua primeira biografia - “LUIZ GONZAGA E OUTRAS POESIAS”,  escrita pelo poeta potiguar Zé Praxédi - O Poeta Vaqueiro - em 1952, prometemos falar um pouco mais sobre esta obra. Ela foi editado pela Continental Artes Gráficas, de São Paulo - SP,  com o prefácio do folclorista  Luis da Câmara Cascudo. Apresentação de Sábato Magaldi e com o apoio do, então, vice-Presidente da República, João Café Filho.

Dentre os vários poemas, o principal, sob o título LUIZ GONZAGA. Neste, o poeta levou a sua mensagem na escrita do dizer do povo do interior, semi-alfabetizado e/ou analfabeto, na linguagem que se denominou de “poesia matuta”. Muita gente, erroneamente, coloca  os versos, em publicações diversas, como sendo da autoria de Gonzaga. Na verdade, os são de Zé Praxédi.

Estão lá, nos primeiros versos e na grafia original, num total de 128 estrofes, ora em quadras, ora em sextilhas, na conformidade e gosto do poeta potiguar.

"Meu nome é Luiz Gonzaga,
Não sei se sou, fraco ou forte,
Só sei que graças a Deus,
Té pra nascer tive sorte,
Apôs nasci em Pernambuco
Famoso Leão do Norte.
Nas terras de Novo Exu,
Da fasenda Caiçara,
Im novecentos e dôse,
Viu o mundo a minha cara.

Dia de Santa Luzia,
Purisso é qui sô Luiz,
No mêz qui Cristo nasceu,
Purisso qui sô feliz.

Conforme publicado no blog mossoroense mendes & mendes:

-“ A respeito do poeta e sua obra, quando da apresentação de um Recital no Teatro Copacabana, com a presença do próprio Luiz Gonzaga, o crítico Sabato Magaldi escreveu no Diário Carioca: 

Utilizando forma popular, com temas próprios da vida nordestina, o poeta interessou à platéia pela simplicidade espontânea de seus versos. Será certamente incorporada as curiosidades, para enriquecimento de nosso folclore, a poesia de Zé Praxédi.”

Após este recital, veio o livro... A primeira biografia oficial. Depois, vieram outros, ficando mais conhecido o escrito pelo jornalista cearense SINVAL SÁ, que recebeu o título de O SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA; este teve 4 edições só no ano do seu lançamento, 1966, mudando apenas as cores das capas e permanecendo o desenho. Hoje já se encontra a 8ª edição nas livrarias.

A partir de então, saíram vários livros sobre Luiz Gonzaga do Nascimento, o segundo filho de Januário José dos Santos (Mestre Januário e Ana Batista de Jesus (Santana).

Eu Vou contar pra Vocês - Assis Ângelo - Ed. Ícone, 1990, o primeiro a ser publicado após a grande viagem do Rei; Luiz Gonzaga, o Matuto que Conquistou o Mundo - Gíldson de Oliveira - Ed. Comunicarte, Recife - 4ª edição – 1993, o jornalista potiguar, radicado em Recife, juntou reportagens e entrevistas com Gonzagão, nos últimos meses de vida. Este livro ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 1990; A Vida do Viajante - A Saga de Luiz Gonzaga - Dominique Dreyfus. Editora 34, São Paulo, 1996, a francesa fez o que é considerada a biografia mais completa, até o momento, do Rei do Baião; Luiz Gonzaga: A Síntese Poética e Musical do Sertão – Elba Braga Ramalho. Terceira Margem. São Paulo. 2000, a Professora e Doutora da UECE, pegou sua Tese de Doutorado, realizado na Inglaterra e transformou num belo livro.