No exílio, saudoso e triste, escrevia aos amigos e revelava a saudade de Natal e do seu Rio Grande do Norte.
“-Tinha a cara e a alma do seu povo”,
conhecia seus hábitos, costumes, cultura, folclore, sem demagogia, porque tudo nele
era natural. Escreveu
com propriedade o assuense, João Batista Machado. Trata-se de Djalma Maranhão,
ex-prefeito de Natal. Apeado do poder pelo movimento militar de 1964, preso,
exilado e depois a morte no desterro. Montevideu, Uruguai.
Vendo-se
doente e sentindo proximidade da morte,
pede ao dono da pensão onde morava, que se acontecesse algo com ele, ligasse
para o senador Dinarte Mariz, em Brasília ou no Rio de Janeiro e transmitisse a
ele que seu último desejo era ser sepultado no Rio Grande do Norte.
-
Ministro, vim lhe pedir autorização e um avião para fazer esta viagem. Djalma
quer ser enterrado na sua terra e vou cumprir o seu desejo. Se o senhor não me
conseguir o avião, vou alugar um jatinho da Líder e desço com o corpo dele em
Natal, nem que seja aos pedaços.
- Não precisa disso, Dinarte, você vai buscar
o corpo do seu amigo para ser sepultado na sua terra respondeu o ministro
Orlando Geisel.
Dinarte contou esta história com os olhos marejados de lágrimas e com a voz embargada pela emoção, conclui JB “.
Era
mais um gesto do homem que era amigo dos seus amigos, mesmo aqueles que estavam
em campos opostos na política.
GESTO
DE GRANDEZA ( Aluísio Alves)
Abril
de 1964, começaram a sair as listas der cassações de mandatos. Aluísio governador
pela UDN estava à tarde no escritório da representação do Rio Grande do Norte
no Rio de Janeiro. Ouviu uma notícia dando conta da cassação do conterrâneo
Clóvis Mota, deputado federal e presidente do PTB no RN. Aluísio foi ao Ministério
da Guerra, procurou o coronel Sizeno Sarmento, chefe de gabinete de Costa e
Silva, do Comando Supremo da revolução.
-
Coronel, acabo de ouvir a notícia da cassação do deputado Clóvis Mota, lá do
meu Estado. É um homem sério, honesto, correto, equilibrado, um empresário, não
tem nada de subversivo nem de corrupção. É presidente do PTB, mas nunca ninguém
o acusou de nada. É um velho amigo meu e essa cassação não tem sentido algum.
- Governador vou confiar em sua informação.
Sargento, traga a lista de hoje.
Pegou
um lápis vermelho, riscou o nome de Clóvis Mota.
- Sargento, bata de novo.
À
noite, na “A Voz do Brasil”, saiu no
vãmente o listão com os nomes dos cassados do dia. Clóvis Mota não estava na
lista e nunca foi cassado.
IRINEU JOFFILY, O AUSTERO INTERVENTOR
Em
23 de novembro de 1930, o Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas confirmou
a indicação de Joffily para o governo potiguar, nomeando-o interventor federal
no estado. Entretanto, a escolha de Café Filho para a chefia de polícia e a
promoção de seus correligionários provocaram a hostilidade dos políticos
tradicionais do estado contra o interventor. Descrito por José Maria Furtado,
em suas “Memórias Vertentes”, como “homem de caráter íntegro”, dotado de uma
espécie provinciana de temperamento incorruptível, suas intenções moralizadoras
acirraram esses atritos.
Uma
das suas primeiras providências como interventor foi “ativar a revisão de todos
os atos dos poderes Legislativo e Executivo estaduais e municipais, a fim de
serem declarados insubsistentes os que forem nulos por falta de preenchimento
de formalidades legais, ou por serem evidentemente prejudiciais aos interesses
do estado e dos municípios”.
Prova
de sua austeridade de juiz que não fazia concessões com ninguém:
- Uma noite uma patrulha do Exército provocou tiroteio na
zona boêmia de Natal. O Interventor chamou o secretário, Confúcio Carvalho,
ditou um ofício indignado, ao Comando do Regimento. O comando ficou melindrado,
reuniu-se e mandou uma comissão ao Palácio. Devolvia o ofício e pedia outro em
termos mais corteses.
Irineu os recebeu e mandou sentar e chamou o secretário:
- Confúcio, vem cá. Lê aí, em voz alta, esse ofício que
eu mandei para o comando do Regimento. Confúcio leu. O injterventor pôs os
óculos, olhou um a um bem devagar e disse apenas:
- Corta o Cordiais Saudações.
Outra:
Numa visita que fez
ao Colégio Estadual, o diretor pôs a
garotada de bandeirinhas na mão gritando:
“Viva doutor Irineu! “Viva doutor Irineu!
Irineu Joffily
percorreu as dependências do colégio, terminou a visita, despediu-se do
diretor, foi para o Palácio Potengi, chamou o secretário:
- Confúcio, prepara
um ato demitindo o diretor do Colégio Estadual. Ele está ensinando muito cedo as
crianças a bajularem autoridade.
(Leia mais sobre o paraibano Irineu Joffly, na página
PERISCÓPIO)
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