sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

FÓRUM POPULAR COMO OPÇÃO PARA UM DIÁLOGO PRODUTIVO

Agora empossados, os novos prefeitos têm pela frente a difícil missão de conciliar o que foi  prometido com base na sua plataforma de campanha. É a hora de se por em prática o contrato efetivamente firmado entre o governante e os governados. Na maioria das vezes, conforme nos tem comprovado a história, vai uma distância enorme, considerável. Distância  justificada, quando não pela má-fé dos governantes, pelas diferenças entre a lógica da administração pública e a que orienta a campanha eleitoral.

A primeira supõe, em função dos limites de caixa e da expectativa por ações concretas das políticas a serem executadas. Algo impensável em uma campanha, primeiro porque o candidato tem a dificuldade de conhecer a real situação financeira da administração e por outro lado, suas atenções estão focadas unicamente em obter o apoio do maior número possível de apoiadores (eleitores),

Agora a história é outra. As atenções  estão voltadas para o conjunto da população, não apenas para aqueles que o elegeram.

Outra dificuldade é que o orçamento anual é preparado pelo prefeito que sai, portanto, na maioria das vezes, em desacordo com o conjunto das políticas públicas preconizadas do prefeito que chega. É justamente essa a peça principal do contrato entre o poder público e a população, o Orçamento Anual.

A partir da Constituição de 1988, esse orçamento técnico-contábil deixou de ser mero instrumento a serviço do Poder Executivo, para se tornar um mecanismo descentralizado de planejamento, de participação social, por via da representação parlamentar ou de participação direta. Audiências públicas, com democratização das informações relativas ao orçamento, como canais de participação da população nos debates se tornam experiências exitosas. Existem até a chamada “Câmara Itinerante” de alguns Legislativos onde os vereadores se reúnem com a população para ouvir suas consultas.

A realização de um amplo debate em torno do orçamento esbarra, contudo, na persistência de antigos vícios. A começar pelos próprios vereadores ante a dificuldade natural de entender a leitura da peça orçamentária, cuja linguagem é acessível somente ao técnico. São poucos pouquíssimos, os que se interessam em saber e entender suas rubricas, o que é lamentável. Durante cerca de dez anos de convivência na administração em Caicó lembro de alguns que efetivamente checavam e discutiam o que estava ou seria contemplado no orçamento. (José Fortunato, Ivanor Pereira, os irmãos José e Francisco Gregório, Jandhui Fernandes, Francisco Garcia) alguns que lembro.

Caicó poderia dar um belo exemplo de participação popular nessa questão. Por não criar um Fórum Popular  do Orçamento?  Existem inúmeras instituições locais aptas a contribuir ou influir  sobre as prioridades orçamentárias do município. O SEBRAE, SEAPAC, Agência de Desenvolvimento do Seridó, movimentos culturais, rede bancária, instituições de classe e outros entes representativos, que estão abarrotados de informações e estudos técnicos  valiosos  sobre a realidade local. Seria o primeiro passo para o processo administrativo mais coletivo e participativo  possível, se este for realmente o desejo do governante.

O DEVOTO

Geraldo Rezende era editor político de " O Diário", conversava com Tancredo Neves, no final da campanha de 1960, contra Magalhães Pinto.

-Tancredo você precisa ter fé. Dê uma passada no Santuário de São Geraldo lá em Curvelo, que São Geraldo nunca esquece seus devotos.

Tancredo foi lá. Perdeu as eleições para Magalhães. Telegrafou para o amigo Geraldo:









- Geraldo, São Geraldo esquece seus devotos. Meses depois, Jânio Quadros renuncia, assume Jango. Tancredo é primeiro-ministro (Parlamentarismo). Geraldo telegrafa a Tancredo:

- Não falei? São Geraldo não esquece seus devotos.

 

 

 

  

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