quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

GANHA MAIS NÃO LEVA

 A conversa geral era esta. O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, controlado pela União Democrática Nacional – UDN, iria roubar os votos. Era o ganha mais não leva.

José Américo, mandou chamar Aberlado Jurema, já no cargo de senador.

- Abelardo, amanhã vou fazer uma visita ao Tribunal, você vai comigo.

Chegou lá no momento em que o presidente Severino  Montenegro interrompia a sessão para recebe-lo. Ele disse:

- presidente, eu tive a informação de que se meu nome sair vitorioso nas urnas, o Tribunal  vai sacrificá-lo. Eu não acredito de maneira alguma. Mas, se eu tiver certeza de que fui sacrificado, vou à praça pública para convocar o povo para queimar o Tribunal. Disse isso e foi embora.

Ganhou e levou!

 

E já que citamos Abelardo Jurema a frase dele:

“Amizade sólida e duradoura só nasce em mesa de bar. Nunca vi amizade feita em leiteria”.


Zé da onça

Na cidade de Teixeira, figura muito popular era Zé da Onça, procurou João Agripino, que passava pela cidade.

- Governador estou precisando de sua proteção.

- Certo. Ande direito e pode contar comigo.

- Muito obrigado, governador. Se for prá andar direito não preciso da ajuda de ninguém não.

 

O NEGO LETRADO

Chefe de político por décadas e coronel respeitado, conta-se que certa vez o folclórico Francisco Heráclio, “Chico Heráclio”, foi ao tradicional Restaurante Leite, no centro de Recife. O elegante e requintado “Leite” sempre foi o  ponto de encontro tradicional de empresários e políticos de todos os matizes  pernambucanos. Muita coisa ou quase tudo sobre o destino de Pernambuco foi decidido ali. Chico Heráclio, com seu tradicional terno branco e chapéu Cury, foi almoçar com alguns amigos antes de voltar para o seu feudo limoeirense.

Incomodado com a demora em ser servido por seu costumeiro garçom chamou-o aos gritos. Este veio atônito, atendê-lo.

 - Pois não coroné Chico, as suas ordens desculpe, é que eu estava terminando de atender o cidadão ali na mesa...

- Que demora da gota... quem é aquele “nego” que você “tava” cheio de agrado com ele?

- É um juiz novo que acaba de chegar aqui no Recife, coroné.

- É o fim do mundo. Eu só queria descobrir quem teve o atrevimento de ensinar esse “nego” a ler.

 

LONGE DO PODER, TRÊS dias é uma eternidade

José Pequeno, líder dos carroceiros de João Pessoa, comandava os desfiles das carroças, nos comícios e passeatas do interventor Argemiro e do prefeito Fernando Nóbrega. Mudança na política paraibana, caíram  de uma só vez, Argemiro e Nóbrega. José Pequeno, foi para casa, guardou sua carroça, ficou trancado três dias. Na manhã do quarto dia, vestiu a melhor roupa, pôs a gravata, engraxou os sapatos, e passou na casa de Nóbrega.

- Chefe estou indo ao Palácio apoiar o novo interventor, Rui Carneiro.

- Por que tanta pressa Zé Pequeno?

- Ah, doutor, três dias longe do governo é demais. Uma tortura!

 

Sem vergonha e mentiroso

Aqui na cidade de Patos-PA, (“Patos do majó Migué” ) o acervo de velhas histórias envolvendo seus grandes vultos políticos não tem limites. Esta é um delas, sobre o major Miguel Sátiro.

Dia de Festa da Padroeira Nossa Senhora da Guia, encontrou um velho amigo e compadre.

- Bom dia, compadre cadê meu afilhado?

- Não trouxe não compadre Sátiro. O menino já está um rapaz, mas não dá prá nada. É um caso perdido.

- Não, não é assim, vamos ver o que podemos fazer, para o que ele dá.

- Não dá prá nada, pode acreditar, tudo que faz é errado, é sem jeito.

- Compadre o menino sabe ler e escrever pelo menos?

- Sabe. Isso pelo menos ele sabe.

- Pois bem. Vem eleições aí, e ele pode entrar na política e se eleger vereador.

- Pois então, é só prá isso que vai dar. Sem vergonha e mentiroso, foi só o que ficou.

 

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