A conversa geral era esta. O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, controlado pela União Democrática Nacional – UDN, iria roubar os votos. Era o ganha mais não leva.
José
Américo, mandou chamar Aberlado Jurema, já no cargo de senador.
-
Abelardo, amanhã vou fazer uma visita ao Tribunal, você vai comigo.
Chegou
lá no momento em que o presidente Severino
Montenegro interrompia a sessão para recebe-lo. Ele disse:
-
presidente, eu tive a informação de que se meu nome sair vitorioso nas urnas, o
Tribunal vai sacrificá-lo. Eu não
acredito de maneira alguma. Mas, se eu tiver certeza de que fui sacrificado,
vou à praça pública para convocar o povo para queimar o Tribunal. Disse isso e
foi embora.
Ganhou
e levou!
E já
que citamos Abelardo Jurema a frase dele:
“Amizade sólida e duradoura só nasce em mesa de
bar. Nunca vi amizade feita em leiteria”.
Zé da onça
Na
cidade de Teixeira, figura muito popular era Zé da Onça, procurou João
Agripino, que passava pela cidade.
- Governador estou precisando de sua
proteção.
-
Certo. Ande direito e pode contar comigo.
- Muito obrigado, governador. Se for prá andar direito não preciso da ajuda de ninguém não.
O NEGO LETRADO
Chefe
de político por décadas e coronel respeitado, conta-se que certa vez o
folclórico Francisco Heráclio, “Chico Heráclio”, foi ao tradicional Restaurante
Leite, no centro de Recife. O elegante e requintado “Leite” sempre foi o ponto de encontro tradicional de empresários
e políticos de todos os matizes
pernambucanos. Muita coisa ou quase tudo sobre o destino de Pernambuco
foi decidido ali. Chico Heráclio, com seu tradicional terno branco e chapéu
Cury, foi almoçar com alguns amigos antes de voltar para o seu feudo
limoeirense.
Incomodado
com a demora em ser servido por seu costumeiro garçom chamou-o aos gritos.
Este veio atônito, atendê-lo.
- Pois não coroné Chico, as suas ordens
desculpe, é que eu estava terminando de atender o cidadão ali na mesa...
- Que demora da gota... quem é aquele “nego”
que você “tava” cheio de agrado com ele?
- É um
juiz novo que acaba de chegar aqui no Recife, coroné.
- É o fim do mundo. Eu só queria descobrir
quem teve o atrevimento de ensinar esse “nego” a ler.
LONGE DO PODER, TRÊS dias é uma eternidade
José
Pequeno, líder dos carroceiros de João Pessoa, comandava os desfiles das
carroças, nos comícios e passeatas do interventor Argemiro e do prefeito
Fernando Nóbrega. Mudança na política paraibana, caíram de uma só vez, Argemiro e Nóbrega. José
Pequeno, foi para casa, guardou sua carroça, ficou trancado três dias. Na manhã
do quarto dia, vestiu a melhor roupa, pôs a gravata, engraxou os sapatos, e
passou na casa de Nóbrega.
- Chefe estou indo ao Palácio apoiar o novo
interventor, Rui Carneiro.
- Por
que tanta pressa Zé Pequeno?
- Ah, doutor, três dias longe do governo é
demais. Uma tortura!
Sem vergonha e
mentiroso
Aqui na
cidade de Patos-PA, (“Patos do majó Migué”
) o acervo de velhas histórias envolvendo seus grandes vultos políticos não tem
limites. Esta é um delas, sobre o major Miguel Sátiro.
Dia de Festa da Padroeira Nossa Senhora da Guia, encontrou um velho amigo e compadre.
- Bom dia, compadre cadê meu afilhado?
- Não
trouxe não compadre Sátiro. O menino já está um rapaz, mas não dá prá nada. É
um caso perdido.
- Não, não é assim, vamos ver o que podemos
fazer, para o que ele dá.
- Não
dá prá nada, pode acreditar, tudo que faz é errado, é sem jeito.
- Compadre o menino sabe ler e escrever pelo menos?
- Sabe.
Isso pelo menos ele sabe.
- Pois bem. Vem eleições aí, e ele pode entrar
na política e se eleger vereador.
- Pois então, é só prá isso que vai dar. Sem
vergonha e mentiroso, foi só o que ficou.
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