quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

VITORINO FREIRE - o filósofo do Maranhão!

 - “Quando o pasto pega fogo o preá corre pro brejo”;

- “O risco que corre o pau corre o machado”;

- “Não quero que ajudem o meu roçado, só quero que os bois do vizinho não

   entrem nele”


- “Sarney não conhece o tamanho do meu roçado. De um lado do acero eu grito e ele não ouve do outro lado, ele que tente”;


- “ Não sou como Zagalo (treinador) não jogo para empate”


- “ Política no Maranhão é como bumba-meu-boi, não sai na rua sem mim”.

 

Nem urubu aguenta

Vitorino foi a Bolívia chefiando uma delegação do Senado que ia discutir os Acordos do Roboré  (petróleo). Ia ficar oito dias. Dois dias depois deixou a delegação e voltou. Os repórteres de plantão:

- O que houve senador? Já terminaram as negociações?

- “Não. Mas eu vou ficar num lugar que tem 4.800 metros de altura e onde urubu tem dispneia?


Acordo não cumprido

Fez acordo com o governador Urbano Santos. Acordo não foi cumprido. Mandou-lhe uma carta.

- “Senhor governador, diz o povo que o homem se pega pela palavra, o boi pelo chifre e a vaca pelo rabo. Supondo que V. Exa. Não tem nenhum desses acessórios, não sei por onde começar”.


A Força Oculta de Vitorino

José Sarney deveria ser ministro nomeado por Jango, representando a jovem ala da UDN (União Democrática Nacional), a chamada de Bossa Nova da UDN. Tudo combinado, e reunião para o sinal verde. O sábio potiguar Djalma Marinho, não concordou:

- Só se ele deixar a UDN.

Na sua coluna o mais experiente dos jornalistas, Carlos Castelo Branco, informava em sua coluna. “Só tem uma pessoa que pode vetar o nome de Sarney, Vitorino Freire”.

- Vitorino lê a matéria e liga para Castelo.

- Olhe, Castelo, eu faço política em cima de fivela. Não sou do PTB nem da UDN. Se o galho não é meu, não tenho nada com o macaco, ele pode pular pra onde quiser. O doutor. Sarney pode ser até ministro da Guerra do doutor Jango.

A UDN  recuou e Jango também. (conforme S. Nery)


O cordão “Puxa-Saco” do Maranhão

Guararé era cabo eleitoral do governador Sebastião Archer. Na convenção do PSD, alguém acusou Guararé de puxa-saco. Guararé argumentou:

-“ Cada um puxa o saco de quem pode. Eu puxo o senhor governador Archer - apontando para Sebastião Archer – o senhor já puxa o saco do senador Vitorino e o senador puxa o saco do general Dutra.É a lei da fidelidade partidária.

 


Vitorino de Brito Freire nasceu na fazenda Laje da Raposa, em Pedra (PE), - por muito tempo era conhecida como “Pedra de Buíque” em referência ao vizinho município ou porque o território pertencera a este – a área urbana é formada no entorno de uma enorme pedra. Está no agreste pernambucano a poucos km de Arcoverde.

Freire veio ao mundo no dia 28 de novembro de 1908, filho de Vitorino José Freire, proprietário rural e pecuarista, e de Ana de Brito Freire. Seus pais descendiam de tradicionais famílias rivais que disputavam o comando político no interior do estado.

Após fazer o curso primário do Colégio Gastão Resende, em Arcoverde (PE), interessando-se em seguir a carreira militar, mudou-se em 1919 para o Rio de Janeiro, onde foi morar com um parente, o general Antônio Inácio de Albuquerque Xavier, que assumiu os custos de sua educação. Como não havia vaga no Colégio Militar, matriculou-se no Colégio Santo Alberto e, no fim do mesmo ano, no Colégio Pedro II. Ainda estudante, trabalhou no escritório do engenheiro João Proença. Nessa época, tornou-se amigo da família do então coronel Eurico Dutra, amizade que se consolidou ao longo dos anos. Conheceu também oficiais que viriam a ocupar cargos de grande importância, como Alfredo Ribeiro da Costa, Augusto Tasso Fragoso, Hastínfilo de Moura, Antenor Santa Cruz, além do ex-ministro da Guerra (1914-1918) José Caetano de Faria.

              vista aérea da cidade de Pedra

Antes de terminar o ginásio, Vitorino Freire voltou a Pernambuco, matriculando-se no Internato Rio Branco e em seguida no Ginásio Pernambucano, em Recife. Ingressou em 1928 na Faculdade de Direito de Recife sendo nomeado no mesmo ano, por solicitação do presidente estadual Estácio Coimbra (1926-1930), oficial-de-gabinete do secretário de Agricultura Samuel Hardmann.

Veio a Revolução de 1930 aderindo ao movimento chefiado em Pernambuco pelos irmãos Carlos e Caio de Lima Cavalcanti. Participou junto com mais 17 companheiros da ocupação do quartel da Soledade, depósito de armas e munições da 7ª Região Militar. À frente, o capitão - seridoense da gema - Antonio Muniz de Faria. Ação decisiva para a vitória, com a distribuição de armamentos aos voluntários civis e militares. Voltou para o Rio de Janeiro, já comissionado no posto de primeiro-tenente indo fazer parte do gabinete do ministro da Viação e Obras Públicas, José Américo de Almeida.


Em 1932, Vitorino Freire passou a servir na Diretoria de Meteorologia do Ministério da Agricultura, cujo titular era Juarez Távora. Ao eclodir em São Paulo a Revolução Constitucionalista, em julho do mesmo ano, 1932, lutou ao lado das forças legalistas sob o comando do general Valdomiro Lima até a rendição dos revoltosos em 2 de outubro. Em 1934, quando Gustavo Capanema assumiu a pasta da Educação e Saúde, (naquele tempo os ministérios eram um só), foi nomeado segundo-oficial do Departamento Nacional de Saúde Pública.

Vitorino Freire exercia esse cargo quando, em 18 de julho de 1934, foi nomeado secretário do interventor federal no Maranhão, o capitão Antônio Martins de Almeida, que havia conhecido durante a Revolução Constitucionalista. Em abril de 1937, casou-se com a maranhense Maria Helena de Oliveira, com quem teve um filho, Luís Fernando Freire.

Integrou, a partir de 1939, o gabinete do ministro da Viação e Obras Públicas, João de Mendonça Lima. É longa a trajetória de Vitorino. Só para  ter uma ideia de sua influência, Vitorino Freire conquistou o poder político no Estado do Maranhão, iniciando então uma política de características mandonistas — que denominou vitorinismo —, que cobriu todo o período 1947-1964Significativamente, todos os governadores eleitos nesse período seriam correligionários de Vitorino ou indicados por ele.

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