Ernani do Amaral Peixoto, já aos 74 anos, passou três horas em reunião, trancado, em Brasília com o ministro Petrônio Portela, 54 anos,final de 1979.
Em pauta o destino político de Amaral no Rio de Janeiro, e sua possível ida para o partido do presidente Figueiredo, o PDS - Partido Democrático Social, fundado em 31 de janeiro de 1980. O partido surgiu com o fim do bipartidarismo (Arena/MDB) implantado pelo regime militar após 1964 e a reforma ocorrida no governo de João Figueiredo.
Ernani do Amaral Peixoto- Como é senador o senhor vem mesmo para o
nosso partido?
- Vou,
ministro, mas com uma condição inarredável. Preciso do aval do Presidente.
- Não há problema o presidente o convocará.
Amaral pega
o avião, volta para o Rio. No dia seguinte chega o deputado Zeca Torres, fiel escudeiro,
vai visita-lo:
E aí,
companheiro? Já decidiu? Os jornais estão dizendo que passou horas em reunião
com Portela, que já está acertada a sua ida para o partido governista...
Conversamos muito, sim, de fato, mas ainda não me acertei
em definitivo com o governo. Só vamos com o aval do presidente.
-Mas,
por que a dúvida comandante?
- Ora, meu filho, não basta apenas fazer
acerto com o Petrônio. Ele pode sair do Ministério, pode morrer, quem é que vai
continuar a cumprir o acordo?
- Mas, comandante
o Petrônio está forte no Ministério, é saudável, tem muita disposição.
- Sei tudo isso. Mas tudo pode acontecer, ele
pode cair, sofrer um acidente, um derrame, morrer. Quem garante?
Uma
semana depois, dia 6 de janeiro de 1980, Petrônio Portela morria.
O DEPUTADO VOADOR
Ninguém
adora viajar de avião mais do que o deputado federal Rodrigo Maia. Mais do que
ele, ninguém. Pode ser que de agora em diante, quando deixar a presidência da
Câmara ele venha a reduzir os gastos com esse meio de transporte. Os dados mais
recentes não foram contabilizados, Apenas para se ter uma ideia o que
representou para os cofres públicos, em
2017 - de janeiro a dezembro daquele
ano, foram 250 viagens em avião da FAB. 130 delas somente para o Rio de Janeiro
sua terra natal, sendo que 40 viagens foram no mês de (janeiro de 2017 e
janeiro de 2018), quando ocorre o recesso parlamentar. Questionado na época, alegou
que estava a serviço nessa ponte aérea Rio/Brasília ou Brasília/Rio. Conta paga
por nós contribuintes, claro!
Esqueceu
de verificar a data de embarque em alguns casos, dia de sábado e domingo.
Uma
matéria publicada na conceituada revista de circulação nacional, “Isto é”, edição de 7/3/2018, texto de Ary Filgueiras, sob o título: O
Deputado Voador, diz:“ ...o presidente da Câmara tem evitado passar
pelo mesmo constrangimento de outros parlamentares, hostilizados em voos
comerciais. A solução encontrada pelo democrata
para driblar eventuais insultos, foi usar e abusar dos aviões da Força
Aérea Brasileira (FAB).
Apesar
dos discursos como defensor de austeridade nas contas públicas, o parlamentar
parece esquecer a sua bandeira quando o beneficiado é ele mesmo.
“Numa mesma semana de março – diz a
matéria – o presidente da Câmara chegou a viajar seis vezes, cuja
comitiva é composta, em geral, por nove pessoas. As idas e vindas de Maia,
custaram aos cofres públicos mais de R$ 1,3 milhão”.
Em tempo: A FAB, por medida de segurança, não divulga os dados contendo os gastos. Uma observação: o codinome de Maia no esquema de propinas conforme a planilha da Odebrecht era “Botafogo”, o mais apropriado seria “Bate asas”.
Quando analfabeto não votava a coisa era
diferente!
Adão
Pereira Nunes era médico ginecologista, trabalhava no Hospital Miguel Couto, zona
sul do Rio.(sobrinho do maior chefe político do norte fluminense, há décadas,
Benedito Pereira Nunes cujo centro de liderança era a cidade de Campos). Dona
Santinha era de lá, sua conterrânea. Sempre solicitava os serviços do seu amigo
enviando as parturientes aos seus cuidados. E Adão, tal qual um São Francisco
parteiro, cuidava, fazia o parto e dava toda
a assistência necessária.
Chegam
as eleições. O filho de dona Santinha, Paiva Muniz, candidatou-se a deputado
federal, pelo PTB. Adão também era candidato, pelo (PSP).
E
as mulheres grávidas chegando e Adão
atendendo como sempre. E haja menino nascendo.
Um dia,
encontrou dona Santinha.
- Continuo atendendo as pessoas às suas
recomendações. Mas, a senhora sabe que eu estou disputando as eleições com os
seu filho?
- Sei, sim, mas não tem importância. Só mando
para você as analfabetas. As eleitoras eu mando para o Paiva meu filho.
Os dois
elegeram-se. E foram cassados.
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