Em Dezembro de 2013 – há precisamente oito anos, portanto –, uma criança de quatro anos brincava num jardim perto de sua casa, na Guiné. Como é próprio das crianças, foi espreitar o tronco oco de uma árvore que estava por perto, ali à mão, convidativa e apetecível. Em resultado da deflorestação, os morcegos da fruta tinham agora poucas árvores para se agruparem. O menino teve a infelicidade de inalar vírus dos dejetos dos morcegos – morcegos que tiveram de se deslocar devido à escassez de árvores, árvores que agora tinham de abrigar morcegos numa quantidade tal que os seus dejetos passaram a ser perigosos.
É hoje perfeitamente sabido que foi
assim, através daquela criança, que o terrível vírus do Ebola se transmitiu aos
humanos.
Já em 2008, os investigadores tinham
identificado 335 doenças humanas surgidas entre 1960 e 2004, a maioria das
quais de origem animal. Mais de 300 doenças surgidas em quatro décadas.
Em 2019, a OMS produziu um relatório
a chamar a atenção para os perigos. Chamava-se, expressivamente, Um
Mundo em Perigo.
Alguém se interessou? Ninguém ligou.
No mesmo ano, no Brasil, morreram
cerca de 180 mil pessoas vitimadas por várias enfermidades no sistema
respiratório.
Alguém se interessou? Ninguém ligou.
Pior ainda, desde há muito e não é de
agora, que os governantes subestimavam o perigo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS)
confirmou, no dia 1º de junho, (2020) que a República Democrática do Congo
apresentou um novo surto de ebola em uma região da cidade de Mbandaka. Os novos
casos dessa doença grave chegam em paralelo à pandemia de coronavírus
(Sars-CoV-2) e a uma disseminação exponencial do sarampo naquele país.
Esse vírus do novo surto pode se espalhar pelo mundo?
Seis casos de ebola foram reportados
na cidade de Mbandaka no dia 1º de junho — quatro morreram. De acordo com a
OMS, é provável que mais pessoas recebam o diagnóstico com o reforço no sistema
de vigilância que foi incorporado em decorrência do novo surto.
Como surgiu o ebola?
O surto atual de ebola é o 11º a
atingir a República Democrática do Congo, de acordo com a OMS. O vírus foi
descoberto nesse mesmo país, em 1976, próximo ao rio Ebola. Daí seu nome.
Em tempo: Existem cinco espécies do
vírus Ebola: Bundibugyo, Costa do Marfim, Reston, Sudão e Zaire. Nomes dados a
partir dos locais de origem. Quatro dessas cepas causaram a doença em humanos.
Desses, apenas o vírus Reston, - mesmo que possa infectar humanos, - nenhuma
enfermidade ou morte foi relatada até o presente.
Morcegos frutívoros são considerados
os hospedeiros naturais do vírus Ebola. A taxa de fatalidade do vírus varia
entre 25 a 90%, dependendo da cepa.
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