Essa ficou na história da imprensa pernambucana. Corria o ano de 1954, o governador Etelvino Lins, lançou a candidatura do general Cordeiro de Farias para governador pelo PSD. Seu opositor era João Cleofas pela UDN. Algo inimaginável naqueles tempos, o apoio do Partido Comunista a um candidato dos usineiros e das classes mais conservadoras. Vale lembrar que os dois grandes centros Recife e Jaboatão, reuniam o maior número de comunistas por metro quadrado em toda América Latina, a ponto de Jaboatão ser por muito tempo chamada popularmente de “Moscouzinho”.
Pois
bem. Todos já sabiam que esse apoio seria decisivo para a vitória de Cleofas. No
entanto, por precaução, o comando do PC preparou um documento público para ser
distribuído e lançado pelo jornal “Folha do Povo”, o seu órgão de imprensa, na
véspera da eleição, para causar maior impacto com uma declaração de Prestes
(Luís Carlos Prestes), apoiando Cleofas.
Etelvino,
que tinha as “manhas” de sete raposas juntas, preparou uma edição fraudada do
jornal comunista, com a seguinte manchete: “Prestes recomenda o voto em branco”.
Editado nos mesmos padrões do jornal verdadeiro, tamanho, cores e tipos gráficos inclusive, com publicação de artigos
e matérias internacionais dentro da linha do PC.
Pronto
o jornal, foi montado um esquema para distribuição dos milhares de exemplares ainda
pela madrugada.
Quando
a edição verdadeira da “Folha do Povo” estava pronta para ir às impressoras, com
a declaração de apoio a Cleofas, Etelvino mandou cortar a energia do centro da
cidade, impedindo a impressão do jornal.
Enquanto
os comunistas, desesperados, estavam impedidos de jogar o jornal na rua, a população
do Recife, recebia a edição falsa, com Prestes mandando votar em branco.
Não
havia DDD, (discagem direta à distância),sem contato com Prestes, ou outros recursos para desmentir a tempo
a mentira.
Não
deu outra: ganhou Cordeiro de Farias.
“OS CANALHAS DE GRAVATA”
Era
o título do livro publicado por um escritor do interior pernambucano. Não
vendeu um só exemplar. Ficou tudo empilhado nas prateleiras das livrarias. Parecia
coleção de discurso oficial. Um dia, recolheu a edição, levou para casa, e pôs
acento agudo no último a de gravata,
em todos os exemplares. Depois, foi para a feira de sua cidade. Vendeu toda a
edição. A cidade era Gravatá! (do Folclore Político de Sebastião
Nery).
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