domingo, 3 de janeiro de 2021

NÃO SE PRODUZ MAIS “FAKE NEWS” COMO ANTIGAMENTE

 Essa ficou na história da imprensa pernambucana. Corria o ano de 1954, o governador Etelvino Lins, lançou a candidatura do general Cordeiro de Farias para governador pelo PSD. Seu opositor era João Cleofas pela UDN. Algo inimaginável naqueles tempos, o apoio do Partido Comunista a um candidato dos usineiros e das classes mais conservadoras. Vale lembrar que os dois grandes centros Recife e Jaboatão, reuniam o maior número de comunistas por metro quadrado em toda América Latina, a ponto de Jaboatão ser por muito tempo chamada popularmente de “Moscouzinho”.

Pois bem. Todos já sabiam que esse apoio seria decisivo para a vitória de Cleofas. No entanto, por precaução, o comando do PC preparou um documento público para ser distribuído e lançado pelo jornal “Folha do Povo”, o seu órgão de imprensa, na véspera da eleição, para causar maior impacto com uma declaração de Prestes (Luís Carlos Prestes), apoiando Cleofas.

Etelvino, que tinha as “manhas” de sete raposas juntas, preparou uma edição fraudada do jornal comunista, com a seguinte manchete: “Prestes recomenda o voto em branco”. Editado nos mesmos padrões do jornal verdadeiro, tamanho, cores e tipos  gráficos inclusive, com publicação de artigos e matérias internacionais dentro da linha do PC.

Pronto o jornal, foi montado um esquema para distribuição dos milhares de exemplares ainda pela madrugada.  

Quando a edição verdadeira da “Folha do Povo” estava pronta para ir às impressoras, com a declaração de apoio a Cleofas, Etelvino mandou cortar a energia do centro da cidade, impedindo a impressão do jornal.

Enquanto os comunistas, desesperados, estavam impedidos de jogar o jornal na rua, a população do Recife, recebia a edição falsa, com Prestes mandando votar em branco.

Não havia DDD, (discagem direta à distância),sem contato com  Prestes, ou outros recursos para desmentir a tempo a mentira.

Não deu outra: ganhou Cordeiro de Farias.

 

OS CANALHAS DE GRAVATA

Era o título do livro publicado por um escritor do interior pernambucano. Não vendeu um só exemplar. Ficou tudo empilhado nas prateleiras das livrarias. Parecia coleção de discurso oficial. Um dia, recolheu a edição, levou para casa, e pôs acento agudo no último a de gravata, em todos os exemplares. Depois, foi para a feira de sua cidade. Vendeu toda a edição. A cidade era Gravatá! (do Folclore Político de Sebastião Nery).

Nenhum comentário:

Postar um comentário