Chatô, o Rei do Brasil
Ele foi taxado de bandido a herói, ao longo da vida. Com todos os ingredientes e adjetivos apropriados em ambos os casos. Possíveis e imaginários de um lado e do outro. Toda a sua trajetória de vida foi marcada por fatos e acontecimentos que influenciaram a vida nacional, (na política, na imprensa, nas letras, na economia, na cultura, e onde mais se possa imaginar, queiram ou não), por isso foi uma personagem controverso e marcante por mais de 50 anos no Brasil. Não se pode falar do rádio ou da televisão no século 20 sem citar o nome de Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo (Chatô). Um dos mais importantes empresários do ramo das comunicações do Brasil. Criou um império bilionário - o grupo Diários Associados, fundou jornais, revistas, (a mais importante, “O Cruzeiro” que vendia quase um milhão de exemplares, num tempo em que a população do Brasil não passava de 50 milhões de pessoas), emissoras de rádio, agência de notícias e pioneiro da televisão no Brasil. Um desbravador.
Ninguém
melhor do que o jornalista Fernando Morais mostrou quem era de fato esse
paraibano nascido em Umbuzeiro. Um garoto
chegando perto da adolescência, e ainda analfabeto.
Recusava-se a ir à escola, era alvo de pilhérias e deboches dos colegas devido a
gagueira. (Somente superada quando o avô
o obrigou a ficar isolado dias sem fim, em cima de um serrote na fazenda, falando
sozinho, em voz alta – o temor era ser flagrado pelos moradores – podiam pensar
que havia enlouquecido!).
Vinte anos depois já era um barões da imprensa. Em “Chatô, o Rei do Brasil” Companhia das Letras, 736 páginas, nos revela uma personalidade em toda sua grandeza e arrojo de visionário e pequenez de atitudes. Descobriu e abriu espaço a novos talentos, incorporou ao seu império de comunicações grandes nomes das artes e da literatura que o Brasil iria revelar ao mundo nos anos seguintes. Inúmeras campanhas de mobilização nacional em defesa do teatro, do cinema, da proteção do meio ambiente, em defesa do índio, de aviação civil criando Aeroclubes pelo interior brasileiro e museus de arte em importantes cidades. Dono de laboratórios produziu medicamentos e incentivou a criação de centros de pesquisas genéticas. Foi dono da Shering e da Bayer no Brasil. entre outras iniciativas.
Dizia: “comprar com dinheiro todo mundo compra, eu ver
é comprar sem dinheiro e pagar depois, mesmo que demore, mas pague”. Antes
de morrer, cinquenta por cento do seu patrimônio
deixou em testamento para um grupo de abnegados empregados. Continua em Periscópio
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