quinta-feira, 10 de setembro de 2020

DIVIDIDO ENTRE A FÉ E A CIÊNCIA

PADRE LANDELL DE MOURA

O gaúcho é considerado um dos grandes inventores brasileiros e  responsável por tecnologias que impactaram todo o planeta.

Os primeiros sinais da genialidade de Landell de Moura surgiram ainda na juventude. Aos 16 anos, afirmou em manuscritos ter inventado um aparelho telefônico semelhante ao do norte-americano Graham Bell. Em 1876, mudou-se de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, onde foi estudar na Escola Politécnica. Lá, permaneceu por poucos meses, até ser convencido por seu irmão a viajar para Roma para se tornar padre. Sua formação eclesiástica ocorreu entre 1878 e 1886. Foi nesse período que adquiriu também seus conhecimentos em física, que o levaram às suas descobertas anos depois. Não se sabe com exatidão se estudou a disciplina formalmente ou se ele era um autodidata.

Transmissão radiotelegráfica
Uma das principais controvérsias envolvendo o padre é sua atribuição como a primeira pessoa a realizar uma transmissão radiotelegráfica. Isso teria ocorrido anos antes do italiano Guglielmo Marconi criar o primeiro sistema de telegrafia sem fio, em 1896. O consenso histórico e científico mundial continua a favorecer o italiano, que venceu o Nobel de Física em 1909. Segundo o biógrafo Rodrigo Moura Visoni, autor de Roberto Landell de Moura, o Precursor do Rádio (publicado pela Editora Tamanduá Arte em 2018), o falso pioneirismo do brasileiro é fruto de um “nacionalismo equivocado”

Televisão
Atribui-se ao cientista a invenção, ou pelo menos ao desenvolvimento do protótipo de um equipamento capaz de transmitir imagens via ondas eletromagnéticas, um precursor da televisão. A este aparelho, projetado em 1904, ele deu o nome de Teleforama. Não há registros, porém,  de nenhum experimento, tampouco de que o equipamento foi realmente montado. O projeto que restou é pouco detalhado.

Controvérsias com a Igreja
Durante a sua carreira, Landell de Moura transitou entre a religião e a ciência: ele praticamente conduzia seus experimentos entre uma missa e outra. Mas a dedicação excessiva à ciência entrou em choque com a fé católica. Seus estudos com eletromagnetismo o levaram a adentrar em temas da parapsicologia. Acreditava, por exemplo, que era possível entrar em contato com os mortos — e por isso chegou a ter um laboratório vandalizado por devotos. Mesmo assim, nunca chegou a ser desacreditado pela igreja. Morreu em 1928, recebendo os últimos sacramentos diretamente do arcebispo metropolitano de Porto Alegre. Hoje, é reconhecido como um exemplo de que ciência e religião podem andar de mãos dadas.

Contemporâneo de Nikola Tesla, Graham Bell, Heinrich Rudolph Hertz e Marconi Guglielmo, o gaúcho Roberto Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro de 1861, é considerado um dos pioneiros das telecomunicações no mundo.  Dividido entre a fé (era padre) e a ciência, foi a primeira pessoa a conseguir transmitir voz por ondas de rádio sem fio. Ao contrário de seus pares, porém, teve sua capacidade limitada por uma baixa ambição pessoal, e pela falta de espírito empreendedor das autoridades brasileiras. Landell de Moura morreu de tuberculose 67 anos, no dia 30 de junho de 1928, em Porto Alegre. Conheça sua história:

Telefonia sem fio
O certo é que o Landell de Moura foi pioneiro em outro assunto: em 1890, fez a primeira demonstração pública da transmissão de voz via ondas de rádio. Ou seja, na prática, inventou o telefone sem fio. O experimento foi em São Paulo e documentado em jornais da época. No ano seguinte, patenteou o equipamento no Brasil. Sem apoio das autoridades, tentou sucesso no Estados Unidos, onde também conseguiu registrar patentes para o telefone e o telégrafo sem fio. Voltou em seguida ao país natal e continuou sendo ignorado pelos governantes, sem investimento para desenvolver suas invenções.

Legado esquecido
Embora tenha suas patentes registradas e reconhecidas, a eficácia de seus aparelhos era bastante limitada. Reproduções mais recentes de seu telefone sem fio mostraram que ele funciona, mas a voz sai muito distorcida. O fato é que a falta de atenção e investimento por parte do Brasil deu margem para que a radiodifusão se desenvolvesse em outros lugares do mundo, por outras mentes visionárias. Mas isso não tira os méritos de Landell de Moura como cientista responsável por grandes inovações. Uma de suas descobertas mais avançadas foi ter percebido, ainda em 1891, que ondas curtas (de alta frequência) são mais adequadas para transmissões em longas distâncias. Este fato só virou consenso científico na década de 1920. 



OS 83 ANOS DO CANTOR JAIRO AGUIAR  -  EM mEMÓRIA mUSICAL


O RÁdio no Brasil e no mundo

Rádio e História Da galena ao podcasting: o rádio no Brasil e no mundo Richard Romancini Professor Doutor – NCE/USP Patrícia Horta Professora Doutora – NCE/USP

Síntese:

1887 Assim como no caso de outras tecnologias que se aproveitaram do conhecimento científico, a descoberta da propagação das ondas eletromagnéticas feita pelo alemão Henrich Hertz, em 1887, colaborou com a criação do rádio. Nesse caso também, muitos técnicos e cientistas, de modo independente ou em colaboração, realizaram descobertas ou aprimoramentos (como o coesor, o circuito elétrico sintonizado, a válvula etc.). Entre estes inventores e pioneiros estão o italiano Marconi e o brasileiro Landell de Moura;

1896 O nome mais associado à invenção do rádio é o do físico italiano Guglielmo Marconi, que obteve em 1896, na Inglaterra, a patente de um "transmissor de sinais sem fio". Ele criou ainda a Companhia Marconi, para explorar comercialmente seu invento, no início voltado à telegrafia, fabricando aparelhos, o que associaria seu nome definitivamente à criação do rádio.

1900 O padre-cientista gaúcho Roberto Landell de Moura foi um homem à frente de seu tempo. Pioneiro das telecomunicações, produziu aparelhos de transmissão e recepção de sinais sonoros - dos quais obteve patentes no Brasil e nos EUA - avançados para a época. Realizou, em 1900, uma demonstração da transmissão e recepção de sinais de voz, em São Paulo. Ele não teve, porém, apoio do governo para o seu trabalho e acabou não tendo, na época, o reconhecimento devido. Continua em Periscópio

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