Já contamos aqui no blog (folclore político e social) algumas das peripécias envolvendo a figura do ainda hoje de - respeitada memória - pelos seus conterrâneos. “coronel” Chico Heráclio, de Limoeiro – PE, Aliás, o último deles. conhecido como o Leão das Varjadas. (Francisco Heráclio do Rêgo nasceu em 3.10.1885 e faleceu no dia 17.12.1974). Nasceu, viveu, mandou, desmandou, na política de sua região até aos 89 anos. quando morreu.
Filosofia
de Chico Heráclio, quando lhe perguntaram o que era governo:
-
“governo meu filho, é como mulher. Se ela
não dá o que você quer, não tem nada a fazer, senão se afastar e ficar sofrendo”.
Arquivo Fundaj
Na
lista dos ícones do coronelismo nordestino, é o primeiro. Em Limoeiro quem
mandava era ele. Senhor da terra e do fogo. Com ele, só tinha dois caminhos, ou
atendia ou morria. Fazia eleição como um pastor. Conforme diz com propriedade o
jornalista baiano e ex-deputado, Sebastião Nery.
-
“Punha o rebanho de eleitores na frente da casa (o meu gado) e ia tangendo um a um, para o curral cívico eleitoral.
Na mão, o envelope cheinho de chapas. Que ninguém via, ninguém abria, ninguém
sabia. Intocado e sagrado como uma virgem medieval”.
Depois,
o rebanho voltava, um a um da seção eleitoral para a casa do coronel, para
comer na mesa grande e farta. Era o preço do voto. E a festa da vitória. Um dia
apareceu um eleitor mais afoito:
-
“ Coronel já cumpri o meu dever, fiz como o senhor mandou. Levei as chapas e
coloquei dentro da urna, direitinho. Só queria saber de uma coisa do senhor, - em quem foi mesmo que eu votei?
- Você está doido meu filho? Nunca mais me
pergunte uma asneira dessa. O voto é
secreto.
Chico Anysio se
inspirou nele para criar o personagem “O Coronel Limoeiro” em sua homenagem.
Chico Heráclio tinha a quem puxar. Seu avô era o velho José Heráclio ou “Joca da Salina”. O velho sofria de catarata e já não enxergava nada, mas recusava ajuda para andar. Um dia andando pela casa, errou a entrada do quarto e bateu de frente com a cara na parede. O rosto ensanguentado e o velho ali parado, não arredou o pé. Mandou chamar um compadre com umas ferramentas. Mandou abrir um buraco na parede, que desse espaço para ele passar.
Depois que passou, mandar tapar o buraco na mesma hora.
Disse:
“ Um
homem nunca me fez dar um passo para trás, quanto mais uma parede!”.
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