sábado, 28 de novembro de 2020

AS VOZES NEGRAS DO Rádio no Brasil

Continuando com o tema, uma figura que começou também no rádio, passando depois para o cinema e a TV, o  mineiro de Juiz de Fora, Alípio Miranda da silva (nasceu em 1921), o “Pato Preto” ou  “O Cow-boy Preto da TUPI”. É outro exemplo desta forma de tratamento dado aos artistas de cor e é bastante farto, como já vimos nos exemplos anteriores.

 

Some-se ainda o “Grande Otelo”, o ator baixinho na estatura e um gigante na arte da interpretação, da comédia aos dramas. O apelido deste também mineiro veio do personagem de Shakespeare, um mouro. Grande Otelo, além de ator reconhecido internacionalmente era também cantor e compositor  - inclusive – coautor de um clássico da MPB o samba  Praça Onze (de1942 em parceria com Herivelto Martins gravada na Colúmbia, por Castro Barbosa e o Trio de Ouro, composição que tem uma história interessante e que merece ser relembrada – aguardem as próximas postagens) .

No mesmo momento de nossa história, onde mais florescia a presença dos negros na música brasileira, (na verdade, eles que começaram tudo, foram os pioneiros), lamentavelmente mais se pontuava posições na imprensa  tanto no eixo-Rio/ São Paulo, como em outros centros importantes do País.

Um dos episódios de latente preconceito virulento, saiu num artigo publicado  no Jornal do Comércio do Recife, em fevereiro ce 1937, escrito pelo piauiense  Berilo Neves, falecido em 1974. Escreveu:

-“contra a africanização definitiva de nossa arte ligeira, os sambas,  emboladas, substituem  ao que parece o petróleo que nos falta. Há toda uma grande indústria organizada, com esses ritmos bárbaros...” mais adiante diz: “...A economia nacional nada sofre com o triunfo das cantoras semiescuras, ou escuras de todo. O que sofre é o nome artístico do País. Quem sofre são os nossos nervos, Quem sofre são as donas de casa. O Brasil perdeu, atraídas pela glória do radiofônica  algumas de suas melhores cozinheiras....” vamos ficar por aqui. Por trás desse “vendaval”  estava  o preconceito contra o samba, o “ritmo carioca” que era uma pedra no caminho do frevo pernambucano, que procurava ganhar espaço em outras regiões.

...“Quem não ama a cor morena morre cego e não ver nada...” já falava na mesma época os versos do cangaceiro “Volta Seca”, do Bando de Lampião, na sua “Maria Bonita”.  

Ari Barroso, não deixou por menos e lançou na voz de Sílvio Caldas, pela  gravadora  RCA Victor, em 1941, MORENA BOCA DE OURO, “aquela que me faz sofrer e o seu jeitinho é quem me mata”...

Vamos reviver na página Memória Musical. Ainda, com Mário Reis - MORENINHA DA PRAIA de 1931. E Nerino Silva , em MULATA da dupla Venâncio e Corumba.


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