sexta-feira, 27 de novembro de 2020

BLECAUTE - O GENERAL DA BANDA

 AS VOZES NEGRAS DO Rádio no Brasil

O Rádio em 30 dias” era a conceituada coluna da então Revista da Música Popular, com texto do crítico, pesquisador e cronista pernambucano Nestor de Holanda radicado no Rio de Janeiro, ao lado de outros conterrâneos seus como Antonio Maria, Zé Dantas, Luiz Vieira, Luiz Gonzaga, Haroldo Lobo, entre outros. Em setembro de 1954. assim retratava Nestor de Holanda, o seu amigo apelidado artisticamente de Black-Out, mais tarde Blecaute, que poderia ser o que se convencionou a chamarem hoje, de “apagão”. Era mais um “colored” da nossa música. Consagrado intérprete principalmente nas famosas marchinhas e sambas carnavalescos. O texto, na íntegra, quer destacar e revelar o talento do artista. Nos dias atuais, com certeza algum intolerante quisesse enquadrar o cronista na lei Afonso Arinos..

 (A Lei Afonso Arinos é uma lei proposta por Afonso Arinos de Melo Franco e promulgada por Getúlio Vargas em 3 de julho de 1951 que proíbe a discriminação racial no Brasil. É o primeiro código brasileiro a incluir entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça e cor da pele)..

Eis um trecho do que publicava Nestor de Holanda:  “ O nome e a fotografia mostram bem que se trata de uma figura escura do nosso rádio. Mas escura apenas na epiderme. Porque, no mais Black-Out brilha. Brilha porque tem um jeitão todo seu de cantar sambas e é um sujeito simpático. Por dentro daquela pele negra tem um coração brinquinho e um fígado que não muda de cor, de tão bom. Por isso, Black-Out, que chama este cronista de “meu irmão branco”, anda sempre mostrando aquela dentadura de giz que Deus lhe deu, e jamais deixou de ser bem recebido com muitos aplausos pelo público”. Otávio Henrique de Oliveira (nasceu em 1919 e faleceu no Rio em 1983), - Blecaute artisticamente - “O general da Banda”, como chamado, se apresentar por muitas vezes, fardado inclusive.

 










Vamos ouvir Blecaute em  dois momentos marcantes da carreira:  Primeiro com  O PÉ DE ANJO – com a participação do Conjunto Instrumental sob a regência do maestro José Menezes, e os grupos vocais As Gatas e Os Gatos; A gravação original foi feita há mais de cem anos,1919, com a Banda do Bloco “Fala Meu Louro” no mesmo ano, Francisco Alves também a registrou com acompanhamento orquestral. A versão que vamos ouvir foi gravada em 23 de abril de 1971. Vejam que foi aproveitada a chamada tradicional, original da época, onde uma voz anunciava o nome do cantor, aqui, anunciando a voz de Francisco Alves.

Em seguida, Blecaute chega com a consagrada marchinha de carnaval com a história daquela funcionária que só chegava na repartição, no final do expediente. A famosa Maria Candelária. Autoria de Clecius Caldas e Armando Cavalcante. Na página Memória Musical.

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