Quando era promotor em São João Del Rey,Tancredo Neves pediu 22 anos de condenação para um tal Jesus, que havia matado uma mulher que, por trágica coincidência se chamava Madalena. O júri aplicou 18 anos. Jesus foi cumprir sua pena, posteriormente reduzida. Nove anos depois, agora advogado, Tancredo estava na pequena Andrelândia. Procura uma barbearia, senta-se. Estava cansado e fecha os olhos e relaxa.
O barbeiro passa a espuma pega a
navalha, afia a lâmina para iniciar o serviço.. Puxa conversa com Tancredo.
- O senhor é o Dr. Tancredo né?
Desconfiado – como bom mineiro –
Tancredo abre os olhos e reconhece Jesus, o assassino de São João Del Rey. Um
frio na espinha. Espia por todo o ambiente, ninguém por perto, só os dois. Não passava
ninguém, não chegava ninguém.
Tancredo só conseguiu dizer – Sou sim...
A navalha ia abrindo caminho na espuma,
misturada com o suor do cliente, enquanto a mão pesada de Jesus subia e descia
no rosto e deslizando suavemente na garganta. Ambos calados. Tancredo apelando
para os sentimentos cristãos de Jesus, o da terra, já concluindo o serviço.
- Pois é Dr. Tancredo a vida é assim.
-
Pois é Jesus, é a vida.
- Pois
é mesmo Dr. Tancredo. Cumpri nove anos dos 18, e aqui estou eu e o senhor. O
senhor com sua barba feita e eu com minha navalha. Eu só queria dizer uma coisa
ao senhor: uma coisa só, que coisa bonita é um júri, hein? Que coisa bonita,
que discursos bonitos, fizeram o senhor e o outro doutor, encantaram todo o
júri, todo mundo. Não esqueço aquele
dia.
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