terça-feira, 8 de dezembro de 2020

TANCREDO NEVES E O BARBEIRO ASSASSINO

 

Quando era promotor em São João Del Rey,Tancredo Neves pediu 22 anos de condenação para um tal Jesus, que havia matado uma mulher que, por trágica coincidência se chamava Madalena. O júri aplicou 18 anos. Jesus foi cumprir sua pena, posteriormente reduzida. Nove anos depois, agora advogado, Tancredo estava na pequena Andrelândia. Procura uma barbearia, senta-se. Estava  cansado e fecha os olhos e relaxa.

O barbeiro passa a espuma pega a navalha, afia a lâmina para iniciar o serviço.. Puxa conversa com Tancredo.

   - O senhor é o Dr. Tancredo né?

Desconfiado – como bom mineiro – Tancredo abre os olhos e reconhece Jesus, o assassino de São João Del Rey. Um frio na espinha. Espia por todo o ambiente, ninguém por perto, só os dois. Não passava ninguém, não chegava ninguém.

Tancredo só conseguiu dizer – Sou sim...

A navalha ia abrindo caminho na espuma, misturada com o suor do cliente, enquanto a mão pesada de Jesus subia e descia no rosto e deslizando suavemente na garganta. Ambos calados. Tancredo apelando para os sentimentos cristãos de Jesus, o da terra, já concluindo o serviço.

   - Pois é Dr. Tancredo a vida é assim.

   - Pois é Jesus, é a vida.

   - Pois é mesmo Dr. Tancredo. Cumpri nove anos dos 18, e aqui estou eu e o senhor. O senhor com sua barba feita e eu com minha navalha. Eu só queria dizer uma coisa ao senhor: uma coisa só, que coisa bonita é um júri, hein? Que coisa bonita, que discursos bonitos, fizeram o senhor e o outro doutor, encantaram todo o júri, todo mundo. Não esqueço aquele dia.

 

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