João Ferreira de Lima era pernambucano de São José do Egito, onde nasceu em 3 de novembro de 1902. Faleceu em Caruaru, Pernambuco, em 19 de agosto de 1972. Além de poeta, era astrólogo. Foi autor do mais célebre almanaque popular nordestino, o Almanaque de Pernambuco, Em 1936, cuja tiragem anual ultrapassou – acreditem - 70 mil exemplares. Não tem um sertanejo antigo que não conheça o Almanaque, de João Ferreira de Lima. Todo começo de ano vendido e disputado nas feiras livres do interior. Tratava de tudo um pouco: clima, tempo, fenômenos naturais, previsões astrológicas, época de plantio, adivinhações, remédios caseiros, receitas e mezinhas para todo tipo de doença, plantas que curam, previsões sobre catástrofes, conselhos religiosos, além de anunciados de caráter moral. etc.
Muitos outros
almanaques surgiram, mas, o do “profeta” João Ferreira de Lima, ganhava
disparado. Após sua morte, o Almanaque passou a ser editado por sua filha
Berenice, que continuou residindo em Caruaru.
Outro almanaque o “Juízo do Ano” , foi publicado por várias década pelo poeta cordelista Manoel Caboclo e Silva, em Juazeiro do Norte - CE, na Tipografia Casa dos Horóscopos. Outro veterano que podemos citar é José Costa Leite, (salvo engano é de Condado, na zona da mata de Pernambuco), que desde 1950 escrevia folhetos de cordel, almanaques e produzia xilogravuras. No seu “Calendário Nordestino”, reunia poesias e previsões (prognósticos para o ano signo do zodíaco). Os almanaques eram lançados pelo interior, no mês de setembro, quando ocorria uma acirrada disputas entre os “profetas do tempo” para garantir o privilégio de lançar suas profecias em “primeira mão”.
O matuto analfabeto,
- em sua maioria – sempre tinha alguém por perto para certificar-se se era
mesmo o original, e alguém em casa ou vizinho para ler e para consultar as previsões.
Na obra de João
Ferreira de Lima, destacam-se, pelo
menos, dois grandes clássicos da Literatura de Cordel: “Proezas de João Grilo” e “Romance
de Mariquinha e José de Sousa Leão”. Sobre o folheto “As proezas de
João Grilo” convém ressaltar o seguinte: João Ferreira de Lima o escreveu
originalmente em sextilhas, num folheto de oito páginas, intitulado “As
palhaçadas de João Grilo”, por volta de 1936. Em meados de 1948, a obra foi
ampliada para 32 páginas na tipografia de João Martins de Athayde, pelo poeta
Delarme Monteiro. As estrofes que foram acrescentadas são todas em sextilhas,
sendo fácil identificar quais são as de autoria de João Ferreira de Lima. O novo
título: As Proezas de João Grilo
Folhetos de João
Ferreira de Lima:
- HISTÓRIA DE MARIQUINHA E JOSÉ DE SOUSA LEÃO
- O PINTO PELADO
- CASAMENTO DE CHICO TINGOLE COM MARIA FUMAÇA
- DOIS GLOSADORES - AZULÃO E BORBOREMA
- O MARCO PERNAMBUCANO
- O PRANTO DE JOVELINA, A CRIANÇA QUE MORREU NUMA FURNA MEDONHA
- SERMÃO PROFÉTICO DO PADRE CÍCERO ROMÃO
- PELEJA DE JOÃO DE LIMA COM LINO PEDRA AZUL
- PELEJA DE JOÃO DE LIMA E JOÃO ATHAYDE.
As
peripécias do personagem.
“João Grilo foi um
cristão
que nasceu antes do dia
criou-se
sem formosura
mas
tinha sabedoria
e
morreu depois da hora
pelas
artes que fazia.
E nasceu de sete meses
chorou
no bucho da mãe
quando
ela pegou um gato
ele
gritou: não me arranhe
não
jogue neste animal
que
talvez você não ganhe. ( jogo do bicho).
Na noite que João nasceu
houve
um eclipse na lua
e
detonou um vulcão
que
ainda continua
naquela
noite correu
um
lobisomem na rua...
CONTINUA EM PERISCÓPIO
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