sábado, 6 de fevereiro de 2021

SINAL DOS TEMPOS

 Li no blog de Suébster Neri de Caicó-RN, a seguinte notícia:

-“Pela primeira vez, o papa Francisco escolheu uma mulher como subsecretária do Sínodo dos Bispos, a freira francesa Nathalie Becquart, que será acompanhada no cargo pelo padre espanhol da Ordem de Santo Agostinho Luis Marín de San Martín.

Nascida em Fontainebleau (França) em 1969, a freira, que já era consultora da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos desde 2019, é a primeira mulher nessa posição, um sinal de que o papa quer maior participação de mulheres na vida da Igreja.

Em entrevista aos meios de comunicação do Vaticano, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Mario Grech, explicou que “nos últimos sínodos aumentou o número de mulheres que participaram como peritas ou auditoras e com a nomeação da irmã Nathalie Becquart e da sua possibilidade de participar com direito de voto, foi aberta uma porta”.


SINAL DOS TEMPOS?

Pois bem. É pouco, mas já é alguma coisa. Discretamente elas vão conseguindo posições mais relevantes na hierarquia da Igreja. Após a leitura, fiquei matutando comigo mesmo, o quanto a Igreja ainda tem de dívida não liquidada com relação a participação feminina em sua caminhada.

Há quase 50 anos, mais precisamente em 1972, a Organização das Nações Unidas, -ONU estabeleceu aquele, como o Ano Internacional da Mulher. O mundo não falou de outra coisa. A promoção da mulher. A Igreja católica não ficou alheia e indiferente a este acontecimento. Ouviram-se vozes que se levantaram em favor da promoção e da dimensão feminina em seus quadros. De lá para cá pouca coisa mudou na história da Igreja, com relação a participação feminina. 

Quem primeiro levantou a mão?

No ambiente e nos costumes mais elementares e radicais do rabinismo e a alvidez farisaica, que desprezava a mulher, quem primeiro, senão Jesus, a levantar a mão e admitir entre os seus discípulos a presença feminina?  -  Lucas escreve:

- “Lhe acompanhavam os doze e  algumas mulheres” – E foram elas, as únicas que o acompanharam até o seu último sacrifício, mostrando o seu amor maternal àquele que dava a vida generosamente por todos os homens. Mais ainda. Elas, Madalena e suas companheiras, as primeiras apóstolas e testemunhas do anúncio pascal. Não apenas naquela manhã da Ressurreição, mas ainda ao longo da história do cristianismo, a mulher mostrou-se mais sensível e receptiva aos acontecimentos e manifestações religiosas. Enfim, a mulher se identificou muito bem com a mensagem do Evangelho.

A História comprova que a participação da ação da mulher na expansão da fé cristã foi relevante na igreja primitiva dos primeiros tempos. Nos tempos de Plínio, Justiniano, Trajano e outros.  Mas, depois a coisa mudou de figura.


Será que continuará  cabendo à mulher “apenas acomodar-se à mística passiva da contemplação” - recolhidas aos mosteiros e conventos, exiladas do mundo, -  diante da fragilidade da sua condição  feminina”?  como estabeleceu o Concílio de Orleans, no século IX?  

Antes, no século V, o Concílio de Orange, já proibia a ordenação de novas  diaconisas e as que já existiam, deviam abandonar sua situação clerical e voltar ao estado leigo. Ao longo da Idade Média, a vida  para elas se converteu em algo artificial e desumanizador. As sínteses sobre os sacramentos (traçadas pelos escolásticos) eram taxativas com relação às mulheres:  “era de todo, inepta para o exercício ministerial”.

Com este argumento de Santo Tomás, se continua afastando a mulher do pleno exercício do ministério. Se a Igreja não está disposta a conceder as mesmas possibilidades que outorga ao homem, então não terá direito de pregar ao mundo um evangelho que declara:  

“em Cristo e no Reino do Pai não há nem homem nem mulher.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário