sábado, 13 de fevereiro de 2021

O Bico do Papagaio

Todos os anos, vou visitar meu filho José Júnior, em Canaã dos Carajás, onde trabalha e reside. Fica próxima a próspera cidade de Parauapebas. Antes dela, temos Curionópolis, (do Majó Curió, pertinho de Serra Pelada) e Eldorado dos Carajás. A mais recente viagem foi em fevereiro de 2020.  (Já se falava dos riscos da pandemia, mas ninguém deu importância. O carnaval abriu as portas para os turistas e a Covid-19 de uma só vez, pelos portos e aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Fortaleza principalmente).

Pego o volante do carro e me mando de Patos, passando pelo Ceará e entrando no Piauí, por Picos, Oeiras, Barão de Grajaú, entro no sul do Maranhão, Balsas, Carolina e mais adiante Estreito. Cruzo o rio Tocantins, e entro na região do Bico do Papagaio, com o cuidado redobrado de não sair da BR 230, - tal transamazônica que começa em João Pessoa e termina no fim do mundo -. Existem algumas bifurcações sem sinalização. Trecho do Tocantins. Mais adiante, as cidades de São Raimundo, Nazaré, uma reserva indígena, até chegar à entrada de Araguatins, já na margem do rio Araguaia. (após a grande ponte sobre o rio, até meados de 2019 havia uns 15 km aproximados de terra, para se chegar a Marabá). Era um inferno o atoleiro no período de chuvas. Há mais de 20 anos prometiam pavimentar. Em meados de 2019, vi uma reportagem na TV mostrando o repetido drama dos caminhoneiros com seus gigantes atolados.

Na ocasião o atual ministro da infraestrutura, Tarcísio de Freitas, prometia aos motoristas que se até o final de 2019 o trecho não estivesse asfaltado, renunciaria ao cargo. Prometeu e cumpriu com a palavra, fez a obra tão esperada.

Um percurso de 15 km que se fazia em várias horas passou
 a ser feito em poucos minutos. O sonho virou realidade.

O Bico do Papagaio É justamente nesse trecho da viagem que – enquanto dirijo – sempre me vem à lembrança os episódios marcantes da história recente do país. Dezenas de vidas jovens, perdidas e ceifadas que optaram pela luta armada contra o regime militar. Que deixaram para trás seus familiares e se embrenharam naqueles ermos, promovendo a tal “Guerrilha do Araguaia”. Muitos foram poucos voltaram. Falaremos a respeito brevemente.

 

 

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