A letra da música “Falta um zero no meu ordenado”, de Ary Barroso e Benedito Lacerda, dava o tom das dificuldades que Getúlio herdou do governo Dutra: gravado por Francisco Alves, para o carnaval de 1948, mas aqui também com um toque de samba moderno na voz de Jards Macalé.
Trabalho como louco,
Mas ganho muito pouco,
Por isso eu vivo sempre atrapalhado,
Fazendo faxina,
Comendo no China.
Tá faltando um zero
No meu ordenado.
O corpo de Getúlio ficou
exposto no Palácio do Catete provocando cenas emocionantes de mulheres
desmaiadas, homens chorando abraçados ao caixão. Filas gigantescas iam do
Catete até Botafogo e o Centro: todos queriam dar o último adeus a Seu Gegê. Em 1956, Moreira da
Silva gravou “A carta”, samba de Silas de
Oliveira e Marcelino
Ramos, em homenagem a Vargas:
Mais uma vez / As
forças e interesses contra o povo
Coordenaram-se novamente/ E se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam,/ Insultam-me de novo.
Vejo de perto aproximar meu fim.
A chamada greve dos
300 mil em São Paulo. Para jogar um balde de água fria nos grevistas, Getúlio
Vargas nomeou para o Ministério do Trabalho João Goulart, do Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB).
João Goulart, o
Jango, era visto pelos udenistas e por parte dos militares como um “vermelho”,
um comunista. O novo ministro sugeriu ao presidente dobrar o salário mínimo, o
que não era grande coisa, pois o salário não aumentava havia quase dez anos.
Como já dizia o compositor Ernani Alvarenga, em “Salário Mínimo”:
Cansei de tanto
trabalhar
Na ilusão de melhorar.
Cinco filhos, mulher e sogra pra sustentar.
Setecentos e cinquenta cruzeiros?
Não dá
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