No final do século IV disse Santo Agostinho: “Minha memória contém meus sentimentos, não da mesma forma como a minha mente sente quando as experimenta. De acordo com os poderes especiais da memória. Por isso, mesmo quando estou infeliz, posso me lembrar dos tempos em que fui feliz. E, quando estou feliz, consigo me lembrar das tristezas passadas. Consigo me lembrar de antigos medos e ainda assim, não temê-los. E posso relembrar um desejo passado, sem deseja-lo agora”.
Sobre a velhice:
“A VELHICE
É UMA INDIGNIDADE. NÃO ACOMPANHA A NOSSA CABEÇA SEMPRE JOVEM”. Ronnie Von (cantor); Pura verdade, eu
sinto essa constatação todo santo dia. A
primeira vez que tive noção da minha condição de idoso, foi há cerca de dez a nos. Estava junto a outros clientes na fila dos caixas de num loja aqui em
Patos. Uma das atendentes acenou na nossa direção. Aí, alguém por trás, me
tocou no ombro:
- “ ela está lhe chamando, o senhor ...pode ir naquele caixa dela é
para atendimento preferencial...” Foi o bastante. Perda de tempo é o sujeito nos
encontrar e dizer – “como vai, tudo bem”? ou, “como está passando?” o mais correto seria perguntar: “onde é que está doendo mais?”.
Vez por outra, a patroa aqui em casa à noite, na hora do jantar, diz: “Quer eu faça uma papa”? (das duas uma: para me ver contrariado ou para lembrar a minha idade). Lolita Rodrigues, num entrevista, repetiu a frase famosa de Bibi Ferreira, a grande dama do teatro brasileiro: - “A VELHICE É A CERTEZA INSUPORTÁVEL DE QUE O INFERNO EXISTE”. (Sylvia Gonçalves Rodrigues Leite, ou Lolita Rodrigues, atriz, apresentadora de TV, cantora, aos 91 anos, que preferiu terminar seus dias, reclusa em João Pessoa – PB. Em setembro lembramos aqui no Blog que ela foi a primeira voz a cantar na televisão brasileira - O “Hino da Televisão Brasileira” - na inauguração da TV Tupi).
E os versos de “Pedaços” da norte-rio-grandense Gilda Moura, hoje na companhia dos anjos falam bem alto..
“Vivo a
minha vida sem disfarce
Que o
contrário jamais me aconteça
As rugas
já me marcam a face
Os cabelos
brancos assaltam-me a cabeça.
Da
juventude eu não sinto saudade
Digo
isto e juro que não minto
Mantenho-me
jovem não importa a idade
A idade
que eu tenho é aquela que sinto
O tempo
é o mesmo da minha mocidade
Perdoem-me,
eu não digo com desdém
Quem
como eu viveu com intensidade
Inibe a
idade e a velhice nunca vem.
A
experiência é fato consumado
Que
fica nos arquivos da memória
E
edifico nos dias já passados
O meu Império,
o meu museu de glórias.
Glórias
da vida humilde que levei
Das
lutas com amor por toda causa
E me examino
e nunca me cansei
Nem
vacilei e nem também tive pausa.
Fiz das
decepções meus trampolins
De cada
dor mais uma experiência
Fantasiei
os sofrimentos de arlequins
Pra
poder envelhecer com mais prudência”.
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