domingo, 11 de outubro de 2020

PARA REFLETIR NESSES TEMPOS DE PANDEMIA

 No final do século IV disse Santo Agostinho:  “Minha memória contém meus sentimentos, não da mesma forma como a minha mente sente quando as experimenta. De acordo com os poderes especiais da memória. Por isso, mesmo quando estou infeliz, posso me lembrar dos tempos em que fui feliz. E, quando estou feliz, consigo me lembrar das tristezas passadas. Consigo  me lembrar de antigos medos e ainda assim, não temê-los. E posso relembrar  um desejo passado, sem deseja-lo agora”.

Sobre a velhice:

“A VELHICE  É UMA INDIGNIDADE. NÃO ACOMPANHA A NOSSA CABEÇA SEMPRE JOVEM”. Ronnie Von (cantor); Pura verdade, eu sinto  essa constatação todo santo dia. A primeira vez que tive noção da minha condição de idoso, foi há cerca de dez a nos. Estava junto a outros clientes na fila dos caixas de num loja aqui em Patos. Uma das atendentes acenou na nossa direção. Aí, alguém por trás, me tocou no ombro:

- “ ela está lhe chamando, o senhor ...pode ir naquele caixa dela é para atendimento preferencial...”  Foi o bastante. Perda de tempo é o sujeito nos encontrar e dizer – “como vai, tudo bem”?  ou, “como está passando?”  o mais correto seria perguntar:  “onde é que está doendo mais?”.  

Vez por outra, a patroa aqui em casa à noite, na hora do jantar, diz: “Quer eu faça uma papa”? (das duas uma: para me ver contrariado ou para lembrar a minha idade). Lolita Rodrigues, num entrevista, repetiu a frase famosa de Bibi Ferreira, a grande dama do teatro brasileiro: - “A VELHICE  É A CERTEZA INSUPORTÁVEL DE QUE O INFERNO EXISTE”.  (Sylvia Gonçalves Rodrigues Leite, ou Lolita Rodrigues, atriz, apresentadora de TV, cantora, aos 91 anos, que preferiu terminar seus dias, reclusa  em João Pessoa  – PB. Em setembro  lembramos aqui no Blog que ela foi a primeira voz a cantar na televisão brasileira  - O “Hino da Televisão Brasileira”  - na inauguração da TV Tupi). 

E os versos  de “Pedaços” da norte-rio-grandense Gilda Moura, hoje na companhia dos anjos falam bem alto..

“Vivo a minha vida sem disfarce

Que o contrário jamais me aconteça

As rugas já me marcam a face

Os cabelos brancos assaltam-me a cabeça.

 

Da juventude eu não sinto saudade

Digo isto e juro que não minto

Mantenho-me jovem não importa a idade

A idade que eu tenho é aquela que sinto

 

O tempo é o mesmo da minha mocidade

Perdoem-me, eu não digo com desdém

Quem como eu viveu com intensidade

Inibe a idade e a velhice nunca vem.

 

A experiência é fato consumado

Que fica nos arquivos da memória

E edifico nos dias já passados

O meu Império, o meu museu de glórias.

 

Glórias da vida humilde que levei

Das lutas com amor por toda causa

E me examino e nunca me cansei

Nem vacilei e nem também tive pausa.

 

Fiz das decepções meus trampolins

De cada dor mais uma experiência

Fantasiei os sofrimentos de arlequins

Pra poder envelhecer com mais prudência”.

 




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